15 de janeiro de 2025

Anunciação

No primeiro Mistério Gozoso, contemplamos a anunciação do anjo à Virgem Maria.

Do Evangelho de São Lucas (1, 26-31):
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David. O nome da virgem era Maria. Ao entrar onde ela estava, o anjo disse: «Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo!».

Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria esta. O anjo, então, disse-lhe: «Não tenhas medo, Maria, pois encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e chamá-lo-ás Jesus».


Das Atas do Concílio de Éfeso:
A palavra que pronunciamos e de que nos servimos nos diálogos é incorpórea, impossível de ser apreendida pela visão ou pelo toque. Quando, no entanto, se reveste de letras e de formas exteriores, torna-se visível e acessível ao olhar e ao toque. Do mesmo modo, o Verbo de Deus, que por sua natureza é invisível, tornou-se visível; sendo também incorpóreo por essência, assumiu um corpo tangível.

Meditação 1
Como nos diz a carta aos Hebreus (1, 1-10): "Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados. Mas, nestes últimos tempos, falou-nos por meio do seu Filho."

As comunicações dos profetas nos tempos antigos eram sempre imprecisas, imperfeitas e incompletas. Por isso, Deus decidiu intervir diretamente na história da humanidade, como tantas vezes fez ao longo da história de Israel. Jesus de Nazaré revela, ao mesmo tempo, a verdadeira natureza de Deus e a verdadeira natureza do homem, ensinando como Deus se relaciona com o homem e como o homem deve relacionar-se com Deus.

Meditação 2
Ao aparecer grávida após a sua visita à prima Isabel, Maria teve de enfrentar sozinha os seus pais, José e o povo da sua aldeia. A conceição milagrosa, obra do Espírito Santo, foi um evento único na história, sem precedentes, que soaria inverosímil para as gentes daquela aldeia.

Naquela época, Maria corria o risco de ser vista como adúltera, pois já estava prometida a José, e a punição para o adultério era o apedrejamento, como sabemos pelo episódio da mulher adúltera apresentada a Jesus para ser apedrejada. Decerto Jesus se lembrou da sua mãe naquele momento.

Maria sofreu silenciosamente com as calúnias durante toda a sua vida, algo sugerido em várias passagens do Evangelho. Para muitos da época, Jesus era visto como filho de pai desconhecido, o que era uma vergonha tanto para Ele quanto para Maria, especialmente numa sociedade patriarcal. Marcos refere-se a Jesus como "filho de Maria", enquanto Mateus diz que é filho de José. Lucas resolve não dizer nada.

Oração
Senhor Deus,
Tu que escolheste Maria, uma humilde serva,
para ser a Mãe do Teu Filho,
ensina-nos a ter a mesma confiança e fé
que ela demonstrou ao ouvir o Teu chamamento.

Dá-nos a coragem de responder "Sim" à Tua vontade,
mesmo quando não compreendemos os Teus desígnios,
assim como Maria aceitou, com humildade e entrega,
o plano divino que mudaria a história da humanidade.

Senhor, tal como o anjo Gabriel a saudou com a graça,
nós também pedimos a Tua bênção,
para que sejamos portadores
da Tua presença e do Teu amor no mundo,
e que, como Maria,
possamos levar a Tua luz e dar testemunho do Teu Filho Jesus.

Ajuda-nos, Senhor, a enfrentar as adversidades
e incompreensões que surgem no nosso caminho,
com a mesma paciência e silêncio de Maria,
que soube sofrer em paz e guardar tudo no seu coração,
confiando plenamente em Ti.

Que, como José, saibamos agir com justiça e misericórdia,
evitando o julgamento apressado
e acolhendo o próximo com amor e compreensão.

Ó Pai, ensina-nos a seguir o exemplo de Jesus,
que não procurou condenar,
mas sim trazer a reconciliação e a esperança de vida nova.
Que também nós sejamos instrumentos da Tua justiça reparadora,
desejando sempre a conversão
e a vida do pecador, e não a sua queda.

Senhor, faz-nos compreender que,
assim como Maria e o Teu Filho carregaram
o peso das calúnias e do sofrimento,
nós também devemos perseverar nas dificuldades,
confiando que Tu estás sempre connosco,
mesmo quando o mundo nos julga e nos condena.

Nós Te louvamos, ó Deus, por Teu amor incondicional
e pela promessa de salvação,
confiando em Ti, hoje e sempre.
Amém

Pe. Jorge Amaro, IMC

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