15 de janeiro de 2019

3 Noções de Deus: Animismo - Politeísmo - Monoteísmo

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Quando todas as necessidades - como sustento, segurança, amor, liberdade - estão satisfeitas, surge no ser humano a necessidade de sentido, de significado. Se a morte não existisse talvez nunca nos perguntássemos qual o sentido da vida; simplesmente viveríamos em simbiose com a natureza; talvez o pensamento discursivo nem sequer existisse: os animais vivem sem saber que morrem e, talvez por isso, não pensam.

A morte – autoconsciência ou pensamento discursivo – e a existência de Deus parecem estar intimamente ligadas. Com a morte, nasceu a consciência de existir e a necessidade ou desejo de nunca deixar de existir. A morte provocou o pensamento e as três perguntas basilares, de onde venho, para onde vou, e que sentido tem a vida. Assim nasce a necessidade de existir sempre, assim nasce o desejo de Deus. Um desejo não existiria se fosse impossível de satisfazer.

Ao longo dos tempos, desde que o ser humano se fez consciente de si mesmo e do seu meio ambiente, a conceção de Deus foi evoluindo. Nesta evolução podemos distinguir três etapas: animismo, politeísmo e monoteísmo. Estas etapas, porém, não se sucedem no sentido em que uma ocupa o lugar da outra, eliminando completamente a anterior; ou seja, o animismo não desapareceu com a introdução do politeísmo, nem este se extinguiu por completo com o surgimento do monoteísmo. Nenhuma das etapas anteriores desapareceu, mas coexiste minoritariamente com a que lhe sucedeu.

Também podemos olhar para a evolução do conceito de Deus a partir de uma outra perspetiva da dialética entre o espiritual ou sobrenatural e o material ou físico. Desde que a morte escavou no nosso corpo físico (entendido como matéria viva) um vazio, o espírito nasceu para ocupar esse vazio. Desde esse momento, não só o ser humano como, tudo se transformou em ser espiritual. O espiritual dominava o material, pois só o espiritual pensa e sabe que existe. O material é bruto, tosco e inanimado.

Nos primórdios da civilização humana, o coeficiente espiritual dominava o material. Com a civilização, o espiritual foi diminuindo gradualmente, mesmo antes dos ateísmos filosóficos do século XIX e XX, (Feuerbach, Marx Freud Nietzsche) com o renascimento, mas sobretudo depois destes séculos, chegando a tocar no fundo, no mínimo dos mínimos.

Com o surgimento do sincretismo religioso da Nova Era, parece haver um incremento do coeficiente espiritual, pois as pessoas, mesmo sendo adversas a qualquer forma institucionalizada de religião, declaram-se espirituais. Esta espiritualidade vaga e difusa, não institucionalizada tem muito de comum com a primeira etapa do sentimento religioso, o animismo. Estaremos nós a voltar ao princípio, como no mito do eterno retorno?

Animismo
Achou-o numa terra deserta, e num ermo solitário cheio de uivos; cercou-o, protegeu-o e velou por ele, como à menina dos seus olhos. Deuteronómio 32:10

Quando a raça humana tomou consciência de si mesma também tomou consciência da sua miséria e da desvantagem que tinha em relação aos outros seres vivos, aos quais a Natureza dotou de tudo. Completamente desamparado, à mercê das forças da natureza e dos outros animais, o ser humano encontrou-se como Moisés no deserto, como refere o texto acima.

Nesta situação os nossos antepassados viviam na crença de que tudo estava animado; tanto os objetos materiais, animais, plantas rios rochas, etc., como os fenómenos naturais, o trovão o raio, o vento, a chuva, etc. e até mesmo o próprio universo possuía uma alma, ou seja, qualidades, significados ou poderes espirituais ou sobrenaturais.

Um pouco como a magia, o animismo baseia-se na crença de que o mundo, tanto na sua totalidade como nas suas partes, tem uma alma ou espírito; até mesmo o ar que respiramos, está povoado por espíritos que são forças impessoais e que podem ser invocados ou convocados e manipulados por xamãs, médiuns, magos, feiticeiros, bruxas, usando fórmulas, rituais e palavras mágicas.

O animismo acredita na existência de um Deus supremo, mas ao qual não se pode aceder diretamente, mas sim por intermédio destes espíritos; como estes podem ser contrários aos desígnios dos humanos, devem ser permanentemente apaziguados. O animista vive continuamente no medo de desgostar algum espírito, pelo que usa amuletos ou talismãs para se proteger.

Ao contrário das religiões organizadas e institucionalizadas, o animismo sobrevive na mente do povo por meio da tradição oral, sem qualquer ajuda institucional. Em relação às religiões organizadas é, portanto, uma religião desorganizada, ainda hoje praticada por tribos indígenas onde estas ainda existem: na América tanto do Norte como do Sul, na Ásia, em África, na Austrália e nas ilhas do Pacífico.

Para além destas, no mundo moderno, todas as formas de superstição e adivinhação como a astrologia, a cartomância, a bruxaria, a feitiçaria, são resquícios de animismo que têm uma enorme aceitação popular. Objetos que dão sorte e outros que dão azar, rituais para conjurar a sorte e rituais para evitar o azar, continuam a fazer parte do nosso dia a dia. Entrar com o pé direito, a crença no poder dos cornitos, das ferraduras, das figas…

A religião New Age que pretende ser a síntese de todas as religiões, tem muito de neopaganismo ou animismo. Se quisermos, até a espiritualidade franciscana pode ser vista sob esta perspetiva, ao chamar irmão ao lobo e ao sol, e irmã a água e à lua. São Francisco estava a devolver a estas realidades a alma que antes possuíam.

O monoteísmo, mais que o politeísmo, lutou contra toda a forma de animismo. A Igreja Católica, como tristemente sabemos, chegou ao ponto de criar um organismo como a Inquisição para purificar a crença de toda e qualquer manifestação animista.

Depois do banho de materialismo que tem vindo a aumentar desde o Renascentismo, hoje a maioria das pessoas dá-se conta de que um objeto material não pode ter poder espiritual. Só um ser espiritual tem poder espiritual. Porém ainda há quem seja supersticioso, recordando-nos sempre do animismo dos nossos antepassados.

Se compararmos a evolução da noção de Deus com o amadurecimento do homem, o animismo corresponde à infância - as crianças têm de facto a tendência para ver tudo o que as rodeia com alma, falam com os seus bonecos e brinquedos, vivem num mundo animado de fadas, bruxas e papões e acreditam no Pai Natal e na magia; Walt Disney, nos seus filmes para crianças, soube explorar este lado da fantasia infantil.

Politeísmo
Eis o que diz o Senhor, rei de Israel, o seu redentor, o Senhor do uni­verso: «Eu sou o primeiro e o último. Não há outro Deus além de mim. Isaías 44, 6

Como dissemos, à medida que o ser humano vai conhecendo e dominando o ambiente que o rodeia, este vai-se materializando. Todas as realidades que o ser humano conhece, controla e domina perdem a sua alma, o seu poder, de alguma forma; este passa para o espírito inventivo do ser humano. Desta forma, vai aumentando a esfera do material e diminuindo a esfera do espiritual. O que o ser humano domina deixa de ter poder sobre ele, deixa de ter poder espiritual para ser um bem material controlável. Com o conhecimento das coisas, o ser humano rouba-lhes a alma e, à medida que o mundo se vai materializando, o ser humano vai-se espiritualizando.

Há realidades que o ser humano não domina com o conhecimento. Estas, porém, são cada vez menos e aquelas ante as quais o ser humano se vê completamente impotente e desamparado, à mercê delas, dá-lhe o nome de deuses. Desta forma, ao animismo sucede o politeísmo, a crença de que as principais realidades, poderes e forças da natureza são dominadas por um deus. Com efeito existe um deus para cada realidade, sendo o senhor dessa mesma realidade.

Os deuses proliferaram de tal modo que, quanto mais importantes eram para a sobrevivência do homem, maior importância, de número de fiéis tinham. Os deuses da fertilidade por exemplo, da guerra, do amor, etc., viram formar-se à volta do seu culto as grandes religiões. O hinduísmo é a primeira grande religião e continua a ser ainda praticada por mais de um bilião de pessoas de pessoas. Os principais deuses das mitologias grega e romana são os seguintes:

Zeus/Júpiter - O filho mais novo de Cronos e Réia (ver Início titânico) é o líder dos deuses que vivem no monte Olimpo. Ele impõe a justiça e a ordem, lançando relâmpagos construídos pelos cíclopes. Zeus teve diversas esposas e casos amorosos com deusas, ninfas e humanas.

Hera/Juno - Terceira mulher de Zeus e rainha do Olimpo, Hera é a deusa do matrimónio e do parto. É vingativa com as amantes do marido e com os filhos de Zeus que elas geram. Para os gregos, Hera e Zeus simbolizam a união homem-mulher.

Hades/Plutão - Mesmo sendo irmão de Zeus e Poseidon, não vive no monte Olimpo. Hades, como deus dos mortos, domina seu próprio território: o mundo dos mortos. Apesar da sua função, não é como o diabo, um deus associado ao mal.

Poseidon/Neptuno - O irmão mais velho de Zeus, é o deus do mar; com um movimento do seu tridente, causa tempestades e terramotos.

Atena/Minerva - É a deusa da sabedoria e filha de Zeus com a primeira mulher, Métis. O seu símbolo é a mais sábia das aves, a coruja. Habilidosa e especialista nas artes e na guerra, Atena carrega uma lança e um escudo chamado Égide.

Hermes/Mercúrio - Filho de Zeus com a deusa Maia, o mensageiro dos deuses é o protetor de viajantes e mercadores. Representado como um homem de sandálias com asas, Hermes tinha um lado obscuro: às vezes trazia mentiras e falsas histórias. Já naquele tempo existiam as “fake news” de Trump…

Apolo/Apolo - O deus da luz (representada pelo Sol), das artes, da medicina e da música, é filho de Zeus com uma titã, Leto. Na juventude, era vingativo, mas depois tornou-se um deus mais calmo, usando o seu talento para curar, para a música e previsões do futuro.

Artemis/Diana - Irmã gêmea de Apolo, é a deusa da caça, representada por uma mulher com um arco – contraditoriamente, também é a protetora dos animais… Artemis é uma deusa casta (virgem), que fica furiosa quando se sente ameaçada.

Hefesto/Vulcano - Filho de Zeus e Hera, Hefesto nasceu tão fraco e feio que foi atirado ao mar pela mãe. Resgatado por ninfas, transformou-se num famoso artesão. Impressionados com o seu talento, os deuses levaram Hefesto para o Olimpo e nomearam-no deus do fogo e da forja.

Afrodite/Vênus - O nome da deusa do amor significa “nascida da espuma”, porque diziam que ela havia surgido do mar. Afrodite é a mais bela das deusas. Apesar de ser esposa de Hefesto, teve vários casos amorosos – com deuses como Ares e Hermes e também com mortais.

Ares/Marte - O terrível deus da guerra é outro filho de Zeus e Hera. No campo de batalha pode matar um mortal apenas com o seu grito de guerra! Pai de vários heróis – humanos que são protegidos ou filhos de deuses - Ares foi também um dos amantes de Afrodite.

A forma como um determinado Senhor governa e tutela a realidade que lhe foi confiada, explica-se pelo mito. O mito é um conto ou lenda sagrada que é transmitido por tradição oral de geração em geração; quando se perde a sua autoria humana, passa a ser atribuído a Deus. O conto em si busca explicar a verdade de cada coisa e o seu funcionamento numa mentalidade pré-científica. Os mitos serviam para o ser humano conhecer o seu meio ambiente e ter uma explicação plausível de como as coisas são e se processam. Não são históricos esses contos, mas são verdadeiros, no sentido em que transmitem a inteligibilidade do homem primitivo acerca de cada realidade.

Tomemos como o exemplo o mito do deus do Tempo chamado Cronos, termo de ondem derivam as palavras cronómetro, cronologia e crónica. Cronos, como muito bem pinta Goya num dos seus quadros, era um deus que dava à luz filhos e, depois de os dar à luz, comia-os. É verdadeiramente fantasmagórico, mas, explica bem o que é o tempo - cada dia em que nos levantamos e vemos a luz do sol estamos a dar à luz um dia mais e, ao anoitecer, antes de voltar a dormir, consumimos esse mesmo dia. Cada dia da nossa vida é um dia a mais pela manhã e um dia menos ao anoitecer.

O mundo greco-romano apresenta o mundo celestial em paralelo com o mundo terrestre - o que acontece no Céu também acontece na Terra e vice-versa. Os vícios dos deuses são iguais aos vícios dos humanos, pelo que não há progresso, pois os deuses não são modelos que a humanidade possa seguir. Como diria Feuerbach, não foi Deus que criou o Homem à sua imagem e semelhança, mas ao contrário, foi o Homem que criou Deus à sua imagem e semelhança.

Monoteísmo
Escuta, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Deuteronómio 6, 4-9

Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos. Isaías 64:8

A pré-história do monoteísmo acontece quando o ser humano agrupa todos estes deuses e lhes dá um líder - Zeus na mitologia Grega e Júpiter na mitologia romana. Daqui ao monoteísmo é um passo. O primeiro ser humano a proclamar que só há um deus foi o faraó do Egito chamado Akhenaten, também conhecido por Amenhotep IV, que reinou no Egito no século XIV antes de Cristo, muito antes da cultura grega e romana.

Quando Amenhotep IV subiu ao trono, muitos eram os deuses adorados no Egito, sendo Amun o rei dos deuses. Inicialmente, permitiu o culto dos deuses tradicionais do Egito, mas logo tomou medidas para estabelecer o deus sol, Aton, como o deus Supremo do Egito. No ano nove do seu reinado, Akhenaton declarou que Aton não era meramente o deus Supremo, mas o único deus. Este foi um passo radical e a primeira instância do monoteísmo em toda a história.

À sua morte, o povo do Egito mergulhou outra vez no politeísmo. Mas a raiz, a ideia ou intuição estava lançada. Akhenaton deu-se conta de que um país onde os seus cidadãos veneram vários deuses é um país dividido social e moralmente e, por isso, mais difícil de governar. O monoteísmo tinha, portanto, para o faraó, o objetivo de unir o país e os seus habitantes.

A ideia não progrediu entre os egípcios daquele tempo, mas foi acolhida anos mais tarde por um povo, na altura escravo, na terra do Egito - o povo judeu. Acima dissemos que no politeísmo os deuses eram semelhantes aos homens, tinham as mesmas virtudes, e os mesmos, defeitos, as divisões e conflitos que se veem entre eles, também se veem entre os humanos, pelo que não há neles nenhuma normatividade ou modelo a seguir pelos humanos.

A descoberta do povo hebreu, neste sentido, é a de um Deus pessoal que concentra em si tudo o que são aspirações humanas, o bom e o perfeito. Como os judeus eram nómadas e os nómadas não podem ter deuses locais, já que se deslocam de um lado para o outro e seria muito - incómodo - carregar os seus ídolos, pensaram então numa realidade concreta que estivesse em todos os lugares - olharam para cima e encontraram-na no Céu.

Os povos sedentários têm tendência a ser politeístas, os povos nómadas, ao contrário, são monoteístas. Os Turkana, um povo nómada do norte do Quénia, têm a mesma palavra para designar Céu e Deus. Os mongóis, os turcos e os tártaros, adoravam um deus comum chamado Tengri, o deus do céu azul.

Daqui a intuir que Deus é um ser espiritual, foi um passo muito curto dado pelos Judeus: para eles, Deus era espiritual e estava em toda a parte, dentro da nossa mente e sobretudo no nosso coração, em todo tempo e em todo lugar. É um ser pessoal pois é um Deus de pessoas, de Abraão, Isac e Jacob. Intuíram também que é um Deus criador de tudo e de todos.


Quando Egerton Young primeiro pregou o Evangelho aos peles vermelhas de Saskatchewan a ideia da paternidade de Deus fascinou de imediato estas gentes que até então tinham visto Deus apenas no trovão, no relâmpago e no estrondo de tempestade.

Ao ouvir o missionário invocar a Deus como pai, um velho chefe exclamou: "Ao falares do Grande Espírito como acabas de fazer, será que te ouvi dizer, 'Pai Nosso'?" "Sim," disse Egerton Young. "Isso é muito novo e doce para mim," continuou o chefe. "Nós, índios, nunca vimos o Grande Espírito como Pai. Ouvíamo-lo no trovão ou víamo-lo no raio, na tempestade e nos nevões, e ficávamos aterrorizados com medo.

A noção de que o Grande Espírito é nosso Pai, é nova, mas sublime para nós. O velho chefe pausou, parecendo meditar… foi então, que de repente, num vislumbre da glória, a sua face se iluminou como num relâmpago e clamou. " Oh Missionário, disseste que o Grande Espírito é teu Pai?" "Sim", disse Egerton. "E," continuou o chefe, " também afirmas que Ele é Pai dos índios?" "Evidentemente", disse o missionário. "Então", exclamou o ancião, como se tivesse feito a maior descoberta, "tu e eu somos irmãos!"
Barclay commentary of the New Testament

O progresso do monoteísmo em relação ao politeísmo é a união entre os humanos sob um mesmo Deus ao qual podem chamar Pai. A revolução francesa, por muito laica que pareça, não seria possível num país de cosmovisão politeísta como é por exemplo a Índia, onde a existência de vários deuses justifica a existência de castas e os homens não são iguais. A igualdade e a dignidade humanas não coexistem com o politeísmo, são conquista do monoteísmo.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de janeiro de 2019

3 Questões basilares: origem - destino - sentido

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Introdução
Depois de escrever sobre a comunicação não violenta durante o ano que terminou, senti que uma força interior me impelia a escrever sobre o mistério da Santíssima Trindade. A princípio, defendi-me, respondendo a esse apelo que num pequeno texto esgotaria o tema e ainda me sobrariam palavras.

Foi então que tive a revelação ou intuição de que não era possível que um Deus uno e trino não  tivesse deixado a sua impressão, o seu selo, a sua marca em tudo quanto criou. A Trindade ou a tridimensionalidade não é só a verdade de Deus, mas também a verdade de tudo quanto Deus criou. Cada criatura é uma metáfora de Deus, uma imagem, um reflexo do seu Criador. Deus deixou o seu ADN, a sua identidade, em tudo quanto criou.

Se provarmos que a tridimensionalidade é transversal a tudo quanto Deus criou e se, como afirma a espiritualidade franciscana, pelas criaturas se pode chegar ao Criador, pois todas elas são uma manifestação do seu amor criativo e criador, então fica provado irrefutavelmente e sem lugar a dúvidas, que Deus é um em três e três em um porque tudo à nossa volta também o é.

O cristianismo reconhece nas outras religiões ou conceções de Deus “semina verbum”, sementes de verdade, mas apresenta-se a si mesmo como sendo a verdade plena. Se provarmos que a tridimensionalidade é a verdade de tudo quanto Deus criou, fica provado então que a fé cristã pode apresentar-se ante as outras conceções de Deus, Judaísmo, Islão e outras crenças, como a verdade plena acerca de Deus.

Ao longo deste novo ano e talvez nos sucessivos vou tentar descobrir o mistério da Santíssima Trindade, a marca tridimensional de Deus em todas as suas criaturas e verificar que o Universo, este mundo e cada uma das realidades que contém, é intrínseca e extrinsecamente trinitário ou tridimensional.

De onde vimos? -  Para onde vamos? – Que sentido tem a vida?
Antes dos seis e sete anos é frequente ouvir as crianças falarem de si mesmas na terceira pessoa. Por exemplo: “O Pedro não gosta de sopa” - o Pedro é ele mesmo, mas não diz “Eu não gosto de sopa”.  A criança só ganha consciência de si mesma, de que está viva, por volta dos seis ou sete anos.

Quando eventualmente chega a esta idade, também chamada a idade da razão, dá-se conta da existência do seu ser. Nesse mesmo dia dá-se também conta da sua finitude e limitação, ou seja, de que um dia deixará de estar vivo, deixará de ser, morrerá. É precisamente o pensamento da morte que inexoravelmente espoleta e faz aflorar à sua consciência as questões basilares sobre a sua origem: de onde venho; do seu destino: para onde vou; e do sentido: quem sou eu. Que sentido tem a vida, que tenho nas minhas mãos? Ou seja, por quê e para que vivo e que fazer com a minha vida.

Como a constatação da morte, a autoconsciência e as três perguntas basilares ocorrem ao mesmo tempo no desenvolvimento da criança, podemos presumir que na evolução humana a aptidão de pensar é filha da morte. A perceção da nossa finitude como um fato inegável e inevitável, escavou dentro do nosso corpo material um vazio imaterial ao qual demos o nome de alma ou espírito e a aptidão para pensar como uma das suas manifestações. Como diz Feuerbach o túmulo do homem é o berço dos deuses; ante o cessar da vida da matéria nasce a vida do espírito.

Estas perguntas não podem ser respondidas pela ciência, por muito que o tente ou tenha tentado ao longo dos séculos. A ciência diz-nos o COMO, não o POR QUÊ. Como funcionam as coisas, os elementos, a natureza, a vida, o cosmos, mas não o por quê de tudo isto.

Por volta dos 5 anos, a criança começa a fazer muitas perguntas, questiona tudo e todos. É um bombardeamento de perguntas - ainda uma não está respondida e já duas ou três novas estão formuladas. O interessante é que a criança pergunta mais o por quê das coisas e menos o como funcionam. Quer uma explicação racional ou razoável para a razão de ser de cada coisa, de como funciona. Ela mesma pode investigar e descobrir, como de facto faz. Uma criança não pergunta como funciona um tablet, um computador ou telemóvel, descobre por si mesma. 

Ao crescermos perdemos o espírito inquisitivo e começamos a aceitar acriticamente tudo o que nos dizem, começamos a padecer de preguiça mental. Por esta e por outras atitudes que temos em crianças e que depois perdemos, é que Jesus nos admoesta dizendo: “Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu”. Mateus 18,3.

Posturas teísta – ateísta - agnóstica
Perante estas três questões basilares, há também três tipos de resposta ou três diferentes atitudes: a teísta, a ateísta e a agnóstica. Como resposta à questão da existência de Deus que é fundamentalmente o pano de fundo das questões sobre a origem, o destino e o sentido, o teísta responde afirmativamente, o ateu negativamente, o agnóstico de forma neutra: não sabe, ignora, não quer saber.

Com efeito, o homem pós-moderno já não é religioso nem ateu, é agnóstico já não se faz perguntas, vive instalado na pura mundanidade, diz que não há forma de conhecer ou de conhecer totalmente, por isso não quer sequer investigar e expulsa o assunto da sua consciência ignorando-o.

Ante estas três questões que envolvem a fé, tanto o religioso como o ateu são crentes. Como a existência de Deus não pode ser nem demonstrada nem desmentida pela ciência, tanto a afirmação da existência de Deus como a negação da sua existência são questões de fé. Assim sendo, tanto o religioso como o ateu são crentes - o religioso acredita na existência de Deus, o ateu acredita na sua inexistência.

O agnóstico, porém, é farinha de outro saco. Enquanto o ateu vive preocupado com o problema da existência ou não existência de Deus, o agnóstico não se ocupa com o problema em absoluto. Ele é, portanto, o verdadeiro ateu. A título de metáfora, a mesma coisa acontece no tema do amor: quem odeia já amou e pode voltar a amar. O ódio, de alguma forma, relaciona duas pessoas ainda que negativamente; diz-se que uma criança prefere levar uma bofetada do seu pai, a ser totalmente ignorada por ele.

O agnóstico é o que ignora totalmente a Deus, não se ocupa com o tema nem se preocupa, não investiga nem quer conhecer. É o morno do livro do Apocalipse (3,16) o que nem é quente nem é frio, mas sim morno e que o Senhor vomita da sua boca.

Agnosticismo significa falta de conhecimento de Deus para poder acreditar, porque o agnóstico pretende usar com Deus o mesmo método de conhecimento que usa com as coisas físicas; esse método não funciona com Deus porque também não funciona com as pessoas.

Conhecer significa controlar, ganhar poder sobre o que se conhece a ponto de poder manipular o objeto conhecido. Se eu souber como se processa o fenómeno da chuva, tenho a possibilidade de o controlar a ponto de fazer chover, se quiser, como de facto já aconteceu. Evidentemente que não é possível conhecer Deus desta forma, até pelo facto de que se acreditamos na sua existência, a nossa mente é só um cisco comparado com a sua mente; é lógico que a parte não pode englobar o todo.

Por outro lado, Deus é um ser pessoal e as pessoas não se nos revelam, não abrem o seu coração nem a sua mente se suspeitarem que queremos controlá-las ou manipulá-las. Como dizia o meu pai: Ninguém descubra o seu peito por maior que seja a dor, pois quem o seu peito descobre de si mesmo é traidor.

As pessoas só se revelam se lhes dermos alguma garantia de que podem confiar em nós. Esse tipo de confiança só acontece em clima de amor - o amor leva à confiança e ao conhecimento: quanto mais se conhece mais se ama, quanto mais se ama mais se conhece. É na medida em que amamos que conhecemos. Por isso, amar deixa-nos vulneráveis e suscetíveis à traição.

Tanto o ateu como o agnóstico gostariam de poder colocar Deus num tubo de ensaio para o analisar, mas isso não é possível de fazer com Deus nem com uma pessoa humana. Como muito bem disse Jesus, Deus só se revela aos que o amam, ou seja, aos que dão um passo de fé e optam por acreditar: “Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada”. João 14,23

Há quem distinga dois tipos de agnósticos: o que se desinteressa pelo tema porque não há evidências suficientes que provem a existência de Deus, este seria uma espécie de ateu não praticante; e o que não só não vê razões para acreditar, como acha que não as há nem para ele nem para ninguém, o que faz dele mais ateu que agnóstico ou agnóstico fundamentalista. A ambos dizemos que não é possível conhecer a Deus da forma como o querem conhecer, como se fosse uma coisa, mas é possível conhecê-Lo da forma como se conhece uma pessoa.

Como seria o mundo, o desenvolvimento e o progresso humano e científico se todos nós em todas as matérias tivéssemos esta atitude agnóstica? Não haveria progresso científico, pois não é impossível conhecer tudo. A ciência em todos os seus ramos está envolta em mistério; há coisas que conhecemos e coisas que desconhecemos; quando mais conhecemos, mais há para conhecer. Se concluirmos que por não conhecermos o suficiente rejeitamos o conhecimento ou voltamos as costas ao conhecimento, - então não haverá nenhum progresso humano em nenhuma das suas facetas ou conhecimentos.

Concluindo, de Deus é impossível saber tudo porque ele é mistério; mas é possível saber cada vez mais; o mesmo acontece com qualquer ramo da ciência: é impossível saber tudo mas é possível saber cada vez mais. A única diferença entre o conhecimento científico e o conhecimento de Deus ou de uma pessoa humana está no método.

Porque as pessoas foram feitas para serem amadas e as coisas para serem usadas, é possível conhecer as coisas sem as amar, mas não é possível conhecer as pessoas nem Deus sem amor. Quem não tem fé em Deus pode também não ter fé nas pessoas; e, quem não ama as pessoas, pode cair na armadilha de amar as coisas e usar as pessoas. Quem não ama não conhece a Deus nem nenhuma pessoa. (1 João 4, 8)

A imagem que ilustra esta crónica não foi escolhida causalmente; trata-se de uma pintura do pintor francês Paul Gauguin que se intitula precisamente: De onde vimos, quem somos e aonde vamos, questões que podemos ver em francês no canto superior direito da pintura. Em si mesma, a pintura é a resposta que este pintor dá a estas questões e que nos deixou antes de sobreviver ao seu intento de suicídio. Para ele este era o seu legado à humanidade, o ponto mais alto da sua carreira.

Como se pode verificar da esquerda para a direita a pintura está dividida em três painéis e cada um deles procura responder a cada uma das questões pela ordem que Gauguin estabelece; o painel da esquerda responde de onde vimos; o do centro, o que somos ou que sentido tem a vida e o da direita, aonde vamos. A estas perguntas Gauguin responde com simbolismos que só um cristão poderia conhecer.

De onde vimos?
O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo. Génesis 2, 7

A ciência diz que viemos de África, mais precisamente nascemos no Vale de Rift há 5 milhões de anos; mas de onde vieram as espécies anteriores a nós e a vida neste planeta e a criação do Universo?

O cristão responde a esta questão dizendo vimos de Deus que para nós é amor, Pai, criador e sustento da nossa vida. Que nos entregou a criação inteira para nós administrarmos e para a aperfeiçoarmos.

Os ateus dizem que vimos do Nada; contradizendo a física moderna depois da descoberta do Big Bang, que diz que o mundo teve um começo e terá um fim, muitos ateus continuam a afirmar, contrariamente às leis da termodinâmica, que o mundo sempre existiu e há-de existir. Os agnósticos pretendem desconhecer e ignorar esta pergunta ou provavelmente dirão “não sei nem quero saber”.

Em cada ato da criação, em cada um dos setes dias da criação, Deus concluiu que gostou do que fez. Não há aqui nenhum interesse da sua parte, criou-nos porque nos amou, porque gostou de nós, por puro prazer de nos criar, porque se alegra com a nossa existência.

Para onde vamos?
Caríssimos, agora já somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. O que sabemos é que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é. 1 João 3,2

Em busca da sua própria identidade, um boneco de sal viajou milhares de quilómetros por um deserto, até que, finalmente, alcançou o mar. Fascinado pela massa estranha e móvel, completamente diferente de tudo quanto tinha visto até então, perguntou:
- Quem és tu?
 Com um sorriso, o mar respondeu:
- Sou o mar.
- Mas o que é o mar? inquiriu o boneco.
- Vem, toca-me e saberás.
O boneco de sal colocou o pé na água e imediatamente ficou sem ele.
- Que fizeste? perguntou assustado.
- Para me conheceres tens de te dar, respondeu o mar.
Então o boneco de sal foi adentrando o mar e, antes de uma onde o cobrir por completo, disse num suspiro:
-  Finalmente descobri quem sou.

Fizeste-nos, Senhor, para ti e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em ti. Santo Agostinho

Criados à imagem e semelhança de Deus, a nossa vida é uma peregrinação para a terra prometida: no decurso desta peregrinação, vamos fazendo como aquele pote de latão furado cheio de água que se ia perdendo quase na totalidade e que, ao contrário do seu companheiro, chegava ao seu destino quase vazio. Aflito por isto, julgou-se inútil em comparação com o seu companheiro que sempre chegava cheio, sem perder nem um pingo, até que um dia o dono dos dois potes lhe fez ver que do seu lado do caminho cresciam bonitas flores que ele, sem querer, havia regado.

Na nossa peregrinação vamos espalhando felicidade e alegria, paz e justiça, vivendo como se não houvesse outra vida, fazendo com que o Reino de Deus esteja já presente entre nós, mas sabendo, por outro lado, que por muito que façamos por ele sempre diremos, “mas ainda não conseguimos” - na sua totalidade, na sua plenitude. Na sua totalidade só com Deus. Por isso, embora não recolhamos aqui muito do que semeámos, vamos recolher tudo e muito mais do que semeamos com Deus. "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." 1 Coríntios 2:9

Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura. Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome. Mas não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com outros, porque com tais sacrifícios Deus se agrada. Hebreus 13:14-16

Vimos de Deus Pai amoroso e caminhamos à luz da fé e na esperança para Deus, juiz justo e lento na ira e rico em misericórdia e perdão (Efésios 2, 4). Quanto aos ateus, estes caminham para a morte. Caminham para o Nada, como dizia Heidegger que define o ser humano como sendo um ser para a morte, pois a morte que para nós é só passagem para a vida eterna, é a estação final da sua viagem, pois vem do Nada. Os agnósticos caminham de olhos fechados ou andam às voltas sem rumo nem objetivo e, como diz o provérbio, para quem não sabe para onde há-de ir não há ventos favoráveis.

No ventre de uma mãe havia dois bebés. Um perguntou ao outro: "Acreditas na vida após o parto?" O outro respondeu: "É claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez nós estejamos aqui para nos prepararmos para o que virá mais tarde." "Disparate", disse o primeiro. "Que tipo de vida seria essa?" O segundo disse: "Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez nós possamos andar com as nossas próprias pernas e comer com as nossas bocas. Talvez tenhamos outros sentidos que não conseguimos entender agora." O primeiro retrucou: "Isso é um absurdo. O cordão umbilical fornece-nos nutrição e tudo o mais de que precisamos. O cordão umbilical é muito curto. A vida após o parto está fora de cogitação."

O segundo insistiu: "Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá precisar deste tubo físico." O outro contestou: "Além disso, se há realmente vida após o parto, então, por que ninguém jamais voltou de lá?" "Bem, não sei", disse o segundo, " mas certamente vamos encontrar a Mamã e ela vai cuidar de nós." O primeiro respondeu: " Mamã? Acreditas mesmo na Mamã? Isso é ridículo. Se a Mamã existe, então, onde está ela agora?" "Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não poderia existir." Disse o primeiro:" Bem, eu não consigo vê-la, então, é lógico que ela não existe." Ao que o segundo respondeu: "Às vezes, quando estás em silêncio, se te concentrares e realmente ouvires, vais perceber a presença dela e ouvir a sua voz amorosa”.
Este foi o modo pelo qual um escritor húngaro explicou a existência de Deus.

Segundo o famoso argumento ou aposta de Pascal, suponhamos que dois amigos - um ateu e outro religioso - apostam uma quantia de dinheiro na hipótese da existência ou não existência de Deus e da vida para além da morte. O ateu aposta que Deus não existe, o religioso que sim, existe. À morte dos dois se o ateu ganhar a aposta, ou seja, se não houver nada para além da morte, não vai poder receber o prémio, não vai sequer saber que ganhou e o que a perdeu, o religioso, também não vai saber que perdeu.

Ao contrário, se houver vida para além da morte e Deus que a sustém, o religioso ganhou essa vida eterna e o ateu perdeu-a. Concluímos que quem acredita tem tudo a ganhar e nada a perder; quem não acredita, tem tudo a perder e nada a ganhar.

Que sentido tem a vida ou o que somos nós?
Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. João 1, 12

É Ele a imagem do Deus invisível, (…) todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. -  Ele é anterior a todas as coisas Colossenses 1, 15, 16, 17

(…) muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele. Então, Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Respondeu-lhe Simão Pedro: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus.» João 6, 66-69

A nossa identidade é ser filhos de Deus, mas isto acontece se aceitamos a Deus como Pai. Jesus de Nazaré é a encarnação da segunda pessoa da Santíssima Trindade, feito homem para nos mostrar o caminho, a verdade e a vida (João 14, 6). Verdadeiramente, Deus e homem veio para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância (João 10, 10); ele é o pão nosso de cada dia (João 6, 51) e a vinha da nossa alegria (João 2, 1-11), o sentido da nossa vida (Mateus 5, 13-14). Só ele tem palavras de vida eterna, palavras que para além de nos ajudarem a viver esta vida com sentido, nos levam efetivamente à vida eterna. (João 6, 68)

Neste caminho, nesta peregrinação, somos ajudados, consolados e inspirados pela presença constante do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade que nos ajuda a concretizar e aplicar o evangelho em cada tempo e em cada lugar e situação.

Para o ateu, aquele que acredita que vimos do nada e que vamos para o nada, a conclusão lógica é que esta vida não tem sentido. Algo que começa em nada e termina em nada não pode ser grande coisa, pois nada mais nada, é igual a nada.

O ateu carece de razões para viver; o agnóstico finge que estas questões não o preocupam, vive instalado no momento presente, desligado do futuro e do passado tal como o resto dos seres vivos, não se questiona tal como o resto dos seres vivos, de consciência adormecida, ante o perigo esconde a cabeça sob a areia, como dizem que faz a avestruz, e fazendo jus ao provérbio “Olhos que não vêem, coração que não sente”
Pe. Jorge Amaro, IMC