15 de abril de 2025

Batismo de Jesus

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No primeiro Mistério Luminoso contemplamos o Batismo de Jesus


Do Evangelho de São Marcos (1, 9-11):
Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão. E, imediatamente, ao sair da água, viu os céus abertos e o Espírito, como uma pomba, a descer sobre Ele. E dos céus surgiu uma voz: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.»

Comentário de Santo Ambrósio
"Apenas um se submergiu; quando Ele desceu, toda a humanidade desceu com Ele... Um só tomou sobre si os pecados de todos, para que n'Ele os pecados de todos fossem perdoados."

Meditação 1
Pouco sabemos sobre a vida de Jesus antes do início do Seu ministério público. Não é verosímil que Jesus tenha começado do nada; é provável que Ele se tenha associado ao movimento de João Batista, que perdoava os pecados com um batismo de água, sem a necessidade de oferecer sacrifícios no Templo de Jerusalém.

Embora Jesus fosse sem pecado, ao submeter-Se ao batismo, identifica-Se com a humanidade pecadora. O batismo de João era um símbolo de arrependimento, e ao ser batizado, Jesus demonstra solidariedade com os pecadores, assumindo plenamente a condição humana.

O Filho de Deus na fila dos pecadores!  Ele, igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus 4, 15), deixa-se batizar. No batismo, Jesus revela-nos o Seu modo de ser: assumir a condição humana até ao extremo, descer sempre, para revelar ao mundo a Sua verdadeira identidade – ser o Filho muito amado de Deus.

Meditação 2
Depois de batizado, Jesus saiu da água, e eis que os céus se rasgaram. A seguir, dá-se uma manifestação explícita da Trindade:

  • O Filho: Jesus é batizado.
  • O Espírito Santo: Desce em forma de pomba, simbolizando a unção de Jesus para a Sua missão.
  • O Pai: Uma voz do céu declara: "Este é o meu Filho amado, em quem pus toda a minha complacência" (Mateus 3, 17). Esta revelação trinitária confirma a identidade de Jesus como Filho de Deus e Messias prometido.

Jesus, ao ser batizado, expressa plena submissão à vontade de Deus Pai. Ele declara publicamente que está pronto a cumprir a Sua missão redentora, aceitando o caminho do sofrimento e da cruz. Esta obediência será uma constante em toda a Sua vida, culminando na paixão e morte.

O batismo marca o início do ministério público de Jesus. A partir deste momento, Ele começa a pregar, a realizar milagres e a ensinar sobre o Reino de Deus. Este evento inaugura uma nova fase na Sua missão de redenção.

Oração
Senhor Jesus,
que Te submeteste humildemente ao batismo no rio Jordão,
mostrando-nos o caminho da obediência e do amor,
ajuda-nos a seguir o Teu exemplo,
identificando-nos com os mais necessitados,
com os pecadores, e com aqueles que mais sofrem.

Tu, que és o Filho amado de Deus,
revela-nos, no silêncio do nosso coração,
a nossa própria identidade como filhos e filhas de Deus,
e dá-nos a força do Espírito Santo,
para vivermos plenamente a missão
que nos confiaste no nosso batismo.

Que, como Tu, possamos descer,
servindo e amando com humildade,
para que, na nossa entrega,
também os céus se abram e se revelem àqueles que tocamos com amor.

Pai celestial,
que no batismo de Teu Filho proclamaste o Teu agrado,
que também nós possamos ser motivo de alegria para Ti,
através da nossa vida de fé, esperança e caridade.

Que a Tua vontade seja sempre o nosso guia
e que o Teu Espírito nos fortaleça
na caminhada rumo à Tua promessa de vida eterna. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de abril de 2025

Perda e Encontro

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No quinto Mistério Gozoso, contemplamos a perda e o reencontro do menino Jesus no templo.


Do Evangelho de São Lucas (2, 41-47)
Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa e, quando Ele fez doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Completados os dias, quando regressavam a casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os seus pais soubessem.

Pensando que Ele estava na caravana, percorreram um dia de caminho, procurando-o entre os parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. E aconteceu que, três dias depois, o encontraram no Templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam estavam maravilhados com a sua inteligência e as suas respostas.

Ao vê-lo, ficaram perplexos, e sua mãe disse-lhe: «Filho, por que nos fizeste isto? Eis que o teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura». Ele respondeu-lhes: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?»

Comentário de Simeone Metafraste

A Virgem menciona São José como pai adotivo, mas Jesus aproveita a ocasião para se referir ao verdadeiro Pai, que é Deus. Esta passagem ensina que o olhar de Maria deve elevar-se das coisas terrenas para as celestiais. Ao permanecer no Templo, Jesus mostra que o amor a Deus deve ser mais forte que o amor natural que sentimos pelos nossos pais.

Meditação 1

«Por que me procuravas? Não sabias que eu devia tratar dos assuntos de Meu Pai?» Esta foi a resposta de Jesus à sua Mãe, depois de três dias de busca angustiante, quando o encontrou no Templo.

Estas são as primeiras palavras do Verbo encarnado registadas no Evangelho. Com elas, Jesus resume a sua pessoa, vida e missão. Revelam a sua filiação divina e testemunham a sua missão sobrenatural. Toda a vida de Cristo será uma explicação grandiosa do significado destas palavras.

São Lucas continua a dizer-nos que Maria "não compreendeu a palavra que Ele lhe disse". Apesar de não entender o pleno significado, Maria sabia que Jesus era o Filho de Deus e submeteu-se em silêncio à vontade divina, aceitando o sacrifício que o seu amor exigia.

"Maria guardava todas estas palavras no seu coração", onde, como num tabernáculo, adorava o mistério que nelas estava contido, esperando a luz do entendimento.

Meditação 2
Quantos perderam Jesus e não vivem aflitos, como deveriam! Muitos acreditam na existência de Deus, mas vivem como se Ele não existisse. Em suas casas, não há qualquer objeto ou imagem religiosa, e o pensamento de Deus nunca lhes ocorre. Muito menos o amor a Deus ou ao próximo. Vivem para si mesmos, como se nunca tivessem de morrer, e correm o risco de morrer sem jamais terem vivido.

O caminho para a vida humana autêntica passa por Jesus, pois Ele é o único Caminho, a Verdade e a Vida. Só quem semeia felicidade à sua volta é verdadeiramente feliz. A felicidade individual surge como reflexo de um bom desempenho na sociedade e da realização pessoal. Quem não é útil aos outros, não encontra propósito.

O católico apenas de nome é aquele que "perdeu Jesus no Templo", ou seja, deixou de participar na Eucaristia Dominical. Assim, o lugar onde o perdeu é o lugar onde o pode reencontrar. Sem a Eucaristia, não há Igreja; sem a Igreja, Cristo desaparece da face da Terra.

Oração
Senhor Jesus,
Tal como os teus Pais, aflitos, Te procuraram no Templo,
nós também buscamos a Tua presença
quando nos sentimos perdidos no caminho da vida.
Ajuda-nos a recordar que o verdadeiro encontro contigo
acontece quando voltamos o nosso coração à Tua casa,
à Tua Palavra e à Tua Eucaristia.

Dá-nos a graça de não viver como se estivesses distante,
mas de reconhecer-Te em cada momento,
em cada gesto de amor e serviço ao próximo.
Que o nosso amor por Ti
seja mais forte do que qualquer apego terreno,
que saibamos ouvir a Tua voz e seguir o Teu caminho.

Maria, Mãe Santíssima,
que guardaste as palavras do Teu Filho no silêncio do coração,
ensina-nos a aceitar a vontade de Deus,
mesmo quando não compreendemos completamente os Seus planos.
Que, como tu, possamos sempre confiar
e guardar a fé em cada circunstância da nossa vida.

Senhor, reacende em nós o desejo de Te procurar sempre,
e que, ao encontrar-Te, sejamos renovados
no amor, na paz e na alegria que só Tu nos podes dar.
Que nunca percamos a certeza
de que és o Caminho, a Verdade e a Vida,
 e que, Contigo, encontramos a verdadeira felicidade.

Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

15 de março de 2025

Apresentação

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No quarto Mistério Gozoso, contemplamos a apresentação do Menino Jesus no templo.


Do Evangelho de São Lucas (2, 22 – 32)
"Quando se cumpriram os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: 'Todo o primogénito macho será consagrado ao Senhor', e para oferecer um sacrifício, como está dito na Lei do Senhor: 'um par de rolas ou duas pombas novas'.

Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel. (…) Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. (…) Tomou o Menino nos braços, bendisse a Deus e disse: 'Agora, Senhor, podes deixar partir em paz o Teu servo, segundo a Tua palavra, porque os meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios e glória do Teu povo, Israel'."

Comentário de Santo Atanásio
"O Verbo, tomando sobre si o que era nosso, ofereceu-o como sacrifício e destruiu-o com a sua morte. Depois, revestiu-nos com a sua condição."

Meditação 1
Jesus não rompe com as tradições dos antigos, submetendo-se às leis da terra onde habita e do povo em que encarnou como homem. No entanto, ao obedecer ou cumprir essas leis, fá-las passar pela sua consciência moral, pois a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei.

Maria, sendo ao lado de Jesus a mais pura entre os seres viventes, também se submete à tradição de purificação ritual. Ao referir-se a esta segunda parte do mistério, é necessário incluir a palavra "ritual", pois Maria foi sempre pura, antes, durante e depois do parto.

O Filho de Deus sujeitou-se à Lei e aos seus preceitos! Na vida da Sagrada Família, o respeito pela Lei nasce da certeza de que é Deus o seu Fundamento. Por isso, o cumprimento rotineiro do estabelecido, do aparentemente imutável, torna-se também lugar de revelação de Deus.

Meditação 2
A Apresentação de Jesus no Templo é uma oportunidade para contemplarmos o Deus Santo, que assume o ritmo dos homens: é o Deus de Amor, que se revela na história humana sem se impor. Quanta verdade e quanta revelação de Deus no cumprimento fiel dos deveres de cada dia!

Simeão, ao olhar para Jesus, reconhece que o Cristo, pelo qual esperava, chegou, conforme a promessa de Deus. Ele levanta os olhos ao céu em agradecimento, mas também adverte Maria de que o seu coração será trespassado. Apesar disso, Maria continua a confiar em Deus, sem saber o que o futuro lhe reserva. Que a nossa oração peça confiança no plano de Deus e paciência para esperar que ele se desenrole.

No dia da Apresentação, Deus recebeu infinitamente mais glória do que em todos os sacrifícios e holocaustos oferecidos no templo até então. Neste dia, é o próprio Filho de Deus que lhe é apresentado, oferecendo ao Pai uma homenagem infinita de adoração, ação de graças, expiação e súplica.

Esta oferta, tão agradável a Deus, é recebida das mãos da Virgem, cheia de graça. A fé de Maria é perfeita. Cheia da sabedoria do Espírito Santo, ela tem uma clara compreensão do valor da oferta que está a fazer a Deus naquele momento. O Espírito Santo harmoniza a sua alma com as disposições interiores do coração do seu Divino Filho.

Assim como Maria deu o seu consentimento em nome de toda a humanidade quando o anjo lhe anunciou o mistério da Encarnação, também neste dia ela oferece Jesus ao Pai em nome de todo o género humano. Ela sabe que o seu Filho é "o Rei da Glória, a nova luz que se acendeu antes da aurora, o Mestre da vida e da morte".

Oração
Senhor, nosso Deus,
Tu que revelaste a Tua salvação a Simeão no Templo,
dá-nos olhos para reconhecermos a Tua presença nas simplicidades do dia a dia,
e corações abertos para acolher a Tua vontade, como Maria e José.

Que, como a Sagrada Família, saibamos viver em obediência às Tuas leis,
mas também com a consciência de que a verdadeira Lei nasce do Teu Amor.
Ajuda-nos a cumprir com alegria e fé os deveres de cada dia,
sabendo que neles se manifesta a Tua presença e a Tua vontade.

Senhor, dá-nos a confiança de Maria,
que, mesmo ao ouvir sobre a espada que trespassaria o seu coração,
continuou a confiar em Ti sem hesitar.
Que possamos, como ela, oferecer-Te o melhor de nós mesmos,
sabendo que és o fundamento da nossa esperança.

Neste dia de Apresentação, lembramo-nos que o Teu Filho Jesus
se ofereceu a si mesmo ao Pai, por amor a toda a humanidade.
Que possamos também, nas nossas vidas, ser oferta de amor e adoração,
dando testemunho da Tua glória e da Tua salvação,
luz para todas as nações.

Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de março de 2025

Nascimento de Jesus

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No terceiro Mistério Gozoso, contemplamos o nascimento de Jesus.

Do Evangelho de São João (3, 16; 1, 14)
"De tal modo amou Deus o mundo que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. (...) E a Palavra fez-se carne e habitou entre nós, e nós contemplámos a Sua glória; glória como unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade."

Comentário de São Gregório Nazianzeno
"O Filho de Deus fez-se homem por amor ao homem. Quem dá a sua riqueza aos outros torna-se pobre. Ele implora que eu lhe dê a minha natureza humana para Ele me dar a Sua natureza divina."

Meditação 1
Deus Criador encarnou na criatura. Para muitas religiões, parece impossível que Deus possa encarnar num ser humano, tal como parece impossível que o mar possa caber numa pequena poça de água. Se pensarmos apenas na transcendência de Deus, sim, isso parece impossível, ilógico, improvável. Contudo, para Deus, não existem impossíveis.

Deus não é apenas transcendente, Ele também é imanente, já está presente aqui e agora, no coração de cada coisa e de cada pessoa. A expressão "Deus é-me mais íntimo a mim do que eu próprio" aplica-se a tudo; Deus é o coração tanto da matéria dos seres materiais como dos seres espirituais. Por isso, quando pensamos na Sua imanência, torna-se mais fácil compreender que Ele tenha assumido uma forma humana.

Deus "acampou" entre nós, ergueu a Sua tenda entre nós, como outrora, quando acompanhou o povo libertado do Egipto durante 40 anos no deserto. Essa tenda, onde Moisés se encontrava com Deus em colóquio, representando o povo de Deus, era chamada de "tenda do encontro". Jesus de Nazaré, o Emanuel, "Deus connosco", é a nova tenda do Encontro, pois n'Ele Deus e os homens se encontram. Por meio de Jesus, Deus vem ao Homem; por meio de Jesus, o Homem vai a Deus.

Meditação 2
"Deus fez-se Homem para que o Homem se fizesse Deus." Sto. Ireneu
Ao saírem de Jericó, uma grande multidão acompanhava Jesus (Mateus 20, 29).

Jericó é, ao mesmo tempo, a cidade mais antiga do mundo, com 8.000 anos de existência, e a cidade situada ao nível mais baixo da Terra, cerca de 500 metros abaixo do nível do mar. Na Bíblia, Jericó simboliza o pecado. Na parábola do Bom Samaritano, Jerusalém representa a graça, enquanto Jericó simboliza o pecado.

O homem que caiu nas mãos dos salteadores caiu em desgraça porque descia de Jerusalém, 800 metros acima do nível do mar, para Jericó. Ele viajava da Graça para o pecado; como diz o povo, "quem de Deus se esquece, todo o bem lhe falta". Para salvar o homem do pecado, Jesus também desce a Jericó, mas não fica lá. Ele sai de Jericó, e uma grande multidão segue-O, subindo com Ele do pecado de Jericó para a graça de Jerusalém.

O Filho de Deus nasce em suma pobreza: em circunstâncias inesperadas, sem lugar, sem conforto. À pobreza de Deus, Maria responde com a sua própria pobreza: oferece o melhor de si, envolvendo e aconchegando a fragilidade do Menino Deus, para que não lhe falte o mais importante – o Amor.

O Nascimento de Jesus é uma oportunidade para contemplarmos o Deus Santo, que Se entrega na debilidade: é o Deus Pobre, que desperta sempre o melhor de nós. Quanta fragilidade e impotência existem nas nossas vidas e nas daqueles que nos rodeiam! Quantas oportunidades temos, como Maria, de oferecermos o que temos e de nos centrarmos no Amor! Como enfrento as dificuldades e as
fragilidades da vida? Vejo nelas uma oportunidade para dar o melhor de mim?

Oração
Senhor Deus,
que enviaste o Teu Filho para nascer entre nós em humildade e pobreza,
faz com que, à semelhança de Maria, possamos oferecer o melhor de nós mesmos,
acolhendo o Teu amor em cada situação da nossa vida.

Ajuda-nos a reconhecer a Tua presença na fragilidade e nas dificuldades,
e a ver em cada desafio uma oportunidade para crescer no Teu amor.
Que, como Maria, saibamos centrar-nos no essencial,
oferecendo o que temos com generosidade e simplicidade.

Senhor, assim como Jesus nasceu num estábulo humilde,
faz com que o nosso coração seja uma morada digna para o Teu Filho,
cheia de paz, amor e esperança.

Que nunca nos esqueçamos da grandeza do Teu plano,
onde até nas circunstâncias mais inesperadas e difíceis,
Tu te manifestas em amor e misericórdia.
Que possamos, como a grande multidão que seguiu Jesus,
subir da escuridão do pecado para a luz da Tua graça.

Amém

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de fevereiro de 2025

Visitação

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No segundo Mistério Gozoso, contemplamos a visita de Maria Santíssima à sua prima Santa Isabel.


Do Evangelho de São Lucas (1, 39-43, 46)
Por aqueles dias, Maria levantou-se e foi apressadamente para a montanha, para uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Levantando então a voz com um forte brado, disse: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (...) Feliz aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor!».

Comentário de Santo Ambrósio
"Bem-aventurada és tu que acreditaste", diz Isabel. Mas também vós sois abençoados porque ouvistes e acreditastes: toda a alma que crê e faz a vontade de Deus concebe e gera a Palavra de Deus, reconhecendo as suas obras."

Meditação 1
Se na Anunciação Maria está em oração, na Visitação Maria está em ação; se na Anunciação Maria escuta a palavra de Deus, na Visitação Maria põe essa mesma palavra em prática, como tantas vezes sugere o seu Filho; se na Anunciação Maria ama a Deus sobre todas as coisas, na Visitação ela ama o próximo como a si mesma.

Se na Anunciação Maria tem uma experiência de Deus como discípula, na Visitação, ao entoar o seu Magnificat e dar testemunho da sua experiência de Deus, ela age como missionária, relatando e testemunhando tudo o que Deus operou nela.

Nestes dois Mistérios Gozosos, encontramos o caminho de toda a vida cristã; por isso, Maria é para nós modelo de discípula e missionária. Nela se concentram todas as virtudes que o cristão deve cultivar. Maria é, portanto, não só a Mãe de Jesus e Nossa Mãe, mas também um exemplo de seguimento de Cristo.

Meditação 2
“Feliz és tu porque acreditaste”, foram as palavras de Isabel a Maria. Estas palavras recordam-nos que a fé é uma opção, uma aposta, uma decisão que tomamos livremente após esgotar o uso da razão. A fé é um salto no desconhecido, e só depois de o darmos saberemos se acertámos ou não. Maria encontrou a felicidade na sua fé na Palavra de Deus, dita pelo anjo. Também nós seremos felizes se acreditarmos, e infelizes se não o fizermos.

Maria deslocou-se de Nazaré até Ein Karen, percorrendo cerca de 150 km, para ajudar a sua prima. No entanto, Isabel reconhece nela algo mais que a sua prima Maria, pois esta já estava grávida do Filho de Deus. Ao responder às palavras de Isabel com o seu Magnificat, Maria mostra o que significa ser missionário. Não se trata propriamente de um pregador de doutrinas; a doutrina vem em segundo plano.

Tal como Maria no Magnificat, o missionário deve testemunhar as grandes obras que Deus operou na sua vida. Assim como a História se divide em antes e depois de Cristo, também a nossa vida muda quando encontramos Cristo, tal como aconteceu com Paulo.

No Magnificat, Maria relata as grandes coisas que o Todo-Poderoso fez na sua vida. Da mesma forma, o projeto de Jesus não é apenas individual, mas também social, chamando-nos a fazer deste mundo o Reino de Deus.

O missionário, tal como Maria narra no seu Magnificat, é aquele que ajuda a derrubar os poderosos dos seus tronos e a exaltar os humildes; é aquele que enfrenta as injustiças deste mundo, lutando para que o Reino de Deus se estabeleça aqui, numa sociedade mais justa, pacífica e fraterna.

Oração
Senhor, nosso Deus,
assim como Maria se levantou apressadamente
para servir e levar a Tua presença à casa de Isabel,
também nós, movidos pelo Teu Espírito,
queremos responder com prontidão ao Teu chamamento.

Faz de nós discípulos fiéis,
que escutam a Tua Palavra com o coração aberto,
e missionários generosos,
que a colocam em prática através do serviço e do amor ao próximo.

Que, como Maria,
possamos reconhecer e testemunhar
as grandes maravilhas que realizas nas nossas vidas,
e anunciar com alegria o Teu Reino de justiça, paz e fraternidade.

Senhor, ajuda-nos a derrubar as barreiras que nos separam dos outros,
a exaltar os humildes e a combater as injustiças
que impedem a Tua paz de reinar no mundo.
Que a nossa fé seja firme e confiada em Ti, como a de Maria,
e que saibamos encontrar a verdadeira felicidade
em acreditar nas Tuas promessas.

Assim como Maria entoou o seu Magnificat,
nós Te louvamos e bendizemos,
porque és fiel e misericordioso,
e em Ti depositamos toda a nossa confiança.

Amén.

Pe. Jorge Amaro, IMC

15 de janeiro de 2025

Anunciação

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No primeiro Mistério Gozoso, contemplamos a anunciação do anjo à Virgem Maria.

Do Evangelho de São Lucas (1, 26-31):
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David. O nome da virgem era Maria. Ao entrar onde ela estava, o anjo disse: «Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo!».

Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria esta. O anjo, então, disse-lhe: «Não tenhas medo, Maria, pois encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e chamá-lo-ás Jesus».


Das Atas do Concílio de Éfeso:
A palavra que pronunciamos e de que nos servimos nos diálogos é incorpórea, impossível de ser apreendida pela visão ou pelo toque. Quando, no entanto, se reveste de letras e de formas exteriores, torna-se visível e acessível ao olhar e ao toque. Do mesmo modo, o Verbo de Deus, que por sua natureza é invisível, tornou-se visível; sendo também incorpóreo por essência, assumiu um corpo tangível.

Meditação 1
Como nos diz a carta aos Hebreus (1, 1-10): "Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados. Mas, nestes últimos tempos, falou-nos por meio do seu Filho."

As comunicações dos profetas nos tempos antigos eram sempre imprecisas, imperfeitas e incompletas. Por isso, Deus decidiu intervir diretamente na história da humanidade, como tantas vezes fez ao longo da história de Israel. Jesus de Nazaré revela, ao mesmo tempo, a verdadeira natureza de Deus e a verdadeira natureza do homem, ensinando como Deus se relaciona com o homem e como o homem deve relacionar-se com Deus.

Meditação 2
Ao aparecer grávida após a sua visita à prima Isabel, Maria teve de enfrentar sozinha os seus pais, José e o povo da sua aldeia. A conceição milagrosa, obra do Espírito Santo, foi um evento único na história, sem precedentes, que soaria inverosímil para as gentes daquela aldeia.

Naquela época, Maria corria o risco de ser vista como adúltera, pois já estava prometida a José, e a punição para o adultério era o apedrejamento, como sabemos pelo episódio da mulher adúltera apresentada a Jesus para ser apedrejada. Decerto Jesus se lembrou da sua mãe naquele momento.

Maria sofreu silenciosamente com as calúnias durante toda a sua vida, algo sugerido em várias passagens do Evangelho. Para muitos da época, Jesus era visto como filho de pai desconhecido, o que era uma vergonha tanto para Ele quanto para Maria, especialmente numa sociedade patriarcal. Marcos refere-se a Jesus como "filho de Maria", enquanto Mateus diz que é filho de José. Lucas resolve não dizer nada.

Oração
Senhor Deus,
Tu que escolheste Maria, uma humilde serva,
para ser a Mãe do Teu Filho,
ensina-nos a ter a mesma confiança e fé
que ela demonstrou ao ouvir o Teu chamamento.

Dá-nos a coragem de responder "Sim" à Tua vontade,
mesmo quando não compreendemos os Teus desígnios,
assim como Maria aceitou, com humildade e entrega,
o plano divino que mudaria a história da humanidade.

Senhor, tal como o anjo Gabriel a saudou com a graça,
nós também pedimos a Tua bênção,
para que sejamos portadores
da Tua presença e do Teu amor no mundo,
e que, como Maria,
possamos levar a Tua luz e dar testemunho do Teu Filho Jesus.

Ajuda-nos, Senhor, a enfrentar as adversidades
e incompreensões que surgem no nosso caminho,
com a mesma paciência e silêncio de Maria,
que soube sofrer em paz e guardar tudo no seu coração,
confiando plenamente em Ti.

Que, como José, saibamos agir com justiça e misericórdia,
evitando o julgamento apressado
e acolhendo o próximo com amor e compreensão.

Ó Pai, ensina-nos a seguir o exemplo de Jesus,
que não procurou condenar,
mas sim trazer a reconciliação e a esperança de vida nova.
Que também nós sejamos instrumentos da Tua justiça reparadora,
desejando sempre a conversão
e a vida do pecador, e não a sua queda.

Senhor, faz-nos compreender que,
assim como Maria e o Teu Filho carregaram
o peso das calúnias e do sofrimento,
nós também devemos perseverar nas dificuldades,
confiando que Tu estás sempre connosco,
mesmo quando o mundo nos julga e nos condena.

Nós Te louvamos, ó Deus, por Teu amor incondicional
e pela promessa de salvação,
confiando em Ti, hoje e sempre.
Amém

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de janeiro de 2025

Contemplando os vinte mistérios do Santo Rosário

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"Rezem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
"
(13 de maio de 1917 - Aparição de Nossa Senhora em Fátima)

O que é o Rosário
Nossa Senhora não pediu apenas na primeira aparição que se rezasse o rosário todos os dias; insistiu nesse pedido em todas as suas aparições subsequentes até à última. O Rosário e Fátima são inseparáveis, mas o Rosário é também inseparável de outras aparições marianas.

O termo "Rosário" advém das 150 (agora 200) Ave-Marias entrelaçadas em grupos de 10 com a oração do Pai-Nosso e do Glória, além das meditações dos mistérios da vida de Jesus e da nossa redenção, formando assim uma "coroa de rosas" oferecida a Maria, Mãe do Senhor e nossa Mãe.

Os vinte mistérios da vida de Cristo estão divididos em quatro séries de cinco mistérios cada. Em cada Rosário, reza-se apenas uma dessas séries, que são: os Mistérios da Alegria, referentes ao nascimento e infância de Jesus; os Mistérios da Luz, que refletem Jesus como a luz do mundo durante o seu apostolado; os Mistérios da Dor, relacionados com a Paixão e morte de Cristo; e, por fim, os Mistérios da Glória, que contemplam a Ressurreição e Ascensão de Jesus ao Céu.

Inspirado no capítulo 12 do Livro do Apocalipse, que se refere a Maria coroada com uma coroa de 12 estrelas, concebi 12 mistérios marianos, refletindo como a vida de Maria está entrelaçada com a do Seu Filho, desde a sua conceção até à Assunção e coroação no Céu. Tal como os mistérios do Santíssimo Rosário, estes mistérios marianos também contemplam a vida de Jesus, porém sob a ótica de Sua Mãe.

A importância do Rosário na nossa vida espiritual
Rezar o Rosário é permitir que Maria nos guie na meditação dos mistérios da vida do Seu Filho. Esta prática ajuda a manter o coração e a mente focados nos ensinamentos do Evangelho, fortalecendo a nossa fé em Deus e a Sua presença no dia-a-dia.

O ritmo repetitivo e meditativo das orações proporciona um estado de calma e introspeção. Muitas pessoas encontram paz interior e conforto ao rezar o Terço, especialmente em momentos de dificuldade, ansiedade ou angústia.

No Santíssimo Rosário, a repetição das Ave-Marias, 50 vezes (10 vezes por mistério), tem a finalidade de evitar que a mente se distraia da contemplação do mistério. O objetivo não é focar-se em cada Ave-Maria e Pai-Nosso, mas sim usar estas orações como mantras, permitindo que a mente alcance um estado de contemplação do divino.

Como se reza o Rosário em Fátima
Ao fazer o sinal da cruz diz-se:
Deus vinde em nosso auxílio. /Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. / Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

  • Enunciação do Mistério da vida de Cristo a ser contemplado.
  • Proclamação do texto bíblico referente ao mistério
  • Pausa por um período de tempo adequado
  • Recitação de 1 Pai-Nosso e 10 Ave-Marias.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. /Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

Ó Maria, concebida sem pecado, /rogai por nós que recorremos a vós.

Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno; (morte eterna)
Levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem da vossa misericórdia.
 
No final do quinto mistério rezam-se 3 Ave-Marias pelas intenções do Papa

Salve-Rainha
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Distribuição dos Mistérios de Cristo pelos dias da semana

  • Domingo e quarta-feira: Mistérios da Glória (ou gloriosos)
  • Segunda-feira e sábado: Mistérios da Alegria (ou gozosos)
  • Terça-feira e sexta-feira: Mistérios da Dor (ou dolorosos)
  • Quinta-feira: Mistérios da Luz (ou luminosos)
  • Sábado: Mistérios Marianos

Mistérios Gozosos
Meditamos o início da redenção da humanidade, desde a Anunciação a Maria e a encarnação do Filho de Deus até à adolescência de Jesus.

Mistérios Luminosos
Os Mistérios Luminosos, introduzidos pelo Papa João Paulo II em 2002, visam preencher a lacuna entre os Mistérios Gozosos e Dolorosos, mas acabam por deixar de fora uma parte essencial da vida de Jesus, onde Ele se revela como modelo da Humanidade, Caminho, Verdade e Vida. Ele é aquele com quem devemos comparar-nos para sermos autêntica e genuinamente humanos, e, simultaneamente, é a nossa salvação, a fonte da nossa saúde espiritual aqui e agora, para além de ser o caminho para o Pai.

A vida de Jesus pode ser resumida nos milagres realizados e nos ensinamentos proferidos, sendo o Reino de Deus o objetivo primordial da sua vinda. Assim, proponho, no terceiro mistério, substituir a “Proclamação do Reino de Deus” por “O Reino de Deus nas palavras e nos milagres de Jesus”.

Com efeito, Jesus não apenas anunciou a vinda do Reino, mas também demonstrou que este já está presente no meio de nós através dos seus ensinamentos e dos seus milagres. O Reino de Deus iniciou-se com a vinda de Jesus ao mundo; ele está entre nós, ainda que não em plenitude. Cabe a nós, Seus discípulos, a tarefa de continuar a sua missão de transformar este mundo no Reino de Deus.

Esta alteração no terceiro mistério luminoso oferece uma visão mais completa da vida pública de Jesus e está alinhada com o propósito original dos Mistérios Luminosos.

Mistérios Dolorosos
Meditamos no processo da Paixão e morte de Jesus, desde a agonia no Jardim das Oliveiras até ao Seu último suspiro na Cruz. Ao dizer que Jesus morreu pelos nossos pecados, entendemos que Ele pagou a dívida que não podíamos saldar, refletindo o pecado de toda a humanidade.

Mistérios Gloriosos
Meditamos no triunfo de Jesus sobre a morte com a Sua Ressurreição. A morte foi vencida, assim como o pecado que a causava. Agora, a morte é uma passagem para a vida eterna, e a vida de Jesus, que começou com o "sim" de Maria, culmina com a glorificação daquela que é exemplo de vida cristã para todos nós.

Mistérios Marianos
Meditamos no reflexo da vida de Jesus na vida de Maria, que começa antes da do Seu Filho e continua após a Ascensão.

NB – Nos seguintes artigos um para cada um dos 20 mistérios apresento material para ajudar na meditação de cada mistério. Este material a ser usado depois da anunciação de cada mistério e antes da recitação das 10 Ave-Marias consta do seguinte:

  • O texto bíblico referente a cada mistério
  • Uma meditação dos Padres da Igreja
  • Uma meditação minha
  • Uma Oração inspirada em todos os textos

Consoante o tempo disponível, a pessoa que preside à recitação pode escolher só o texto bíblico ou o texto dos Padres da Igreja, uma das duas meditações, a oração, ou tudo quando o tempo de que se dispõe é muito.

Pe. Jorge Amaro, IMC