15 de setembro de 2024

Cosmovisão Muçulmana


Cosmovisão rival com a vocação implícita, explícita e até histórica (pelas tentativas) de conquistar o mundo, suplantar o cristianismo e impor a sua forma de ver a vida e o mundo, a sua cosmovisão. Esta vocação ainda não a perdeu, sendo este o objetivo principal da jihad de hoje, do terrorismo, da imigração invasora e do crescimento demográfico de muçulmanos nos países ocidentais.

Como aconteceu na Idade Média, quando uma cultura inferior, mais agressiva e violenta, se impôs a uma cultura superior, seguindo-se um tempo de trevas e ignorância, o mesmo poderia acontecer no Ocidente. A história pode repetir-se e as mudanças sociais não são sempre progresso e melhoria.

Inconsistências teológicas da narrativa do Corão
Do ponto de vista teórico ou teológico, o cristianismo que nasceu na cultura ocidental tem sido ao longo dos séculos exposto à crítica, ao refinamento e purificação pela cultura racional ocidental. O mesmo não acontece com a narrativa muçulmana que, apesar de pretender ser histórica, continua envolta no mito e vive de uma fé muito pouco razoável, plausível ou humanamente credível, como, por exemplo, que o Corão foi ditado por Deus ao profeta Maomé que escreveu tim tim por tim o que Deus lhe ditou. Eis outras inconsistências:

Maomé, o último profeta, Jesus o filho de Deus
O Islão aceita como válida a tradição religiosa judaica descrita no Antigo Testamento que eles consideram também seu. Maomé é, portanto, o último dos profetas que Deus enviou ao mundo, sendo o penúltimo Jesus.

Se a humanidade viver mais 10 000 ou 20 000 anos, que sentido faz que o último tenha vindo no ano 524? Mais mudanças sofreu o mundo e a humanidade desde o ano 524 que em todos os milhões de anos anteriores; por que motivo então antes desta data os profetas se sucediam uns aos outros com frequência e depois do ano 524 deixaram de ser precisos?

Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo. Hebreus 1, 1-2

No caso do cristianismo, mesmo que a humanidade viva até ao ano 20 000, faz sentido que a revelação tenha acontecido no ano zero. Como explica o autor da carta aos Hebreus, o enviado não é um profeta mais, mas sim o próprio Deus que vem viver entre nós.

Há aqui um salto qualitativo; os profetas trazem mensagens para um tempo, a palavra de Deus é eterna para todos os tempos e lugares porque Deus não precisa de falar duas vezes. Por outro lado, Cristo não é só uma palavra proferida, é uma palavra vivida e só se vive uma vez.

Em que sentido é o último profeta? É porque o Islão tem uma doutrina mais refinada e, num caminho ascendente, já chegámos ao topo? Mas o topo até parece o cristianismo, com o amor aos inimigos. O Islão, na sua prática e doutrina, até se assemelha mais ao Antigo Testamento que ao Novo, quando pensamos que ainda hoje se apedrejam mulheres e Cristo foi contra isso já nos seus dias.

Deus é uno e trino, é comunidade
O Islão herdou o monoteísmo simples dos hebreus. Por isso, tanto judeus como muçulmanos não têm forma de fundamentar teologicamente que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus. Se Deus é amor e o amor que não sai fora de si mesmo é egocentrismo, Deus é mais que um; Deus é uma família, Pai, Filho e Espírito Santo e nela encontramos o modelo da família humana: pai, mãe e filho(a).

Deus é uno e trino, tal como uma família humana é chamada a ser uma unidade de três pessoas onde a existência de uma só não é possível sem a existência das outras duas; um homem não é pai sem ter uma mulher e um filho(a); uma mulher não é mãe sem ter um filho(a) e um marido; e um filho(a) não existe por si mesmo sem ter um pai e uma mãe.

Como Cristo é o modelo para a vida humana individual, a Santíssima Trindade é o modelo para a vida humana social; um modelo de paz, harmonia e amor. O Judaísmo e o Islão carecem de modelos, de pontos de referência teológicos para a vida em família e em sociedade, concebendo a Deus como um grande solitário.

O profeta Isa (Jesus) filho de Maria sempre virgem
Com um capítulo inteiro (sutra) dedicado só a ela, a Virgem Maria é a única mulher indicada com o seu próprio nome no livro do Alcorão; de todas as outras se fala em relação a um varão; por exemplo, não há referências a Sara, mas sim à mulher de Abraão. Sobre a virgindade de Maria, o Alcorão afirma claramente que está em pecado aquele que não acredita nela ou a põe em causa.

Segundo as duas tradições, tanto a cristã como a muçulmana, tanto Maria como o profeta Maomé recebem a visita do Arcanjo Gabriel que a ambos sopra a Palavra. A Palavra em Maomé tornou-se num livro, o Alcorão, em Maria, num homem, Jesus de Nazaré. Pelo que, dizem alguns estudiosos do Islão, Jesus ou o profeta Isa como é chamado no Islão, é o Alcorão em forma de homem e o Alcorão é Jesus em forma de livro.

Face a estes factos, vejamos outra inconsistência na religião muçulmana; se para a fé muçulmana, como para nós, Maria, a mãe de Jesus é virgem, quem é o pai de Jesus? É óbvio que não pode ser José, o carpinteiro, pois se fosse, Maria não poderia ter permanecido virgem.

E se José não é o pai de Jesus e Maria permanece virgem depois de conceber, então a conceção não pode ter sido natural e o pai não pode ter sido humano; se não é obra humana, só pode ser obra de Deus e, se é obra de Deus, então Deus tem um filho e não é como o Judaísmo o concebe, um Deus solitário, mas sim como o concebe o cristianismo e como nos foi revelado por Jesus Cristo, um Deus de amor, família, comunidade.

Quem não deve não teme
Nunca somos tão violentos como quando lutamos pela nossa sobrevivência. Enquanto a religião cristã, posta em causa pela revolução francesa, pela idade da razão, pelo iluminismo e, ultimamente, pelas filosofias ateias sobreviveu, a religião muçulmana opõe-se a todo o pensamento crítico interno e externo e ameaça de morte quem o faça.

“Quem não deve não teme”, esta agressividade mais não é que uma forma de esconder as graves deficiências do ponto de vista filosófico, histórico e teológico. Alimentada pelo petróleo e pelo ódio contra o Ocidente, a expansão muçulmana é como um gigante com pés de barro: no dia em que as deficiências vierem à luz da razão, talvez não fique pedra sobre pedra.

Segundo Carl Jung, o fanatismo é uma forma de sufocar uma dúvida interior. Assim explicava Jung o fanatismo de S. Paulo contra os cristãos antes da sua conversão. A dúvida de S. Paulo era entre a segurança que dá a lei, uma falsa segurança e a liberdade da graça que S. Estêvão oferecia.

É claro, até pela forma como tratam as mulheres como seres humanos de segunda categoria, que a religião muçulmana estava bem para a Idade Média, mas não para o mundo de hoje. Como a forma de pensar de hoje se infiltra de muitas formas, mesmo nos países muçulmanos, pela TV, pela Internet, eles sentem-se intimidados e temem perder fiéis, temem que a sua religião não aguente o embate da razão, como o cristianismo aguentou reformulando-se.

Islão e violência
Há dois conceitos que foram talvez mal interpretados, ou interpretados de forma a satisfazer, justificar e abençoar a sede de poder de alguns. O certo é que foi esta “má interpretação” dos conceitos que escreveu História e fez correr muito sangue. Refiro-me ao conceito de JIHAD, que significa esforço, luta, guerra santa, e o conceito de ISLÃO que significa submeter-se à vontade de Deus.

Como dizem os estudiosos, a JIHAD refere-se à luta que todo o ser humano deve travar dentro de si mesmo contra o mal. O caso é que, historicamente, a luta interior que devia permanecer interior, tornou-se numa luta exterior; na prática, essa luta traduziu-se e ainda atualmente se traduz na luta contra os que o Islão considera infiéis, declarando-lhes uma guerra que se justifica por si mesma porque é santa, por ser por uma boa causa. Nesta altura, não tinham ainda entendido que “Os fins não justificam os meios”.

O cristianismo tem também a sua versão de guerra santa, as cruzadas. A primeira cruzada nasceu como resposta ao pedido do Imperador cristão do Oriente, Aléxis I, para o ajudarem a reconquistar a cidade santa de Jerusalém e libertar os cristãos orientais do domínio muçulmano. No entanto, rapidamente se transformou numa forma de travar o avanço dos muçulmanos que ameaçavam acabar com o mundo cristão. Começou por ser um direito à autodefesa que rapidamente se transformou em agressão, conquista e massacre em nome de Cristo.

Islão significa submeter-se a Deus; a base da religião muçulmana reside nesta submissão simbolicamente representada pela postura física que os muçulmanos adotam quando rezam. Era este o propósito da Jihad, o esforço, a luta para submeter toda a personalidade de cada pessoa a Deus; aliás, é mesmo isso que significa adorar a Deus, submeter-se à sua vontade. Os cristãos fazem-no por gosto, não por dever, porque o seu Mestre lhes diz “já não vos chamo servos, mas amigos” … (João 15, 15)

Enquanto a religião não passou da esfera pessoal, enquanto se manteve reflexiva e intransitiva tudo correu bem e sem problemas; mas não é desta submissão que reza a história. Submeter-se a Deus rapidamente se transformou em submeter os outros a Deus. Por isso, tal como o judaísmo chama gentio a todo o que não é judeu, o Islão chama infiel a todo aquele que não é muçulmano.

Ao contrário do cristianismo que nasceu num mundo adverso dominado pelos romanos e durante 5 séculos foi uma religião clandestina e perseguida que se propagava pelo exemplo de vida e pela pregação, o Islão nasceu numa conquista bélica de Meca e na submissão dos cristãos e politeístas que ali havia à nova fé.

Ressentimento contra o mundo ocidental cristão
Com a vitória dos cristãos contra os muçulmanos na batalha de Lepanto, em 1571, a cultura e civilização cristãs acabaram de uma vez por todas com a constante ameaça do Islão e cresceram até serem o que são hoje, ao passo que a civilização muçulmana, cujo auge tinha sido Averróis e Avicena, estagnou numa mentalidade medieval.

O mundo muçulmano ainda não recuperou do ressentimento e ódio que essa derrota causou; e do sucesso da civilização ocidental que se sobrepôs ao reto do mundo. Este ódio motiva as ações da Al Qaeda, Estado islâmico e outras organizações, em especial contra os Estados Unidos, que representam o mundo ocidental.

Atualmente não há nenhum país tradicionalmente cristão que persiga muçulmanos só pelo facto de o serem, enquanto nos países tradicionalmente muçulmanos os cristãos são sistematicamente perseguidos: Egito, Paquistão, Irão, Iraque, Indonésia…

Os muçulmanos no Ocidente estão amparados pela democracia e o direito à liberdade religiosa; os cristãos no mundo árabe não têm direitos, estão à mercê do fanatismo. Os muçulmanos no Ocidente podem construir as suas mesquitas, os cristãos no mundo árabe não têm direito a construir igrejas nem a reparar as que existem há seculos e, na Arábia Saudita, os cristãos não podem sequer usar um crucifixo ao pescoço.

Diferenças na vivência de valores
Como já dissemos, a cosmovisão muçulmana é fundamentalmente uma reedição do judaísmo do Antigo Testamento para árabes.

Unidade - Ou união é um valor humano tanto para muçulmanos como para cristãos, porém enquanto que os cristãos advogam a unidade na diversidade, desde Jesus que escolheu um grupo de pessoas tão diferentes que até eram inimigas, para os muçulmanos união é uniformidade, unicidade, não aceitam nem toleram a diferença.

Tempo - Em relação ao tempo, os cristãos estão mais orientados para o futuro, os muçulmanos ficaram parados no passado. Agarrados às suas tradições que lhes dão identidade e segurança, temem o futuro e a mudança. Mudança no Ocidente é progresso, no mundo muçulmano é perda de identidade, insegurança.

Família – Ao contrário do que acontece no Ocidente, a família alargada tem mais importância que o núcleo familiar de pai, mãe e filhos. E há mais solidariedade entres os membros de uma família. Com a submissão da esposa ao marido, a taxa de divórcios é baixa. O Ocidente é mais individualista e livre, pelo que a família nuclear é a única que conta.

Paz – É a saudação dos judeus e dos muçulmanos, significa não só a ausência de conflito como no Ocidente, mas também sucesso, prosperidade e felicidade.

A honra – É um valor muito importante no Islão; a desonra é a pior tragédia que pode acontecer numa família. O Ocidente valoriza a honra de igual forma, mas só a aplica individualmente, ou seja, os membros da família não pagam pelos desacatos de um deles.

Estatuto – Nos muçulmanos é atribuído ou herdado. No Ocidente nem é herdado nem é atribuído, mas sim conquistado a pulso pelo próprio mérito.

Individualismo – O muçulmano não valoriza a independência, a liberdade, a autonomia, mas mais a interdependência e o sentido social e comunitário da vida. Por isso, suportam mais facilmente as ditaduras dos seus países. A conformidade e a obediência são valores mais importantes.

Secularismo – Nos países muçulmanos o Césaro-papismo é ainda aceite. A religião mete-se na política e vice-versa. A religião nos países ocidentais é matéria privada, não transparece na vida pública desde Jesus que disse “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, existe uma divisão nítida entre os dois poderes.

Conclusão: Parado no tempo, o mundo muçulmano parece que ficou preso no passado, olha para o presente e para o futuro com ansiedade; resiste à mudança e ao progresso, pois teme que lhe roubem a paz interior, a segurança e a identidade. 

Pe. Jorge Amaro, IMC








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