15 de junho de 2021

3 Coisas Jesus é para nós: Caminho - Verdade - Vida

Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14, 3-6

Muitos de nós, quando éramos estudantes, tínhamos medo de fazer perguntas ao professor. Ainda bem para nós que os apóstolos Filipe e Tomé não eram assim, pois graças às suas perguntas ficámos a saber mais sobre Jesus. Por Filipe (João 14, 9) ficamos a saber que Jesus é sacramento de Deus Pai, pois quem o vê a Ele vê o Pai. Seguidamente, Tomé interroga Jesus sobre a forma ou o caminho para o Pai e Jesus apresenta-se como esse caminho, verdade e vida.

Muitas vezes se tem interpretado caminho – verdade – vida como três realidades diferentes e podem ser de facto diferentes, mas no contexto em que Jesus falou, as três são uma única. É preciso não esquecer o contexto em que aparece a frase, ou seja, o caminho para o Pai, o caminho para Deus ou para a vida eterna.  A prova de que estas três palavras são uma única, ou seja, podem resumir-se a uma só – caminho – é que Jesus continua a dizer “ninguém vai ao Pai senão por mim”. A verdade e a vida fazem parte do caminho, são uma descrição ou explicação do caminho.

Como muitos, vamos falar das três realidade juntas e em separado, sempre recordando que estamos a falar de uma única coisa que poderia resumir-se assim: como viver aqui na terra de forma a que a nossa morte seja uma páscoa como a de Jesus, ou seja, uma passagem para a vida eterna e não o fim e a morte eterna. Jesus é o caminho que nos leva o a Deus, a verdade que devemos abraçar na fé e concretizar em obras, Ele é a porta para a vida eterna, pois ninguém vai ao Pai senão por ele.

Caminho, verdade e vida no singular
Todos os caminhos vão dar a Roma…

Na nossa sociedade pluralista, não é politicamente correto que alguém diga eu sou o caminho ou que há só um caminho. Isso soa a imposição, a autocracia. A tendência dos nossos tempos é de que há muitos caminhos e de que todos eles são válidos. A ideia está tão presente que até mesmo os católicos nos criticam, a nós missionários, por irmos anunciar a boa nova aos povos, dizendo que esses povos já têm a sua religião que é tão boa e válida quanto a nossa.

Por muito que ofenda os nossos ouvidos modernos, não existe nenhum caminho alternativo a Cristo que seja igualmente válido. Quem não junta comigo, dispersa, diz Jesus em Mateus 12,30; não é que possa juntar-se com mais alguém, não existe esse mais alguém, não existe um modelo de humanidade alternativo a Cristo, por isso Cristo é o único caminho, a única verdade e a única forma de viver a vida.

Caminho + Verdade = Vida
A frase de Jesus pode ler-se de trás para a frente e da frente para trás, podemos fazer uma reflexão individual sobre cada uma das três premissas, como podemos fazer uma reflexão em conjunto. Já vimos como verdade e vida queriam dizer caminho, pois Jesus volta ao tema ao dizer, “ninguém vai ao Pai senão por mim”. Também podemos colocar o acento na vida e entendê-la como sendo formada por um caminho e uma verdade.

A palavra “Caminho” sugere movimento, processo, devir, transformação, enquanto que a palavra “Verdade” sugere o contrário, algo estático, imóvel, parado, sem mudança nem movimento. Estas duas realidades diferentes fazem-nos recordar a polémica da filosofia pré-socrática entre Heráclito, para quem tudo muda, não podemos banhar-nos duas vezes nas águas do mesmo rio, e Parménides para quem o movimento é ilusório, nada muda, não há nada de novo debaixo do sol.

Convém recordar que movimento e mudança para os gregos não são dois conceitos separados, mas são uma e a mesma coisa. Para Heráclito, o universo é dinâmico, tudo muda, ou seja, as coisas deixam de ser o que são para se transformarem em coisas diferentes. Isto é, voltando à imagem do banho no rio, não só as águas do primeiro banho são diferentes das águas do segundo banho, o próprio banhista não é o mesmo: com o tempo, também ele mudou. Uma realidade em contínua mudança não pode ser aprisionada, ou seja, conhecida.

Para Parménides, o ser ou é ou não é; o não ser não pode chegar a ser e o ser não pode deixar de ser. O movimento e a mudança são ilusórios. Podemos dizer que o caminho é o Ser segundo Heráclito e a verdade é o Ser segundo Parménides. Sendo composta de caminho e de verdade, a vida é composta por um elemento que se move e por outro que nunca se move.

Para os gregos, o tempo é cíclico, segundo o mito do eterno retorno, algo que evoca Parménides; para os judeus, o tempo é retilíneo, algo que evoca Heráclito e o paradigma de Egito – Deserto – Terra Prometida.

O tempo humano seria uma fusão dos dois conceitos num só, a síntese entre o círculo e a reta. Esta síntese é um movimento helicoidal, que se move em círculo à volta de um eixo, mas avançando sempre, descrevendo uma reta no seu progresso. O movimento helicoidal é o que descreve a Terra girando à volta do Sol; o Sol move-se numa órbita à volta do centro da galáxia e arrasta consigo o nosso planeta. Portanto, o movimento que o nosso planeta faz à volta do Sol é helicoidal.

Por incrível que pareça, o ADN, o nosso código genético e o princípio sobre o qual a nossa vida se baseia, tem também esta forma. A vida a nível macrocósmico é helicoidal, e a nível microcósmico também. A vida é o caminho que descrevemos à volta da verdade que não muda. A vida é o processo de assimilação dessa verdade, é a mudança que essa verdade vai operando em nós, mudando-nos ao longo dos tempos, à medida que a nossa vida mais a assimila e a põe em prática. Como a verdade é Jesus, a noosa vida evolve a volta dele, como São Paulo diz configurar a nossa vida à dele. (Romanos 13, 14)

CAMINHO
Caminante, son tus huellas el camino y nada más; Caminante, no hay camino, se hace camino al andar. António Machado

Enquanto que os gregos primam pela arte e pela filosofia, os romanos primam pela organização do Estado e pela engenharia. Por isso, entre os impérios antigos, o seu foi o que mais tempo durou. Antes dos romanos, não havia caminhos. Como diz o poeta, fazia-se o caminho ao andar; ao passar muita gente muitas vezes pelo mesmo lugar, ia-se formando um caminho.

Os romanos foram o primeiro povo a construir caminhos, as famosas calçadas romanas. Desta forma, comunicavam as partes mais longínquas do império com Roma, a capital. Por isso surgiu o provérbio “Todos os caminhos vão dar a Roma”. Ainda hoje, o traçado de muitas estradas na Europa se faz sobre antigas calçadas romanas.

Continuam a fazer-se caminhos ao andar no mundo rural e nas montanhas; mas a maior parte dos caminhos estão feitos. No sentido existencial, o poeta só estaria certo se ele fosse Adão, ou seja, o primeiro homem. Mas não é esse o caso: cada pessoa que vive traça um caminho que pode ser seguido por quem vem a trás. É neste sentido que a vida de Jesus é para nós o caminho por excelência para viver com sentido.

Jesus como Sumo Sacerdote
Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. (…) O sumo sacerdote é um homem como qualquer outro, mas constituído para representar os homens nas suas relações com Deus. Hebreus 4,14-15; 5, 1

Os romanos inventaram também a ponte como a continuação do caminho para lá da outra margem do rio. Ironicamente, o título do imperador romano era o “máximo engenheiro de pontes”, “Pontifex Maximus” ou Sumo Pontífice, título que hoje é usado pelo Papa, sucessor de Pedro.

O sacerdote em todas as religiões, não só na religião judia, é aquele que intercede pelo povo diante de Deus e oficia os sacrifícios que o povo oferece a Deus para obter o Seu perdão e a Sua graça. Como intermediário entre Deus e o povo, o sacerdote faz de ponte entre Deus e o povo.

Sendo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, melhor ponte que Jesus não há. Por Cristo Sumo Pontífice, Deus vem ao mundo e o mundo vai a Deus. Como disse Sto. Ireneu, Deus fez-se homem, para que o homem se faça Deus. Deus vem até nós por intermédio do Seu filho, nós vamos até Deus por intermédio do filho de Deus.

Em toda a sua vida, Jesus fez de ponte entre a humanidade e Deus e, no fim dela, pela forma como saiu da vida abriu-nos definitivamente as portas da vida eterna. A morte era um beco sem saída, um destino final antes de Jesus; com a sua morte e ressurreição, Jesus abriu-nos o caminho para a eternidade; Ele, o primogénito de entre os mortos, fez da morte uma passagem para a vida eterna.

A comunidade cristã interpretou desde o princípio a morte de Cristo à imagem dos sacrifícios da antiga lei. A destruição do Templo de Jerusalém e o fim dos sacrifícios da antiga lei, assim como do sacerdócio antigo, no ano 70 veio confirmar esta interpretação. Para a carta aos Hebreus o sacrifício de Jesus é perfeito porque nele Jesus é o templo, o altar, o sacerdote e o cordeiro.

O templo é o lugar onde habita Deus; Jesus era o próprio Deus, por isso era um templo perfeito; o altar era o lugar dentro do templo onde se oferecia o cordeiro; Jesus é o altar porque o sacrifício acontece em si mesmo, não é exterior a si; o cordeiro devia ser sem mancha; Jesus foi em tudo igual a nós, exceto no pecado, por isso era um cordeiro perfeitíssimo; o sacerdote da antiga aliança, antes de oferecer um sacrifício pelo povo, devia oferecer um sacrifício por si mesmo para se purificar.

Jesus, como Sumo Sacerdote, era puro, não precisava de oferecer nenhum sacrifício por si mesmo; por outro lado, o sacerdote era um pontífice, uma ponte entre Deus e os homens, Jesus, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, ao mesmo tempo era a ponte perfeita entre Deus e o homem. Assim se conclui que não era possível melhorar o sacrifício de Jesus, pelo que vale para a humanidade de todos os tempos.

Jesus: caminho pelo qual Deus veio aos homens
Depois de ter deixado a família na Igreja para a Missa do Galo, um agricultor canadiano regressava a casa, fugindo da tempestade de neve que se avizinhava. De nada tinha valido a insistência da sua mulher para participar na missa. Para ele, a encarnação de Deus não fazia sentido. Enquanto dormitava ao calor da lareira, foi sobressaltado pelo embate de gansos na porta e nas janelas. Afastados pelo temporal da sua trajetória migratória para o Sul, estavam completamente desnorteados.

Movido de compaixão, abriu os portões do grande celeiro e começou a correr, a esbracejar, a assobiar, a gritar e a enxotá-los para que se abrigassem até a tormenta passar. No entanto, os gansos esvoaçavam em círculos, sem entenderem o que significariam o celeiro aberto e os gestos dramáticos do desesperado agricultor (que nem com migalhas de pão espalhadas na direção do celeiro os convencera). Derrotado no intento da salvação das pobres criaturas, suspirou: “Ah, se eu fosse ganso! Se eu falasse a sua linguagem!”. Ao ouvir o seu próprio lamento, recordou a pergunta que tinha feito à sua esposa: “Por que razão havia Deus de querer ser homem?”. E, sem querer, balbuciou a resposta: “Para o salvar!” … E foi Natal.

“Religião” vem do latim “religare”, que significa relacionar-se, estabelecer uma relação. Pela sua natureza, o homem sempre foi religioso e julgo que sempre o será. Sabendo-se precário e necessitado, o ser humano procurou sempre os favores da “divindade”. Assim, em todas as culturas, surgiram indivíduos que, considerados como tendo uma especial sensibilidade para se relacionar com o divino, se sentiram enviados por Deus – por exemplo, os profetas, na tradição hebraica.

Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. Hebreus 1, 1-2

Estes profetas nunca conseguiram, verdadeiramente, estabelecer uma ponte de comunicação entre o divino e o humano. Isto porque a Palavra de Deus, sendo transmitida por eles (homens com as suas características pessoais e inseridos num determinado contexto sociocultural), acabou por sofrer influência de muitas variáveis mediadoras (personalidade, preconceitos, estereótipos, padrões sociais), perdendo-se o significado da mensagem original.

Jesus de Nazaré é o caminho pelo qual Deus vem até nós para nos falar ao ouvido, para nos falar ao coração em pé de igualdade, não de cima para baixo, mas de irmão para irmão, de homem para homem. O criador faz-se criatura para falar de dentro da natureza humana; para falar com autoridade, como notaram os homens do tempo de Jesus, porque falava e fazia, porque falava e cumpria, porque falava e as coisas aconteciam.

João 15, 16 – Não fostes vós que me escolhestes - Como se diz em teologia, a nossa não é uma religião, pois não se trata do esforço que o homem faz para chegar até Deus, mas é antes uma revelação, porque é Deus que vem primeiro até nós, e se nos revela. Por isso, Jesus pode dizer ao apóstolo Filipe, quem me vê, vê o Pai.  

1 João 4:10 - Assim, nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amor com amor se paga diz o povo; o nosso amor por Deus é uma resposta ao amor divino, a única resposta, pois não cabe nenhuma outra. Portanto, porque a iniciativa é de Deus, a nossa não é uma religião, mas sim uma revelação.

Jesus: caminho pelo qual os homens vão a Deus
“Ninguém vem ao Pai senão por mim” - João 14, 6

Se Jesus de Nazaré é o Cristo, o filho de Deus, Ele é o único caminho pelo qual Deus veio até nós. Por isso mesmo não pode haver outro caminho pelo qual o homem possa ir até Deus. Não faria sentido que um fosse o caminho pelo qual Deus veio até nós, e outro fosse o caminho pelo qual o homem vai até Deus. Todos os caminhos são de ida e volta, por isso, se Deus veio até nós por meio de Cristo, por meio do mesmo Cristo nós iremos até Deus.

O propósito da encarnação de Deus pode ser lido na entrada e saída de Jesus na cidade de Jericó. Jericó é a cidade mais antiga do mundo, 8 000 anos de existência e é também curiosamente a mais baixa da terra, 500 metros a baixo do nível do mar. Por estas duas caraterísticas, Jericó representa na Bíblia o mundo em pecado. Isto mesmo sugere a parábola do bom Samaritano; o homem que foi assaltado por ladrões e malfeitores, descia de Jerusalém para Jericó, ou seja, descia da graça para o pecado.

Jesus entra em Jericó, ou seja, entra no mundo pecaminoso e vai instalar-se em casa de Zaqueu, ou seja, de um pecador. Jesus instalou-se no mundo pecador, chamou os pecadores a si, viveu, comeu com eles e tratou-os com a dignidade de filhos de Deus (Lucas 19, 1-2). Quando saía de Jericó, seguia-o uma grande multidão no caminho ascendente do pecado para a graça em Jerusalém (Marcos 10, 46-52). Assim se cumpria a razão da encarnação; Deus, por Cristo, veio ao mundo para que o mundo, pelo mesmo Cristo, fosse a Deus.

De muitas formas falou Deus pelos profetas - Todas as religiões se enquadram aqui; todos os líderes das religiões são catalisadores da vontade e dos desígnios de Deus para a humanidade; são revelações parciais da vontade de Deus. São, como se diz em teologia, “semina verbi”. Todas as religiões contêm em si mesmas sementes de verdade, pois todos os profetas eram enviados de Deus, mas não contêm a verdade toda. Se assim fosse, não haveria razão para enviar o seu próprio Filho.

Neste sentido, o cristianismo é um salto qualitativo; Jesus não é mais um profeta na longa lista de profetas, nem sequer é o último, como é Maomé na religião muçulmana. Jesus é o próprio Deus, é o filho de Deus. Não vem agregar mais ao que se conhecia de Deus, é Deus connosco para nos mostrar por palavra, obra e comportamento, o que Deus pretendia ao criar o homem.

Na parábola dos agricultores ingratos aos quais se tinha confiado uma vinha, (Mateus 21, 33ss) explica-se a relação entre os profetas e o filho de Deus. A vinha representa Israel ou o mundo, os servos enviados para recolher os frutos são os profetas que o mundo assassina; por fim, o dono envia o seu próprio filho. Jesus é a palavra definitiva do Pai.

Extra Christus nulla salus
Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. João 10, 16

Conhecendo o texto acima citado, não entendo como a Igreja se atreveu a dizer que fora dela não há salvação. Essa ideologia, pois não posso chamar-lhe de outra coisa, vigorou até ao Concílio Vaticano II. É certo que a Igreja é o corpo místico de Cristo, mas há mais marés que marinheiros. Cristo não se esgota na Igreja, a correspondência não é absoluta; para entendermos, a Igreja está toda contida em Cristo, mas Cristo é maior que a Igreja.

Cristo veio ao mundo não para transformar o mundo numa Igreja, mas sim para transformar o mundo no Reino de Deus. É mais importante ser membro do Reino de Deus que ser membro da Igreja. A Igreja está, ou deve estar, ao serviço do Reino de Deus como esteve o seu fundador. Pertencem ao Reino de Deus todos os homens de boa vontade, todos aqueles que, mesmo sem conhecer a Cristo, já o seguem, pois buscam ser cada vez mais humanos. Jesus não veio ao mundo para instituir uma nova religião; fundamentalmente veio ao mundo para ensinar os homens a ser homens e é neste sentido que é o caminho, a verdade e a vida.

Há, portanto, salvação fora da Igreja, mas não há salvação fora de Cristo. Mais uma vez, é isto o que quer dizer Jesus ao declarar-se caminho, verdade e vida e ao agregar que ninguém vai ao Pai senão por ele. Não faria sentido que Jesus, o filho unigénito de Deus, viesse ao mundo e para além dele houvesse outras alternativas de salvação. Para isso, não era preciso vir, seria não só uma extravagância, mas uma degradação de si mesmo.

A teoria de cristão anónimo de Karl Rhaner é a que melhor lida com esta matéria. Cristão e humano são dois adjetivos sinónimos; a medida do cristão é a medida do humano e a medida do humano é a medida do cristão. Como estes dois adjetivos são 100% equivalentes, todo o indivíduo de qualquer religião, assim como os agnósticos e ateus, na medida em que são autêntica e genuinamente humanos ou se esforçam por ser, são cristãos, mesmo sem ser batizados.

As outras religiões podem também dizer a mesma coisa: se rezo, jejuo e pratico a caridade dos muçulmanos, podem considerar-me um deles; seria então um muçulmano anónimo. E se medito e busco a perfeição espiritual, posso ser considerado um budista anónimo.

A salvação, no entanto, não vem por Buda nem por Maomé, mas por Cristo porque só ele é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. “Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Atos 4, 12.

Para ser salvo não preciso de ser membro da Igreja que ele fundou, mas basta esforçar-me por ser verdadeiramente homem como ele foi. Quando me esforço por ser verdadeira e genuinamente homem estou a imitar Cristo, mesmo sem o saber, estou a aceitá-Lo como caminho, verdade e vida.

De onde vimos e para onde vamos
… eu sou a porta das ovelhas. (…) Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. João 10, 7, 9

Quando os rebanhos em transumância não regressavam ao povoado, mas ficavam nas pastagens, fazia-se um aprisco com pedras ou estacas de madeira e o pastor dormia ou ficava de guarda na porta. Todas as ovelhas saíam por essa porta única para ir para as pastagens.  

As três perguntas que todo o ser humano se faz – de onde venho, para onde vou, que sentido tem a vida e a luz de Cristo como caminho, verdade e vida – têm resposta fácil. Venho de Deus, vou para Deus ou para a vida eterna que é a minha meta. O caminho e a porta para lá é Cristo, Ele é a verdade que devo abraçar, a verdade que deve configurar a minha vida para poder alcançar a vida eterna.

Somos caminhantes e peregrinos. Somos espiritualmente nómadas porque amamos a Deus sobre todas as coisas e pessoas e por isso não nos apegamos a nada nem a ninguém. “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura”. (Hebreus 13, 14)

De facto, o primeiro nome que os seguidores de Cristo tiveram estava relacionado com Cristo como caminho. Em Atos 9,2, diz-se que Paulo perseguia os da via, depois da sua conversão admitiu que era membro dos seguidores do caminho Atos 24, 14.

Jesus é o nosso GPS, pois quando nos medimos com Ele e com a sua palavra, sabemos onde estamos; reconhecemos os nossos pecados, os nossos defeitos e vemos o que nos falta para chegar a Ele. Um GPS diz-te onde estás e para onde queres ir, mostra-te o caminho até lá e como chegar lá.

VERDADE
Quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis.‘ A serpente retorquiu à mulher: ‘Não, não morrereis, porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal‘.» Genesis 3, 3-5

“Essa é a tua verdade, eu não penso assim” … Já todos nós ouvimos este argumento; mas afinal de contas quantas verdades há? Não é uma “contradictio in terminis” haver mais que uma verdade? Se há mais que uma verdade, onde fica o conceito de mentira?

O problema já vem de longe. Na Bíblia, conhecer significa dominar, controlar; o pecado dos nossos pais foi o equivalent do mito grego de roubar o fogo aos deuses; foi usurpar de Deus o critério do bem e do mal, prerrogativa que só a Ele pertencia e, para que tudo funcione bem cá em baixo, só a ele devia pertencer.

No contexto da ética ou moral, o papa Bento XVI fala muito da ditadura do relativismo. Se a verdade é plural, é impossivel a paz, a harmonia e o entendimento em sociedade. Quem se ergue a si mesmo como critério de verdade não tarda a cair na tentação de impor a sua “verdade” sobre a “verdade” dos outros. Assim fizeram os grandes ditadores; tudo o que Hitler, Estaline e outros fizeram, foi pensando que estavam a fazer o bem.

“Deus morreu, viva o super-homem” disse Nietzsche; quando Deus, deixa de ser Deus todos querem ocupar o seu lugar e não tardam a surgir outros para impor o seu próprio conceito arbitrário de verdade, justiça, amor e bondade e o mundo transforma-se num autêntico pandemónio.

Depois de o homem usurpar de Deus o critério do bem e do mal, todos os outros valores deixam de ser absolutos, para sere relativos, convencionais, arbitrários e subjetivos; todo o indivíduo é deus de si próprio e, se puder, também do outro, e de todos os que poder reunir à sua volta, pelo que pela primeira vez o homem sente-se nu e com necessidade de se proteger dos seus semelhantes.

Já os romanos tinham medo da arbitrariedade dos ditadores quando disseram “Dura lex sed lex”; a lei é dura, mas é a lei – uma bitola comum a todos e igual para todos. A arbitrariedade de um ditador é bem mais dura que a lei.

A verdade, a justiça, o amor, o bem… Todos os valores humanos são atributos de Deus. Ele e só Ele é justo, verdadeiro, amoroso e bom (Cfr. 1 João 2,29). Para serem mais evidentes e imitáveis, estes valores foram encarnados na pessoa de Jesus, o filho de Deus. Ele é o caminho, a verdade e a vida; ou seja, o único caminho, a única verdade e a única vida, pois como ele próprio diz, quem não recolhe comigo, dispersa (Lucas 11, 23); não é que recolha com outro porque não há nenhuma alternativa igualmente válida, para todo o ser humano, à vida que Jesus nos aponta, a qual ele próprio testemunha e incorpora.

Quem busca a verdade ouve a minha voz (João 18,37). Ele é o padrão de tudo o que é humano; quem quiser medir o seu grau de verdade, justiça, bondade e amor é com Cristo que tem de se comparar. Quem quiser saber o quão humano ou inumano é, tem de se medir em relação a Cristo.

Quando todos se submetem e amam a Deus, que é o critério último de todos os valores, o supremo bem, justiça, amor e bondade, tem lógica que amemos o próximo como nos amamos a nós mesmos; todos os que se dirigem a Deus como Pai têm-se como irmãos entre si.

Verdade e natureza humana
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / muda-se o ser, muda-se a confiança; / todo o mundo é composto de mudança, / tomando sempre novas qualidades. Luís de Camões

Tudo é relativo, dizemos, tudo muda, tudo passa de moda, mas há algo que permanece. Há algo que ao longo dos séculos não mudou: a Natureza Humana. Esta assenta nos valores que a compõem. Estes valores são atributos de Deus, como dissemos estes valores não mudam. O conceito de amor, de verdade, de justiça, de fraternidade, de generosidade etc. são valores fixos.

O que era amor no tempo de Cleópatra, é o mesmo do tempo de Romeu e Julieta é o mesmo do tempo de Jesus. “Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos” é um valor universal, atemporal e eterno.

Se assim não fosse, se a Natureza Humana fosse suscetível de mudança ao longo do tempo, ou seja, de geração em geração ou ao longo do espaço, de cultura para cultura, de civilização para civilização, Cristo teria que encarnar em cada cultura e em cada geração para ser a palavra de vida para essa geração. A Bíblia não poderia ser atemporal e universalmente válida, mas caducaria como qualquer produto do mercado, quando com o andar dos tempos ou a passagem de uma cultura a outra, a natureza humana mudasse.

Vim ao mundo para ser testemunha da verdade. Quem é da verdade ouve a minha voz. João 18:37

Como só existe uma natureza humana, só existe uma forma de viver a vida, só existe uma verdade que se ajusta a essa natureza humana e como a natureza humana não muda ao longo dos séculos, então também a verdade que se ajusta a esta natureza humana não muda. Essa verdade é a Palavra de Deus encarnada em Jesus Cristo, é o verbo feito carne para todos os tempos e todos os lugares.

Com a sua vida, com a sua palavra, com o seu comportamento e forma de viver, Jesus dá testemunho da verdade, ou seja, encarna a verdade de tal forma que é o padrão da vida humana, o paradigma, o arquétipo, o caminho, a verdade e a vida.

“Que é a verdade?”, pergunta Pilatos e ele mesmo, sem saber, respondeu ao dizer ecce homo, a verdade é uma pessoa, a verdade para a natureza humana é a Palavra de Deus, é Cristo o caminho, é o processo de configurar-se com Cristo. Como diz são Paulo, este é o caminho.

Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos. Salmo 119, 30

“Quando nasce a panela, nasce o testo para ela”, nasce o ser humano, a natureza humana. A verdade é tudo o que se ajusta a esta natureza humana, é como esta natureza humana deve ser vivida. Uma máquina funciona de determinada maneira, nenhuma máquina funciona de diferentes maneiras, mas só de uma. O melhor funcionamento da máquina é o que melhor se ajusta à sua natureza.

O ser humano é o computador, o hardware; a verdade é o sistema operativo que faz funcionar o computador; a vida são os diferentes programas que funcionam com base no sistema operativo, as diferentes vocações, as diferentes formas de viver a vida.

… Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo diz S. Paulo aos Romanos 13, 14; como se Cristo fosse a roupa que nós devemos vestir; Cristo é a roupa que nos serve, adequada à nossa natureza humana. Não há outra marca de roupa que podamos usar que se ajuste à nossa natureza humana e que nos leve à vida com Cristo.

Como dizia alguém, Deus perdoa sempre, o homem às vezes, a natureza não perdoa nem esquece. Isto é válido tanto para a Natureza ecológica do nosso planeta como para a natureza do nosso organismo, físico, da nossa mente, do nosso espírito. Tomemos por exemplo o funcionamento do nosso fígado; pode sintetizar uma determinada quantidade de álcool mas, se bebermos mais que essa quantidade, tarde ou cedo pagaremos o preço de ter ido contra a natureza humana.

O mesmo com o açúcar, o nosso organismo contrabalança o açúcar que ingerimos com a insulina, mas se abusarmos continuamente do consumo de açúcar, chegará um tempo em que o nosso pâncreas não conseguirá fabricar a insulina necessária para neutralizar a quantidade de açúcar ingerida.

Todas as funções do nosso organismo requerem um comportamento do indivíduo que seja adequado a manter o equilíbrio dado pela natureza ao nosso organismo; os abusos pagam-se caros. O nosso organismo, como qualquer máquina, tem uma maneira de funcionar, não tem duas maneiras igualmente válidas de funcionar.  

Veritas vos liberavit, a verdade libertar-vos-á
Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade libertar-vos-á. João 8, 31-32

A mensagem de Cristo é composta por três partes: pela sua pregação ou doutrina, ou seja, por tudo o que Ele disse; por tudo o que fez, pelos seus milagres e obras pois, como Ele próprio disse, as pessoas conhecem-se pelas suas obras como as árvores pelos seus frutos (Cf. Mateus 7, 16); e, por fim, pela forma como ele se comportou em todas as situações da sua vida. Tudo isto é normativo para nós, tudo isto é “Caminho, verdade e vida” (João 14, 6), tudo isto é natureza humana.

O Criador fez-se criatura para ensinar os homens a ser homens. Na sua vida, Jesus revela a natureza humana e a forma de a viver; Ele é o padrão da natureza humana: quem quer ser autêntico e genuinamente humano mede-se por Ele. É neste sentido que devemos interpretar “a verdade vos fará livres”. Conhecimento é poder e controlo, conhecer a verdade das coisas significa poder controlá-las, ter poder e exercer esse poder sobre elas.

Em Psicologia, dizemos “o que sabes sobre ti, em especial sobre o teu inconsciente ou vida passada, consegues controlar; o que não sabes, controla-te a ti”. O conhecimento da natureza que te rodeia, da própria natureza humana a nível físico, espiritual e psicológico, dá-te liberdade, pois podes dominá-la e assim saber o que pode acontecer; conheces também os limites e, dentro desses limites, és livre, pois a liberdade absoluta não existe; sabes até onde podes correr, o que podes ou não podes comer, a quantidade de álcool que podes beber, etc. O conhecimento da verdade das coisas emancipa-te delas, deixando tu de estares à sua mercê; passas a não ser dominado por elas, és livre, independente e autónomo.

VIDA
Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome. Salmo 86, 11
• Far-me-ás ver o caminho da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente.
Salmo 16, 11
• Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
João 1, 3-5
• Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 3, 16
• Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.
João 6,35
• Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.
João 10, 10
• Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá.
João 11, 25-26

Não somos proprietários do bem mais precioso que temos, a vida. Nada fizemos para a ter, os nossos pais não no la deram, mas apenas a transmitiram, pois a que eles tinham também não era deles. Como nada fizemos para a ter, nada podemos fazer para a reter. A vida vem de Deus e volta para Deus. Deus expira e começamos a viver, inspira e deixamos de viver. A vida neste sentido não é um dom, pois nunca chegamos a possuí-la, mas sim um empréstimo; um empréstimo que recebemos que deve render juros para quem no la emprestou, Deus. (Mateus 25, 14-30)

Não há vida fora de Deus nem há vida sem Deus; Nele está a fonte da vida, sem Ele nada podemos fazer. Só Ele tem o antídoto contra a morte, pois Ele é o primogénito de todos os mortos, inaugurou a vida eterna para nós. Deus criou-nos do nada e, sem Deus, voltamos ao nada, à morte eterna. Só por Cristo e em Cristo a nossa vida temporal pode estender-se eternamente, se aceitarmos ser irmãos Dele, filhos adotivos do seu Pai.

Não não somos mais que criaturas de Deus e, como tal, estamos destinados à morte. Como tudo o que Deus criou, nascemos, crescemos, reproduzimo-nos e morremos. Não somos, em princípio, filhos de Deus, pois Deus só tem um filho gerado e não criado como diz o Credo. Pelo contrário, somos criados, não gerados; portanto somos criaturas, não filhos. Uma coisa é criar, outra é gerar; porém Jesus ofereceu-nos a sua irmandade e deu-nos o seu Pai como Pai adotivo.

No direito romano que, no caso da adoção é o que vigora no mundo, os filhos adotivos têm os mesmos direitos que os gerados e, em caso de herança, recebem também a mesma herança; assim nós, como filhos adotivos de Deus Pai, recebemos em herança a vida eterna com Ele, ao lado do Seu filho gerado, Jesus Cristo.

A vida como processo de assimilação da verdade
E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. Apocalipse 10, 9-10

A Palavra de Deus é a verdade inalterável, o pão do Céu, o pão que leva ao Céu; quem o comer viverá eternamente. Esta Palavra é doce ao paladar, pois soa bem aos ouvidos. Como é a verdade da vida é lógica, tem peso e medida, impõe-se por si mesma. Não há dúvida que mesmo do ponto de vista do ateísmo ou do agnosticismo, a narrativa dos evangelhos é incomparável com qualquer outra narrativa de vida humana e sobrepõe-se de longe a qualquer outra.

A digestão, a assimilação desta palavra, o encarnar esta palavra e transformá-la em comportamento do nosso dia a dia, não é coisa fácil. A Palavra eterna de Deus é o elemento estático da nossa vida. O processo de a assimilar, de a encarnar, é o caminho da nossa vida, é elemento de mudança, de movimento.

A nossa vida é o caminho ou processo de nos revestirmos de Cristo, como diz S. Paulo; é isto que significa ser cristão. Uma tarefa que nunca está acabada pois nunca o somos totalmente, estamos sempre em processo, a caminho de o ser plenamente.

No mundo antigo havia duas conceções do tempo: a grega cíclica, baseada no mito do eterno retorno, no suceder das quatro estações do ano, ou mesmo no movimento da Terra à volta do sol. Ao contrário dos gregos, os judeus tinham uma conceção retilínea do tempo; o tempo humano é um tempo histórico formado por um passado, um presente e um futuro: os judeus baseavam a sua filosofia do tempo no arquétipo histórico da saída do Egito e do caminhar pelo deserto em direção à Terra Prometida.

O tempo cristão é a união do círculo e da reta, resultando num movimento helicoidal; ao mesmo tempo circular porque se move em círculo, e retilíneo porque avança de trás para a frente, do passado para o futuro. Neste movimento helicoidal está a verdade do ponto de vista cósmico: o nosso planeta é arrastado pelo sol que orbita à volta do centro da nossa galáxia; por isso o movimento que a terra descreve não é elíptico, pois o sol também se move, mas helicoidal. O movimento helicoidal representa também, a nível biológico microscópico, o nosso código genético; os genes que constituem a verdade do nosso corpo dispõem-se desta forma dentro do nosso ADN.  

Um ano é constituído por 365 dias ou rotações à volta do Sol – Sol que é Cristo, que ilumina e dá sentido à nossa vida, que é o princípio e é o fim, quer do Universo quer das nossas vidas individuais. Cristo é a verdade, a constante durante toda a nossa vida, é o eixo à volta do qual gravitamos para obter vida, tal como a Terra faz com o Sol.

Cada ano que passa, meditamos em torno do mistério de Cristo, desde a sua Encarnação até à sua Morte, Ressurreição e Ascensão aos céus. Em última análise, para irmos saindo do nosso “Egito” pessoal, configurando a nossa vida cada vez mais com a Dele, no sentido de um dia chegarmos à Terra Prometida e podermos dizer como S. Paulo: “Já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim”. (Gálatas 2,20). Jesus é o caminho e a verdade que leva à vida.

Conclusão: A vida cristã é um longo e sinuoso caminho ou processo de assimilar e encarnar a verdade que é Cristo enquanto giramos à sua volta, pois só nele vivemos e nos movemos e temos o nosso ser. (Atos 17,28).

Pe. Jorge Amaro, IMC





 

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