15 de setembro de 2019

3 Regras do desenvolvimento sustentável: Ambiental - Económico - Sociopolítico

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A biosfera do nosso planeta, a nossa casa comum não é assim tão ampla como parece. No oceano tem um quilómetro de profundidade, na terra tem apenas dois metros de profundidade; o teto é relativamente baixo, pois a cima dos 7 mil metros, o ar é irrespirável e o frio insuportável.

Com um teto tão baixo e uma camada tão fina de ar para respirar, torna-se difícil compreender como é que ainda há gente que não acredita que as atividades industriais, a queima de combustíveis fósseis e outras atividades têm um efeito nocivo sobre o nosso habitat.

História do conceito
Com a revolução industrial, a mecanização da agricultura, a expansão do comércio e a globalização, o mundo ocidental primeiro, seguido pelos países em vias de desenvolvimento e pelos países pobres, experimentou um desenvolvimento sem precedentes a todos os níveis: aumentou a produção, aumentou a população, aumentou o consumo, aumentou a necessidade de energia, aumentaram os meios de transporte, sobretudo o avião e o carro, a ponto de cada família, dos países ricos ter mais de um carro. A poluição e a deterioração ambiental foram consequências inevitáveis deste desenvolvimento.

Só não aumentou o nosso planeta e, como este não aumentou, depressa surgiram os resultados deste crescimento tão rápido e desmesurado, sobretudo por causa da filosofia do “usa e deita fora” que vigorou por várias décadas. O conceito da reciclagem é recente e ainda não entrou em muitas mentes, o que é bem estranho, com o dissemos no texto anterior acerca dos ciclos da água, do azoto, do carbono, do oxigénio, etc. A vida no nosso planeta sempre dependeu do reciclar dos mesmos elementos.

Reciclar foi sempre a filosofia de vida do nosso planeta, embora os seus habitantes tenham vivido durante muito tempo e muitos ainda vivam, segundo a filosofia de “usa e deita fora” - é mais barato comprar novo que consertar. Para quem é mais barato? Para a economia ou para o planeta?

A ideia do desenvolvimento sustentável surgiu na I Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, Rio de Janeiro 1992. Inicialmente, apenas se considerou o impacto ambiental do desenvolvimento, ou seja, a capacidade do nosso planeta sustentar um determinado nível de desenvolvimento sem esgotar os seus recursos nem comprometer a vida das gerações futuras. Os outros dois pilares - o económico e o social - apareceram mais tarde.

É simples saber se o que fazemos é sustentável: basta que nos perguntemos se podemos continuar a fazer isto uma e outra vez, para sempre? A primeira instância a inquirir é o meio ambiente - compromete o meio ambiente para as próximas gerações? Em segundo lugar devemos perguntar se conduz a um crescimento económico. E, em terceiro, se esse benefício económico abrange a todos ou só alguns, se promove paz, justiça e estabilidade social. Até agora, a riqueza que uns produzem é proporcional à pobreza que causa, ou seja, quanto mais riqueza mais pobreza. Por outro lado, em relação ao meio ambiente, temos vivido com a mentalidade do burro que diz “depois de eu morrer que não cresça mais erva em toda a terra, pois já não preciso dela”.

Desenvolvimento visto unicamente como crescimento económico destruiu o meio ambiente e causou profundas desigualdades sociais. Para o desenvolvimento ser sustentável, tem de ser tridimensional, ou seja, os aspetos de justiça social e proteção ambiental devem ser tão importantes quanto o crescimento económico.

 Situação atual
“Muito antes de esgotarmos os limites físicos do nosso planeta ocorrerão graves convulsões sociais provocadas pelo grande desnível existente entre a renda dos países ricos e dos países pobres”. III Relatório do Clube de Roma (1976)

Para que um banco se mantenha de pé, tem de ter pelos menos três pés, ou seja tem que assentar num tripé. Assim é o desenvolvimento para ser sustentável: a curto e a longo prazo tem de ter estas três vertentes. O capitalismo há muito que inflaciona o desenvolvimento económico sem pensar nos outros dois e isto criou um mundo onde 1% da humanidade tem mais riqueza que os restantes dos 99%.

Mais concretamente, 1% da população mundial detém 54% da riqueza mundial e o resto da humanidade só 46%. A diferença é abismal e o pior é que o fosso entre os ricos e os pobres não para de crescer… O capitalismo que criou a classe média está a destruí-la, até nos países ricos e nos países em vias de desenvolvimento.

Imigração – As “graves convulsões sociais provocadas pelo grande desnível existente entre a renda dos países ricos e dos países pobres”, preconizadas pelo Clube de Roma estão já a acontecer. Para se defenderem, os ricos entrincheiraram-se atrás de grandes muralhas, umas em projeto de construção entre os EUA e o México, outras sob a forma de barreiras naturais, como o mar Mediterrâneo, impedindo os africanos de entrarem na Europa.

Os pobres estão impedidos de entrar na fortaleza europeia ou na América do Norte, no Japão ou na Austrália. Porém, os profissionais altamente qualificados, cirurgiões, jogadores de futebol, músicos, arquitetos, advogados, têm sempre as portas abertas. Aos países pobres vamos buscar matéria prima a custo mínimo, mão de obra barata, tráfico humano para adoção (não de todo má), mas também para a prostituição, para o tráfico de órgãos, etc. Isto leva-nos ao próximo tema - a globalização.

Globalização – Pela globalização, a Terra funciona como um todo. Os meios de comunicação acabaram com os constrangimentos do tempo e do espaço. Hoje não sabemos o que aconteceu passado algum tempo, sabemos enquanto ainda está a acontecer.

Mas para além da vertente informativa, a globalização é fundamentalmente económica e os seus dirigentes são cada vez menos os estados e cada vez mais as empresas multinacionais. Em busca contínua de mão de obra barata, que abrange frequentemente o trabalho infantil, as marcas e os logótipos das multinacionais apelam a um estilo de vida e formam uma cultura global que, pouco a pouco, substitui a cultura local.

De per se, a globalização não seria má ao fomentar a comunicação próxima entre todos os povos.  Seguindo o princípio físico dos vasos comunicantes, quando ligamos um balde de água quase vazio a um quase cheio, a água passa do que tem mais para o que tem menos, até equilibrar os dois. Em princípio, pela globalização deveríamos chegar à igualdade entre os povos. O problema é que a globalização é uma invenção dos ricos para explorar os pobres. A comunicação faz-se por válvulas que são dispositivos que permitem que o movimento aconteça num único sentido. Neste caso, o movimento ocorre dos países pobres para os ricos e não dos ricos para os pobres.

Contaminação atmosférica - A civilização industrial obteve a sua energia principalmente de matérias primas não renováveis (combustíveis fósseis, sobretudo carvão e petróleo). Utilizou estas matérias primas sem controlo, como se fossem inesgotáveis. A contaminação do ar está a aumentar a um ritmo espantoso: numa só década, duplicou. A capacidade da Terra para suportar esta contaminação e evitar as suas consequências é limitada.

A indústria e os motores retiram do ar grandes quantidades de oxigénio e devolvem CO2. Consequentemente, respiramos cada vez mais um ar rarefeito que causa muitas doenças, nomeadamente o cancro, e faz subir a temperatura média do planeta através do efeito de estufa que este gás causa, não deixando escapar para o espaço o excesso de calor do planeta. Caminhamos para um planeta parecido com Vénus pela quantidade sempre crescente do anidrido carbónico.

Do ponto de vista biológico, a espécie humana está condenada à extinção se persistir em destruir o seu meio ambiente. Todo o organismo que destrói o meio ambiente em que vive, autodestrói-se. A ciência afirma que, para sobrevivermos, não basta cortar as emissões de CO2 em 20% até 2020 ou 60% até 2050, é preciso cortar 90% até 2030.

O problema da água - Em muitos países, o problema da água é a principal razão pela qual as pessoas não conseguem sair da pobreza. Cerca de 2,2 milhões de pessoas, a maior parte crianças, morrem diariamente de doenças associadas à falta de acesso a água potável, a um saneamento inadequado e à falta de higiene. As doenças relacionadas com a água são a principal causa de morte no mundo – 80% de todas as doenças no mundo. Prevê-se que no ano 2035 metade da população mundial viverá em condições de "insegurança” em relação ao abastecimento de água potável.
  • “As guerras do próximo século serão pela água.” Ismail Serageldin, World Bank
  •  “A próxima guerra no Médio Oriente será pela escassez no abastecimento de água” Moammar Gaddafi
  • “Estão criadas as condições para um século de conflitos por causa da água.” The Economist

O plástico - Não falamos apenas das toneladas de plástico encontradas no estômago das baleias o, microplástico proveniente das microfibras é ainda pior. Este sai das máquinas de lavar, vai para os rios e mares e faz parte da dieta dos peixes que mais tarde ingerimos.

Para além do plástico, o peixe já não é o alimento saudável que era porque os níveis de mercúrio presentes na água do mar não param de subir. Quanto mais velhos são os peixes, mais mercúrio absorveram.

Um planeta só com deveres - Ninguém defende os direitos do planeta. A Terra não tem direitos, só tem o dever de nos alimentar. Se não cuidarmos dela, ela não pode cuidar de nós, não pode sustentar a nossa vida.

A desflorestação - A criação de gado ou o monocultivo, da soja, por exemplo, está a provocar uma desertificação. Os terrenos utilizados só eram ricos dentro do ecossistema da floresta; sem as árvores, rapidamente empobrecem, sendo necessário recorrer aos fertilizantes químicos para que alguma agricultura possa ser praticada.

A desflorestação decorre a um ritmo acelerado, sem ter em conta que o crescimento ou recuperação é lento. Precisamos das árvores, não tanto para produzir oxigénio, pois a grande maioria do oxigénio provém das florestas marinhas, mas para absorverem CO2.

Os incêndios de origem criminosa que acontecem sistematicamente em, Portugal, na Califórnia, na Austrália, têm matado centenas de pessoas todos os anos, além de enviarem CO2 para a atmosfera e de desertificarem zonas que antes eram frondosas.

A camada de ozono, o gás azul que nos protege da radiação solar, diminuiu de tal maneira por causa do uso e abuso dos aerossóis, que já não é totalmente saudável apanhar banhos de sol. Na verdade, precisamos muito da exposição à luz solar para sintetizar a vitamina D, tão importante para a saúde em geral.

Lixo – As nossas cidades produzem toneladas e toneladas de lixo todos os dias. Por um lado, está a aumentar a sensibilidade para reciclar o lixo doméstico nas grandes cidades, por outro, proíbe-se a reciclagem que antes se fazia de restos de comida para os animais. Muita comida acaba no lixo, o que é contraditório.

Os acidentes com petroleiros no mar comprometem ecossistemas por muitos anos. É preciso muito tempo para os limpar. Crimes, como o incêndio deliberado de poços de petróleo na guerra do Iraque, que duraram anos, lançaram na atmosfera milhares de milhões de toneladas de CO2.

Ainda não decorreram muitos anos sobre o início da exploração espacial e já a órbita do nosso planeta se encontra cheia de lixo formado por satélites variados, velhos que deixaram de funcionar. Todos pensam em colocar mais satélites em órbita, mas ninguém pensa em recolher os que não funcionam.

Atitude de negação – Estamos a empurrar os problemas com a barriga. Adiamos as respostas aos problemas que temos neste momento e que vão piorar no futuro. A atitude geral é de negação, de não querer ver, de não assumirmos a responsabilidade pelos comportamentos do presente que vão negar o futuro das próximas gerações. Deus perdoa sempre, o ser humano só às vezes, mas a Natureza não perdoa nem esquece. Alguém dizia a este respeito que envenenar o nosso planeta é o mesmo que envenenar a placenta que alimenta um filho.

A Greenpeace afirmou que se todos os habitantes do planeta vivessem como os habitantes dos países ricos, consumindo e esbanjando os recursos do nosso planeta, a Terra sustentaria a vida por escassos 3 meses e depois morreria, contaminada e exaurida de recursos. Para que tal não acontecesse, seriam necessários os recursos de 10 planetas como o nosso.

O desenvolvimento sustentável parte do princípio de que é possível um desenvolvimento económico suportável e viável sem destruir o meio ambiente nem comprometer a habitabilidade do planeta para as futuras gerações, nem a justiça e a paz mundial. O desenvolvimento sustentável é aquele que harmoniza o crescimento económico com a realidade da biosfera ou a proteção do meio ambiente e as necessidades individuais e sociais de todos os povos que habitam o planeta, ou seja, com a inclusão social de todos.

Proteção do meio ambiente
Relativamente à qualidade do ar, que é o problema ecológico mais candente, o dióxido de carbono que a economia coloca na atmosfera não deveria exceder a quantidade que as plantas conseguem absorver pela fotossíntese. Da mesma forma, uma pessoa não deveria beber mais álcool do que seu fígado consegue sintetizar. Atualmente, não estamos a conseguir este equilíbrio.

A degradação ambiental causa problemas de saúde física, mas, por outro lado, esta mesma degradação provém dos valores morais e sociais das pessoas que aniquilam a preservação do meio ambiente. Quarenta e seis por cento da população mundial vive em cidades. Por isso, é preciso melhorar a qualidade do ar urbano, construindo mais zonas verdes no meio das cidades que melhorem o ar e captem as poeiras. Cobrir os telhados das casas com panéis solares de água quente e fotovoltaicos para ligação à rede elétrica, pouparia muita energia quando ela é mais precisa: durante o dia.

A análise do impacto ambiental é o termo que se refere aos cuidados a ter quando se constrói um empreendimento. Deve ser calculado o impacto que vai exercer sobre o ecossistema, sobre a vida vegetal e animal. Há cada vez mais espécies de plantas e de animais a desaparecerem, o que faz temer que, no futuro, a vida vegetal e animal se reduza à produzida pela agricultura e aos animais domésticos - o planeta não terá animais selvagens porque não haverá selvas, ocupadas pelo homem.

Ao tempo em que escrevo estas linhas fala-se de uma diminuição drástica dos insetos que são responsáveis pela polinização da agricultura, devido ao abuso dos inseticidas.

Crescimento económico
A empresa tem de dar lucro porque, se isso não acontecer, não poderá continuar a existir. O problema é a obtenção de lucro a qualquer custo. Há muitas economias ditas “saudáveis” à custa da saúde dos seres humanos que as sustentam. O que será mais importante: a saúde da economia ou a saúde dos que sustentam a economia? Parafraseando o evangelho, a economia fez-se para o homem e não o homem para a economia. Uma economia saudável assente na doença dos que a mantêm explorados com salários baixos, sem férias, com turnos superiores a 8 horas, tarde ou cedo colapsa, uma vez que as empresas não podem subsistir assim por muito tempo.

Para que uma economia seja saudável, tem de haver um equilíbrio entre as mortes e os nascimentos; tem de haver suficientes jovens trabalhadores para substituir os que atingem a reforma e subsidiar as suas reformas - aquilo a que se chama a solidariedade entre as gerações.

Nos últimos 200 anos, a economia mundial cresceu seis vezes mais que no passado e, nos países ricos, dez vezes mais. Este crescimento económico aconteceu à custa do carvão, na primeira fase da revolução industrial, e do petróleo na segunda. Para salvar a Terra deveríamos passar imediatamente para as energias renováveis. Mas, se passarmos, a economia deixará de crescer como tem crescido. Por outro lado, o modelo de vida dos países ricos não é sustentável porque, se todos os povos vivessem assim, a Terra morreria.

Para cuidar da terra e ao mesmo tempo deixar que os pobres vivam com mais dignidade, não pode haver crescimento económico nos países ricos. Teríamos que baixar o nível de vida, mas, como não o fazemos, arranjamos mecanismos para que os ricos sejam sempre ricos e os pobres sempre pobres. Por isso o desenvolvimento sustentável é uma utopia, uma quimera.

Inclusão social
A sustentabilidade deve ser procurada localmente por cada empresa. Esta deve olhar à sua volta e reunir todos aqueles cujas vidas são tocadas pela empresa: os fornecedores de matéria prima, os produtores, os transportadores e os consumidores dos produtos. Todos devem ser incluídos, porque formam uma grande comunidade. Se um perde, perdem todos a curto ou longo prazo.

Uma empresa que se preocupa com os seus trabalhadores, que divide os lucros entre eles, que apoia causas sociais, é uma empresa estimada pelos trabalhadores - quem corre por gosto não cansa – que estão motivados, trabalham melhor e produzem melhor. O explorador explora a Terra, o meio ambiente, explora os trabalhadores, pensando unicamente no lucro: acaba por perder os dois.

A política desempenha um papel importante ao premiar as empresas que são sustentáveis nos três níveis e ao aumentar os impostos das que não são, porque contaminam mais, porque não se preocupam com os trabalhadores, etc. Deste modo, ser sustentável é agora moda, porque convém e dá dinheiro. Esta é uma forma de a política tentar influenciar a economia, para que não seja só esta a dirigir o mundo. Toda a atividade empresarial deve ser economicamente rentável, socialmente justa e ambientalmente saudável.

A nível de uma empresa, parece ser relativamente fácil. Na primeira revolução industrial, houve alguns empresários que, a título pessoal, aplicaram estes modelos e foram chamados filantropos. Estender estas práticas à globalidade não parece fácil. No entanto, segundo o slogan “Pensar globalmente e atuar localmente”, a sustentabilidade deve ser procurada por cada empresa e não imposta de uma forma ideológica.

Dezassete objetivos do desenvolvimento sustentável para 2030
Estes eram os objetivos do milénio. Como não foram alcançados nesse prazo, tornaram-se nos objetivos para o ano 2015; e como também não foram alcançados nesse ano, são agora os objetivos para o ano 2030. Veremos se finalmente serão alcançados nesse ano, mas não parece que estejamos a ir nessa direção, quando vários países abandonam os acordos firmados como o de Paris e outros, não os cumprindo.
  1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;
  2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável;
  3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;
  4. Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos;
  5. Alcançar a igualdade de género e capacitar todas as mulheres e meninas;
  6. Garantir disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos;
  7. Garantir acesso a energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos;
  8. Promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
  9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;
  10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles;
  11. Tornar as cidades e as povoações humanas inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis;
  12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis;
  13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos, reconhecendo que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a mudança do clima (CQNUMC) é o principal fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta global à mudança do clima;
  14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
  15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, bem como deter e reverter a degradação do solo e a perda da biodiversidade;
  16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;
  17.  Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Ser parte da solução e não parte do problema
"Água e ar, os dois fluidos essenciais dos quais depende a vida, tornaram-se latas de lixo globais"
Jacques Cousteau

O mercado produz tudo o que desejarmos, segundo a lei da oferta e da procura. Esta lei coloca nas nossas mãos um enorme poder: através da nossa procura, temos a capacidade de influenciar a oferta do mercado. Como consumidores não estamos conscientes deste poder, mas os produtores reconhecem-nos e por isso dizem que o cliente tem sempre razão.

O sistema económico da nossa sociedade habituou-nos a usar e usufruir dos bens de consumo sem nos educar para a sua aquisição - não nos dizem como estes bens são produzidos, por quem, em que condições de trabalho, com que recursos, que distância percorreram até chegar a nós.

Como consumidores, através das nossas escolhas, enviamos mensagens ao mercado - se preferimos um produto com certas características, o mercado tratará de o produzir; se escolhemos e compramos os produtos de uma empresa que adota comportamentos que respeitam o trabalhador e o ambiente, o mercado ipso facto vai-se orientando nessa direção.

Pelo contrário, se rejeitarmos um produto porque foi produzido contra os nossos valores, viajou muitos quilómetros, usou mão de obra barata ou, pior ainda, trabalho infantil, contaminou o ambiente, se o colocarmos de parte e deixarmos de o consumir, o mercado vai deixar de o produzir; basta que as vendas caiam escassos 5%.

Para além de nos mantermos conscientes no nosso dia a dia e de adotarmos hábitos ecológicos na nossa vida pessoal - como o de poupar água no chuveiro, andar a pé curtas distâncias em vez de usar o carro, reciclar o lixo doméstico, desligar a iluminação excessiva e desnecessária - o uso do poder que temos enquanto consumidores tem efeitos imediatos e duradouros que contribuem para um desenvolvimento sustentável assente na proteção do meio ambiente e num crescimento económico onde todos ganham.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de setembro de 2019

3 Tipos de matéria sólida: Mineral - Metal - Orgânica

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Depois de estudarmos que a matéria se apresenta no universo em três estados diferentes – sólido, líquido e gasoso - depois de estudarmos que entre todas as matérias ou elementos da tabela periódica, só a água se apresenta na natureza do nosso planeta nos três estados, estudamos agora os três tipos de matéria sólida existentes na Terra. São estes os minerais, os metais e a matéria orgânica.

Podemos olhar para a História do homem neste planeta a partir da relação que foi estabelecendo com estes elementos ao longo dos tempos. Estes elementos deram forma e fundo à vida do ser humano, criaram cultura e levantaram civilizações e impérios.

O ser humano conheceu primeiro os minerais: a Idade da Pedra foi o tempo em que o ser humano usou fundamentalmente os minerais para fabricar os instrumentos de que precisava para as suas atividades. Este tempo subdivide-se em três períodos distintos: o Paleolítico, o Mesolítico e o Neolítico. Depois veio a Idade dos Metais que se subdivide também em três: a Idade do Cobre, a Idade do Bronze e a Idade do Ferro. Em relação à matéria orgânica, o ser humano inventou a agricultura, o cultivo das plantas e a pastorícia, a criação e domesticação dos animais, que usou como alimento, auxiliares de trabalho, transporte e força motriz.

Orgânico versus inorgânico
No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: «Faça-se a luz.» E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz, e às trevas, noite. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o primeiro dia.

Deus disse: «Haja um firmamento entre as águas, para as manter separadas umas das outras.» E assim aconteceu. Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento das que estavam por cima do firmamento. Deus chamou céus ao firmamento. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o segundo dia.

Deus disse: «Reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a terra seca.» E assim aconteceu. Deus chamou terra à parte sólida, e mar, ao conjunto das águas. E Deus viu que isto era bom. Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que deem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» E assim aconteceu. A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respetiva semente. Deus viu que isto era bom. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia. Génesis 1, 1-13

Parafraseando o livro do Génesis, no princípio, tudo era inorgânico, ou seja, a matéria orgânica é composta por elementos inorgânicos. Estes elementos são essencialmente dois, três no caso dos hidratos de carbono e quatro e mais segundo a complexidade da matéria orgânica. O primeiro, e condição sine qua non para que exista matéria orgânica, é o carbono. Por si só, é inorgânico, porém não há nenhum composto orgânico sem carbono. O segundo elemento é o hidrogénio, quase todos os compostos orgânicos contêm hidrogénio, mas não todos. Podemos dizer que o carbono e o hidrogénio são a coluna vertebral da matéria orgânica e, por isso, da vida. De notar que a vida no relato da criação do livro do Génesis aparece ao terceiro dia, em forma de vida vegetal.

As moléculas inorgânicas podem conter hidrogénio ou carbono na sua composição: a água, por exemplo, contém hidrogénio, mas é inorgânica porque não contém carbono. O dióxido de carbono contém carbono, mas não é orgânico porque não contém hidrogénio. Qualquer molécula que contenha carbono e hidrogénio é obrigatoriamente orgânica.

As moléculas inorgânicas são mais pequenas, encontram-se em geral fora dos seres vivos, animais ou plantas e não têm o carbono como elemento principal. O facto de serem inorgânicas não quer dizer que não sejam de suma importância para a vida, como é o caso da água, dos sais minerais e até de alguns metais.

Minerais versus metais
Relativamente às diferenças entre a matéria orgânica e inorgânica, tanto os minerais como os metais são inorgânicos.

Os minerais - são uma substância sólida inorgânica que se formou natural e espontaneamente na natureza, sem a intervenção humana; podem assumir a forma de um composto ou de uma mistura de vários minerais ou de um dos 118 elementos simples da tabela periódica.

Os minerais contêm uma estrutura interna característica e propriedades físicas específicas, uma composição química determinada e uma estrutura cristalina, ou seja, os átomos dos minerais estão organizados de uma forma geométrica tridimensional repetitiva. Atualmente, estão catalogados mais de quatro mil minerais e, à medida que os estudos geológicos avançam, mais e mais minerais vão sendo descobertos, alguns deles de origem extraterrestre.

Os metais – são materiais sólidos, à exceção do mercúrio que apresenta uma textura líquida, e podem ser compostos ou ligas, como o aço e o bronze, ou ainda elementos simples da tabela periódica. São duros, opacos ou brilhantes, são bons condutores elétricos e térmicos. Em geral, são maleáveis, ou seja, podem ser martelados para ganhar diferentes formas. É ainda possível fundi-los para fazer ligas ou formas mais definidas do que as que se conseguem martelando-os.

Noventa e um dos 118 elementos simples da tabela periódica são metais; os outros são não metais ou metalóides, aparecendo alguns elementos tanto em forma metálica como não metálica.

Quando dizemos que precisamos de magnésio ou ferro, na nossa dieta, tal não significa que necessitamos de ingerir o metal chamado magnésio ou ferro, mas sim que devemos consumir certos alimentos que contêm o sal destes metais.

Estudemos agora mais em profundidade os minerais, os metais e a matéria enquanto matéria inorgânica e enquanto matéria orgânica composta por muitos elementos que são individualmente inorgânicos, mas que, ao juntar-se formam a base da vida.

Minerais
Como se expôs acima, os minerais são sólidos, inorgânicos, formam-se naturalmente na natureza, têm uma composição química definida, assim como uma estrutura cristalina. Nos minerais, os átomos, em geral, possuem uma estrutura cristalizada com uma cadeia química estabelecida, responsável por conferir a esse mineral as suas propriedades físicas.

Os minerais classificam-se consoante a cor, o traço ou risca, o brilho ou lustre, a clivagem, a dureza e reação aos ácidos, a forma que mantêm ao fraturar, a transparência, a densidade e as propriedades elétricas. Quanto à sua natureza, os minerais dividem-se em dois grandes grupos: os silicatos que constituem 90% da crosta terrestre, e os não silicatos que se subdividem em carbonatos, óxidos sulfúreos, fosfatos e elementos nativos em forma pura, como o ouro, a prata, o cobre.

Minerais orgânicos
Como já mencionamos, os minerais orgânicos têm sempre origem inorgânica. No entanto, há substâncias ou corpos sólidos que parecem ser minerais, como a pérola e o âmbar, mas cuja origem é orgânica, como sabemos.

A pérola é formada quando um corpo estranho indesejado, como um grão de areia, entra no corpo de uma ostra. Esta, para se defender, segrega uma substância chamada nácar ou madrepérola, a mesma que forra as paredes interiores da concha da ostra. A ostra envolve a areia em camadas de nácar e assim resolve o problema e cicatriza a ferida feita pela areia. A pérola é uma ferida cicatrizada.

O âmbar tem de origem vegetal. Trata-se de uma resina fossilizada, produzida há milhões de anos por diversos tipos de árvores que hoje se encontram extintos.

As rochas
São compostas por misturas de minerais e são classificadas com base na presença mais abundante de um ou outro mineral. Quanto ao processo de formação, há três tipos de rochas: ígneas ou magmáticas, metamórficas e sedimentares. A crosta terrestre é composta por 80% de rochas ígneas ou magmáticas, 15% de rochas metamórficas e 5% de rochas sedimentares.

Ígneas ou magmáticas – são rochas que se formaram depois da descida da temperatura na superfície do planeta. Estas rochas tiveram uma formação rápida, pelo que não são compostas por diferentes minerais. Um exemplo é o basalto. 

Metamórficas - são rochas que se formam a partir da alteração química de outras rochas, num processo denominado por metamorfismo. A criação de uma rocha metamórfica exige que a transformação da rocha preexistente não tenha passado pela litificação (transformação em magma) nem por sedimentação (quebra das rochas em partículas).

Sedimentares - quando as rochas passam por processos erosivos, como a ação das águas e dos ventos, “despedaçam-se” em várias partículas, denominadas de sedimentos (a exemplo das areias das praias). Esses sedimentos, por sua vez, são depositados em regiões mais “baixas” do relevo e, conforme se aglomeram, podem unir-se e formar novas rochas, chamadas de sedimentares. Por exemplo, o calcário que existe em zonas costeiras e que se formou pelo acumular de conchas, corais e outros seres vivos marinhos é simultaneamente uma rocha sedimentar e orgânica.

O minério – os minerais podem ser metálicos, como o ferro, ou não metálicos, como o talco. O minério é fundamentalmente um mineral metálico com uma composição ou ocorrência de metal, ou que possui um grande valor económico que justifica a sua exploração, ou seja, que justifica a sua extração das rochas onde se encontra.

O ferro, por exemplo, é retirado de um mineral chamado hematite; portanto a hematite é o minério do ferro. O alumínio é extraído de um minério chamado bauxite; o chumbo é extraído de um minério chamado galena.

A Idade da Pedra
Para a suas atividades, os seres humanos precisavam de ferramentas. A proveniência e a natureza destas ferramentas foram variando com o tempo. Desconhecendo os metais, os seres humanos começaram por fabricar as suas ferramentas a partir das rochas. A Idade da Pedra é, portanto, o período em que a pedra foi usada como ferramenta preferencial, para além dos ossos de animais e da madeira. Este grande período começou há dois milhões e meio de anos e durou até ao fim da segunda Idade do Gelo, 9 600 anos AC. Divide-se em três grandes períodos: o Paleolítico, o Mesolítico e o Neolítico.

Paleolítico – ou Idade da Pedra polida; os humanos viviam exclusivamente da caça e da recoleção de frutos; por isso, eram nómadas, iam de lugar em lugar buscando comida.

Mesolítico – período de transição, no qual, para além da caça e recoleção de frutos, os seres humanos pescavam também; continuavam a ser nómadas.

Neolítico – a grande revolução deste período foi a invenção da agricultura e a criação de animais. Provocada pela escassez de alimentos, a inteligência humana substituiu a recoleção de frutos pela agricultura e a caça pela domesticação e criação de animais. Surgiram assim as primeiras povoações e o ser humano deixou de ser nómada. Este período durou até ao ano 4 000 AC.

A natureza dos metais
Ao contrário dos minerais, os metais são menos estáticos: como os átomos dos metais são iguais e estão próximos uns dos outros, os eletrões livres de um átomo têm grande mobilidade, sendo atraídos simultaneamente pelos núcleos dos átomos vizinhos. Deste modo, podem deslocar-se de uns para outros, como se vagueassem através do metal.

É por este motivo que os metais são maleáveis e são bons condutores de calor e eletricidade. Recordemos que, quando estudamos o átomo, verificámos que os eletrões são a parte mais dinâmica do átomo que o faz relacionar-se com outros átomos, criando ligações entre si.

Características dos metais
Condutibilidade - os metais são por natureza bons condutores térmicos e elétricos.
Maleabilidade – são muito maleáveis, tanto mais quanto mais alta for a temperatura a que forem submetidos.
Elasticidade – suscetíveis de se deformarem ou mudarem de forma quando são submetidos a ações externas.
Ductilidade – é a propriedade que o metal tem de ser esticado até formar cabos e fios.
Brilho – em geral, os metais não são opacos, mas sim brilhantes e lustrosos; como a sua superfície é polida, reflete muito bem a luz.

A tabela periódica dos elementos não reconhece, por assim dizer, os minerais, pois divide os 180 elementos em metais, metalóides e não metais. Os metais são, como já se referiu, bons condutores de calor e eletricidade e facilmente moldáveis. Pelo contrário, os não metais não são bons condutores de eletricidade nem calor e não são facilmente moldáveis, como por exemplo o carbono, o azoto, o fósforo, o oxigénio, o enxofre, o selénio, o flúor, o cloro, o bromo, o iodo e o ástato.  Os metalóides possuem características intermédias entre os metais e os não metais. Exemplos: boro, silício, germânio, arsénio, antimónio, telúrio.

Os metais do nosso dia a dia
Os metais podem dividir-se em ferrosos, como o ferro e o aço, e não ferrosos, como o alumínio, o cobre, o estanho, o níquel, o latão e o bronze.

Cobre - é especialmente usado em equipamentos elétricos, tais como: motores elétricos, instalações elétricas (cabos, interruptores, etc.). Há também muitas moedas de cobre.

Ferro - (que corresponde a cerca de 95% da produção mundial de metal) é largamente usado em automóveis, barcos e edifícios, devido ao seu baixo preço e resistência. É por vezes substituído pelo aço, quando é necessária uma maior dureza.

Zinco – é muito usado na produção de latão e, pelo seu baixo preço, serviu durante bastante tempo para fazer vasilhas; ainda hoje cobre os tetos das casas rurais da África, quando estes não são de palha.

Estanho - é principalmente usado em ligas, como o bronze, o metal de sino (cobre e estanho), o bronze fosforoso, a solda macia e o metal branco. É também essencial à produção de vidro, sabões e sabonetes, perfumes, papel, medicamentos e fungicidas. As folhas que embrulham o chocolate ou os cigarros, por
exemplo, contêm estanho.

Alumínio – em janelas e em estruturas que não requeiram a resistência do ferro, o alumínio é utilizado por ser mais leve.

Níquel – muito utilizado no fabrico de moedas.

A Idade dos Metais
Com a invenção da agricultura e a criação dos animais, os seres humanos passaram a depender menos da natureza e a ser mais livres e independentes, com mais tempo livre para pensar. As ferramentas mudaram completamente com a descoberta dos metais. Os metais que foram sendo descobertos definiram três idades: a Idade do Cobre, a Idade do Bronze e a Idade do Ferro.

A Idade do Cobre (3 200 – 2 300 AC) - possivelmente, a primeira obtenção de um material metálico ocorreu por acidente, quando as pedras que circundavam as fogueiras e que continham óxido de cobre foram reduzidas a metal. Assim terá ocorrido o começo da metalurgia extrativa, com base essencialmente no empirismo e na transferência direta e pessoal do conhecimento. Como o cobre não é muito duro, a primeira utilização deste metal foi como ornamentação.

Idade do Bronze (2 300 – 700 AC) – o bronze é uma liga ou mistura de dois metais, o cobre e o estanho. Ambos são metais pouco duros e muito maleáveis, contudo, juntos formam o bronze que é um metal duro. Por ser duro, o bronze não era usado em ornamentos, mas sim nas ferramentas agrícolas, utensílios domésticos e armas.

Idade do Ferro (1 200 AC) - por fim, a Idade do Ferro, um metal que é mais comum que os dois anteriores, foi o último a ser descoberto. A crosta terrestre é composta por 5% de ferro. Como dissemos acima, este é o metal mais usado pelo ser humano, não só desde a sua descoberta como até aos dias de hoje. Por isso, podemos dizer que ainda estamos na Idade do Ferro.

Matéria orgânica
Como vimos, a fronteira entre matéria orgânica e inorgânica nem sempre se encontra bem definida.
  • Em geral, os compostos orgânicos são produzidos por organismos vivos; os compostos inorgânicos são produzidos pela natureza ou pelo homem.
  • Os compostos inorgânicos podem formar sais, os orgânicos não podem.
  • Os compostos orgânicos contêm sempre carbono, os inorgânicos geralmente não contêm.
  • Os compostos orgânicos contêm carbono-hidrogénio, os compostos inorgânicos não.
  • Os compostos inorgânicos contêm átomos metálicos, os orgânicos não.

Composição do solo
O solo ou terra que cobre a maior parte da superfície terrestre, à exceção das superfícies rochosas, é também composto por partículas que pertencem a três tipos diferentes de matéria:

Partículas de areia – são as partículas de maior dimensão comparadas com as outras duas. Os solos arenosos chegam a ter 80% de areia. Este tipo de solos não retém bem a água e os nutrientes, pelo que tem um valor muito baixo para a vida.

Partículas aluviais – a segunda partícula de maior dimensão é a partícula aluvial, o lodo ou os sedimentos. Os terrenos formados por estas partículas encontram-se nas margens dos rios e são os mais férteis do mundo.

Partículas de argila – são as mais pequenas das três, e por isso mesmo retêm tanto a água como o ar, dificultando o crescimento das plantas. Por esta razão, tantos estes terrenos como os arenosos são pouco férteis.

Solo fértil
Para além dos três tipos de partículas que compõem todos os tipos de solo, os solos férteis contam com água e ar, ou seja, são húmidos e arejados. A quantidade de areia que o solo contém permite a presença do ar, as partículas de areia separam a matéria orgânica e a argila, possibilitando a entrada do ar. A quantidade de argila do solo permite a presença da água ao retê-la.

O húmus que todo o terreno fértil deve conter, resulta da decomposição de resíduos de plantas e tecidos de animais pela ação de microrganismos. O húmus é, de facto, o resultado final dessa decomposição e confere um elevado grau de fertilidade a um solo; podemos concluir que a vida se alimenta da vida. É a natureza que se recicla a si mesma e a vida que se diversifica. O solo ideal para a agricultura, que o ser humano descobriu no período Neolítico, deve ser composto por 45% de minerais (areia, aluvião, argila), 25% de água e 5% de matéria orgânica.

Composição química do corpo humano
O corpo humano é formado pela interação dos mesmos elementos que formam o universo; por isso é um microuniverso em si mesmo.

Presentes em grandes quantidades
Hidrogénio, carbono, azoto, oxigénio – são os constituintes das substâncias presentes em grande quantidade no organismo (açúcares, proteínas, gorduras etc.). Dentre eles, o hidrogénio e oxigénio formam a água (H2O) que é responsável por mais da metade da massa de um ser humano.

Presentes em menor quantidade
Sódio – presente no sangue e nos demais fluidos do organismo.
Magnésio –tem um papel importante no funcionamento dos músculos e na sintetização do cálcio.
Fósforo – presente no fosfato que permite o armazenamento de energia.
Enxofre – participa na composição de algumas proteínas.
Cloro – presente no sangue e nos demais fluidos do organismo.
Potássio – presente no sangue e nos demais fluidos do organismo.
Cálcio – constituinte dos ossos e dentes.

Presentes em quantidades muito pequenas
Flúor – faz parte do esmalte dentário que previne a formação de cáries.
Crómio – participa no metabolismo dos açúcares.
Manganês – participa no metabolismo dos açúcares, das gorduras e na formação óssea.
Ferro – componente da hemoglobina, pigmento que transporta o oxigénio no sangue.
Cobalto – faz parte da composição da vitamina B12.
Cobre – ajuda na ocorrência de algumas reações químicas.
Zinco – necessário ao crescimento normal.
Selénio – auxilia a digestão e a assimilação de óleos e gorduras.
Molibdénio - ajuda na ocorrência de algumas reações químicas.
Iodo – importante para o bom funcionamento da tiroide.

O corpo ou a matéria de um organismo vivo é uma combinação complexa e misteriosa de materiais orgânicos; cada um destes materiais orgânicos é por sua vez em si mesmo, composto por elementos inorgânicos mais simples. Alguns destes elementos inorgânicos mais simples, por si mesmos, ou seja, sem ser parte de compostos orgânicos, são necessários para os processos vitais se darem e a vida acontecer. Exemplos destes são água e o oxigênio.

Assim sendo, os materiais inorgânicos concorrem duas vezes para tornar a vida possível; primeiro, eles são parte dos materiais orgânicos que formam a matéria ou o corpo de um organismo vivo, em segundo lugar, facilitam, apoiam e viabilizam a vida desse organismo vivo. A matéria inorgânica não só é parte integrante do corpo ou matéria de um organismo vivo, mas também e ao mesmo tempo facilita, promove e cria o ambiente onde esse o organismo vivo vive.
Pe. Jorge Amaro, IMC