15 de junho de 2019

3 Astros da vida: Sol - Terra - Lua

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Origem do sistema solar
A Via Láctea, a galáxia à qual pertencemos, formou-se há cerca de 13,6 mil milhões de anos. Dentro dela, o nosso sistema solar formou-se há cerca de 4 mil milhões, a partir de um remoinho de gás e poeira, semelhante ao remoinho dos furacões. O centro desse remoinho foi ficando cada vez mais denso, até se formar o sol. O resto de gás e poeira formou os planetas que compõem o nosso sistema solar.

Em torno do sol orbitam oito planetas principais, com as respetivas luas ou satélites: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno; Plutão, considerado como um planeta até 2006, foi despromovido por ser pequeno, do tamanho aproximado da nossa lua. Destes oito, os quatro mais próximos do sol (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) são telúricos, ou seja, compõem-se de rochas e silicatos, enquanto que os quatro restantes e maiores que os primeiros são gasosos.

Mercúrio – Significa mensageiro dos deuses na mitologia e é o planeta mais próximo do sol, com temperaturas elevadas, apesar de uma parte dele ser escura e fria. A sua superfície está repleta de crateras. O primeiro cientista a observá-lo foi Galileu Galilei, em 1610. Não é o planeta mais quente do sistema solar porque, ao contrário de Vénus, não tem atmosfera e dispersa o calor que recebe.

Vénus – Deusa do amor na mitologia, é o segundo planeta do sistema solar, possuindo um tamanho semelhante ao da Terra. No entanto, não possui água nem qualquer forma de vida. A sua temperatura pode ascender aos 484ºC, sendo o planeta mais quente do sistema solar.

Terra – Coincidindo com o nosso tema da tridimensionalidade do real, o nosso planeta Terra é, com efeito, o terceiro no sistema solar, ou seja, está no melhor lugar para o aparecimento e sustentação de vida - nem demasiado perto do sol, como Vénus, nem demasiado longe, como Marte, apesar de estes planetas terem quase as mesmas dimensões da Terra.

Marte – Deus da guerra na mitologia, com temperaturas baixas, possui dois polos como os da Terra que podem ser vistos durante o inverno marciano. Este planeta é bastante pesquisado por sondas espaciais, que procuram verificar se existem ou se é possível criar nele condições de habitabilidade.

Júpiter – Deus dos deuses e pai de alguns deles na mitologia, é formado pelos mesmos gases que compõem o sol - hidrogénio e hélio – e é um planeta gasoso e gigante, o maior do sistema solar. Se fosse um pouco maior, seria uma estrela, ou seja, incendiava-se como o sol.

Saturno – Deus da agricultura na mitologia, é o segundo maior planeta depois de Júpiter, e tem como principal característica os anéis que o circundam, formados por partículas de pó e gelo.

Urano - Deus dos céus, na mitologia, é um planeta tão inclinado que realiza a sua rápida rotação praticamente de lado. Ao contrário dos polos da Terra, os polos deste planeta estão voltados para o sol.  Possui uma atmosfera composta por hidrogénio, hélio e metano.

Neptuno – Deus do mar na mitologia, é um planeta grande e faz parte dos planetas gasosos, sendo o mais distante do sol. Possui alguns anéis grossos e outros finos ao seu redor.

Sol
Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. João 15, 5

Diâmetro: 1,4 milhões de quilómetros -
Massa: 300 mil vezes superior à massa do planeta Terra -  
Temperatura: 15.000.000ºC. A distância entre a Terra e o sol é de aproximadamente 150 milhões de quilómetros. A luz leva cerca de 8 minutos para chegar até ao nosso planeta. O sol é uma estrela de tamanho e luminosidade mediana, existem várias outras bem maiores.

Composto principalmente por 71% de hidrogénio e 27% de hélio, a sua luz e calor possibilitam as condições de sobrevivência para os seres vivos da Terra. O sol é um reator de fusão nuclear: a temperatura e a pressão no centro do sol são tais que os átomos de hidrogénio se fundem, transformando-se em hélio. Este processo liberta energia que depois viaja até à periferia do sol, escapando para o espaço como radiação eletromagnética de luz e calor.

Através da força da gravidade, o sol atrai todos os planetas do seu sistema que giram em torno de si. A lei da gravidade diz que um corpo que tem mais massa atrai outros corpos com massa inferior; por isso, todos os planetas giram à volta do sol do qual recebem luz e calor. A camada atmosférica bloqueia os raios X, parte dos raios ultravioleta e partes diversas da radiação infravermelha. Não fosse esta absorção, particularmente a dos raios X e ultravioletas, o sol, fonte de vida, seria fonte de morte…

A cada 11 anos, o sol passa por um período de extrema agitação, enviando tempestades carregadas de eletricidade para a Terra. Além dessas descargas elétricas influenciarem os sistemas eletrónicos do nosso planeta, essas ondas de energia criam as conhecidas auroras boreal e austral, em que o ar brilha nas regiões próximas dos polos magnéticos da Terra, gerando no céu um espetáculo de luzes e cores.

Os ciclos solares duram uma média de 11 anos e acontecem porque há uma reviravolta dos; o polo norte torna-se Sul e o Sul torna-se ao norte e vice-versa cada 11 anos. Esta reviravolta coincide com um mínimo de atividade solar, diminuem as tempestades solares que atingem a terra, causando uma diminuição de temperatura. A propósito, estamos no final do ciclo solar 24 e o ciclo solar 25 está previsto começar este ano de 2019.

O sol brilha porque converte no seu centro hidrogénio em hélio. Este processo cria a energia que nos alimenta, mas faz com que o sol perca massa, ou seja, com que fique cada vez mais pequeno. Em cada segundo que passa, 600 milhões de toneladas de matéria são convertidos em energia. Há 4,5 mil milhões de anos que este processo começou e o sol ainda tem hidrogénio para outros 5 mil milhões de anos. Depois deste período, o hidrogénio acabará e o sol morrerá. Até agora, o sol já converteu 100 vezes a massa da Terra em hélio e energia.

Contrariando a lógica, aparentemente, o sol não vai morrendo aos poucos, produzindo cada vez menos energia. Quanto mais hidrogénio é convertido em hélio, mais o núcleo do sol se encolhe, fazendo com que as camadas exteriores do sol se aproximem do centro, sob uma força gravitacional mais forte. Isto vai provocar mais pressão no núcleo, acelerando a fusão de hidrogénio e aumentando a produção de energia, o que conduz a um aumento de 1% na luminosidade a cada 100 milhões de anos. Nos últimos 4,5 mil milhões de anos, correspondentes à idade do sol, esta energia já cresceu cerca de 30%.

Dentro de 1 milhar de milhão de anos, o sol será 10% mais brilhante do que é agora. Este incremento de luminosidade levará ao aumento do calor e energia que a Terra e a sua atmosfera terão de absorver, provocando, por sua vez, um aumento da intensificação do efeito de estufa que pouco a pouco irá convertendo o nosso planeta no que é hoje Vénus: o planeta mais quente do sistema solar com uma temperatura que ronda os 500ºC.

Dentro de 3,500 mil milhões de anos, o sol será 40% mais brilhante do que é hoje. Nestas condições, a água do mar ferverá e o vapor perder-se-á no espaço, transformando o nosso planeta num planeta quente e seco como é hoje Vénus. Não terá temperaturas superiores a Vénus pelo simples motivo de se encontrar, mais longe do sol.

Quando o hidrogénio do sol estiver para acabar, a cinza inerte em forma de hélio, resultado da sua combustão, acabará por colapsar. Isto vai fazer com que o núcleo do sol fique mais denso e mais quente, aumentando de tamanho e entrando na fase de gigante vermelha.

Nesta fase, as órbitas de Mercúrio e Vénus serão absorvidas, dois terços do nosso céu será ocupado pelo sol que, gradualmente, acabará por absorver o nosso planeta. Quando chegar a esta fase, o sol ainda terá 120 milhões de anos de vida ativa. Por fim, o hélio acumulado incendiar-se-á violentamente e, nos escassos 100 milhões de anos seguintes, queimará o hélio que resultou da combustão do hidrogénio.

O tamanho do sol continuará a aumentar até este se transformar numa anã branca. Neste estado, poderá sobreviver ainda triliões de anos, até finalmente se transformar num buraco negro.

Lua 
Diâmetro equatorial: 3474,8 Km -
Volume: 22.000.000.000 Km³ -
Massa: 74.000.000.000.000.000.000.000 K

A lua é o único satélite natural da Terra e o quinto maior do sistema solar, sendo também o maior em comparação com o respetivo planeta. Há várias teorias relativamente à sua formação. A que ganha mais adeptos é a de que resultou do impacto de um corpo celeste do tamanho de Marte contra a Terra, na zona hoje ocupada pelo oceano Pacífico.

A face visível da lua possui muitas crateras formadas provavelmente pelo impacto de outros corpos celestes, não tendo a lua atmosfera como a Terra para se defender do bombardeamento constante de meteoritos. A face oculta da lua parece ter menos crateras. Não existe atmosfera para proteger nenhum ser vivo das radiações solares, portanto, não se encontram na sua superfície gases como os presentes na atmosfera terrestre ou na atmosfera de Vénus.

Não possui água nem atmosfera, o que explica o facto de a lua estar desprovida de erosão eólica (ar) ou hidráulica (água). A temperatura média é de 106º C. No seu movimento de translação à volta da Terra, passa por um ciclo de fases, consoante a posição que está em relação à Terra e ao Sol. Durante este ciclo, a sua forma parece variar gradualmente. O ciclo completo, ou seja, o mês lunar dura aproximadamente 29,5 dias.

Lua nova
A lua nova acontece quando a face visível da lua não recebe luz do sol, pois os dois astros estão na mesma direção. Nessa fase, a lua está no céu durante o dia, nascendo aproximadamente às 6h00, pondo-se aproximadamente às 18h00, tal como o sol. Somente nesta fase podem ocorrer eclipses solares.

Quarto crescente
Durante os dias subsequentes, a lua vai ficando cada vez mais a leste do sol e, portanto, a face visível vai ficando cada vez mais iluminada a partir da borda que aponta para oeste, até que aproximadamente uma semana depois temos a fase de quarto crescente, com 50% da face iluminada.

Lua cheia
Na fase cheia 100% da face visível está iluminada. A lua está no céu durante toda a noite, nasce aproximadamente às 18h00 quando o sol se põe e põe-se ao nascer do sol, aproximadamente às 6h00. Lua e sol, vistos da Terra, estão em direções opostas, separados por aproximadamente 180° ou 12h00. Somente nesta fase ocorrem eclipses lunares.

Quarto minguante.
Nos dias subsequentes, a porção da face iluminada começa a ser cada vez menor, à medida que a lua fica cada vez mais a oeste do sol. O disco lunar vai perdendo um pedaço maior da sua borda voltada para oeste, a cada dia que passa. Aproximadamente 7 dias depois, a fração iluminada já se reduziu a 50%, e temos o quarto minguante.

A lua está aproximadamente 90° a oeste do sol, e tem a forma de um semicírculo com a parte arredondada apontando para leste. A lua nasce aproximadamente à meia-noite e põe-se aproximadamente ao meio-dia. Nos dias subsequentes, a lua continua a minguar, até atingir o dia 0 do novo ciclo.

O lado oculto da lua
Rotação e translação demoram o mesmo tempo a serem completadas porque, ao longo de milhares de milhões de anos, a interação gravitacional entre a Terra e a lua forçou essa sincronização. Portanto, a duração do período de rotação da lua é igual à do período de translação (27,3 dias) e, consequentemente, a lua tem uma face sempre voltada para a Terra e outra que não é visível do nosso planeta: a face oculta da lua.

Aplicando à lua a lógica da Terra, - no sentido de que o movimento de rotação da Terra define o dia e o de translação define o ano, o movimento de rotação e o de translação da lua duram o mesmo tempo, o que faz com que para a lua o dia seja igual ao ano, e, o ano igual ao dia. Tanto, o dia como o ano equivalem a 27,3 dias terrestres.

Não é, portanto, verdade o que muita gente pensa, que a lua nos mostra sempre a mesma cara porque não tem movimento de rotação sobre si mesma como a Terra; ela tem este movimento de rotação, mas está sincronizado com o da Terra, pelo que sempre vemos a mesma face.

Efeito sobre o eixo da Terra
A força gravitacional da lua mantém a Terra num equilíbrio estável com uma inclinação no seu eixo de rotação de 23º. Esta inclinação permanece invariável; sem a lua, o eixo da Terra rodaria de uma forma menos estável e mais variável.

A Terra é como um pião que roda sobre si mesmo: à medida que perde velocidade, o pião inclina-se mais e o seu eixo vai descrevendo círculos cada vez mais amplos; a lua faz com que estes círculos não variem de tamanho e permaneçam constantes. Isso faz com que as estações do ano se sucedam com regularidade. Se assim não fosse, haveria um descontrolo frequente do clima, os polos mudariam de sítio e o clima seria extremo e imprevisível.

Efeito das marés
As marés são as alterações do nível das águas do mar causadas pela interferência gravitacional da Lua e do sol (esta última com menor intensidade, devido à distância) sobre o campo gravitacional da Terra.

Por causa da rotação da Terra e da rotação da lua, estas elevações propagam-se pela superfície da Terra, causando marés altas a cada 12 horas e 25 minutos, e marés baixas entre as marés altas. As marés também acontecem na crosta da Terra, elevando o chão 10 cm durante a maré alta.

O efeito das marés é recíproco entre a Terra e a lua. Como a Terra possui uma massa maior que a massa da lua, causa uma força de maré muito maior na lua. É muito provável que a sincronização dos períodos de rotação e translação da lua tenham ocorrido devido a esse efeito.

Por outro lado, isso implica que a interação entre estes dois corpos faça com que a velocidade de rotação da Terra diminua a um ritmo de dois segundos a cada 100.000 anos, aumentado a duração de um dia em 0,0016seg. a cada século e, consequentemente, a distância entre a Terra e a lua aumenta a uma taxa de 4 cm/ano por causa da conservação do momento angular. Sem a lua, portanto, os dias seriam mais curtos. É a atração que a lua exerce sobre os oceanos que faz a Terra rodar mais lentamente.

Tamanho aparente da lua e do Sol no céu
O diâmetro do sol é de cerca de 1 400 000 km. O diâmetro da lua é de aproximadamente 3500 km. Portanto, o diâmetro solar vale cerca de 400 vezes o diâmetro lunar. Mas o sol também está cerca de 400 vezes mais longe de nós do que a lua. Desta coincidência espantosa resulta o facto de ambos os astros, vistos da Terra, apresentarem o mesmo tamanho aparente. Por isso é possível o eclipse do sol, ou seja, é possível que a lua tape o sol por completo, por ser 400 vezes menor que o sol mas estará 400 vezes mais perto da Terra que o sol.

Terra
A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do sistema solar.
Diâmetro equatorial: 12 756 Km -
Diâmetro polar: 12 713 Km -
Volume: 1.083.000.000.000 Km³ -
Massa: 6.000.000.000.000.000.000.000.000 Kg.

Os três movimentos da Terra
Todos os planetas do sistema solar têm dois movimentos: um movimento de rotação sobre si mesmos e outro de translação à volta da estrela mãe, o sol. A duração destes movimentos varia consoante a sua massa, os satélites que o orbitam e a distância em relação ao sol. Neptuno, por exemplo, tem um dia de 166 horas e um ano que dura mais de um século e meio. Mercúrio completa a sua órbita à volta do sol em 88 dias e tem, portanto, um ano muito mais curto que o nosso. Porém o dia em Mercúrio dura praticamente dois meses dos nossos. Em Vénus o dia é praticamente igual ao ano.

A Terra, assim como os demais planetas do sistema solar está em contínuo movimento. Porém, de maneira diferente dos outros planetas, a Terra tem três e não dois movimentos. O movimento de translação à volta do sol, que determina a duração do ano; o movimento de rotação sobre si mesma, à volta do seu eixo que completa em 24 horas, ou seja, um dia, e um movimento de oscilação do seu eixo que faz com que a Terra varie de ângulo em torno ao sol, dando origem às estações do ano e aos mais variados climas.

A atmosfera dos planetas telúricos

Mercúrio - Não tem atmosfera.

Vénus - Tem uma atmosfera muito densa de nuvens formadas por 96% de dióxido de carbono, 3% de azoto, e percentagens mínimas de água, gases sulfurosos com percentagens ainda mais mínimas de árgon, xénon, néon e hélio. Esta estrutura nebulosa é persistente, pelo que, em Vénus, nunca se vê a luz do sol nem das estrelas e, de dia, a luminosidade amarelada é mais reduzida que a de um dia encoberto na Terra. A temperatura ascende aos +460ºC.

Marte - Sem temperaturas extremas e pressões esmagadoras, tem uma força de gravidade inferior à nossa e uma temperatura média parecida com a da Antártida -50ºC. A atmosfera de Marte é constituída principalmente por dióxido de carbono (95,3 %), azoto (2,7 %), árgon (1,7 %), quantidades residuais de água. Os demais planetas, sendo gasosos, não diferem muito entre si em termos de massa e atmosfera, à exceção dos anéis de Saturno.

Evolução da atmosfera da Terra
Há 4.600 milhões de anos, a Terra formou-se a partir de poeiras cósmicas compostas por silicatos que se foram aglomerando até chegar ao seu tamanho atual, há cerca de 150 milhões de anos. Nessa altura, a Terra era uma bola rochosa de fogo e lava e não tinha atmosfera. Quando começou a arrefecer, formou-se uma crosta sólida que se liquefazia ocasionalmente, por efeito da atividade vulcânica intensa e continuada.

Os gases que os vulcões libertavam formaram a atmosfera primitiva da Terra, composta por 40% de azoto, 30% de dióxido de carbono, 25% de água, 5% de metano com vestígios de amoníaco. Ao ascender, o vapor de água na atmosfera condensava-se e caía em forma de chuva. No entanto, ao chegar perto do solo ainda incandescente, voltava a ascender, a condensar-se e a cair novamente em forma de chuva; este processo durou 100 milhões de anos, mas levou a que a temperatura do solo terrestre descesse consideravelmente.

Quando a temperatura do solo atingiu um valor inferior a 100ºC, a temperatura de ebulição da água, esta começou a acumular-se nos pontos mais baixos da superfície do planeta. O efeito de estufa diminuiu e permitiu que a atmosfera se tornasse mais permeável à radiação solar, nomeadamente à radiação ultravioleta. Por outro lado, os cerca de 80% de dióxido de carbono existentes na atmosfera primitiva foram-se fixando nos silicatos da crosta terrestre, dando origem aos calcários e, diminuindo assim a sua percentagem.

Como consequência da ação dos raios ultravioletas e das descargas elétricas dos relâmpagos sobre a atmosfera primitiva, bem como do calor proveniente dos vulcões, formou-se a matéria orgânica que se acumulou nos mares primitivos. Surgem as primeiras bactérias e algas azul-esverdeadas – cianobactérias – com capacidade para iniciar a atividade fotossintética: absorção de dióxido de carbono com a formação de hidratos de carbono e libertação das primeiras moléculas de oxigénio (há cerca de 2,4 mil milhões de anos).

Este processo foi enriquecendo a atmosfera terrestre ao longo de 1,5 mil milhões de anos, permitindo o aparecimento no oceano de organismos mais complexos que utilizavam o oxigénio na sua respiração. Por outro lado, o oxigénio libertado da água para a atmosfera, ao ser bombardeado pelas radiações ultravioleta do sol, formou o ozono que gradualmente foi filtrando as radiações perigosas do sol e permitindo que alguns seres vivos, que até ao momento só existiam na água, colonizassem o ambiente terrestre.

Há cerca de 200 milhões de anos, a atmosfera atingiu a composição atual:
78,08 de azoto - o componente mais abundante do ar e também um dos mais importantes para a vida. A sua importância deve-se aos aminoácidos, proteínas, DNA e RNA fornecidos. O DNA e o RNA são materiais genéticos que contêm informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência.

20,95 de oxigénio - este gás aparece na atmosfera numa proporção de aproximadamente 21%. O gás oxigénio (O2) é indispensável à respiração celular: ao ser inspirado, ele é levado a todas as células do organismo e reage com a glicose (C6H12O6), produzindo água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e a energia necessária à realização de todas as atividades do corpo.

As plantas produzem oxigénio durante a fotossíntese (num mecanismo praticamente inverso à respiração celular), libertando-o para a atmosfera. Além disso, o oxigénio também é o principal comburente, ou seja, ele “alimenta” o processo de combustão.

Tal como a conhecemos, a vida no nosso planeta está ligada ao aparecimento do oxigénio e vice-versa. Oxigénio e vida estão envolvidos numa lógica de ovo e galinha, um dependendo do outro e não sabendo nós qual surgiu primeiro.

0,035 de dióxido de carbono – este gás é um dos produtos da respiração celular, sendo libertado para o ambiente. As plantas utilizam o dióxido de carbono no processo de fotossíntese, produzindo a partir dele a sua reserva de hidratos de carbono.

Uma das causas do efeito de estufa é o excesso deste gás na natureza, que se deve à queima de combustíveis fósseis - combustíveis formados pela decomposição da matéria orgânica (petróleo, carvão e gás natural).

Vapor de água – proveniente da evaporação das águas dos oceanos, rios e lagos por ação do calor solar. A sua quantidade presente no ar atmosférico varia de acordo com a temperatura, a região do planeta, a estação do ano, entre outros fatores. Alguns fenómenos importantes para a vida devem-se ao vapor de água: a formação das nuvens, a chuva e a neve.

A vida não é só composta por matéria orgânica, mas também por matéria inorgânica, como é a agua, o oxigénio, sais minerais como o cloreto de sódio e metais como o ferro. Estes elementos inorgânicos facilitam as reações químicas dos composto orgânicos que são responsáveis pela vida. De forma análoga apesar de que a vida se produz na terra o sol e a lua facilitam esta vida e sem eles esta não se daria. Chegamos então à conclusão que o macro sistema responsável pela vida é trinitário, pois é a estreita inter-relação destes três astros, a Terra o Sol e a Lua que faz possível a vida n nosso planeta.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de junho de 2019

3 Estados da água: Sólido - Líquido - Gasoso

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Muito do que dissemos acerca do estado da matéria aplica-se aos estados da água; mais do que isso, a água é a matéria ou substância por excelência ou o melhor exemplo de existência em três estados porque, de todas as formas de matéria substanciais ou materiais, só a água se encontra na natureza nos três estados: sólido, líquido e gasoso. A água é a matéria mais versátil, pois é a única que muda de estado sem requerer muitas condições.

Água – Terra - Fogo – Ar – São, para os filósofos pré-socráticos, os quatro elementos mais simples ou as condições essenciais para a existência de vida. Nestes quatro elementos se baseiam os primeiros rudimentos do estudo da personalidade humana, a primeira psicologia que vigorou praticamente até Freud.

Tão antiga como a civilização humana, a divisão da personalidade humana em 4 temperamentos teve a sua origem no Egito e na Mesopotâmia há 5 000 anos. Tanto a saúde física como a mental eram conectadas com os quatro elementos: fogo, água, terra e ar. Estes, por sua vez, eram conectados com os quatro fluidos do corpo humano.

Já Hipócrates (460-377 A.C) defendia que a saúde dependia do equilíbrio dos quatro fluidos corporais: o sangue, a fleuma, a bílis amarela e a bílis preta. Estes fluidos estão ligados a certos órgãos e doenças, representados nos quatro temperamentos ou humores.

Hoje sabemos que a água não é um elemento simples porque é constituída por uma mistura de dois gases - o hidrogénio e o oxigénio. Chamamos elementos simples aos outros, que são indivisíveis, ou seja, não são compostos por outros elementos. Assim sendo, são três e não quatro os elementos mais simples: a terra o fogo e o ar.

Composição atómica da água
A água é uma molécula composta por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio. A sua fórmula química é, portanto de H2O. Foi Henry Cavendish (1731–1810), químico inglês nascido em França, que
demonstrou que a água é formada por hidrogénio e oxigénio. Para confirmar que a água é uma substância composta pelos elementos oxigénio e hidrogénio, é possível proceder à sua decomposição através de um procedimento chamado eletrólise, ou seja, da decomposição de uma substância nos seus componentes através de uma corrente elétrica.

O hidrogénio é o elemento mais abundante no universo - 75% da matéria do universo é hidrogénio. É também o elemento mais simples que se conhece, pois é formado por um único eletrão que orbita um núcleo formado por um único protão.

O oxigénio já não é um elemento assim tão simples; o nucelo do átomo de oxigénio é composto por 8 protões e 8 neutrões; este núcleo é orbitado por 2 eletrões na órbita interior mais próxima do núcleo, e por 6 eletrões numa segunda órbita exterior, perfazendo um total de 8 eletrões. Além disso, o oxigénio que respiramos, o oxigénio que existe na natureza, não é em si só um átomo, mas uma molécula que é constituída por dois átomos de oxigénio e que é, por isso, representada quimicamente por O2. Ou seja, são precisos dois átomos para perfazer uma molécula de oxigénio, um é insuficiente.

A água resulta da reação química entre o hidrogénio molecular H2 e o oxigénio molecular O2: duas moléculas de hidrogénio e uma de oxigénio reagem resultando em duas moléculas de água libertando energia no processo. Como vimos ao falar da estrutura do átomo, as combinações dos átomos ocorrem ao nível dos eletrões, não dos núcleos; no caso da água, os núcleos dos dois átomos de hidrogénio e dos dois átomos de oxigénio partilham entre si os seus eletrões, formando uma ligação covalente.

“Fuel cell” ou carros a água – não basta misturar os dois gases - hidrogénio e oxigénio - para obter água. Por isso, contradizendo um pouco o que afirmámos a água é de certo modo um elemento simples, por não haver qualquer processo natural que a produza a partir do hidrogénio e do oxigénio. Se quisermos produzir água partindo destes dois gases, temos de incendiar simultaneamente os dois e assim produzir energia e água.

É este o processo que segue o carro que usa hidrogénio como combustível. O hidrogénio, armazenado num reservatório, é misturado com o oxigénio da atmosfera, para assim produzir energia elétrica que alimenta o motor elétrico e faz andar o veículo. As únicas emissões da pilha de combustível, em resultado de todo este processo, são apenas vapor de água.

Eletrólise – é o processo contrário, ou seja, a divisão da água por descarga elétrica para separar o hidrogénio do oxigénio; este facto faz da água não só fonte de vida, mas também fonte inesgotável de energia limpa não fóssil. Durante os meses de verão, podemos usar energia fotovoltaica para produzir hidrogénio e oxigénio da água pelo processo da eletrólise; estes armazenados num tanque, poderiam ser usados no inverno, tanto no aquecimento da casa como no carro, por intermédio do processo de “fuel cell”.

De onde veio a água?
Parece que os oceanos contêm a maior parte da água do planeta são tão velhos como a própria Terra, uma vez que se formaram muito cedo, quando a Terra era um pedaço de estrela arrefecida. Há várias teorias para explicar o aparecimento da água e a sua acumulação nos oceanos:

  • A água já existia no nosso planeta em forma de vapor; com o arrefecimento do planeta há 3,8 milhares de milhões de anos esta condensou-se, formando as bacias dos oceanos;
  • parte da água que forma os nossos oceanos estava aprisionada nas rochas que formavam a terra há milhares de milhões de anos;
  • pode ter estado já no centro do nosso planeta, vindo à superfície por intermédio de erupções vulcânicas ao longo de milhares de milhões de anos;
  • resulta do bombardeamento e colisão de cometas e meteoritos formados por rochas e água em forma de gelo ao longo de milhões de anos.

Estas teorias podem estar todas certas e a água que temos, provir de várias origens. Não há nenhuma prova contundente de que uma destas origens seja a certa. Se alguns meteoritos contêm água em forma de gelo, então a água poderia estar a aumentar pois continuamos a ser bombardeados por eles; porém, a maior parte dos cientistas opina que a água no nosso planeta permanece constante: se há algum ganho por meio dos meteoritos, também há perdas através do hidrogénio resultante da divisão de moléculas de água que escapam para o espaço.

O ciclo da água
Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche. Para onde sempre correram, continuam os rios a correr. Eclesiastes 1, 7

Ele convoca as águas do mar e derrama-as sobre a face da terra. Amós 9, 6

Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam mais para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador e pão para comer, o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade e sem cumprir a sua missão. Isaías 55, 11

Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio... pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem! Heráclito de Éfeso

A Bíblia conhecia já o ciclo da água e quão importante ele era para a vida. Isaías compara o princípio vital da vida à palavra de Deus que é tão viva e eficaz como a água e que não volta para o lugar de onde saiu sem causar, fundamentar e sustentar a vida, sem dar vida.

É o permanente processo de transformação ou metamorfose da água de um estado para o outro. A vida não seria possível se a água não mudasse de estado. A vida resulta da relação entre si de três fatores, água – terra – luz solar. A terra e a luz solar são fatores constantes, invariáveis, inamovíveis, existem sempre. O único fator variável e que possibilita a interação é a água; para isso, ela tem de mudar permanentemente de estado.

O calor irradiado pelo sol aquece o principal contentor de água que são os oceanos; esta evapora-se em forma de nuvem e é levada pelo vento para cima da Terra; quando a concentração de vapor de água é muita, condensa-se e cai na Terra em forma de chuva ou neve.

Ao infiltrar-se na terra, rega as plantas nos primeiros metros, sustentando as suas vidas; estas, pelo processo de transpiração, devolvem parte dessa água à atmosfera. Continuando o seu caminho descendente, ganha sais minerais e, continuando a sua infiltração, forma grandes lagos subterrâneos, chamados lençóis freáticos que quando cheios, brotam das profundezas da terra, formando rios e lagos e voltando eventualmente ao mar.

Estado sólido
Dos três estados em que a água se encontra, o estado sólido parece ser o menos importante, quando comparado com o líquido e o gasoso. Mas, a verdade é que, no equilíbrio global da vida no planeta, a falta de coisas aparentemente com pouca importância desequilibra mudanças nas coisas de grande importância.

A água no estado sólido encontra-se nas calotes polares que, entre outras coisas, atuam como se fossem o ar condicionado do planeta, já que possibilitam as correntes de ar frio que vão refrescar as zonas tórridas do planeta. As superfícies cobertas por gelo e neve refletem os raios solares, ajudando a Terra a não aquecer demasiado.

Os gelos dos polos e os glaciares são também um reservatório de agua doce; chega a ser 68% da agua doce de todo o planeta. Se os gelos dos calotes polares derretessem, a Terra não só perderia o seu sistema de refrigeração, como o nível do mar subiria 60 metros, inundando zonas costeiras fortemente povoadas.

Estado gasoso
A água em estado sólido é água acumulada, é um armazém de água. O estado líquido é o estado em que ela é mais útil, sendo o estado gasoso um estado intermédio ou de transporte da água do mar para cima da Terra, por meio da evaporação. Este facto obedece à natureza da matéria nos três diferentes estados, ou seja, o grau de coesão das moléculas: no estado sólido este é alto, sendo por isso natural que a água neste estado não seja aproveitável.

No estado gasoso, a dispersão das moléculas também faz com que seja pouco útil, sendo este o estado mais idóneo para o transporte de água do mar para a terra. É igualmente um estado de purificação, pelo qual a água perde todos os sais minerais dissolvidos e fica em estado puro para depois, regressando ao estado líquido, ganhar diferentes qualidades, consoante a composição do solo onde cai.

A água do mar não é utilizável primeiro porque se encontra num nível mais baixo que a terra; para utiliza-la necessitaríamos de motores; segundo porque o seu alto teor de salinidade mataria todas as plantas e animais. A evaporação não só purifica a água de todos os seus sais, como também ao ser mais leve é transportada pelo vento para cima da terra.

A humidade do ar é um elemento atmosférico que exerce influências sobre as temperaturas, as chuvas, a sensação térmica e até mesmo sobre a nossa saúde. Quando o ar está mais húmido, transpiramos mais na forma líquida, pois a água do nosso corpo tem mais dificuldade em se evaporar. O excesso de humidade dificulta a respiração, sobretudo das pessoas asmáticas.

Por outro lado, se o ar está mais seco, também encontramos problemas, pois a respiração é menos lubrificada, o que pode gerar até o sangramento nasal. Outro efeito é o aumento da transpiração, com maior perda de líquido do corpo para o ambiente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de humidade do ar para o organismo humano situa-se em torno de 40% e 70%.

Por fim, não podemos deixar de mencionar que o vapor de água foi o responsável pela criação da primeira máquina ou motor automático que o ser humano criou, a máquina a vapor. Até à criação desta máquina, o homem aproveitava a força motriz do vento não para fazer energia pois ainda não tinha sido inventada a eletricidade, mas para mover moinhos. O moinho funcionava pela força motriz da água de um rio, pelo vai e vem das marés e pelo soprar do vento. Para a agricultura e transporte eram usados os animais.

A máquina a vapor veio revolucionar a cultura humana iniciando a revolução industrial, sobretudo nos transportes. Durante muitos anos, os comboios funcionaram com esta máquina que consistia numa caldeira com água a ferver resultante da combustão do carvão, cujo vapor era canalizado para mover os pistões e subsequentemente as rodas. Tudo começou com o observar de uma panela de água a ferver, cujo vapor levantava a respetiva tampa.

Estado líquido
"Água e ar, os dois fluidos essenciais dos quais depende a vida, tornaram-se latas de lixo globais"
Jacques Cousteau

Apresenta-se no estado líquido à temperatura ambiente. É incolor (não tem cor), é inodora (não tem cheiro), é insípida (não tem sabor). É no estado líquido que tem o maior aproveitamento para a sustentação de todas as formas de vida no nosso planeta.

77% da superfície do nosso planeta está coberta de água. Quase 97% da água do mundo é salgada ou imprópria para consumo. 2% está bloqueada nas calotes polares e glaciares. Isto deixa-nos com apenas 1% para todas as necessidades da humanidade: agricultura, indústria, necessidades pessoais e comunitárias.

Tão importante é a água que é nela que o sistema métrico de medição de temperatura se baseia; estabeleceu-se como zero graus a temperatura de congelação da água e como 100 a temperatura da sua ebulição. O único país que não usa este sistema é os Estados Unidos que usa um sistema arbitrário e aleatório chamado Fahrenheit. O senhor Fahrenheit era um polaco que estabeleceu o zero com base num inverno particularmente frio na sua terra.

Na água se baseia também a medição da altitude e da profundidade, sendo 0 metros o nível médio das águas do mar; os Himalaias elevam-se a 8 840 metros, as fossas de Mindanau têm uma profundidade de 11 500 metros.

Depois de ser inventada a corrente elétrica, a água foi a primeira e única fonte desta energia: milhões de barragens estão construídas nos cursos da maior parte dos rios para serem usadas como fonte de energia elétrica e como fontes de irrigação. Hoje em dia, muita energia elétrica é produzida a partir do carvão e pela cisão do átomo de urânio, mas, mesmo nestes casos, a água atua como mediadora, ou seja, o carvão e o átomo de urânio produzem calor que faz ferver a água e esta transforma o calor em energia mecânica que faz mover os dínamos produtores de energia. É, portanto, aplicado o princípio da máquina a vapor.

Quando nos damos conta de que o nosso corpo é composto por 70% de água, não precisamos de mais provas da sua importância, não só para a nossa vida como para todas as formas de vida: tanto para os animais que vivem nos oceanos como para os animais que vivem sobre a superfície da Terra.

A água no nosso corpo
•    Regula a temperatura do nosso corpo
•    Representa 81% do nosso sangue
•    Remove resíduos e toxinas
•    É 22% dos nossos ossos
•    Lubrifica as articulações
•    Ajuda a transportar nutrientes para as células
•    Ajuda a converter alimentos em energia
•    Melhora a oxigenação da respiração
•    Protege os órgãos vitais
•    Ajuda na absorção dos nutrientes
•    Constitui 75% dos músculos
•    Humidifica os tecidos da boca e do nariz
•    Constitui 75% do cérebro

O sal fixa a água no organismo – a água e o sal estão juntos; o mar é o grande reservatório dos dois. Sem a presença do sal no nosso organismo, depressa ficaríamos desidratados; de facto, os saquinhos de sais de reidratação eram a primeira coisa que dávamos em África a pessoas que facilmente desidratavam com as febres altas que a malária ocasiona.

Tal como a água é o princípio da vida física, a água do Batismo é o princípio da vida cristã; o cristão que é sal permanece fiel às promessas do Batismo. No antigo ritual deste sacramento, o sal era de facto usado; com o batismo, fazemos parte dos redimidos, dos que possuem a água que jorra até à vida eterna. Sem o sal, foge-nos esta água.

Evaporação da água - metáfora da ressurreição
Sem deixar de ser a mesma substância, sem deixar de ser o que é, a água muda do estado sólido para o líquido e do líquido para o gasoso; no estado gasoso, a água é invisível, mas é a mesma água: nada perdeu das suas propriedades e basta tirar do frigorífico uma garrafa fria para que a água invisível no ar se mostre visível.

Na ressurreição da carne teremos um corpo espiritual ou glorioso como Cristo teve e tem depois da sua morte e ressurreição. Esse corpo existe, é imagem do nosso corpo físico. Como pessoas, podemos existir numa outra dimensão e nessa dimensão não somos visíveis nem tangíveis, tal como a água em estado gasoso; mas nem por isso, tal como a água, deixamos de ser o que éramos e somos.

Destilação da água - metáfora do purgatório
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.Mateus 5, 8

No processo de evaporação, a água perde toda a sua salinidade e sujidade, recicla-se a si mesma. É esta uma metáfora do que pode ser para nós o purgatório, esse estado intermédio antes de estarmos com Deus. Como só os puros de coração verão a Deus, o purgatório tem essa função de nos purificar para podermos viver e conviver com Deus.

Ameaças aos recursos de água doce
  • A população mundial, cerca de 6 mil milhões, continuará a crescer, mas a quantidade de água vai manter-se a mesma.
  • A competição entre as cidades e a agricultura continuará a crescer.
  • A dessalinização é uma opção muito cara, pois requer o uso de muita energia; apenas as economias mais avançadas poderão permitir-se a esse luxo.
  • A mudança climática causa a mudança nas frequências de secas e inundações.
  • O esgotamento dos aquíferos, causado por excesso de consumo, como resultado do crescimento populacional.
  • Poluição e contaminação por esgotos domésticos, agrícolas e efluentes industriais.

Tão importante é a água que alguns pensam que a próxima guerra mundial será causada pelo facto de os países ricos terem água em abundância e os países pobres não terem o mínimo indispensável. A vida processa-se mediante a constante reciclagem da água em circuito fechado, entre os estados solido, líquido e gasoso. Como a água na Terra é sempre a mesma, reciclar não é uma opção, mas sim uma obrigação.
Pe. Jorge Amaro, IMC