15 de dezembro de 2019

3 Grupos étnicos - Negroide - Caucasoide - Mongoloide

1 comentário:
Estamos cientes de que os adjetivos, negroide, caucasoide e mongoloide têm hoje más conotações. A palavra negroide tem fortes conotações racistas de depreciação do povo africano; a palavra caucasoide tem conotações racistas de sobrevalorização dos europeus, usada pela néscia dita supremacia da raça branca; por fim, o termo mongoloide, mesmo aludindo ao povo de um país, também é usado para referir os humanos nascidos com a síndrome de Down.

A antropologia moderna já não divide os seres humanos em 4 raças, tal como estudámos na escola: raça preta, branca, amarela e vermelha. O termo “raça” deixou de usar-se para diferenciar grupos humanos e só se usa para diferenciar a raça humana do resto dos seres vivos que habitam este planeta. Hoje, a maior parte dos antropólogos usa o termo “grupo étnico” em vez de “raça” e divide a raça humana em três grandes grupos étnicos: negroide, caucasoide, mongoloide. Há também quem junte australoide para os habitantes da Oceânia, mas nós achamos que estes são já um subgrupo.

Mesmo correndo o risco de sermos mal interpretados, usaremos estes termos no sentido original, sem nenhuma conotação racista, pois este texto quer provar precisamente que a raça humana teve um berço comum em África e que as diferenças fisiológicas que hoje exibimos advêm da longa adaptação aos diferentes meios ambientes para onde a única raça humana imigrou.

O Vale de Rift, berço da humanidade e do seu Salvador
Um vale é uma depressão da terra rodeada por montanhas ou colinas. Há vales formados pelo curso dos rios, que escavaram a terra ao longo de milhares ou milhões de anos, como é o caso do Grande Canyon, nos E.U.A.

As primeiras grandes civilizações que o mundo conheceu, formaram-se nas margens de grandes rios: - o Egito, nas margens do rio Nilo; a Mesopotâmia, terra entre os rios Tigre e Eufrates; a civilização hindu ou védica, nas margens do rio Ganges e a chinesa, nas margens do rio Amarelo (Huang He); Maias, Astecas e Incas na América central. Estes rios forneciam não só uma constante e inesgotável fonte de água para beber, como também alimento sob a forma de peixe, água para a agricultura e enriqueciam com os seus sedimentos as terras por onde passavam - as terras mais férteis do nosso planeta são de facto as dos vales atravessados por grandes rios. Os rios também eram vias de comunicação entre povos e facilitavam o comércio.

Outros formam-se pelo lento movimento dos glaciares que rasgam a terra em forma de U, e ainda outros que se formam quando duas placas tectónicas adjacentes se separam criando uma fenda entre elas; a terra que fica por cima dessa fenda colapsa e afunda-se. Quando a placa arábica se separou da placa africana, formou-se o Vale de Rift, o mais extenso e profundo do planeta. De facto, em cada lado do Vale de Rift não se encontram montanhas, como acontece nos vales formados por rios e glaciares, mas sim planaltos.

Começa na nascente do rio Jordão, em Israel, entre o Líbano e a Síria, forma o vale do rio Jordão até ao mar da Galileia, continua no vale do Jordão até ao Mar Morto, depois deste até ao golfo de Aqaba no Mar Vermelho, prossegue a sul até entrar em África pela Eritreia, Etiópia, Quénia, Tanzânia, e acaba ao meio de Moçambique no oceano Índico, depois de percorrer mais de 3 000 quilómetros e descer até 500 metros a baixo do nível do mar.

O vale de Rift é uma cadeia de grandes lagos como o lago Vitória onde nasce o Rio Nilo, Tanganica, Turkana, Niassa e tantos outros lagos e rios mais pequenos; é conhecido pelo clima primaveril durante todo o ano e pela terra fértil. A biodiversidade no Vale de Rift é muito superior ao resto da África sendo uma das zonas de mais biodiversidade do mundo.

Aqui também nasceu e se desenvolveu a humanidade, no período Paleolítico. Aqui também nasceu o Salvador da humanidade e, precisamente nas nascentes do Rio Jordão, em Cesareia de Filipo, o apóstolo Pedro reconheceu em Jesus algo mais que um profeta - o messias, o filho de Deus. (Marcos 8, 27-30). Quando nasce a panela nasce o testo para ela: a panela é a humanidade, o testo é Jesus, Caminho, Verdade e Vida para essa humanidade.

De primata a ser humano
Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e dominai toda a terra; Génesis 1, 28
Há 66 milhões de anos, um meteorito de 10 Km de diâmetro chocou contra o nosso planeta e provocou uma noite invernal de vários anos, na qual morreram 75% dos seres vivos da Terra, entre eles os dinossauros. Salvaram-se os pequenos roedores porque viviam debaixo do solo e conseguiam hibernar durante muito tempo.

Passados muitos anos, quando as condições de vida se tornaram outra vez favoráveis, estes roedores evoluíram até aos orangotangos que viviam nas árvores para se protegerem e terem comida, e destes até aos macacos, chimpanzés, gorilas e primatas. Os chimpanzés, os bonobos (ou chimpanzés-pigmeus) e os seres humanos descendem de um primata que viveu há 6 milhões de anos. Deste primata originou-se um ramo que são os humanos e outro que são os chimpanzés; deste último saíram ainda os chimpanzés de hoje e os bonobos.

Por isso o magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus.
Pio XII Humane Generis, 36

Como diz a Humane Generis, o livro do Génesis não contradiz a teoria da evolução. O Génesis diz a verdade da fé, não a verdade da ciência. Que os seres humanos evoluíram a partir de outros seres vivos e que a vida no planeta vem de um tronco comum não é problema para a nossa fé, desde que se reconheça que Deus Criador de tudo e de todos deu o pontapé de saída ao criar a vida que já sabia que desembocaria no ser humano. A ciência não sabe explicar de facto em termos científicos como passámos de macaco a ser humano.

Como o elo entre nós e os macacos ainda não foi encontrado, ninguém sabe como ou porquê os humanos evoluíram e os nossos irmãos chimpanzés não…. Foi Deus que assim quis, mutações genéticas, mudança de clima, de alimento, ou tudo isso? Pode ter sido uma sucessão de eventos em cadeia, tipo efeito dominó: uma coisa leva à outra e assim sucessivamente. Alguns desses fatores são o bipedismo que libertou as mãos, o aumento da capacidade craniana que criativamente arranja tarefas para as mãos executarem, utensílios, o polegar oponível, mudanças genéticas, mudanças climatéricas e geológicas que obrigaram o ser humano a adaptar-se às novas condições, etc.

A partir deste cenário altamente variável e com muitas variáveis, surgiu um macaco suficientemente esperto para questionar a sua própria existência. A título de cronologia evolutiva das espécies humanas bípedes que foram surgindo e desaparecendo no vale de Rift desde há seis milhões de anos, a antropologia estabelece as seguintes espécies:
•    Ardipithecus Ramidus – 4,4 milhões de anos
•    Australopithecus Afarensis – 3,5 milhões de anos
•    Homo Habilis – de 2 milhões a 1,4 milhões de anos
•    Homo Ergaster – de 1,8 a 1,2 milhões de anos
•    Homo Erectus – de 1,6 milhões a 150 mil anos
•    Homo Neanderthalensis – de 150 mil a 30 mil
•    Homo Sapiens - de 130 mil anos até hoje

À exceção desta última, que é a nossa espécie, todas as outras estão extintas.

Migração e miscigenação
O Homo Hhabilis, que é considerado o primeiro membro do género Homo, deu origem ao Homo Ergaster. Alguns H. Ergaster migraram para a Ásia, onde são chamados Homo Erectus, e para a Europa com o Homo Georgicus. O H. Ergaster na África e o H. Erectus na Eurásia evoluíram separadamente durante quase dois milhões de anos e, presumivelmente, separaram-se em duas espécies diferentes.

O Homo Rhodesiensis, que era descendente do H. Ergaster, migrou da África para a Europa e tornou-se o Homo Heidelbergensis e, mais tarde (há cerca de 250 000 anos), no Homo Neanderthalensis e no hominídeo de Denisova na Ásia. O primeiro Homo Sapiens, descendente do H. Rhodesiensis, surgiu em África há cerca de 250 000 anos. Há cerca de 100 000 anos, alguns H. Ssapiens Sapiens migraram de África para o Levante e reuniram-se aos neandertais aí residentes, com alguma miscigenação genética.

Mais tarde, há cerca de 70 000 anos, talvez depois da catástrofe de Toba, um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a Eurásia, Austrália e, mais tarde, as Américas. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos e, depois de alguma miscigenação, migraram para preencher a Melanésia.

Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("hipótese da origem única"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "evolução multirregional"). Resultados genómicos recentes do grupo de Svante Pääbo também mostram que há 30 000 anos, pelo menos, três subespécies principais coexistiram: os Denisovanos, Neandertais e os Cro-magnons. Hoje, apenas o Homo Sapiens Sapiens sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.

Os três reis magos e os três grupos humanos
Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Isaías 25, 6

Os três grandes grupos étnicos subdividem-se em vários outros grupos que podem também subdividir-se até uns 5 000 grupos étnicos. Porém, todos descendem do Homo Sapiens pois, como vimos, todas as outras estirpes humanas se fundiram com o Homo Sapiens ou desapareceram e se extinguiram. Não há assim nenhuma razão científica que fundamente o racismo, ou seja, a rivalidade entre diferentes grupos humanos, uma vez que somos todos exclusivamente Homo Sapiens que emigraram de África.
  • Caucasoide – arianos, hamitas, semitas
  • Mongoloide - mongóis, chineses, indo-Chineses, japoneses e coreanos, tibetanos, malásios, polinésios, maori, micronésios, esquimós ou Inuit, índios americanos
  • Negroide - africanos, hotentotes, melanésios/Papua, “Negrito”, aborígenes australianos.
No museu de Addis Abeba, onde se conserva 40% do esqueleto de Lucy um Australopithecus afarensis datado cerca de 3.2 milhões de anos, um grande cartaz diz “Bem-vindos a casa”. Sim, de facto o Vale de Rift é a nossa casa comum.

A partir daqui o homo sapiens começou sua viagem que o levou a todos os cantos da terra. À medida que se iam fixando em diferentes longitudes e latitudes, para sobreviver os seus corpos a sua fisiologia teve de se adaptar aos diferentes lugares que iam colonizando daí a ramificação em três principais grupos étnicos, negroides, caucasoides e mongoloides, uma vez mais, tal como Deus é um e três, os seres humanos são ao mesmo tempo um e três; três em um, um  em três.

Representando cada um três grupos étnicos em que a humanidade se ramificou, os três reis magos voltaram ao vale do Rift de onde tinha partido o seu comum ancestral, o homo sapiens, para prestar homenagem ÀQUELE que é o modelo da humanidade, também nascido nas encostas de  daquele vale, Jesus Cristo. Jesus é aquele que veio trazer plena saúde física, moral, espiritual e psicológica e sobretudo ser o grande modelo de humanidade para todos seguirem como caminho, verdade e vida. (João 14, 6)

Cereais e civilização
A agricultura e a domesticação dos animais foram importantes já no Paleolítico para a sobrevivência da espécie humana e sobretudo para vencer a simbiose e dependência em que o homem vivia em relação à Natureza. Antes da invenção da agricultura e domesticação dos animais, o ser humano, tal como os animais selvagens, passava a maior parte do dia à procura de alimento.

De entre todos os produtos agrícolas, os mais responsáveis por estabelecer uma total independência em relação à Natureza são os cereais. O ser humano é considerado um omnívoro, mas, do ponto de vista da civilização, é sobretudo cerealífero; os cereais são, ainda hoje, a base da alimentação da humanidade, são a base da conhecida pirâmide alimentar: cereais, vegetais e frutas, carne e peixe e por fim as gorduras vegetais ou animais.

Porquê os cereais? Do ponto de vista da nossa alimentação, os cereais, compostos por hidratos de carbono, são um alimento energético e fornecem uma energia constante por muito tempo. As verduras e frutas fornecem uma energia rápida, mas de pouca duração. Por outro lado, de todos os alimentos que se conhecem, os cereais são os que levam mais tempo a degradar-se: em humidade zero podem sobreviver durante milénios. De facto, foram encontrados no túmulo de Tutankamon, faraó do Egito, grãos de trigo com 5 000 anos que germinaram depois de semeados.

Onde não houve cereais não houve civilização porque os cereais, como bem indica a história de José do Egito descrita no livro do Genesis 37 e a parábola do rico insensato de Lucas 12, 16-20, ao contrário de outros alimentos podiam ser armazenados e conservados durante muito tempo, libertando os seres humanos da busca constante de comida e permitindo que se dedicassem a outras tarefas, formando cultura e civilização. Tomemos como exemplo os índios de todo o continente americano; tanto os índios da América do Norte, como os da América do Sul, não constituíram civilização porque não tinham nenhum cereal. Enquanto que os índios da América central, os Maias, os Astecas e os Incas constituíram uma civilização bastante desenvolvida. São três as grandes civilizações do mundo antigo e todas elas têm como base um ou mais cereais:

Civilização do trigo – Norte de África e Europa - O Egito floresceu graças à fartura de grãos cultivados nas margens do rio Nilo. Trigo, cevada, sorgo, aveia foram os primeiros grãos com o maior domínio de técnicas de cultivo. Os faraós usavam o trigo como moeda. Os camponeses ganhavam três pães e dois jarros de cerveja como pagamento por um dia de trabalho. Nos túmulos egípcios dos faraós, foram encontradas massas, mel, frutas, carnes, pães e cerveja.

Civilização do arroz– Ásia e Oceânia – O arroz é a base da alimentação de aproximadamente dois terços da população mundial, sendo o cultivo mais importante de vários países, principalmente na Ásia e Oceânia. O cultivo do arroz é tão antigo quanto a civilização. Os historiadores acreditam que este cereal é originário da China, Índia e Oceânia. Descobertas arqueológicas na China e na Índia indicam que o arroz existe há 7 000 anos. A sua utilização em cerimónias, onde o Imperador semeava o arroz, remonta a 2 822 a.C. e representa a referência mais concreta que existe.

Civilização do milho – Américas - O milho era conhecido pela civilização pré-colombiana como o alimento dos homens e deuses. É o terceiro cereal mais importante do mundo, depois do trigo e do arroz, e garantiu a sobrevivência de grandes populações pelo seu valor nutricional. Os homens que cultivavam o milho necessitavam de apenas 50 dias de trabalho ao ano, o que permitiu que esses povos pudessem trabalhar na construção de grandes obras arquitetónicas.

Os Maias, Astecas e Incas usavam o milho em forma de farinha na sua alimentação em papas, pães, bolos, tamales. Esses povos tinham uma relação mística e intensa com esse cereal. Mesmo nas luxuosas refeições dos líderes, o milho era presença obrigatória. A preparação do milho incluía a utilização de           sal e pimenta, bem como as bebidas fermentadas produzidas a partir do milho, que ainda hoje são feitas pelos povos andinos. A durabilidade e a fácil conservação para o transporte do milho contribuíram para que Colombo levasse o milho da América para a Europa.

Perfil africano (negroide)
As características físicas dos africanos são as seguintes: crânio arredondado, pigmentação da pele muito escura, cabelo de cor preta encarapinhado ou crespo; olhos redondos de cor preta, nariz largo e achatado, boca grande de lábios proeminentes e grossos, tórax curto e largo, escassa pilosidade corporal e barba rala.

O núcleo principal deste grupo, situa-se no continente africano. No entanto, há um ramo oriental deste grupo que é constituído pelos austroloides, também chamados oceânicos. Os das Ilhas Salomão assemelham-se tanto aos negros africanos que os antropólogos não distinguem uns dos outros. Em geral, têm a pele escura, cabelo preto ondulado, sistema piloso corporal desenvolvido cara estreita e baixa, olhos de cor castanha escura, nariz grande, lábios grossos, cabeça alongada, estatura superior à média e, mesmo, alta.

Perfil europeu (caucasiano)
As características físicas dos europeus são as seguintes: crânio largo e redondo, pigmentação da pele clara, cabelos claros que variam de lisos a ondulados, olhos rasgados e retos, lábios delgados, tórax largo, abundante pilosidade corporal, barba cerrada. Constituem 50% da humanidade. O núcleo principal dos brancos encontra-se no Velho Mundo: Europa, Ásia e no norte de África. Subdivide-se em meridional ou indo-mediterrânico e setentrional ou Atlântico-báltico. A raça meridional é de pele, cabelos e olhos escuros, enquanto a raça setentrional apresenta a pele, cabelos e olhos mais claros.

Os que representam a raça meridional ou indo-mediterrânica são: hindus, tajiques, arménios, gregos, árabes, italianos e espanhóis, que se caracterizam por cabelo negro ondulado, olhos castanhos, nariz de dorso encurvado, rosto estreito e cabeça de forma dolicocéfala ou mesocéfala.

A raça setentrional ou atlântico-báltica é representada pelos russos, bielor russos, polacos, noruegueses, alemães, ingleses e povos que vivem mais para o norte; as suas características são: pele clara, cabelos loiros ou ruivos, olhos cinzentos ou azuis, nariz comprido e estatura elevada.

Perfil asiático (mongoloide)
As caraterísticas físicas dos asiáticos são as seguintes: crânio largo, pigmentação clara da pele entre branca e amarelada, cabelos lisos e negros, olhos rasgados e oblíquos, pómulos salientes, nariz reto, lábios delgados, tórax curto e largo, escassa pilosidade corporal.

A etnia mongoloide compreende cerca de 40% da população terrestre e metade são chineses. Habitam na Ásia, nas regiões setentrionais, orientais, centrais e sul-orientais, e estendem-se pela Oceânia e continente americano. Muitos elementos deste grupo fazem parte da população das regiões asiáticas que pertenciam à antiga União Soviética: iacutos, buriatos, tunguses, tchuquetches, tuvinos, altaios, ilacos, aleutas, esquimós asiáticos.

A raça mongoloide divide-se em três raças: Setentrional ou asiático-continental - também chamada de centro-asiática e à qual pertencem os buriatos e os mongóis. São conhecidos por terem a cor da pele, cabelos e dos olhos mais clara, os cabelos menos duros, lábios delgados e rosto grande e chato.

Meridional ou asiático-pacífica - são seus representantes os malaios, javaneses e habitantes das Ilhas de Sonda. As características são: pele bronzeada, rosto estreito e baixo, lábios grossos, nariz largo, cabelo por vezes ondulado, estatura inferior à dos setentrionais e dos chineses.

Índios americanos – as suas características são: cabelo reto e rígido, cor negra, sistema piloso corporal pouco desenvolvido, pele com coloração amarela-parda, olhos de cor castanha escura e rosto largo.

Variáveis fisiológicas
As variáveis fisiológicas mais notáveis entre os três grupos humanos, são a cor da pele, a forma e a cor do cabelo, a forma e a dimensão do nariz, a forma e a cor dos olhos e, em menor medida, a saliência das maçãs do rosto.

Pele – Do branco de um escandinavo ao preto de um congolês a única diferença é a latitude em que estas duas pessoas habitam. Quando mais a norte do Equador, mais branco; quando mais perto do Equador, mais preto. O nosso organismo precisa de vitamina D que sintetiza a partir da exposição da pele nua ao sol. Onde o sol é abundante, a pele, como se fosse uma cortina, fecha-se para deixar entrar só a quantidade de que precisa; onde o sol é escasso, a pele abre-se por completo para deixar entrar a maior quantidade possível.

Nariz – Para além de filtrar o ar de poeiras e fumos, e impedir que cheguem aos brônquios, o nariz também regula a temperatura do ar; o nariz longo de narinas apertadas corresponde aos climas frios, o nariz pequeno e achatado de narinas amplas corresponde aos climas quentes.

Olhos - A maior ou menor concentração de melanina na pele é responsável pela sua cor, e também pela cor dos olhos - quanto mais pretos, mais melanina; quanto mais claros, menos melanina.
Dizem estudos atuais que as pessoas com olhos azuis descendem todas de um mesmo indivíduo que viveu há 6 000 anos na Escandinávia.  Ali, 89% das pessoas têm olhos azuis e essa percentagem vai descendo à medida que caminhamos para sul e desaparece de azul para verde, de verde para castanho e depois preto, à medida que avançamos mais para sul. Tal como a pele e o cabelo, a diferença de melanina é responsável por isso.

Quanto ao formato dos olhos, ressalta a diferença entre os olhos chineses ou asiáticos e o resto do mundo. Os estudos dizem que este formato é uma adaptação ao meio ambiente e ao clima; nas estepes asiáticas, os ventos constantes, a poeira por eles levantada, o frio, assim como a necessidade de divisar ao longe, levaram ao longo dos séculos os olhos a serem como são hoje.

Cabelo – A mesma melanina que é responsável pela cor das íris dos olhos e da pele é também responsável pela cor do cabelo. A textura do cabelo tem a ver com a temperatura: os cabelos lisos são próprios dos climas frios, os cabelos encaracolados e encarapinhados como os dos africanos, são próprios dos climas quentes - ao dar mil e uma voltas, um cabelo encarapinhado permite que se forme uma almofada ou câmara de ar entre o couro cabeludo e o ar, protegendo assim a cabeça de insolações; os africanos têm como que um ar condicionado na cabeça.

A essência do racismo
Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gálatas 3:28

A afirmação e a defesa da tese da desigualdade biológica das raças humanas constituem a essência do racismo. Os racistas consideram a raça branca como superior e as outras raças, como a negra e a amarela, como inferiores. Os racistas confundem os conceitos de raça e nação. No entanto, a raça é um conceito biológico enquanto que a nação é um conceito sociológico.

O nível cultural não depende das características sociais, mas é determinado pelos fatores económicos e sociais. O pensamento racista não tem qualquer base científica, apresentando erros grosseiros de lógica e de informação. Assim, confunde raça com nação, povo, cultura ou grupo linguístico, atribuindo a fatores sociais, e, portanto, hereditários, comportamentos que nada têm a ver com raça, mas que são condicionados pela cultura, pelo meio social e pelas condições económicas.

Padrões de beleza
“Quem o feio ama, bonito lhe parece” O padrão de beleza é convencional; em África há tribos que gostam de mulheres com o pescoço comprido; no sul da Etiópia, as mulheres abrem uma fenda nos lábios para colocar dentro desse espaço um pequeno prato de argila que, segundo eles, torna a mulher mais bela; na China e no Japão, gostam das mulheres com os pés pequenos.

Porém, a civilização ocidental espalhou os seus padrões de beleza pelos quatro cantos do globo de tal modo que parece que toda a gente pensa e sente como a Europa ou a América do Norte pensam e sentem. Constatei isto mesmo nos meus anos de Etiópia, quando testei um grupo de jovens sobre a beleza. Havia na missão uma freira local, jovem e bela, e outra italiana não tão jovem nem bela para não dizer feia; abismado fiquei quando ao perguntar aos jovens qual das duas era a mais bela, me disseram que era a italiana. Suponho ser esta a razão pela qual o cantor Michael Jackson nunca aceitou a sua cor e buscou por meio de várias operações plásticas ficar branco.

Levou tempo a que nas salas onde se expõe a moda aparecessem modelos não caucasianos. Naomi Campbell foi a primeira modelo africana e chocou de alguma maneira certos padrões e costumes do mundo da moda. A questão é que o padrão de beleza não tem nada de científico, é puramente convencional, arbitrário e circunstancial. Se a África fosse tão bem-sucedida como a Europa e a América, o conceito de beleza padrão seria africano.

A irracionalidade do racismo
Não existe o homem asiático nem o africano nem o americano, pois todos os homens provêm do continente africano. Apesar de ter havido outras estirpes de Homo como o Neandertal que saiu de África, a estirpe de Homo que vingou foi o Homo Sapiens. As outras extinguiram-se ou fundiram-se com o Homo Sapiens, pelo que só há um Homo.

As diferenças fisiológicas dos três principais grupos étnicos são o resultado de uma adaptação ao meio ambiente e são todas reversíveis no sentido de que se levássemos uma tribo do Congo para a Noruega, em menos de 25 000 anos os seus elementos ficariam louros, de cabelo liso, olhos azuis e pele branca. Por isso tem cada vez mais validade o que disse Martin Luther King no dia anterior ao seu assassinato: “Sonho com o dia em que os homens serão julgados não pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de dezembro de 2019

3 Períodos da Idade dos Metais - Cobre - Bronze - Ferro

Sem comentários:
A Idade dos Metais é a última etapa da Pré-história, bastante mais curta que a anterior. Começa aproximadamente no ano 6 500 a.C. e vai até ao ano 1 500 a.C. Em busca de materiais mais adequados para as suas ferramentas, o homem passou da pedra, madeira e osso para materiais mais duros e mais fáceis de moldar. Assim, passou da Idade do Cobre, o primeiro metal a ser descoberto, à Idade do Bronze que resulta de uma liga entre o cobre e o estanho. Por fim, descobriu o ferro.

Apesar de ser o metal mais abundante no nosso planeta, foi o último a ser descoberto. Podemos dizer que, desde que este foi descoberto, nunca mais saímos da Idade do Ferro, pois é ainda hoje o metal mais usado em todo o planeta. Conforme as características mais procuradas - maleabilidade, durabilidade ou dureza - assim foram surgindo várias ligas, como o aço, o aço inoxidável, etc. que têm as mais variadas aplicações, sendo as mais importantes na indústria automóvel, na construção naval e na construção civil.

Estes desenvolvimentos tiveram lugar em diferentes zonas do planeta, mas principalmente no Médio Oriente, onde nasceu a cultura ocidental: falamos da Mesopotâmia, de Israel, Assíria e Egito. Com os metais, não só surge uma atividade nova - a metalurgia - como todas as tarefas humanas se tornam mais fáceis e produtivas - a agricultura, a pastorícia, a caça e a pesca – criando assim excedentes e dando origem a uma outra atividade nova: o comércio. O comércio levou o ser humano a criar meios de transporte de mercadorias e assim surgiu a roda, o cavalo como força motriz e a vela para os barcos.

Infelizmente, nem tudo foi positivo; os metais possibilitaram também o fabrico de armas que foram utilizadas pela primeira vez para outros fins que não a caça de animais, isto é, foram utilizadas contra outros seres humanos. É na Idade dos Metais que surgem os primeiros reis, as primeiras nações e os primeiros impérios que se formam com guerras entre povos; assim surge mais um ofício, o de guerreiro. Mesopotâmia e Egito foram as primeiras civilizações a aparecer.

Idade do Cobre – 6 500 a.C. – 2 500 a.C.
Também chamada a Idade do Calcolítico, quando vista como uma transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze. Descoberto provavelmente por casualidade, o bronze rapidamente substituiu a pedra, o osso e a madeira no fabrico de ferramentas. O Calcolítico representa um salto qualitativo em relação à Idade da Pedra, porque a madeira e os ossos eram disponibilizados pela natureza, enquanto que os metais eram minerais que tiveram de ser fundidos para serem utilizados.

Uma vez descoberto o cobre, a passagem para a Idade do Bronze e desta para a Idade do Ferro representaram saltos quantitativos. O homem deu-se conta de que o futuro estava nos metais e a busca por metais mais duros e resistentes foi o que originou a passagem do cobre para o bronze e do bronze para o ferro.
A princípio, os metais eram trabalhados com um martelo para lhes dar forma. Mais tarde, deram-se conta de que era melhor fundi-lo para ter formas mais específicas e perfeitas. Assim se descobriu a fundição como processo para a elaboração de objetos e ferramentas de metal.

O cobre é um metal muito macio e maleável. Os objetos com ele feitos não eram muito resistentes. Foi também nesta época que se descobriram outros metais tão ou ainda mais macios que o cobre; o ouro e a prata. Quando o cobre foi descoberto, o homem substituiu todas as suas ferramentas por este metal, mas rapidamente se deu conta de que, para certas ferramentas, a pedra sílex era mais dura e bem menos maleável que o cobre. Por isso, mais que para ferramentas ou armas, o cobre serviu para vasilhas e adornos e para os rituais fúnebres.

Idade do Bronze 2 500 a.C. – 1 500 a.C.
Em busca de um metal mais duro, o homem foi misturando minerais, até que inventou o bronze resultante de dois metais macios: o cobre e o estanho. O bronze é uma liga de 90% de cobre e 10% de estanho. Dois metais macios produzem um metal duro.

Ao ser descoberto, este metal rapidamente se expandiu por todo o mundo conhecido; criaram-se as primeiras rotas dos metais que conduziam às minas. Assim se desenvolveu a roda para o transporte terrestre, o barco e a vela para o transporte marítimo. A expansão do comércio levou a Idade do Bronze a toda a Europa e Ásia e a partes do Norte de África. O cobre passou a ser mais procurado para fazer bronze do que para ser usado como cobre. Como o bronze não tinha par em dureza e resistência, todas as ferramentas passaram a ser feitas em bronze.

A substituição das ferramentas e instrumentos de pedra e cobre pelos de bronze fez aumentar a produção (principalmente na agricultura) e a durabilidade destas mesmas ferramentas porque, como dissemos, o bronze é mais resistente e desgasta-se menos que o cobre.

As armas de combate passaram a ser de bronze, dando ao povo que dominava este processo mais poder de conquista, dominação e superioridade bélica. O bronze também foi usado no fabrico de artefactos domésticos (facas, machados, etc.), e de armas de caça, melhorando a qualidade de execução de determinados serviços. Por fim, também teve um uso artístico (máscaras, estatuetas, etc.) e de adorno (colares, pulseiras, anéis, etc.).

 Idade do Ferro 1 500 a.C.
Começou no sudoeste da Ásia Menor, no que hoje é a Turquia e rapidamente se alastrou ao Médio Oriente e resto da Europa. Os hititas foram o primeiro povo a trabalhar o ferro e a usá-lo sobretudo nas armas com as quais rapidamente subjugavam os outros povos. O combatente com espada de ferro partia a espada do combatente com a espada de bronze, logo aos primeiros embates. 

O ferro, mais abundante na natureza que os dois metais anteriores, requeria mais conhecimentos metalúrgicos, devido à temperatura de fundição mais elevada. Por isso foi necessário aperfeiçoar primeiro a fabricação de fornos para posteriormente alcançar temperaturas mais altas.

A introdução do ferro no fabrico dos mais diversos equipamentos, ferramentas e armas trouxe grandes modificações à vida das pessoas daquela época. O ferro passou a ser usado na produção de ferramentas mais fortes e resistentes, o que acabou por ajudar ao desenvolvimento da agricultura e facilitar o trabalho de plantio.

Em relação às armas, o ferro ajudou a construir espadas e outros tipos de armas mais fortes. Com a introdução desse tipo de material, os exércitos que possuíam o armamento mais forte acabavam por dominar os outros povos com maior facilidade. Assim surgiram os grandes impérios e o aparecimento de reis e governantes cada vez mais poderosos.

Segundo os historiadores, a descoberta da escrita assinala o fim da Idade do Ferro e da Pré-história. No entanto, sob outro ponto de vista, continuámos na Idade do Ferro, pois este continuou a ser o material mais usado até ao século XIX. Tal como a combinação do cobre com o estanho deu início à Idade do Bronze, também a combinação do ferro com o carbono neste século deu início à atual Idade do Aço, já que este é o metal mais utilizado em todo o planeta.

Invenções da idade dos metais
O forno – Invenção que deu origem à metalurgia na idade dos metais. O aperfeiçoamento do forno fez com que fosse possível alcançar-se temperaturas mais altas para fundir o ferro e criar outras ligas. É certo que também se usou depois para cozinhar alimentos como o pão e a carne, e elaborar utensílios de cerâmica.

A roda – Permitiu o progresso do comércio dos excedentes, possibilitando o transporte de cargas em menos tempo e com menos esforço.

Os canais – Permitiam conduzir a água dos rios para terras afastadas destes e assim obter mais excedentes agrícolas; também serviam para abastecer povoações de água e, com a utilização de barcos, servia também como via de transporte de mercadorias.

O barco – Os primeiros barcos eram pequenos botes ou jangadas; a vela fez com que passasse a ser possível a construção de barcos de maior calado para transportar mais pessoas e mais mercadorias.

A vela – Serviu para impulsionar o comércio dos excedentes criados por uma sociedade cada vez mais técnica e diversificada. A vela era usada nos barcos, mas também nos moinhos de vento; a princípio era fabricada com cabedal, depois com tecido mais maleável, de modo a aproveitar melhor a força motriz do vento.

O arado – Usando os animais de carga em combinação com o arado, era possível cultivar mais terra; escusado será dizer que este foi primeiro fabricado com cobre, depois com bronze e finalmente com ferro, como ainda hoje é. Com o arado, a superfície cultivada quadruplicou e os excedentes agrícolas provocaram um desenvolvimento se precedentes do comércio.

O moinho – De água, de vento e de maré, fez aumentar a produção de farinha para a produção de pão. Antes do moinho, era necessário usar a força do homem e de duas pedras; depois do moinho, passou a utilizar-se a força motriz da natureza para criar um movimento contínuo que permitia moer grandes quantidades de cereal em pouco tempo.

Tecelagem – Ainda não com a máxima força, mas começou-se a tecer ou a entrelaçar plantas para formar cestas. Depois, descobriu-se o linho, o algodão e a lã e surgiram os fios que, entrelaçados nos teares, deram origem aos primeiros tecidos, que vieram substituir as peles de animais no vestuário.

Construção em pedra – Foi na Idade dos Metais que começaram a construir-se muralhas à volta das cidades, templos e fortalezas. Foi nesta época que se construiu o edifício mais alto do mundo, cuja altitude só foi superada 3 000 anos mais tarde pela catedral de Lincoln, em Inglaterra. Trata-se da Grande Pirâmide ou pirâmide de Gizé ou Quéops, construída por volta do ano 2 560 a.C., com 146 metros de altura, superada em 1 311 pela catedral de Lincoln, em Inglaterra.

Profissões da Idade dos Metais
Chefes ou reis – Que se distinguiam pela capacidade de liderança e pela força física.

Sacerdotes – Encarregados dos ritos e das relações com a divindade, intercediam pelo povo e aplacavam os deuses com sacrifícios.

Agricultores - Profissão que nasceu ainda na Idade da Pedra e que substituiu a caça e a pesca como meio de obtenção de alimentos, e a armazenagem dos mesmos, permitindo ao homem uma certa independência da terra e da natureza.

Pastores – Foi a atividade que substituiu a caça; com a domesticação dos animais, aprendeu-se a reproduzir os mesmos e a obter assim alimento acumulado. Para os povos primitivos, era como ter dinheiro no banco, pois, ao vender um animal, recebiam os juros de um capital investido na compra do animal quando era pequeno.

Ferreiros ou metalúrgicos – Foram os que se especializaram nesta nova arte e ofício da era dos metais; passaram a ser responsáveis pelo fabrico de todos os utensílios que o homem utilizava.

Oleiros – Utilizaram também o forno, embora a temperaturas mais baixas, para cozer a argila. É uma profissão muito antiga, pois aparte as cestas, a argila foi o material utilizado para todo o tipo de vasilhas, tanto para armazenar líquidos como a água, o vinho e o azeite como os cereais.

Fiadores, tecelões, padeiros – Foram outras profissões menores que apareceram à medida que a sociedade se estruturava e organizava e se diversificavam as funções e profissões.

Comerciantes – Nasceram das relações entre os povos, dos excedentes agrícolas ou outros, e da crescente especialização. Foram eles que levaram os produtos de um local onde abundavam para outro onde escasseavam, possibilitando os intercâmbios.

Matriarcado e o conceito de Deus
“A tua esposa será como videira fecunda na intimidade do teu lar; os teus filhos serão como rebentos de oliveira ao redor da tua mesa.Salmo 128, 3

Os antropólogos estão seguros de que a primeira divindade a ser adorada, foi uma deusa e não um deus. Esta divindade era adorada como a mãe de tudo o que vive; esta divindade identificava-se com a Terra, com o solo. Por isso, em todas as línguas onde não existe o género neutro e tudo se define com os géneros masculino ou feminino, a Terra como planeta e a terra como solo são palavras femininas: a mãe Terra em maiúscula e em minúscula, a mãe natureza.

Os homens primitivos viviam, como ainda hoje fazem os animais, em simbiose com a natureza, como um bebé ligado à sua mãe pelo cordão umbilical, e não em oposição ou contraposição com ela por meio da sua mente. Na Terra viviam, da terra viviam, dela nascia e brotava a vida e o sustento das suas vidas.

O mesmo acontecia com eles próprios: da mulher, qual terra fecunda, vinha a vida nova que povoava a terra. É claro que a conexão entre o ato sexual e o nascimento do bebé ainda não tinha sido estabelecida. E porquê? A inteligência do ser humano ainda não era suficientemente desenvolvida para estabelecer a relação entre uma causa e um efeito, tanto tempo depois (nove meses).

Gosto de dar como exemplo a inteligência de outros mamíferos, por exemplo, dos ratos. Se eu colocar um pó amarelo como veneno, alguns ratos vão comer esse pó e pouco depois morrem. Os outros ratos estabelecem imediatamente uma sequência de causa e efeito e, passado pouco tempo, por mais pó amarelo que eu coloque, nenhum rato morrerá porque a causa e o efeito estão muito próximos no tempo. Houve um tempo em que a nossa inteligência era tão diminuta quanto a do rato.

Mas suponhamos que colocamos como veneno para os ratos um anticoagulante do sangue; os ratos comem à vontade o veneno e nada lhes acontece, até que um dia acontece uma luta entre ratos ou algum deles se fere e sangra até morrer. Atualmente, este veneno é o mais usado para combater os ratos, porque não lhes permite estabelecer uma relação de causa e efeito.

O mesmo acontecia com os seres humanos primitivos que não estabeleciam um nexo entre a causa - o ato sexual - e o nascimento do bebé. Por esta razão, a mulher era vista como o correspondente à mãe natureza, à terra mãe: tal como do ventre da terra surgia a vida das plantas das quais dependiam os animais, também do ventre da mulher nascia a nova vida.

É certo que os homens primitivos se davam conta de que eram fisicamente mais fortes que as mulheres; mas, não ousavam levantar a mão contra elas, tal como nenhum homem ainda hoje ousa levantar a mão contra a própria mãe - este é um tabu. Observamos o mesmo nos mamíferos mais próximos de nós. Na evolução das espécies, as fêmeas que amamentam são muito agressivas contra os machos e não os deixam aproximar-se. Teoricamente esses machos venceriam a luta contra as fêmeas, mas não reagem e retiram-se por um respeito instintivo.

Uma vez que a conexão entre o nascimento das crianças e o ato sexual ainda não tinha sido estabelecida, as mulheres eram quem detinha o poder; a sua fertilidade dava vida ao indivíduo e imortalidade à tribo. Porque a mulher era a origem e fonte da vida, Deus era concebido como mulher, como mãe.

Para além do dom da reprodução e fonte de vida, como acontece ainda hoje com os mamíferos, o homem era atraído pela mulher que detinha o poder sobre o ato sexual que o homem tanto buscava, pelo prazer que lhe concedia e pela libertação da libido.

Autoconsciência e patriarcalismo
Abençoando-os, Deus disse-lhes: «Crescei, multiplicai-vos, enchei e submetei a terra. Genesis 1, 28

(…) depois, disse à mulher: «Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, entre dores darás à luz os filhos. Procurarás apaixonadamente o teu marido, mas ele te dominará.» A seguir, disse ao homem: «Porque atendeste à voz da tua mulher e comeste o fruto da árvore, a respeito da qual Eu te tinha ordenado: ‘Não comas dela’, maldita seja a terra por tua causa. E dela só arrancarás alimento à custa de penoso trabalho, todos os dias da tua vida. Genesis 3, 16-17

Quando o nexo entre o ato sexual e o nascimento de uma nova vida foi estabelecido, o estatuto do homem começou a ascender. O ser humano sempre formou o seu conceito de Deus com base no que valoriza e considera importante: as suas necessidades e o conceito de si mesmo. Durante algum tempo, a mulher ainda gozou um pouco do seu estatuto anterior; na verdade, deus era agora representado como um matrimónio.

A deusa/ -mãe/ -terra original passou a ser complementada por um consorte, um pai do céu. A chuva cai do céu, é o sémen divino enviado por deus-pai para engravidar a mãe terra, de modo a que a vida possa surgir.

O machismo ou patriarcalismo surgiu com a eclosão da autoconsciência: quando se quebrou o cordão umbilical entre o homem e a natureza e este deixou de viver em simbiose com aquela, passando a ver-se como distinto dela, separado dela. Assim se estabeleceu uma diferença entre o homem e o seu ambiente, a natureza, o instinto e o pensamento autorreflexivo.

Quando o ser humano nasceu como pessoa, a sobrevivência passou a ser menos uma função das capacidades reprodutivas da mulher e mais uma função da capacidade e habilidade do homem para obrigar a natureza a satisfazer as suas necessidades. A subjugação da terra correspondeu à subjugação da mulher, pois passou a ser o homem a deter o poder da reprodução. Enquanto o óvulo não foi descoberto em 1928, pensou-se que a mulher era só o recetáculo onde o homem, com o seu sémen, colocava o novo ser no ventre da mulher, o homúnculo, como lhe chamava S. Tomás de Aquino.

A história de Abraão pode ser reinterpretada neste âmbito. Abraão, um homem, deixou a sua terra, cortando os laços que o ligavam a Ur dos caldeus, por volta de 1 800 a.C. Num ato de autoafirmação e superando a necessidade de segurança, respondeu assim ao chamamento de uma divindade que também não estava a vinculada a nenhum lugar, e pôs-se a caminho do desconhecido, como que em busca de si mesmo e dessa divindade. Desde a história de Caim e Abel que se sabe como (Javé) Yahweh favorecia os pastores contra os agricultores, mais dados aos valores femininos da fertilidade.

Em toda a História da humanidade, só Jesus tratou as mulheres de igual para igual. Não temos espaço para desenvolver aqui este tema, mas os seus discípulos não entenderam nem aceitaram este talante do Mestre e depressa voltaram ao machismo do seu ambiente cultural.

S. Tomás de Aquino chegou à conclusão de que a mulher era de natureza inferior ao homem, pelo que decretou que o inferior devia servir o superior. Esta atitude ainda não mudou, não só em alguns lugares do nosso planeta, mas também em algumas mentes da civilização ocidental atual. Por isso, quando o Papa João Paulo I disse que Deus era também mãe, não deixou de escandalizar muitos católicos. O papa que lhe sucedeu levou anos a assimilar o conceito, até um dia o declarar também em público.
Pe. Jorge Amaro, IMC











15 de novembro de 2019

3 Períodos da Idade da Pedra - Paleolítico - Mesolítico - Neolítico

Sem comentários:
O estudo da evolução da raça humana neste planeta que possui quase nove milhões de diferentes espécies de vida animal e vegetal, divide-se em dois grandes momentos: Pré-História e História. A Pré-história estuda o aparecimento dos primeiros hominídeos ou antepassados do homem há 5 milhões de anos e o seu processo evolutivo até à invenção da escrita, 4 000 A.C., quando o homem transmite notícias acerca de si mesmo, relatando a sua existência. Aqui termina a Pré-história e começa a História até aos nossos dias.

Esta primeira etapa da evolução da humanidade, substancialmente mais longa, divide-se ainda em duas etapas segundo a relação do Homem com o seu meio ambiente e com os materiais que utiliza. Assim, temos a Idade da Pedra, durante a qual o Homem usou no seu dia a dia, e a Idade dos Metais, quando o ser humano aprendeu, com a ajuda do fogo, a fundir alguns minerais para os transformar em metais e posteriormente os usar como utensílios.

Origem da vida
Depois de tantos anos de estudo, de avanços da ciência e da tecnologia, a origem da vida é ainda um mistério que desafia os cientistas. O “big bang” da biologia, uma teoria sobre a origem da vida aceite por todos, definitivo e incontornável, ainda não foi descoberto. Ainda ninguém conseguiu recriar as condições reais da Terra primitiva quando a vida apareceu. Ou seja, ninguém foi capaz de voltar a recriar as condições que favoreceram a transição de matéria inanimada inorgânica em matéria orgânica viva.

A criação em laboratório de ambientes que poderiam ser semelhantes ao da Terra primitiva não resultou em aparecimento de vida. A teoria da geração espontânea que preconiza que complexos organismos vivos totalmente formados possam surgir naturalmente e espontaneamente da matéria inanimada, não é aceite por ninguém desde Louis Pasteur no século XIX, com sua experiência de balão famoso de pescoço de cisne, do qual ele concluiu que" vida só vem da vida".

“A mais complicada máquina inventada pelo homem não passa de um brinquedo diante do mais simples organismo”, escreveu o biólogo americano e prémio Nobel da Medicina, George Wald. “A maior dificuldade está no ajuste preciso de uma molécula a outra, proeza que não está ao alcance de nenhum químico.”

Sabemos que a força da gravidade foi a responsável pela aglutinação da matéria e da poeira espacial e pela formação de planetas e estrelas. Desconhece-se se existe uma força análoga em biologia que leve diferentes moléculas orgânicas a juntarem-se para formar uma célula procariota ou eucariota.

Até à data de hoje, tudo o que a biologia conseguiu estabelecer foi que, em condições muito peculiares, a vida surgiu da união de moléculas orgânicas simples que formaram uma estrutura mais complexa, dotada de metabolismo e capaz de se duplicar. Os microrganismos deste período utilizavam no metabolismo metano ou hidrogénio em vez de oxigénio: eram organismos de metabolismo anaeróbico. A fermentação é um exemplo moderno de metabolismo anaeróbico. 

Muito antes da fotossíntese e das células eucariotas que a realizam, os primeiros seres vivos do nosso planeta teriam o aspeto de bactérias ou células procariotas, como as arqueias atuais, e viveriam em ambientes extremos, junto a fontes termais nos mares primitivos, nutrindo-se da reação entre substâncias inorgânicas. A partir desses primeiros seres vivos, surgiram aqueles capazes de realizar a fermentação, depois os fotossintéticos e, por último, os seres heterotróficos, ou seja, os seres vivos que, ao contrário das plantas, não são capazes de produzir o seu próprio alimento.

Evolução das espécies
Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que deem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» (…) Deus disse: «Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos, e que por cima da terra voem aves, sob o firmamento dos céus.» (…) Deus disse: «Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies». Génesis 1: 11, 20, 24

A teoria da evolução das espécies que Charles Darwin publicou em 1858 é o resultado da pesquisa empírica realizada durante a sua viagem pelas ilhas Galápagos, que o levou a concluir que a vida neste planeta procede de um tronco comum, ou seja, que todos os seres vivos neste planeta, tanto plantas como animais, são aparentados. Todos os indivíduos possuem antepassados em comum.

A diversificação dos seres vivos ou a evolução das espécies acontece através da adaptação ao meio e da seleção natural - os mais dotados, os mais fortes, prevalecem sobre os mais fracos ou, como diz o provérbio, dos fracos não reza a história. Os que melhor se adaptam ao meio liquidam os seus rivais e conseguem passar os seus genes para a geração seguinte, até porque as fêmeas instintivamente se deixam fecundar por estes e rejeitam os fracos.

Os primeiros seres vivos surgiram há 3,5 mil milhões de anos. Passados mil milhões de anos surgiram os primeiros seres vivos fotossintéticos, os seres eucarióticos há 543 milhões de anos. Há 2 mil milhões de anos deu-se a grande explosão de vida na época cambriana (são muitos os fósseis que documentam esta fase da vida da Terra).

Os primeiros seres vivos eram organismos microscópicos, vegetais primitivos e invertebrados (vermes e artrópodes). Os peixes foram os primeiros vertebrados. Há 570 milhões de anos, as plantas invadiram a terra firme a partir do mar. Alguns animais já o tinham feito antes, mas não permaneceram em terra firme, pois não havia nela qualquer alimento.

Os animais visitavam a terra firme, mas permaneciam a maior parte do tempo no mar: eram anfíbios. Há 438 milhões de anos, estes começaram a aumentar o seu tempo de permanência em terra e há 408 milhões de anos transformaram-se em répteis. A partir dos répteis, a evolução segue por dois caminhos diversos: alguns répteis evoluem para mamíferos e outros para aves.

Há 360 milhões de anos, reinavam os dinossauros no nosso planeta. Algum tempo, depois, destacaram-se os mamíferos que já coexistiam com os dinossauros, mas eram insignificantes. Há 245 milhões de anos, os dinossauros extinguiram-se e os mamíferos expandiram-se, devido à ausência de depredadores. Há 66 milhões de anos, surgiram os primatas. Há 55 milhões de anos, viveu o antepassado comum dos pongídeos e hominídeos. Os primeiros hominídeos surgiram há 8 milhões de anos.

Ontogénese e filogénese
A ontogénese recapitula a filogénese, postulando que há uma semelhança entre o aspeto dos estados embrionários do feto humano, desde a conceção até ao nascimento, e o desenvolvimento das diferentes formas de vida, desde a origem unicelular até ao ser humano. É hoje uma teoria descartada, mas aproxima-se da analogia que muitas vezes se estabelece entre diferentes campos do saber.

Da conceção de um indivíduo até ao seu nascimento, recapitula-se a evolução da vida na Terra, desde a origem unicelular até à complexidade de um ser humano. As diversas formas que o embrião vai adquirindo no seu desenvolvimento assemelham-se, de alguma maneira, às formas que a vida foi assumindo na evolução das espécies, desde a procariota arqueia até ao ser humano.

Por outro lado, depois do nascimento, o desenvolvimento do bebé até à autoconsciência, ou seja, até se dar conta de que existe como pessoa e começar a comunicar, recapitula a evolução da raça humana desde o último primata que ainda não era bípede nem falava, até ao Homo Sapiens ereto e com capacidade de comunicação.
   
Evolução da vida humana
O magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente (pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus), Humani Generis, 36 - Pio XII, 1950

“É grandioso o espetáculo das forças variadas da vida que Deus infundiu nos seres criados, fazendo-os desenvolverem-se em formas cada vez mais belas e admiráveis”. Charles Darwin A origem das espécies 1858

Charles Darwin nunca disse que os seres humanos evoluíram a partir dos macacos atuais. De acordo com o naturalista britânico, os seres humanos, os macacos, os chimpanzés e os gorilas têm uma série de antepassados que são comuns. Esses antepassados viveram no continente africano há cerca de 6 a 5 milhões de anos. Os cientistas chamam-lhe Sahelanthropus Tchadensis.

Depois deste, entre os 5 e os 3,5 milhões de anos, surgiu o australopiteco afarensis. Lucy, encontrada na Etiópia, pertence a esta família que marca o momento em que a raça humana aprendeu a andar. Um pouco mais tarde, há 2,6 milhões de anos, surgiram os primeiros utensílios humanos. Em seguida, há 2,5 milhões de anos, surgiu o Homo Habilis, assim chamado pelo uso que fazia dos utensílios.

O controlo do fogo aconteceu há 1 milhão e meio de anos; os alimentos começaram a ser cozinhados há 500 mil anos. Há 400 mil anos, o Homo Neandertal deixou África para habitar na parte ocidental da Eurásia. Em África ficou o Homo Sapiens. Há 350 mil anos, o Neandertal desenvolveu-se e ocupou a Eurásia, de Portugal até à Sibéria.

Há 100 mil anos, o Homo Sapiens saiu de África e apareceu em Israel. Há 95 mil anos chegou à Malásia, e há 40 mil à Austrália. Por essa mesma altura, invadiu a Europa, derrotando o Neandertal ou cruzando-se com ele. Há 28 mil anos, temos a última evidência do Neandertal que se extinguiu. Há 14 mil anos, o Homo Sapiens passou da Sibéria pelo estreito de Bering e entrou na América pelo Alasca, deslocando-se paulatinamente para sul, até ocupar todo o continente.

Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (2,5 milhões – 10 000 A.C.)
Nesta época, o ser humano era nómada e não conseguia construir uma habitação permanente. Por isso, habitava em cavernas, tendo que disputar este tipo de habitação com animais selvagens. Quando acabavam os alimentos da região em que se encontravam, as famílias tinham que migrar para outra região.

Viviam da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da recolha de frutos, folhas e raízes. A economia na fase do Paleolítico era de subsistência, ou seja, o grupo não acumulava nem produzia para comércio, mas apenas para a sua sobrevivência.

Os primeiros humanos que dominaram e lascaram as pedras, tinham por prática produzir materiais batendo com pedras umas nas outras até produzirem uma ponta afiada. Estes artefactos serviam, especialmente, para o corte de carnes e de peles de animais. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e pedras (machados, lanças, cajados, facas, etc.). Os bens de produção eram de uso e propriedade coletiva.

A descoberta do fogo
Uma das grandes descobertas do período foi a produção do fogo através de dois processos. O mais rudimentar era a fricção de duas pedras sobre um molho de palha seca. A faísca obtida incendiava a palha.

Num segundo procedimento, mais elaborado, um pequeno pau era girado no furo realizado num pedaço de madeira seca. Este procedimento, através do aquecimento, gerava calor que passava para a palha, provocando o fogo.
  • Como comentamos noutro texto, o fogo teve uma importância grande para a coesão de famílias e comunidades, pois todos se reuniam à volta da fogueira para se aquecerem. Como ninguém queria ficar de fora, ao frio, o fogo atuava como fator dissuasor de atitudes antissociais.
  • Permitiu estender a luz do dia pela noite e, como de noite não se podia trabalhar, as duas ou três horas extra de luz ténue serviam para manifestações culturais, para o partilhar de experiências e para a transmissão da cultura de pais para filhos.
  • A luz à noite aumentou a segurança dos seres humanos em relação aos animais que caçavam de noite, uma vez que servia para os afugentar.
  • No entanto, a utilização mais importante do fogo, nesta altura, foi a preparação dos alimentos. O alimento cozido ou assado melhorou a dieta do ser humano. Certos alimentos são mais nutritivos cozidos que crus. Ao fogo e ao cozinhar dos alimentos se deve o aumento populacional e a sobrevivência dos seres humanos.
  • Por fim, foi precisamente o fogo que permitiu aos humanos passarem da Idade da Pedra à Idade dos Metais. 
Organização social
Os homens organizavam-se em pequenos grupos, cuja liderança era do mais forte e experiente. Aos homens cabia a tarefa de caçar, pescar e proteger o grupo. As mulheres ficavam com a função de preparar o alimento e cuidar dos filhos.

Comunicação
A comunicação neste período assentava na emissão de alguns sons (ruídos), sem elaboração de palavras. Outra forma muita usada de comunicação foram as pinturas rupestres (desenhos feitos em paredes de cavernas). Através destes desenhos (arte rupestre) os homens marcavam o tempo, trocavam experiências e transmitiam mensagens e sentimentos.

Rituais
No Paleolítico, os homens já realizavam rituais funerários. Os arqueólogos encontraram, em várias regiões, potes de cerâmica com restos mortais e objetos pessoais dentro de cavernas. Eram também realizados rituais religiosos com a utilização do fogo.

Hominídeos que viveram no Paleolítico
Australopitecos, Homo Habilis, Homo Erectus, Homem de Neandertal, Homo Sapiens e Homem de Cro-Magnon.

Mesolítico ou da Idade da Pedra (10 000 A. C. – 8 000 A. C.)
O período Mesolítico é uma fase intermédia da Pré-história, entre os períodos Paleolítico e Neolítico. Esta fase não ocorreu em todas as regiões do mundo, mas apenas naquelas onde a glaciação teve efeitos mais consideráveis.

Neste período intermédio, o ser humano relacionou-se mais com a natureza e começou a fazer as primeiras experiências de domínio da mesma. A vida de nómada e a dependência do alimento externo não permitia o desenvolvimento. O homem aprendeu a domesticar os animais em vez de os caçar, dispondo assim sempre de alimento. Por outro lado, em vez de recolher frutos, plantas e raízes, começou a cultivá-los. Desta forma, conseguiu manter uma certa independência do meio ambiente.

Conforma as regiões, muitos humanos mantiveram uma vida parecida com a do Paleolítico, dependendo se se dedicavam mais à domesticação dos animais ou ao cultivo das plantas. Os pastores seriam nómadas, pois seguiam os seus rebanhos para as pastagens, enquanto que os agricultores se estabeleceram nas terras mais férteis pertos dos rios.

Neolítico (8 000 A. C. – 4 000 A. C.)
Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida. O início deste período foi marcado pelo fim das glaciações (época em que quase todo o planeta ficou coberto de gelo) e terminou com o desenvolvimento da escrita na Suméria (região da Mesopotâmia).

Desenvolvimento da agricultura: este avanço permitiu ao ser humano ter uma vida menos dependente da natureza. Já não necessitava de recolher frutos, vegetais e raízes, embora estas atividades continuassem a ser praticadas.

A domesticação dos animais (cabras, bois, porcos, cavalos e aves) também contribuiu para a melhoria da qualidade de vida. Aliada à agricultura, a domesticação dos animais permitiu ao homem um aumento significativo na quantidade de alimentos produzidos, eliminando a dependência da caça.

Em resultado do desenvolvimento da agricultura e domesticação dos animais, o ser humano deixou de ser nómada (sem morada fixa) para se tornar sedentário (com morada fixa). Este facto permitiu o desenvolvimento das primeiras comunidades (tribos, aldeias, vilas e cidades). Estas primeiras comunidades desenvolviam-se nas margens de rios e lagos. Além de suprir as necessidades básicas, a água assumia uma nova função na vida dos homens: irrigar o solo para o plantio.

Com o aumento da produção de alimentos, criou-se a necessidade de armazenamento. No Neolítico ocorreu um grande desenvolvimento da arte cerâmica. Vasilhas e potes eram modelados e cozidos no fogo. De acordo com os arqueólogos, os primeiros objetos de cerâmica foram fabricados há cerca de 8,5 mil anos.

Nas primeiras comunidades que se formaram, tornou-se necessário organizar o trabalho. Os homens ficaram encarregados da caça, pesca e segurança (função militar de proteção). As mulheres ficaram com as tarefas de cuidar dos filhos, da agricultura e da preparação dos alimentos.

Com o aumento da produção vieram os excedentes. Além de armazenarem para os períodos de maior necessidade, os homens começaram a trocar estes produtos com outras comunidades. Foi o início da economia de trocas.

Com mais alimentos, ocorreu um significativo aumento populacional. Este facto passou a gerar a necessidade de formas de administração mais desenvolvidas, inclusive com o estabelecimento de lideranças e funções mais específicas dentro da comunidade.

No Neolítico, os homens passaram a construir habitações mais resistentes, pois necessitavam de permanecer em locais fixos. Habitações de madeira, argila e blocos de pedra passaram a ser construídas nas aldeias. Nas margens dos lagos e rios, eram comuns as palafitas (casas de madeira com estacas fixadas no fundo do rio ou lago).

As primeiras civilizações surgiram e desenvolveram-se no período Neolítico. Dentre elas, podemos citar: a civilização mesopotâmica (entre os rios Tigre e Eufrates) e a civilização egípcia (vale do rio Nilo, nordeste de África).

Conclusão - Ao contrário dos animais que sempre viveram à vontade numa relação simbiótica com a Natureza, a sobrevivência e o desenvolvimento para os seres humanos exigiram uma emancipação dela. O uso de instrumentos, feitos de pedra, foi o primeiro ato de libertação.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de novembro de 2019

3 Fatores do metabolismo - Combustível - Comburente - Ignição

1 comentário:
Depois de falar da fotossíntese como sendo o processo pelo qual as plantas transformam energia em matéria, vamos abordar agora o processo contrário: a transformação da matéria em energia. As plantas queimam parte da matéria que produzem para sobreviver e fazem-no da mesma forma que os outros seres vivos não vegetais; a única diferença é que as plantas só queimam o que produzem - são assim completamente independentes, enquanto que os demais seres vivos não vegetais queimam o que as plantas produzem porque não produzem o seu próprio alimento.

Estamos a falar do metabolismo que é, de facto, uma combustão. Há uma ignição - o momento em que o ser vivo nasce e começa a respirar oxigénio que é o comburente para todas as combustões - e o combustível - o alimento consumido por cada ser vivo. Antes de falar desta combustão lenta que ocorre no interior de cada ser vivo, falemos da combustão em geral.

O processo da combustão
A combustão consiste numa reação química entre dois elementos: um é combustível, o outro é comburente, ou seja, facilita ou torna possível a combustão. O comburente é sempre o oxigénio; os combustíveis têm todos algo em comum: são de origem orgânica, ou seja, já foram organismos vivos, cadeias carbónicas ligadas a átomos de hidrogénio ou oxigénio.

Mas então como realiza a combustão a nossa estrela, o sol, se não tem o comburente oxigénio? As combustões na Terra são uma reação química. No sol e em todas as estrelas as combustões são uma reação nuclear, ou seja, a pressão no interior do sol é tal que faz com que os átomos de hidrogénio se fundam, libertando energia e transformando o hidrogénio em hélio.

Voltando á nossa realidade na Terra, para que uma combustão se dê, não basta haver um combustível, também é preciso um comburente que ajude o processo e o torne possível. Tomemos como exemplo uma vela acesa - pode arder durante horas até queimar toda a sua cera; mas se a colocarmos debaixo de uma redoma de vidro, só arde até usar todo o oxigénio. Privada de comburente e ainda com muito combustível, apaga-se.

Para além do combustível e do comburente, ainda falta um terceiro elemento: a ignição. A vela não nasceu acesa, alguém a acendeu; e, se não tiver sido acesa, mesmo na presença de oxigénio, não arde. Até a gasolina, que é bastante mais inflamável que a vela, não arde na presença do oxigénio, a menos que se dê a ignição. No caso da gasolina, pode até ser o calor atmosférico.

Recordamos que na fotossíntese, o carbono livre da atmosfera se une ao hidrogénio para formar matéria. Na combustão, esse mesmo carbono oxida-se, ou seja, une-se ao oxigénio ou O2 para formar dióxido de carbono CO2, libertando energia ou calor durante o processo. A energia que se liberta é, digamos assim, aquela que uma planta obteve anteriormente do sol e que ficou acumulada no combustível fóssil, seja ele carvão, madeira, petróleo ou gás natural.

Combustível
É qualquer substância que reage com o oxigénio do ar, libertando luz e calor. Assim, o fogo é o processo pelo qual a matéria solta a sua energia ou se transforma em energia. Qualquer que seja a substância, é sempre o resultado de uma fotossíntese do passado. Combustível é energia acumulada, é a matéria que pode transformar-se em energia, em algo que já foi. Só precisa de um começo, de um motor de arranque e da presença de um comburente que é geralmente o oxigénio.

Durante grande parte da História da humanidade, os combustíveis usados foram as plantas, o álcool, e os óleos vegetais como o rícino, o azeite e as gorduras animais. Na primeira revolução industrial, surgiu o primeiro combustível fóssil - o carvão mineral - que alimentou durante muito tempo a primeira máquina que o ser humano construiu: a máquina a vapor.

Depois surgiu o petróleo e os seus derivados, gasóleo, querosene e gasolina; surgiu também o gás natural, primeiro para uso doméstico, depois para uso industrial. Por fim, surgiu a energia nuclear que resulta da quebra de átomos de urânio, libertando energia que depois é aproveitada pelo princípio da máquina a vapor, para mover um gerador elétrico.

Comburente
Dissemos que a maior parte dos combustíveis são de origem orgânica. O mesmo pode ser dito do comburente oxigénio. Como vimos ao falar da fotossíntese, o oxigénio é um componente da água; não há oxigénio solto no espaço; o pouco que há, faz parte da molécula da água e existe no espaço em forma de gelo. O mesmo acontece na Terra: o oxigénio está na água e a água está no mar.

Para libertar o oxigénio da água, precisamos de uma fonte de energia para romper a sua molécula através do fenómeno do eletrólise. No entanto, este processo não acontece na natureza - o processo natural pelo qual o oxigénio é libertado é a fotólise que é a primeira etapa da fotossíntese.

São as plantas, tanto as terrestres como as aquáticas, que libertam oxigénio para o ar ao realizarem a fotossíntese.  Se o nosso ar é atualmente composto por 21% de oxigénio que permite e facilita todas as combustões que se realizam no nosso planeta, tanto as vivas como as lentas no interior de todos os seres vivos incluindo as plantas, devemo-lo às cianobactérias que há milhões de anos fabricam o oxigénio no fundo do mar, borbulha a borbulha, com a ajuda do sol.

Ignição
Como dissemos, o combustível na presença do comburente não arde se não for aceso. Algo tem de dar o pontapé de saída. O universo necessitou de um começo, de um motor de arranque, de um pontapé de saída que foi o Big Bang. Toda a combustão necessita de ser iniciada; a partir daí, tudo se desenvolve automaticamente. Também as peças do dominó colocadas umas à frente das outras, podem desenvolver uma ação em cadeia; contudo, a primeira tem de ser tocada porque esta reação não ocorre espontaneamente sem um agente, ou seja, sem a primeira peça ser tocada.

A ignição pode ser definida como a temperatura mínima à qual um combustível começa a arder sem parar. Nos primórdios da humanidade, quando o fogo foi descoberto, a ignição era desencadeada pela fricção entre dois troços de madeira até acontecer a ignição. Hoje, toda a combustão é iniciada por uma faísca elétrica ou por um fósforo. Os motores a gasolina precisam de uma faísca; nos motores a gasóleo, este é aquecido e comprimido até explodir por si mesmo.

A descoberta do fogo
O fogo é uma combustão na qual e pela qual as substâncias chamadas combustíveis se combinam com o oxigénio do ar, produzindo luz, calor e dióxido de carbono. A definição tecnicamente correta não satisfaz plenamente o nosso assombro e vontade de compreender. Não conseguimos deixar de ficar intrigados com esta realidade. Como por artes mágicas, parece estar presente em toda a parte; quando invocado ou convocado, faz-se visível e é notado pois queima, destrói, aquece, modifica, funde e depois desaparece. Nada permanece como era, destrói umas realidades e cria outras, antes de voltar a desaparecer e se tornar invisível até ser convocado ou invocado de novo. O fogo e a sua verdadeira natureza desde sempre intrigaram o ser humano. Vejamos como a mitologia grega tratou esta realidade.

Prometeu roubou o fogo aos deuses
Na mitologia grega, foi Prometeu, um titã, com a condescendência de Zeus, que criou os seres humanos que deveriam ser obedientes aos deuses. Sempre benevolente com as suas criaturas, Prometeu subiu ao monte Olimpo para roubar o fogo aos deuses e dar assim aos humanos a melhor arma para dominar a natureza.

A civilização humana progrediu rapidamente o que desgostou Zeus que castigou Prometeu, aprisionando-o a uma rocha; todos os dias uma águia lhe comia o fígado de dia que voltava a crescer de noite. Apesar da sua agonia, Prometeu nunca se arrependeu do seu ato rebelde e acabou por ser libertado após muito tempo por outro titã, Hércules.

Neste mito, Prometeu é exaltado pela sua inteligência, mais importante que a força, pelo seu altruísmo como benfeitor da humanidade, pelo risco que correu e por, apesar de tanto sofrimento, não se arrepender do que tinha feito. O progresso da humanidade deve-se ao facto de o ser humano ser criativo como Deus é. Mas mesmo sendo criativo, para dominar verdadeiramente a natureza, precisa do fogo; com o fogo, o homem pode misturar os elementos existentes e criar novos. Sem o fogo, continuaria nas trevas da ignorância.

É impossível não ver em Prometeu certas semelhanças com Cristo, na religião cristã. Apresenta grandes recursos, incluindo a notável inteligência e prudência, mas também segue a ideia de rebelião contra o poder estabelecido, a libertação dos oprimidos e o sacrifício de si mesmo sem querer nada em troca e, finalmente, a criação de um novo sistema ao qual todos têm acesso: o Reino de Deus.

O fogo da lareira
O fogo não só permitiu associar e misturar elementos de diferente natureza, fundir os metais, inventar novas ligas mais fortes, como também permitiu que os seres humanos se reunissem à sua volta e formassem comunidades. A necessidade de aquecer-se, de não morrer de frio ao ser excluído do fogo ou da comunidade levou os seres humanos a vencer o individualismo e a criar comunidades coesas.

Esta é a razão pela qual o fogo da lareira evoca em nós sentimentos fraternos de harmonia, paz e amor; até há bem pouco tempo, contavam-se as famílias de uma aldeia pelos fogos: o número de fogos de uma aldeia era o número de famílias da aldeia.

Ainda hoje o amor é simbolicamente representado como um fogo em inúmeras poesias. Há um soneto de Camões que atesta este uso do fogo como símbolo do amor: “O amor é fogo que arde sem se ver”. De facto, o amor une duas pessoas diferentes, cria vínculos, vence o individualismo, cria igualdade entre as pessoas, cria alianças, harmonia, convivência fraterna.

Durante milhares de anos, à volta da fogueira, circulava a cultura através da tradição oral: os avós passavam para os filhos e netos o que eles mesmos tinham recebido dos seus pais… Os invernos eram longos e longas eram as noites; durante o dia não havia tempo para esta convivência, era preciso lutar pela vida. Tão evocativo é o fogo da lareira, reminiscência da nossa vida antepassada, que hoje há canais de televisão que transmitem uma lareira acesa durante 24 horas por dia.

Fogo e civilização
Foi o domínio do fogo que fez o ser humano passar da Idade da Pedra para a Idade dos Metais. É certo que os humanos já tinham visto o fogo nos vulcões, num incêndio provocado pelos raios de uma trovoada, mas não sabiam como invocá-lo, como provocá-lo. O domínio do fogo foi importante para criar os primeiros objetos de argila e os metais. O fogo na preparação de alimentos deu ao homem acesso a novas fontes de proteína, a uma melhoria da dieta e a uma melhor absorção dos alimentos.

Durante séculos, o fogo permaneceu retido na fogueira ou na forja dos metais e no forno do oleiro. Com a revolução industrial, descobriu-se a máquina que funcionava como um forno, aquecendo água da qual sairia o vapor para mover os pistões que acionavam as rodas de uma locomotiva. Daqui aos motores de explosão, carros, navios, aviões, foguetões, foi um passo curto.

Podemos ler a História da civilização humana como a História do fogo e do seu aproveitamento. Por fim, temos a energia nuclear de fusão atómica que transforma o calor libertado pela ruptura do átomo e transmitido à água em energia mecânica para mover um gerador elétrico, produtor de eletricidade.

A Génese da vida
Qual é a origem da vida na Terra? Como é que a matéria inorgânica se tornou matéria orgânica? Como podem átomos e moléculas inanimados transformar-se em matéria animada? A abiogénese é a ciência que estuda este passo. Até agora, tem havido muitas teorias propostas para explicar como da matéria inorgânica inerte se transita para a matéria orgânica, mas nenhuma sem comprovação empírica. Ou seja, ainda ninguém consegui fazer vida em laboratório.

O primeiro ser ou organismo vivo que apareceu no nosso planeta era uma célula sem núcleo, portanto procariota e sem membrana. Apareceu há 4 mil milhões de anos e é, portanto, quase tão antiga como o nosso planeta que se formou há 4,5 mil milhões de anos. Estas bactérias eram as arqueias e as cianobactérias que começaram a fazer fotossíntese e a preparar o caminho para outras formas de vida.

Mais tarde, de alguma forma, estas cianobactérias associaram-se, formando células eucariontes com nucelo, reduzindo-se a cianobactéria ao cloroplasto destas células. As cianobactérias ainda existem, são anteriores aos animais e às plantas, não sendo nem uma coisa nem outra: Mas estão na origem das duas formas de vida: plantas e animais.

Contrariamente ao que parece lógico, os animais, não as plantas, foram os primeiros a sair do mar e a colonizar a terra. Mas se os animais foram os primeiros, o que é que eles comiam em terra já qque não havia nada? Os animais eram anfíbios e faziam a maior parte da sua vida no mar, mas provavelmente vinham a terra para fugir dos seus inimigos ou para depositar ovos. No entanto, as algas colonizaram as rochas da costa há 1,2 mil milhões de anos. Os animais foram os primeiros a vir a terra, mas as plantas foram as primeiras a estabelecer-se em terra.

A cianobactéria é um animal não é uma alga, pois a alga é formada por células eucariontes, enquanto que a cianobactéria é procarionte.

Apesar das cianobactérias serem conhecidas como "algas azuis - verdes", estritamente falando não são algas porque as algas são compostas por células eucariontes, as cianobactérias são compostas por células procariontes.

Combustão e respiração
Como a combustão é o processo pelo qual os materiais combustíveis são oxidados libertando energia, a respiração, tal como a combustão, consiste na oxidação de alimentos como a glicose, os aminoácidos e os ácidos gordos, tendo como resultado a produção de energia e dióxido de carbono. Até aqui não há diferenças entre os dois, mas na respiração não se forma apenas energia, formam-se também outros produtos materiais, ou seja, mais matéria. Por isso se chama metabolismo, mudança ou transformação.

Em linhas gerais, esta seria a diferença. Porém, se a combustão em vez de ser completa for incompleta, ou seja, em vez de ser viva for uma combustão lenta, também se obtêm materiais, como acontece no caso da respiração ou metabolismo. Pensemos na forma como se faz o carvão vegetal de madeira: coloca-se a madeira toda junta numa pira e tapa-se a pira com terra deixando apenas um buraco no fundo e outro no cimo da pira. A madeira arde em combustão lenta pois limitamos a entrada de oxigénio e, ao fim de uns dias, temos toda a madeira transformada em carvão. Se o oxigénio não fosse limitado, teríamos cinzas em pouco tempo.

O mesmo acontece com um corredor de fundo: - se depois dos primeiros minutos de corrida, ao sentir-se cansado pelo aumento do batimento cardíaco, o atleta começar a respirar pela boca e não limitar a entrada de oxigénio, depressa se cansará e, depois de gastar toda a glicose, terá de parar. Porém, se limitar a entrada de oxigénio, obrigará o corpo a mudar de combustível e, em vez de usar glicose que se queima rapidamente e consome muito oxigénio, começará a queimar ácidos gordos que se queimam sem a ajuda do oxigénio. Deste modo poderá correr por muito tempo sem alterar a respiração nem o ritmo cardíaco.

Um outro processo físico de combustão lenta é a degradação, a ferrugem, sobretudo dos metais, nomeadamente do ferro. Com o tempo, todos os objetos que contêm ferro – e são muitos, já que o ferro é o metal mais usado – e até mesmo o aço chamado inoxidável em certas condições de humidade, acabam por oxidar-se, ou seja, queimam-se ou degradam-se pela presença do oxigénio.

Respiração ou decomposição da glicose
A glicose é o combustível mais utilizado pelos seres vivos; a decomposição da glicose liberta a energia que está contida nas suas ligações químicas. A glicose tem seis carbonos, 12 hidrogénios e 6 oxigénios, e em cada ligação entre estas moléculas há um teor de energia. À medida que a glicose se decompõe, a energia vai sendo libertada e utilizada pelo corpo. A respiração decompõe completamente a glicose, transformando-a em energia e matérias inorgânicas, como o dióxido de carbono. Há ainda um outro processo que decompõe a glicose, mas só parcialmente, já que a transforma em outros produtos orgânicos; chama-se a este processo fermentação.

Metabolismo
Segundo a definição encontrada no dicionário, metabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será utilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e realizem as suas funções.

O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo (onde há degradação ou “quebra” de compostos) e anabolismo (que é a síntese, ou seja, formação de compostos). Recordemos que também na fotossíntese há duas etapas e que a segunda não se realiza sem se realizar a primeira. O processo de fabricação da glicose e o processo da sua degradação, quebra ou decomposição, são semelhantes.

A fotossíntese que fabrica a glicose a partir de moléculas mais pequenas, é uma via de construção anabólica; a respiração celular ou metabolismo ao decompor a glicose em moléculas mais pequenas, é uma via de degradação catabólica.

Vimos que na fotossíntese as plantas fabricam o seu alimento e parte deste é utilizado para consumo próprio. O fabrico de alimento é a fotossíntese; a utilização do mesmo para o consumo próprio e crescimento é o metabolismo. Por isso, a célula vegetal é de alguma forma mais complexa que a animal; possui uma organela que a animal não tem: os cloroplastos pelos quais realiza a fotossíntese. Por outro lado, tal como as células animais, tem as mitocôndrias pelas quais realiza o metabolismo.

No metabolismo, a fase anabólica da célula usa a glicose para a construção de elementos celulares, para a substituição destes quando estão danificados ou envelhecidos e também para crescer. Na fase catabólica liberta-se a energia que permite a temperatura constante do organismo e o funcionamento geral de todas as funções do mesmo organismo.

O metabolismo é uma combustão porque não é possível sem o uso de oxigénio. Nesta combustão, o combustível são as proteínas, os lípidos e os hidratos de carbono que, combinados com o oxigénio do ar na respiração, produzem energia que é usada no momento para o funcionamento geral do corpo, mas que também é armazenada para ser utilizada no futuro e para o crescimento do mesmo corpo. Tudo no universo obedece às mesmas leis, funciona da mesma maneira ou de maneira análoga.

Conclusão, o processo tridimensional da combustão lenta ou viva, é o que faz com que tanto a vida criada por Deus como os automatismos ou motores criados pelo homem vivam e funcionem respetivamente.
Pe. Jorge Amaro, IMC


15 de outubro de 2019

3 Reagentes da fotosíntese: Água - Sol - Dioxido de carbono

Sem comentários:
Einstein provou que a matéria e a energia são uma e a mesma coisa, ou seja, que a matéria existe em forma de energia e a energia existe em forma de matéria. A energia intangível e invisível é suscetível de se transformar em matéria tangível e visível e vice-versa.

Se a matéria e a energia não tivessem esta facilidade de uma se transformar na outra, não haveria vida no nosso planeta. A vida no nosso planeta depende de dois processos químicos: a fotossíntese e a combustão (metabolismo). Os dois processos dependem um do outro, ou seja, para que um se dê, tem de se dar o outro. Pela fotossíntese, as células das plantas transformam a luz solar em energia química; esta energia química é depois queimada pela própria célula na presença do oxigénio.

A fotossíntese é uma função pré-biótica, ou seja, não é em si mesma vida ainda, pois a vida é sempre combustão (combustão lenta ou metabolismo). A fotossíntese é a fabricação de alimento em forma de glicose pelas células; a vida é o queimar desse alimento usando o oxigénio como comburente. A fotossíntese é feita pela vida vegetal que tem a particularidade de fabricar o próprio alimento. Por isso, as plantas não precisam de andar, como os animais.

Porém a reação química que as mantém vivas não é a fotossíntese, mas sim a combustão: elas consomem parte da glicose e parte do oxigénio que produzem para se manterem vivas e ter energia para realizar mais fotossíntese, libertando a outra parte do oxigénio e armazenando a outra parte da glicose para os animais que delas se alimentam. Como a fotossíntese só pode acontecer de dia, ou seja, na presença da luz solar, durante a noite as plantas consomem parte da glicose e do oxigénio que produziram durante o dia. Mesmo assim, ainda acumulam energia, ou seja, crescem e libertam o oxigénio de que os outros seres vivos precisam para viver.
 
Como surgiu a vida no nosso planeta
São as plantas que geram todo o alimento que existe na Terra; sem elas, a Terra seria um planeta morto. Há 4,5 mil milhões de anos a Terra formou-se pela colisão de milhares de meteoritos no sistema solar emergente. A temperatura era tão alta que a superfície da terra era um oceano de lava.

Passados milhões de anos após a formação do planeta, a Terra entrou num processo de arrefecimento gradual e essa alteração originou uma fina camada de rocha em toda a Terra. Com as mudanças ocorridas na temperatura do planeta, que foi arrefecendo, foi expelida do interior da Terra uma imensa quantidade de gases e vapor de água. Esse processo fez com que os gases formassem a atmosfera e o vapor de água favorecesse o surgimento das primeiras precipitações.

Porém, como a temperatura era muito elevada ainda, quando a água da chuva chegava ao solo evaporava-se outra vez e não se fixava no solo. Quando a temperatura do solo desceu a baixo do nível de ebulição da água, esta começou a fixar-se, formando os oceanos. Foi nos oceanos que a vida se formou.

Génese do oxigénio
Pode parecer lógico pensar que, tal como a água é anterior à vida, também o oxigénio que é o comburente da combustão chamada vida, seja anterior à vida. Mas isso não acontece. Primeiro surgiu a vida ou uma forma primitiva de vida e só depois surgiu o oxigénio. Poderíamos dizer que o oxigénio, apesar de ser inorgânico, tem uma origem orgânica. É provável que houvesse algum oxigénio na atmosfera da Terra há 2,4 mil milhões de anos, mas era insuficiente para criar vida. O que fez com que os níveis de oxigénio aumentassem vertiginosamente até atingir 21% do ar, foi um microrganismo chamado cianobactéria ou alga azul esverdeada.

Todo o oxigénio da atmosfera provém da água. A molécula da água é composta por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio. Para que a água se divida nos dois elementos simples que a compõem, é preciso que uma corrente elétrica atue sobre ela. O processo pelo qual a molécula da água se rompe e divide nos dois gases que a compõem é chamado eletrólise e não se dá de uma forma natural. Se se desse de uma forma natural, não precisaríamos de combustíveis fósseis, teríamos uma fonte de energia inesgotável e eternamente renovável.

Muita gente pensa que a fotossíntese é o fenómeno pelo qual as plantas transformam o dióxido de carbono ou CO2 em oxigénio, mas não é assim. O oxigénio não provém de uma reação química do dióxido de carbono, mas sim da água. O oxigénio é produzido na primeira etapa desta, quando ocorre a eletrólise. O primeiro microrganismo que se conhece, responsável pelas primeiras fotossínteses no nosso planeta, é a cianobactéria.

A cianobactéria faz a eletrólise na primeira etapa da fotossíntese, porque está interessada no hidrogénio que a água contém, e liberta o oxigénio porque não está interessada nele. Na verdade, o oxigénio é um subproduto da primeira etapa da fotossíntese. A cianobactéria está interessada no hidrogénio porque este, combinado com o dióxido carbono, vai produzir glicose na segunda etapa da fotossíntese. No entanto, a cianobactéria não conseguiria o hidrogénio em que a água é rica (contém o dobro de hidrogénio em relação ao oxigénio) sem libertar o oxigénio como subproduto.

Os primeiros microrganismos eram termófilos, ou seja, eram capazes de sobreviver em ambientes muito quentes e convertiam substâncias inorgânicas como o enxofre e o carbono em energia. Quando a temperatura da atmosfera desceu para 72ºC, estes microrganismos evoluíram para cianobactérias, pois esta é a temperatura máxima a que a fotossíntese é possível.

Durante milhares de milhões de anos, o oxigénio foi-se acumulando na atmosfera; o que subiu para as camadas mais altas desta transformou-se em ozono. Assim se formou o ambiente e se criaram as condições para a vida se diversificar. Todas as plantas do nosso planeta se alimentam da mesma forma que este microrganismo, pela fotossíntese.

Morfologia das cianobactérias
Também designadas como algas azuis e esverdeadas, já foram catalogados cerca de 150 géneros de cianobactérias e, aproximadamente, 1 500 espécies. Grande parte das espécies vive em águas marinhas, de lagos, rios e até em solos muito húmidos. Existem em diversos formatos: bastonetes, esferas e filamentos.

Medem apenas alguns micrómetros, ou seja, apenas podem ser vistas com a ajuda de microscópios. Têm uma reprodução assexuada, sendo unicelulares, mas podem ser encontradas em colónias ou filamentos. Estes organismos, no ecossistema aquático, formam o chamado fitoplâncton e constituem a base da cadeia alimentar desses ecossistemas. Realizam uma fotossíntese aeróbica (usam a água como fonte de eletrões e libertam oxigénio) e são autotróficos, já que a fotossíntese é a principal forma de obtenção de energia.

As cianobactérias surgiram há aproximadamente três mil milhões de anos na Terra. Esta datação é confirmada a partir de fósseis conhecidos como estromatólitos, que foram formados por esses microrganismos. Por existirem há tanto tempo, acredita-se que as cianobactérias foram as responsáveis pela produção do oxigénio que se acumulou na atmosfera primitiva.

Cronologia da vida na Terra
Há 4,5 mil milhões de anos formou-se a Terra. Depois que a água assentou nos oceanos, formaram-se os primeiros microrganismos termófilos, há cerca de 3,5 mil milhões de anos. Por esta altura, surgiu a cianobactéria, quando a temperatura da água do mar passou a permitir a fotossíntese. As cianobactérias são microrganismos simples formados por células sem núcleo, ou seja, células procariontes.

Há 2 mil milhões de anos nasceram as células eucariontes, ou seja, células com núcleo que são as células fundamentais para a vida - todos os seres vivos, animais e plantas, são compostos por células eucariontes. Há cerca de 570 milhões de anos deu-se a explosão de vida cambriana; a vida diversificou-se e desenvolveram-se os primeiros organismos não vegetais.

Há 438 milhões de anos, as plantas, que até então só existiam no mar, começaram a povoar a Terra. Foram as primeiras a sair do mar, o que é lógico, pois toda a vida na Terra depende delas. Anos depois, há 408 milhões de anos surgiram os primeiros anfíbios, antepassados dos répteis que surgiram há 360 milhões de anos.

A extinção dos dinossauros, os répteis mais emblemáticos do nosso planeta, deu-se há 66 milhões de anos. Destronados estes, a Terra começou a ser governada pelos mamíferos e, de entre estes, destacaram-se os primatas, que surgiram há 55 milhões de anos. O ser humano terá surgido há 5 milhões de anos.

Componentes da fotossíntese
Para que uma planta possa fazer fotossíntese, ou seja, usar a luz solar para a transformar em energia química e poder assim fabricar o seu próprio alimento, precisa de três elementos inorgânicos: a água, a luz do sol e o dióxido de carbono. A estes elementos juntamos as particularidades da célula vegetal, que tem um elemento que as células animais não possuem, os cloroplastos.

Água
A água nos vacúolos controla a intumescência da célula vegetal. Se a planta ficar com pouca água, murcha; uma planta com as folhas murchas, ou seja, que perderam grande parte da sua intumescência por não ter água, diminui de volume e não pode fazer bem a fotossíntese. Devido à capacidade de controlo térmico da água, é possível às plantas absorverem grandes quantidades de radiação solar sem elevação de temperatura.

Mas a água não só facilita a fotossíntese mantendo os vacúolos da célula operacionais, como também faz parte integrante deste processo químico. A planta provoca a fotólise da água, ou seja, decompõe a molécula nos seus elementos simples: hidrogénio e oxigénio. Posteriormente, liberta o oxigénio para a atmosfera, como um subproduto, combinando o restante hidrogénio com o dióxido de carbono do ar para a operação seguinte que é a produção de glicose.

Luz do sol
A luz é uma onda de radiação eletromagnética de fotões cujo comprimento de onda se situa entre a radiação infravermelha e a ultravioleta. A luz que nos parece branca ou transparente revela parte da sua complexidade quando atravessa um prisma ou os cristais de água na atmosfera, formando o arco-íris. Desta radiação eletromagnética, só uma parte é visível ao olho humano, a que vai de 380 a 760 nanómetros.

A luz solar é a única fonte de energia do nosso planeta. Todo o tipo de energia de que dispomos na Terra, em última análise, vem exclusivamente do sol. Sem oxigénio não haveria vida, sem fotossíntese não haveria oxigénio e sem sol não haveria fotossíntese.

É o sol que coloca em movimento os ciclos dos quais depende a vida: o ciclo do oxigénio, o ciclo da água, o ciclo do azoto e tantos outros ciclos. Sem a energia solar este seria um planeta morto e escuro. É a energia solar que torna possível que elementos orgânicos combinados produzam vida orgânica.

Dióxido de carbono
Este gás é hoje muito falado por ser responsável pelo efeito de estufa, que causa o aumento da temperatura atmosférica. É, portanto, encarado como negativo porque não deixa sair o calor da terra para a atmosfera. Mas as plantas precisam dele e a vida em geral precisa dele. Todas as moléculas orgânicas são uma combinação de carbono e hidrogénio; uma molécula que contenha simultaneamente carbono e hidrogénio nunca poderá ser inorgânica.

Na fotossíntese acontece precisamente isto: a combinação do hidrogénio que a planta obteve da decomposição da molécula da água com o dióxido de carbono que obtém da atmosfera, produz a glicose, ou seja, um alimento para a vida. De facto, quanto mais CO2 os humanos emitem para a atmosfera, mais as plantas absorvem e mais depressa crescem.

A capacidade das plantas de retirar CO2 da atmosfera duplicou, como se quisessem solucionar-nos o problema. Por isso, apesar da desflorestação tropical, o manto vegetal do planeta está a aumentar. Mas mesmo assim, todas as florestas terrestres e marinhas não são suficientes para purificar a atmosfera e evitar o aumento da sua temperatura.

Clorofila
A clorofila é a substância que compõe os cloroplastos. A célula vegetal é autótrofa, ou seja, fabrica o próprio alimento. As células animais são heterótrofas porque se alimentam de vida, ou seja, de outros organismos vivos e não fabricam o próprio alimento. De alguma forma, podemos dizer que todo o tipo de vida depende da vida vegetal, ou seja, a vida animal é parasita da vida vegetal.

É certo que a vida animal, sobretudo no que respeita à vida humana, é bem mais complexa que a vida vegetal. Porém ao nível celular, a célula vegetal tem praticamente tudo o que a célula animal tem e mais um organelo que a célula animal não tem: os cloroplastos. Enquanto que que a célula animal só faz metabolismo, ou seja, transforma a matéria (comida) em energia, a célula vegetal não só faz metabolismo, também faz fotossíntese que é o contrário do metabolismo, transforma a energia em matéria (alimento).

Convém recordar que a célula vegetal também tem mitocôndrias que realizam o seu metabolismo que, como o das células animais, é fundamentalmente uma combustão lenta. No entanto, a célula vegetal metaboliza ou queima o alimento que fabricou com a ajuda do comburente oxigénio que também fabricou, e ainda lhe sobra para todos os outros seres vivos que de si dependem.

A clorofila realiza a função principal da fotossíntese: retirar a energia contida na luz solar para produzir hidratos de carbono. Um aspeto interessante é que, quando olhamos para a estrutura atómica da clorofila, vemos enormes semelhanças com a estrutura atómica da hemoglobina. O núcleo da hemoglobina é formado por ferro, que lhe dá a cor vermelha, circundado por átomos de azoto. O núcleo da clorofila é formado por magnésio, que lhe dá a cor verde, rodeado também por átomos de hidrogénio. Os radicais que circundam o núcleo são iguais; a única diferença é que a cadeia de carbono da clorofila é bem maior que a da hemoglobina.

Há vários tipos de clorofila, cada um deles sintonizado com diferentes comprimentos de onda da luz.
  • Clorofila A: é o pigmento que dá a cor azul e está presente em todos os vegetais com clorofila; a absorção ocorre perto do comprimento de onda de 450 nm.
  • Clorofila B: são os pigmentos da cor verde; a absorção ocorre aproximadamente no comprimento de 465 nm.
  • Carotenoides: são os pigmentos das cores amarela, laranja e vermelha, estando presentes em todos os vegetais; a absorção ocorre aproximadamente no comprimento de onda entre 400 e 500 n
  • Ficobilinas: são os pigmentos azuis e vermelhos, e a absorção ocorre no comprimento de onda entre 500 e 600 nm. 
O processo da fotossíntese
É o processo químico e biológico mais importante para a vida no nosso planeta. O segundo seria o metabolismo, mas sem fotossíntese não haveria metabolismo, já que é a fotossíntese que fabrica o combustível e o comburente da combustão a que chamamos metabolismo. A fotossíntese gera a base da cadeia alimentar de todo o planeta.

Todos os dias nos alimentamos de sol, tanto sendo omnívoros como sendo veganos, vegetarianos, carnívoros ou comendo peixe. Em última análise, o que verdadeiramente comemos todos os dias é sol.

Etapa fotoquímica
Na primeira etapa, água mais luz liberta oxigénio pelo eletrólise ou fotólise. Os eletrões livres da molécula da água usam o hidrogénio que também foi libertado pela fotólise como transporte para entrar no organelo cloroplasto, na membrana do tilacoide e o NADPH produz depois também ATP. Estas duas substâncias, o ATP e o NADPH são o resultado final desta primeira etapa, na qual é necessária a luz solar. Estas são as duas substâncias que desencadeiam a etapa seguinte, a etapa bioquímica. O NADPH é redutor, o ATP é energético.

Etapa bioquímica
Esta etapa é bem mais complexa que a primeira, também conhecida como ciclo de Calvin. A fábrica de proteínas mais importante do mundo chama-se RuBisCo. Esta substância capta o dióxido de carbono da atmosfera, mistura-o com ribulose bisfosfato e converte-o em ácido 3-fosfoglicérico. Agora o fabricante é o NADPH que coloca hidrogénio e a energia é fornecida pelo ATP; o resultado final é gliceraldeído - 3-fosfato ou G3P. A fórmula ou equação química é a seguinte:

6CO2 + 6H2O + sol = C6H12O6 + 6O2.

Conclusão
Atualmente, o planeta está coberto de imensas florestas e bosques; no entanto, 70% do oxigénio que consumimos na Terra não provém das plantas terrestres, mas sim das plantas marinhas do oceano. Foi ali que se iniciou a fotossíntese e é ainda aquela fotossíntese que hoje nos faz respirar. Poderíamos então concluir que enquanto que a fotossíntese das plantas da Terra alimenta os nossos corpos, a do mar faz-nos respirar.

A complexa reação química que usa a luz do sol para liberar da água o oxigênio que respiramos, e combina o hidrogênio restante com o dióxido de carbono do ar para produzir a comida que comemos, é de fato o Big Bang da vida na Terra.
Pe. Jorge Amaro, IMC