15 de dezembro de 2019

3 Grupos étnicos - Negroide - Caucasoide - Mongoloide

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Estamos cientes de que os adjetivos, negroide, caucasoide e mongoloide têm hoje más conotações. A palavra negroide tem fortes conotações racistas de depreciação do povo africano; a palavra caucasoide tem conotações racistas de sobrevalorização dos europeus, usada pela néscia dita supremacia da raça branca; por fim, o termo mongoloide, mesmo aludindo ao povo de um país, também é usado para referir os humanos nascidos com a síndrome de Down.

A antropologia moderna já não divide os seres humanos em 4 raças, tal como estudámos na escola: raça preta, branca, amarela e vermelha. O termo “raça” deixou de usar-se para diferenciar grupos humanos e só se usa para diferenciar a raça humana do resto dos seres vivos que habitam este planeta. Hoje, a maior parte dos antropólogos usa o termo “grupo étnico” em vez de “raça” e divide a raça humana em três grandes grupos étnicos: negroide, caucasoide, mongoloide. Há também quem junte australoide para os habitantes da Oceânia, mas nós achamos que estes são já um subgrupo.

Mesmo correndo o risco de sermos mal interpretados, usaremos estes termos no sentido original, sem nenhuma conotação racista, pois este texto quer provar precisamente que a raça humana teve um berço comum em África e que as diferenças fisiológicas que hoje exibimos advêm da longa adaptação aos diferentes meios ambientes para onde a única raça humana imigrou.

O Vale de Rift, berço da humanidade e do seu Salvador
Um vale é uma depressão da terra rodeada por montanhas ou colinas. Há vales formados pelo curso dos rios, que escavaram a terra ao longo de milhares ou milhões de anos, como é o caso do Grande Canyon, nos E.U.A.

As primeiras grandes civilizações que o mundo conheceu, formaram-se nas margens de grandes rios: - o Egito, nas margens do rio Nilo; a Mesopotâmia, terra entre os rios Tigre e Eufrates; a civilização hindu ou védica, nas margens do rio Ganges e a chinesa, nas margens do rio Amarelo (Huang He); Maias, Astecas e Incas na América central. Estes rios forneciam não só uma constante e inesgotável fonte de água para beber, como também alimento sob a forma de peixe, água para a agricultura e enriqueciam com os seus sedimentos as terras por onde passavam - as terras mais férteis do nosso planeta são de facto as dos vales atravessados por grandes rios. Os rios também eram vias de comunicação entre povos e facilitavam o comércio.

Outros formam-se pelo lento movimento dos glaciares que rasgam a terra em forma de U, e ainda outros que se formam quando duas placas tectónicas adjacentes se separam criando uma fenda entre elas; a terra que fica por cima dessa fenda colapsa e afunda-se. Quando a placa arábica se separou da placa africana, formou-se o Vale de Rift, o mais extenso e profundo do planeta. De facto, em cada lado do Vale de Rift não se encontram montanhas, como acontece nos vales formados por rios e glaciares, mas sim planaltos.

Começa na nascente do rio Jordão, em Israel, entre o Líbano e a Síria, forma o vale do rio Jordão até ao mar da Galileia, continua no vale do Jordão até ao Mar Morto, depois deste até ao golfo de Aqaba no Mar Vermelho, prossegue a sul até entrar em África pela Eritreia, Etiópia, Quénia, Tanzânia, e acaba ao meio de Moçambique no oceano Índico, depois de percorrer mais de 3 000 quilómetros e descer até 500 metros a baixo do nível do mar.

O vale de Rift é uma cadeia de grandes lagos como o lago Vitória onde nasce o Rio Nilo, Tanganica, Turkana, Niassa e tantos outros lagos e rios mais pequenos; é conhecido pelo clima primaveril durante todo o ano e pela terra fértil. A biodiversidade no Vale de Rift é muito superior ao resto da África sendo uma das zonas de mais biodiversidade do mundo.

Aqui também nasceu e se desenvolveu a humanidade, no período Paleolítico. Aqui também nasceu o Salvador da humanidade e, precisamente nas nascentes do Rio Jordão, em Cesareia de Filipo, o apóstolo Pedro reconheceu em Jesus algo mais que um profeta - o messias, o filho de Deus. (Marcos 8, 27-30). Quando nasce a panela nasce o testo para ela: a panela é a humanidade, o testo é Jesus, Caminho, Verdade e Vida para essa humanidade.

De primata a ser humano
Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e dominai toda a terra; Génesis 1, 28
Há 66 milhões de anos, um meteorito de 10 Km de diâmetro chocou contra o nosso planeta e provocou uma noite invernal de vários anos, na qual morreram 75% dos seres vivos da Terra, entre eles os dinossauros. Salvaram-se os pequenos roedores porque viviam debaixo do solo e conseguiam hibernar durante muito tempo.

Passados muitos anos, quando as condições de vida se tornaram outra vez favoráveis, estes roedores evoluíram até aos orangotangos que viviam nas árvores para se protegerem e terem comida, e destes até aos macacos, chimpanzés, gorilas e primatas. Os chimpanzés, os bonobos (ou chimpanzés-pigmeus) e os seres humanos descendem de um primata que viveu há 6 milhões de anos. Deste primata originou-se um ramo que são os humanos e outro que são os chimpanzés; deste último saíram ainda os chimpanzés de hoje e os bonobos.

Por isso o magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus.
Pio XII Humane Generis, 36

Como diz a Humane Generis, o livro do Génesis não contradiz a teoria da evolução. O Génesis diz a verdade da fé, não a verdade da ciência. Que os seres humanos evoluíram a partir de outros seres vivos e que a vida no planeta vem de um tronco comum não é problema para a nossa fé, desde que se reconheça que Deus Criador de tudo e de todos deu o pontapé de saída ao criar a vida que já sabia que desembocaria no ser humano. A ciência não sabe explicar de facto em termos científicos como passámos de macaco a ser humano.

Como o elo entre nós e os macacos ainda não foi encontrado, ninguém sabe como ou porquê os humanos evoluíram e os nossos irmãos chimpanzés não…. Foi Deus que assim quis, mutações genéticas, mudança de clima, de alimento, ou tudo isso? Pode ter sido uma sucessão de eventos em cadeia, tipo efeito dominó: uma coisa leva à outra e assim sucessivamente. Alguns desses fatores são o bipedismo que libertou as mãos, o aumento da capacidade craniana que criativamente arranja tarefas para as mãos executarem, utensílios, o polegar oponível, mudanças genéticas, mudanças climatéricas e geológicas que obrigaram o ser humano a adaptar-se às novas condições, etc.

A partir deste cenário altamente variável e com muitas variáveis, surgiu um macaco suficientemente esperto para questionar a sua própria existência. A título de cronologia evolutiva das espécies humanas bípedes que foram surgindo e desaparecendo no vale de Rift desde há seis milhões de anos, a antropologia estabelece as seguintes espécies:
•    Ardipithecus Ramidus – 4,4 milhões de anos
•    Australopithecus Afarensis – 3,5 milhões de anos
•    Homo Habilis – de 2 milhões a 1,4 milhões de anos
•    Homo Ergaster – de 1,8 a 1,2 milhões de anos
•    Homo Erectus – de 1,6 milhões a 150 mil anos
•    Homo Neanderthalensis – de 150 mil a 30 mil
•    Homo Sapiens - de 130 mil anos até hoje

À exceção desta última, que é a nossa espécie, todas as outras estão extintas.

Migração e miscigenação
O Homo Hhabilis, que é considerado o primeiro membro do género Homo, deu origem ao Homo Ergaster. Alguns H. Ergaster migraram para a Ásia, onde são chamados Homo Erectus, e para a Europa com o Homo Georgicus. O H. Ergaster na África e o H. Erectus na Eurásia evoluíram separadamente durante quase dois milhões de anos e, presumivelmente, separaram-se em duas espécies diferentes.

O Homo Rhodesiensis, que era descendente do H. Ergaster, migrou da África para a Europa e tornou-se o Homo Heidelbergensis e, mais tarde (há cerca de 250 000 anos), no Homo Neanderthalensis e no hominídeo de Denisova na Ásia. O primeiro Homo Sapiens, descendente do H. Rhodesiensis, surgiu em África há cerca de 250 000 anos. Há cerca de 100 000 anos, alguns H. Ssapiens Sapiens migraram de África para o Levante e reuniram-se aos neandertais aí residentes, com alguma miscigenação genética.

Mais tarde, há cerca de 70 000 anos, talvez depois da catástrofe de Toba, um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a Eurásia, Austrália e, mais tarde, as Américas. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos e, depois de alguma miscigenação, migraram para preencher a Melanésia.

Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("hipótese da origem única"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "evolução multirregional"). Resultados genómicos recentes do grupo de Svante Pääbo também mostram que há 30 000 anos, pelo menos, três subespécies principais coexistiram: os Denisovanos, Neandertais e os Cro-magnons. Hoje, apenas o Homo Sapiens Sapiens sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.

Os três reis magos e os três grupos humanos
Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Isaías 25, 6

Os três grandes grupos étnicos subdividem-se em vários outros grupos que podem também subdividir-se até uns 5 000 grupos étnicos. Porém, todos descendem do Homo Sapiens pois, como vimos, todas as outras estirpes humanas se fundiram com o Homo Sapiens ou desapareceram e se extinguiram. Não há assim nenhuma razão científica que fundamente o racismo, ou seja, a rivalidade entre diferentes grupos humanos, uma vez que somos todos exclusivamente Homo Sapiens que emigraram de África.
  • Caucasoide – arianos, hamitas, semitas
  • Mongoloide - mongóis, chineses, indo-Chineses, japoneses e coreanos, tibetanos, malásios, polinésios, maori, micronésios, esquimós ou Inuit, índios americanos
  • Negroide - africanos, hotentotes, melanésios/Papua, “Negrito”, aborígenes australianos.
No museu de Addis Abeba, onde se conserva 40% do esqueleto de Lucy um Australopithecus afarensis datado cerca de 3.2 milhões de anos, um grande cartaz diz “Bem-vindos a casa”. Sim, de facto o Vale de Rift é a nossa casa comum.

A partir daqui o homo sapiens começou sua viagem que o levou a todos os cantos da terra. À medida que se iam fixando em diferentes longitudes e latitudes, para sobreviver os seus corpos a sua fisiologia teve de se adaptar aos diferentes lugares que iam colonizando daí a ramificação em três principais grupos étnicos, negroides, caucasoides e mongoloides, uma vez mais, tal como Deus é um e três, os seres humanos são ao mesmo tempo um e três; três em um, um  em três.

Representando cada um três grupos étnicos em que a humanidade se ramificou, os três reis magos voltaram ao vale do Rift de onde tinha partido o seu comum ancestral, o homo sapiens, para prestar homenagem ÀQUELE que é o modelo da humanidade, também nascido nas encostas de  daquele vale, Jesus Cristo. Jesus é aquele que veio trazer plena saúde física, moral, espiritual e psicológica e sobretudo ser o grande modelo de humanidade para todos seguirem como caminho, verdade e vida. (João 14, 6)

Cereais e civilização
A agricultura e a domesticação dos animais foram importantes já no Paleolítico para a sobrevivência da espécie humana e sobretudo para vencer a simbiose e dependência em que o homem vivia em relação à Natureza. Antes da invenção da agricultura e domesticação dos animais, o ser humano, tal como os animais selvagens, passava a maior parte do dia à procura de alimento.

De entre todos os produtos agrícolas, os mais responsáveis por estabelecer uma total independência em relação à Natureza são os cereais. O ser humano é considerado um omnívoro, mas, do ponto de vista da civilização, é sobretudo cerealífero; os cereais são, ainda hoje, a base da alimentação da humanidade, são a base da conhecida pirâmide alimentar: cereais, vegetais e frutas, carne e peixe e por fim as gorduras vegetais ou animais.

Porquê os cereais? Do ponto de vista da nossa alimentação, os cereais, compostos por hidratos de carbono, são um alimento energético e fornecem uma energia constante por muito tempo. As verduras e frutas fornecem uma energia rápida, mas de pouca duração. Por outro lado, de todos os alimentos que se conhecem, os cereais são os que levam mais tempo a degradar-se: em humidade zero podem sobreviver durante milénios. De facto, foram encontrados no túmulo de Tutankamon, faraó do Egito, grãos de trigo com 5 000 anos que germinaram depois de semeados.

Onde não houve cereais não houve civilização porque os cereais, como bem indica a história de José do Egito descrita no livro do Genesis 37 e a parábola do rico insensato de Lucas 12, 16-20, ao contrário de outros alimentos podiam ser armazenados e conservados durante muito tempo, libertando os seres humanos da busca constante de comida e permitindo que se dedicassem a outras tarefas, formando cultura e civilização. Tomemos como exemplo os índios de todo o continente americano; tanto os índios da América do Norte, como os da América do Sul, não constituíram civilização porque não tinham nenhum cereal. Enquanto que os índios da América central, os Maias, os Astecas e os Incas constituíram uma civilização bastante desenvolvida. São três as grandes civilizações do mundo antigo e todas elas têm como base um ou mais cereais:

Civilização do trigo – Norte de África e Europa - O Egito floresceu graças à fartura de grãos cultivados nas margens do rio Nilo. Trigo, cevada, sorgo, aveia foram os primeiros grãos com o maior domínio de técnicas de cultivo. Os faraós usavam o trigo como moeda. Os camponeses ganhavam três pães e dois jarros de cerveja como pagamento por um dia de trabalho. Nos túmulos egípcios dos faraós, foram encontradas massas, mel, frutas, carnes, pães e cerveja.

Civilização do arroz– Ásia e Oceânia – O arroz é a base da alimentação de aproximadamente dois terços da população mundial, sendo o cultivo mais importante de vários países, principalmente na Ásia e Oceânia. O cultivo do arroz é tão antigo quanto a civilização. Os historiadores acreditam que este cereal é originário da China, Índia e Oceânia. Descobertas arqueológicas na China e na Índia indicam que o arroz existe há 7 000 anos. A sua utilização em cerimónias, onde o Imperador semeava o arroz, remonta a 2 822 a.C. e representa a referência mais concreta que existe.

Civilização do milho – Américas - O milho era conhecido pela civilização pré-colombiana como o alimento dos homens e deuses. É o terceiro cereal mais importante do mundo, depois do trigo e do arroz, e garantiu a sobrevivência de grandes populações pelo seu valor nutricional. Os homens que cultivavam o milho necessitavam de apenas 50 dias de trabalho ao ano, o que permitiu que esses povos pudessem trabalhar na construção de grandes obras arquitetónicas.

Os Maias, Astecas e Incas usavam o milho em forma de farinha na sua alimentação em papas, pães, bolos, tamales. Esses povos tinham uma relação mística e intensa com esse cereal. Mesmo nas luxuosas refeições dos líderes, o milho era presença obrigatória. A preparação do milho incluía a utilização de           sal e pimenta, bem como as bebidas fermentadas produzidas a partir do milho, que ainda hoje são feitas pelos povos andinos. A durabilidade e a fácil conservação para o transporte do milho contribuíram para que Colombo levasse o milho da América para a Europa.

Perfil africano (negroide)
As características físicas dos africanos são as seguintes: crânio arredondado, pigmentação da pele muito escura, cabelo de cor preta encarapinhado ou crespo; olhos redondos de cor preta, nariz largo e achatado, boca grande de lábios proeminentes e grossos, tórax curto e largo, escassa pilosidade corporal e barba rala.

O núcleo principal deste grupo, situa-se no continente africano. No entanto, há um ramo oriental deste grupo que é constituído pelos austroloides, também chamados oceânicos. Os das Ilhas Salomão assemelham-se tanto aos negros africanos que os antropólogos não distinguem uns dos outros. Em geral, têm a pele escura, cabelo preto ondulado, sistema piloso corporal desenvolvido cara estreita e baixa, olhos de cor castanha escura, nariz grande, lábios grossos, cabeça alongada, estatura superior à média e, mesmo, alta.

Perfil europeu (caucasiano)
As características físicas dos europeus são as seguintes: crânio largo e redondo, pigmentação da pele clara, cabelos claros que variam de lisos a ondulados, olhos rasgados e retos, lábios delgados, tórax largo, abundante pilosidade corporal, barba cerrada. Constituem 50% da humanidade. O núcleo principal dos brancos encontra-se no Velho Mundo: Europa, Ásia e no norte de África. Subdivide-se em meridional ou indo-mediterrânico e setentrional ou Atlântico-báltico. A raça meridional é de pele, cabelos e olhos escuros, enquanto a raça setentrional apresenta a pele, cabelos e olhos mais claros.

Os que representam a raça meridional ou indo-mediterrânica são: hindus, tajiques, arménios, gregos, árabes, italianos e espanhóis, que se caracterizam por cabelo negro ondulado, olhos castanhos, nariz de dorso encurvado, rosto estreito e cabeça de forma dolicocéfala ou mesocéfala.

A raça setentrional ou atlântico-báltica é representada pelos russos, bielor russos, polacos, noruegueses, alemães, ingleses e povos que vivem mais para o norte; as suas características são: pele clara, cabelos loiros ou ruivos, olhos cinzentos ou azuis, nariz comprido e estatura elevada.

Perfil asiático (mongoloide)
As caraterísticas físicas dos asiáticos são as seguintes: crânio largo, pigmentação clara da pele entre branca e amarelada, cabelos lisos e negros, olhos rasgados e oblíquos, pómulos salientes, nariz reto, lábios delgados, tórax curto e largo, escassa pilosidade corporal.

A etnia mongoloide compreende cerca de 40% da população terrestre e metade são chineses. Habitam na Ásia, nas regiões setentrionais, orientais, centrais e sul-orientais, e estendem-se pela Oceânia e continente americano. Muitos elementos deste grupo fazem parte da população das regiões asiáticas que pertenciam à antiga União Soviética: iacutos, buriatos, tunguses, tchuquetches, tuvinos, altaios, ilacos, aleutas, esquimós asiáticos.

A raça mongoloide divide-se em três raças: Setentrional ou asiático-continental - também chamada de centro-asiática e à qual pertencem os buriatos e os mongóis. São conhecidos por terem a cor da pele, cabelos e dos olhos mais clara, os cabelos menos duros, lábios delgados e rosto grande e chato.

Meridional ou asiático-pacífica - são seus representantes os malaios, javaneses e habitantes das Ilhas de Sonda. As características são: pele bronzeada, rosto estreito e baixo, lábios grossos, nariz largo, cabelo por vezes ondulado, estatura inferior à dos setentrionais e dos chineses.

Índios americanos – as suas características são: cabelo reto e rígido, cor negra, sistema piloso corporal pouco desenvolvido, pele com coloração amarela-parda, olhos de cor castanha escura e rosto largo.

Variáveis fisiológicas
As variáveis fisiológicas mais notáveis entre os três grupos humanos, são a cor da pele, a forma e a cor do cabelo, a forma e a dimensão do nariz, a forma e a cor dos olhos e, em menor medida, a saliência das maçãs do rosto.

Pele – Do branco de um escandinavo ao preto de um congolês a única diferença é a latitude em que estas duas pessoas habitam. Quando mais a norte do Equador, mais branco; quando mais perto do Equador, mais preto. O nosso organismo precisa de vitamina D que sintetiza a partir da exposição da pele nua ao sol. Onde o sol é abundante, a pele, como se fosse uma cortina, fecha-se para deixar entrar só a quantidade de que precisa; onde o sol é escasso, a pele abre-se por completo para deixar entrar a maior quantidade possível.

Nariz – Para além de filtrar o ar de poeiras e fumos, e impedir que cheguem aos brônquios, o nariz também regula a temperatura do ar; o nariz longo de narinas apertadas corresponde aos climas frios, o nariz pequeno e achatado de narinas amplas corresponde aos climas quentes.

Olhos - A maior ou menor concentração de melanina na pele é responsável pela sua cor, e também pela cor dos olhos - quanto mais pretos, mais melanina; quanto mais claros, menos melanina.
Dizem estudos atuais que as pessoas com olhos azuis descendem todas de um mesmo indivíduo que viveu há 6 000 anos na Escandinávia.  Ali, 89% das pessoas têm olhos azuis e essa percentagem vai descendo à medida que caminhamos para sul e desaparece de azul para verde, de verde para castanho e depois preto, à medida que avançamos mais para sul. Tal como a pele e o cabelo, a diferença de melanina é responsável por isso.

Quanto ao formato dos olhos, ressalta a diferença entre os olhos chineses ou asiáticos e o resto do mundo. Os estudos dizem que este formato é uma adaptação ao meio ambiente e ao clima; nas estepes asiáticas, os ventos constantes, a poeira por eles levantada, o frio, assim como a necessidade de divisar ao longe, levaram ao longo dos séculos os olhos a serem como são hoje.

Cabelo – A mesma melanina que é responsável pela cor das íris dos olhos e da pele é também responsável pela cor do cabelo. A textura do cabelo tem a ver com a temperatura: os cabelos lisos são próprios dos climas frios, os cabelos encaracolados e encarapinhados como os dos africanos, são próprios dos climas quentes - ao dar mil e uma voltas, um cabelo encarapinhado permite que se forme uma almofada ou câmara de ar entre o couro cabeludo e o ar, protegendo assim a cabeça de insolações; os africanos têm como que um ar condicionado na cabeça.

A essência do racismo
Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gálatas 3:28

A afirmação e a defesa da tese da desigualdade biológica das raças humanas constituem a essência do racismo. Os racistas consideram a raça branca como superior e as outras raças, como a negra e a amarela, como inferiores. Os racistas confundem os conceitos de raça e nação. No entanto, a raça é um conceito biológico enquanto que a nação é um conceito sociológico.

O nível cultural não depende das características sociais, mas é determinado pelos fatores económicos e sociais. O pensamento racista não tem qualquer base científica, apresentando erros grosseiros de lógica e de informação. Assim, confunde raça com nação, povo, cultura ou grupo linguístico, atribuindo a fatores sociais, e, portanto, hereditários, comportamentos que nada têm a ver com raça, mas que são condicionados pela cultura, pelo meio social e pelas condições económicas.

Padrões de beleza
“Quem o feio ama, bonito lhe parece” O padrão de beleza é convencional; em África há tribos que gostam de mulheres com o pescoço comprido; no sul da Etiópia, as mulheres abrem uma fenda nos lábios para colocar dentro desse espaço um pequeno prato de argila que, segundo eles, torna a mulher mais bela; na China e no Japão, gostam das mulheres com os pés pequenos.

Porém, a civilização ocidental espalhou os seus padrões de beleza pelos quatro cantos do globo de tal modo que parece que toda a gente pensa e sente como a Europa ou a América do Norte pensam e sentem. Constatei isto mesmo nos meus anos de Etiópia, quando testei um grupo de jovens sobre a beleza. Havia na missão uma freira local, jovem e bela, e outra italiana não tão jovem nem bela para não dizer feia; abismado fiquei quando ao perguntar aos jovens qual das duas era a mais bela, me disseram que era a italiana. Suponho ser esta a razão pela qual o cantor Michael Jackson nunca aceitou a sua cor e buscou por meio de várias operações plásticas ficar branco.

Levou tempo a que nas salas onde se expõe a moda aparecessem modelos não caucasianos. Naomi Campbell foi a primeira modelo africana e chocou de alguma maneira certos padrões e costumes do mundo da moda. A questão é que o padrão de beleza não tem nada de científico, é puramente convencional, arbitrário e circunstancial. Se a África fosse tão bem-sucedida como a Europa e a América, o conceito de beleza padrão seria africano.

A irracionalidade do racismo
Não existe o homem asiático nem o africano nem o americano, pois todos os homens provêm do continente africano. Apesar de ter havido outras estirpes de Homo como o Neandertal que saiu de África, a estirpe de Homo que vingou foi o Homo Sapiens. As outras extinguiram-se ou fundiram-se com o Homo Sapiens, pelo que só há um Homo.

As diferenças fisiológicas dos três principais grupos étnicos são o resultado de uma adaptação ao meio ambiente e são todas reversíveis no sentido de que se levássemos uma tribo do Congo para a Noruega, em menos de 25 000 anos os seus elementos ficariam louros, de cabelo liso, olhos azuis e pele branca. Por isso tem cada vez mais validade o que disse Martin Luther King no dia anterior ao seu assassinato: “Sonho com o dia em que os homens serão julgados não pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de dezembro de 2019

3 Períodos da Idade dos Metais - Cobre - Bronze - Ferro

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A Idade dos Metais é a última etapa da Pré-história, bastante mais curta que a anterior. Começa aproximadamente no ano 6 500 a.C. e vai até ao ano 1 500 a.C. Em busca de materiais mais adequados para as suas ferramentas, o homem passou da pedra, madeira e osso para materiais mais duros e mais fáceis de moldar. Assim, passou da Idade do Cobre, o primeiro metal a ser descoberto, à Idade do Bronze que resulta de uma liga entre o cobre e o estanho. Por fim, descobriu o ferro.

Apesar de ser o metal mais abundante no nosso planeta, foi o último a ser descoberto. Podemos dizer que, desde que este foi descoberto, nunca mais saímos da Idade do Ferro, pois é ainda hoje o metal mais usado em todo o planeta. Conforme as características mais procuradas - maleabilidade, durabilidade ou dureza - assim foram surgindo várias ligas, como o aço, o aço inoxidável, etc. que têm as mais variadas aplicações, sendo as mais importantes na indústria automóvel, na construção naval e na construção civil.

Estes desenvolvimentos tiveram lugar em diferentes zonas do planeta, mas principalmente no Médio Oriente, onde nasceu a cultura ocidental: falamos da Mesopotâmia, de Israel, Assíria e Egito. Com os metais, não só surge uma atividade nova - a metalurgia - como todas as tarefas humanas se tornam mais fáceis e produtivas - a agricultura, a pastorícia, a caça e a pesca – criando assim excedentes e dando origem a uma outra atividade nova: o comércio. O comércio levou o ser humano a criar meios de transporte de mercadorias e assim surgiu a roda, o cavalo como força motriz e a vela para os barcos.

Infelizmente, nem tudo foi positivo; os metais possibilitaram também o fabrico de armas que foram utilizadas pela primeira vez para outros fins que não a caça de animais, isto é, foram utilizadas contra outros seres humanos. É na Idade dos Metais que surgem os primeiros reis, as primeiras nações e os primeiros impérios que se formam com guerras entre povos; assim surge mais um ofício, o de guerreiro. Mesopotâmia e Egito foram as primeiras civilizações a aparecer.

Idade do Cobre – 6 500 a.C. – 2 500 a.C.
Também chamada a Idade do Calcolítico, quando vista como uma transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze. Descoberto provavelmente por casualidade, o bronze rapidamente substituiu a pedra, o osso e a madeira no fabrico de ferramentas. O Calcolítico representa um salto qualitativo em relação à Idade da Pedra, porque a madeira e os ossos eram disponibilizados pela natureza, enquanto que os metais eram minerais que tiveram de ser fundidos para serem utilizados.

Uma vez descoberto o cobre, a passagem para a Idade do Bronze e desta para a Idade do Ferro representaram saltos quantitativos. O homem deu-se conta de que o futuro estava nos metais e a busca por metais mais duros e resistentes foi o que originou a passagem do cobre para o bronze e do bronze para o ferro.
A princípio, os metais eram trabalhados com um martelo para lhes dar forma. Mais tarde, deram-se conta de que era melhor fundi-lo para ter formas mais específicas e perfeitas. Assim se descobriu a fundição como processo para a elaboração de objetos e ferramentas de metal.

O cobre é um metal muito macio e maleável. Os objetos com ele feitos não eram muito resistentes. Foi também nesta época que se descobriram outros metais tão ou ainda mais macios que o cobre; o ouro e a prata. Quando o cobre foi descoberto, o homem substituiu todas as suas ferramentas por este metal, mas rapidamente se deu conta de que, para certas ferramentas, a pedra sílex era mais dura e bem menos maleável que o cobre. Por isso, mais que para ferramentas ou armas, o cobre serviu para vasilhas e adornos e para os rituais fúnebres.

Idade do Bronze 2 500 a.C. – 1 500 a.C.
Em busca de um metal mais duro, o homem foi misturando minerais, até que inventou o bronze resultante de dois metais macios: o cobre e o estanho. O bronze é uma liga de 90% de cobre e 10% de estanho. Dois metais macios produzem um metal duro.

Ao ser descoberto, este metal rapidamente se expandiu por todo o mundo conhecido; criaram-se as primeiras rotas dos metais que conduziam às minas. Assim se desenvolveu a roda para o transporte terrestre, o barco e a vela para o transporte marítimo. A expansão do comércio levou a Idade do Bronze a toda a Europa e Ásia e a partes do Norte de África. O cobre passou a ser mais procurado para fazer bronze do que para ser usado como cobre. Como o bronze não tinha par em dureza e resistência, todas as ferramentas passaram a ser feitas em bronze.

A substituição das ferramentas e instrumentos de pedra e cobre pelos de bronze fez aumentar a produção (principalmente na agricultura) e a durabilidade destas mesmas ferramentas porque, como dissemos, o bronze é mais resistente e desgasta-se menos que o cobre.

As armas de combate passaram a ser de bronze, dando ao povo que dominava este processo mais poder de conquista, dominação e superioridade bélica. O bronze também foi usado no fabrico de artefactos domésticos (facas, machados, etc.), e de armas de caça, melhorando a qualidade de execução de determinados serviços. Por fim, também teve um uso artístico (máscaras, estatuetas, etc.) e de adorno (colares, pulseiras, anéis, etc.).

 Idade do Ferro 1 500 a.C.
Começou no sudoeste da Ásia Menor, no que hoje é a Turquia e rapidamente se alastrou ao Médio Oriente e resto da Europa. Os hititas foram o primeiro povo a trabalhar o ferro e a usá-lo sobretudo nas armas com as quais rapidamente subjugavam os outros povos. O combatente com espada de ferro partia a espada do combatente com a espada de bronze, logo aos primeiros embates. 

O ferro, mais abundante na natureza que os dois metais anteriores, requeria mais conhecimentos metalúrgicos, devido à temperatura de fundição mais elevada. Por isso foi necessário aperfeiçoar primeiro a fabricação de fornos para posteriormente alcançar temperaturas mais altas.

A introdução do ferro no fabrico dos mais diversos equipamentos, ferramentas e armas trouxe grandes modificações à vida das pessoas daquela época. O ferro passou a ser usado na produção de ferramentas mais fortes e resistentes, o que acabou por ajudar ao desenvolvimento da agricultura e facilitar o trabalho de plantio.

Em relação às armas, o ferro ajudou a construir espadas e outros tipos de armas mais fortes. Com a introdução desse tipo de material, os exércitos que possuíam o armamento mais forte acabavam por dominar os outros povos com maior facilidade. Assim surgiram os grandes impérios e o aparecimento de reis e governantes cada vez mais poderosos.

Segundo os historiadores, a descoberta da escrita assinala o fim da Idade do Ferro e da Pré-história. No entanto, sob outro ponto de vista, continuámos na Idade do Ferro, pois este continuou a ser o material mais usado até ao século XIX. Tal como a combinação do cobre com o estanho deu início à Idade do Bronze, também a combinação do ferro com o carbono neste século deu início à atual Idade do Aço, já que este é o metal mais utilizado em todo o planeta.

Invenções da idade dos metais
O forno – Invenção que deu origem à metalurgia na idade dos metais. O aperfeiçoamento do forno fez com que fosse possível alcançar-se temperaturas mais altas para fundir o ferro e criar outras ligas. É certo que também se usou depois para cozinhar alimentos como o pão e a carne, e elaborar utensílios de cerâmica.

A roda – Permitiu o progresso do comércio dos excedentes, possibilitando o transporte de cargas em menos tempo e com menos esforço.

Os canais – Permitiam conduzir a água dos rios para terras afastadas destes e assim obter mais excedentes agrícolas; também serviam para abastecer povoações de água e, com a utilização de barcos, servia também como via de transporte de mercadorias.

O barco – Os primeiros barcos eram pequenos botes ou jangadas; a vela fez com que passasse a ser possível a construção de barcos de maior calado para transportar mais pessoas e mais mercadorias.

A vela – Serviu para impulsionar o comércio dos excedentes criados por uma sociedade cada vez mais técnica e diversificada. A vela era usada nos barcos, mas também nos moinhos de vento; a princípio era fabricada com cabedal, depois com tecido mais maleável, de modo a aproveitar melhor a força motriz do vento.

O arado – Usando os animais de carga em combinação com o arado, era possível cultivar mais terra; escusado será dizer que este foi primeiro fabricado com cobre, depois com bronze e finalmente com ferro, como ainda hoje é. Com o arado, a superfície cultivada quadruplicou e os excedentes agrícolas provocaram um desenvolvimento se precedentes do comércio.

O moinho – De água, de vento e de maré, fez aumentar a produção de farinha para a produção de pão. Antes do moinho, era necessário usar a força do homem e de duas pedras; depois do moinho, passou a utilizar-se a força motriz da natureza para criar um movimento contínuo que permitia moer grandes quantidades de cereal em pouco tempo.

Tecelagem – Ainda não com a máxima força, mas começou-se a tecer ou a entrelaçar plantas para formar cestas. Depois, descobriu-se o linho, o algodão e a lã e surgiram os fios que, entrelaçados nos teares, deram origem aos primeiros tecidos, que vieram substituir as peles de animais no vestuário.

Construção em pedra – Foi na Idade dos Metais que começaram a construir-se muralhas à volta das cidades, templos e fortalezas. Foi nesta época que se construiu o edifício mais alto do mundo, cuja altitude só foi superada 3 000 anos mais tarde pela catedral de Lincoln, em Inglaterra. Trata-se da Grande Pirâmide ou pirâmide de Gizé ou Quéops, construída por volta do ano 2 560 a.C., com 146 metros de altura, superada em 1 311 pela catedral de Lincoln, em Inglaterra.

Profissões da Idade dos Metais
Chefes ou reis – Que se distinguiam pela capacidade de liderança e pela força física.

Sacerdotes – Encarregados dos ritos e das relações com a divindade, intercediam pelo povo e aplacavam os deuses com sacrifícios.

Agricultores - Profissão que nasceu ainda na Idade da Pedra e que substituiu a caça e a pesca como meio de obtenção de alimentos, e a armazenagem dos mesmos, permitindo ao homem uma certa independência da terra e da natureza.

Pastores – Foi a atividade que substituiu a caça; com a domesticação dos animais, aprendeu-se a reproduzir os mesmos e a obter assim alimento acumulado. Para os povos primitivos, era como ter dinheiro no banco, pois, ao vender um animal, recebiam os juros de um capital investido na compra do animal quando era pequeno.

Ferreiros ou metalúrgicos – Foram os que se especializaram nesta nova arte e ofício da era dos metais; passaram a ser responsáveis pelo fabrico de todos os utensílios que o homem utilizava.

Oleiros – Utilizaram também o forno, embora a temperaturas mais baixas, para cozer a argila. É uma profissão muito antiga, pois aparte as cestas, a argila foi o material utilizado para todo o tipo de vasilhas, tanto para armazenar líquidos como a água, o vinho e o azeite como os cereais.

Fiadores, tecelões, padeiros – Foram outras profissões menores que apareceram à medida que a sociedade se estruturava e organizava e se diversificavam as funções e profissões.

Comerciantes – Nasceram das relações entre os povos, dos excedentes agrícolas ou outros, e da crescente especialização. Foram eles que levaram os produtos de um local onde abundavam para outro onde escasseavam, possibilitando os intercâmbios.

Matriarcado e o conceito de Deus
“A tua esposa será como videira fecunda na intimidade do teu lar; os teus filhos serão como rebentos de oliveira ao redor da tua mesa.Salmo 128, 3

Os antropólogos estão seguros de que a primeira divindade a ser adorada, foi uma deusa e não um deus. Esta divindade era adorada como a mãe de tudo o que vive; esta divindade identificava-se com a Terra, com o solo. Por isso, em todas as línguas onde não existe o género neutro e tudo se define com os géneros masculino ou feminino, a Terra como planeta e a terra como solo são palavras femininas: a mãe Terra em maiúscula e em minúscula, a mãe natureza.

Os homens primitivos viviam, como ainda hoje fazem os animais, em simbiose com a natureza, como um bebé ligado à sua mãe pelo cordão umbilical, e não em oposição ou contraposição com ela por meio da sua mente. Na Terra viviam, da terra viviam, dela nascia e brotava a vida e o sustento das suas vidas.

O mesmo acontecia com eles próprios: da mulher, qual terra fecunda, vinha a vida nova que povoava a terra. É claro que a conexão entre o ato sexual e o nascimento do bebé ainda não tinha sido estabelecida. E porquê? A inteligência do ser humano ainda não era suficientemente desenvolvida para estabelecer a relação entre uma causa e um efeito, tanto tempo depois (nove meses).

Gosto de dar como exemplo a inteligência de outros mamíferos, por exemplo, dos ratos. Se eu colocar um pó amarelo como veneno, alguns ratos vão comer esse pó e pouco depois morrem. Os outros ratos estabelecem imediatamente uma sequência de causa e efeito e, passado pouco tempo, por mais pó amarelo que eu coloque, nenhum rato morrerá porque a causa e o efeito estão muito próximos no tempo. Houve um tempo em que a nossa inteligência era tão diminuta quanto a do rato.

Mas suponhamos que colocamos como veneno para os ratos um anticoagulante do sangue; os ratos comem à vontade o veneno e nada lhes acontece, até que um dia acontece uma luta entre ratos ou algum deles se fere e sangra até morrer. Atualmente, este veneno é o mais usado para combater os ratos, porque não lhes permite estabelecer uma relação de causa e efeito.

O mesmo acontecia com os seres humanos primitivos que não estabeleciam um nexo entre a causa - o ato sexual - e o nascimento do bebé. Por esta razão, a mulher era vista como o correspondente à mãe natureza, à terra mãe: tal como do ventre da terra surgia a vida das plantas das quais dependiam os animais, também do ventre da mulher nascia a nova vida.

É certo que os homens primitivos se davam conta de que eram fisicamente mais fortes que as mulheres; mas, não ousavam levantar a mão contra elas, tal como nenhum homem ainda hoje ousa levantar a mão contra a própria mãe - este é um tabu. Observamos o mesmo nos mamíferos mais próximos de nós. Na evolução das espécies, as fêmeas que amamentam são muito agressivas contra os machos e não os deixam aproximar-se. Teoricamente esses machos venceriam a luta contra as fêmeas, mas não reagem e retiram-se por um respeito instintivo.

Uma vez que a conexão entre o nascimento das crianças e o ato sexual ainda não tinha sido estabelecida, as mulheres eram quem detinha o poder; a sua fertilidade dava vida ao indivíduo e imortalidade à tribo. Porque a mulher era a origem e fonte da vida, Deus era concebido como mulher, como mãe.

Para além do dom da reprodução e fonte de vida, como acontece ainda hoje com os mamíferos, o homem era atraído pela mulher que detinha o poder sobre o ato sexual que o homem tanto buscava, pelo prazer que lhe concedia e pela libertação da libido.

Autoconsciência e patriarcalismo
Abençoando-os, Deus disse-lhes: «Crescei, multiplicai-vos, enchei e submetei a terra. Genesis 1, 28

(…) depois, disse à mulher: «Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, entre dores darás à luz os filhos. Procurarás apaixonadamente o teu marido, mas ele te dominará.» A seguir, disse ao homem: «Porque atendeste à voz da tua mulher e comeste o fruto da árvore, a respeito da qual Eu te tinha ordenado: ‘Não comas dela’, maldita seja a terra por tua causa. E dela só arrancarás alimento à custa de penoso trabalho, todos os dias da tua vida. Genesis 3, 16-17

Quando o nexo entre o ato sexual e o nascimento de uma nova vida foi estabelecido, o estatuto do homem começou a ascender. O ser humano sempre formou o seu conceito de Deus com base no que valoriza e considera importante: as suas necessidades e o conceito de si mesmo. Durante algum tempo, a mulher ainda gozou um pouco do seu estatuto anterior; na verdade, deus era agora representado como um matrimónio.

A deusa/ -mãe/ -terra original passou a ser complementada por um consorte, um pai do céu. A chuva cai do céu, é o sémen divino enviado por deus-pai para engravidar a mãe terra, de modo a que a vida possa surgir.

O machismo ou patriarcalismo surgiu com a eclosão da autoconsciência: quando se quebrou o cordão umbilical entre o homem e a natureza e este deixou de viver em simbiose com aquela, passando a ver-se como distinto dela, separado dela. Assim se estabeleceu uma diferença entre o homem e o seu ambiente, a natureza, o instinto e o pensamento autorreflexivo.

Quando o ser humano nasceu como pessoa, a sobrevivência passou a ser menos uma função das capacidades reprodutivas da mulher e mais uma função da capacidade e habilidade do homem para obrigar a natureza a satisfazer as suas necessidades. A subjugação da terra correspondeu à subjugação da mulher, pois passou a ser o homem a deter o poder da reprodução. Enquanto o óvulo não foi descoberto em 1928, pensou-se que a mulher era só o recetáculo onde o homem, com o seu sémen, colocava o novo ser no ventre da mulher, o homúnculo, como lhe chamava S. Tomás de Aquino.

A história de Abraão pode ser reinterpretada neste âmbito. Abraão, um homem, deixou a sua terra, cortando os laços que o ligavam a Ur dos caldeus, por volta de 1 800 a.C. Num ato de autoafirmação e superando a necessidade de segurança, respondeu assim ao chamamento de uma divindade que também não estava a vinculada a nenhum lugar, e pôs-se a caminho do desconhecido, como que em busca de si mesmo e dessa divindade. Desde a história de Caim e Abel que se sabe como (Javé) Yahweh favorecia os pastores contra os agricultores, mais dados aos valores femininos da fertilidade.

Em toda a História da humanidade, só Jesus tratou as mulheres de igual para igual. Não temos espaço para desenvolver aqui este tema, mas os seus discípulos não entenderam nem aceitaram este talante do Mestre e depressa voltaram ao machismo do seu ambiente cultural.

S. Tomás de Aquino chegou à conclusão de que a mulher era de natureza inferior ao homem, pelo que decretou que o inferior devia servir o superior. Esta atitude ainda não mudou, não só em alguns lugares do nosso planeta, mas também em algumas mentes da civilização ocidental atual. Por isso, quando o Papa João Paulo I disse que Deus era também mãe, não deixou de escandalizar muitos católicos. O papa que lhe sucedeu levou anos a assimilar o conceito, até um dia o declarar também em público.
Pe. Jorge Amaro, IMC