15 de março de 2014

Migrantes & Emigrantes por causa do Evangelho

O Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar Génesis 12,1

Quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la. Marcos 8, 35

Num dos concelhos mais fustigados e desertificados pela Emigração, como é Ribeira de Pena do distrito de Vila Real, nós os Institutos Missionários Ad Gentes, fizemos uma Semana Missionária sob o lema Migrantes & Emigrantes por causa do evangelho. Desde os descobrimentos, o país que “deu novos mundos ao mundo” tem também contribuído para o seu povoamento. Há Portugueses em todos os países do mundo. Alguém dizia que os Portugueses têm um berço muito pequenino mas um cemitério muito grande.

 “Dilatar a fé e o império”
Quando começamos a ser destino de imigrantes de outros países, porque apesar de pobres pertencemos a um clube de ricos, a Comunidade Europeia, pensávamos que a sangria do nosso país tinha acabado, mas eis que nos deparamos com a crise financeira atual e somos impelidos, e até mesmo convidados pelos nossos governantes, novamente a emigrar.

Logo após ganhar a identidade geográfica a mesma de há mais de 900 anos, que ainda hoje possuímos, de costas para a Europa fizemo-nos ao mar. Para Camões, legítimo intérprete da alma do povo Português, a razão última que nos levava a aventurar e sair da nossa terra, mar adentro à procura de novas terras e novas gentes, foi sempre “Dilatar a fé e o império”.

De facto nas nossas caravelas, entre nobres e burgueses comerciantes, iam também missionários. Um dos grandes missionários de todos os tempos, São Francisco Xavier, viajou nas nossas caravelas rumo à Índia e depois até às portas da China. Somos portanto, desde sempre, um país de emigrantes e de missionários.

Migrantes por causa do Evangelho
Como muitos outros concelhos do interior, Ribeira de pena, é vítima da migração, do interior para o litoral, do campo para a cidade; aquele tipo de migração que fez nascer a expressão, “Portugal é Lisboa, o resto é paisagem”.

Usando a migração como metáfora da Nova Evangelização, o primeiro objectivo da semana missionária era fazer passar a ideia ou espevitar a consciência de que todo cristão é missionário ou seja migrante que sai fora de si pelo evangelho.

A semana iniciou com a cerimónia do envio presidida pelo bispo de Vila Real Dom Amândio, que enviou os missionários de tocha na mão, simbolizando a luz do evangelho, às diversas paróquias do concelho.

Para encerrar a semana o povo, de cada uma das paroquias e aldeias do concelho, reuniu num ponto diferente, nas aforas de Ribeira de Pena, e caminhou, rezando o Terço Missionário, até um ponto estratégico onde se encontraram todas as comunidades. A partir desse ponto todas as comunidades unidas, cerca de 300 pessoas, iniciaram uma Via-Sacra em direção à Igreja do Salvador onde, para rematar a semana missionária, foi realizada uma adoração e bênção do Santíssimo.

Ca – fé a que nos salva
Além da caminhada juvenil ao santuário de nossa Senhora da Guia, a visita aos doentes de todo o concelho, um momento alto, e diferente da semana, foi o encontro em vários cafés das várias comunidades. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”. Se as pessoas não vão à Igreja a Igreja vai às pessoas.

Os temas de diálogo divergiam: nos cafés mais rurais centravam-se mais na prática da religião; no café Black & White, frequentado mais por jovens, o diálogo centrou-se sobre temas mais fundamentais e filosóficos, a existência de Deus, o sentido da vida, o aborto, religião cristã versus religião muçulmana… A experiência foi positiva e é de repetir.

Emigrantes por causa do Evangelho
Para além da migração, do campo para a cidade, Ribeira de Pena foi também assolada com a emigração para o estrangeiro, sendo a França o destino mais escolhido. Hoje todo o concelho não tem mais de 6 mil habitantes. Isto não nos impediu de convidar o povo a participar na Missão sem fronteiras, a Missão Ad gentes, especialmente pela oração…

Usando a emigração como metáfora da Evangelização Ad Gentes, o segundo objectivo da semana missionária era renovar o apelo de Cristo “Ide e fazei discípulos de todas as nações” que é o lema da diocese de Vila Real para este ano.

Partir para o desconhecido é difícil tanto para emigrantes como para missionários, ambos sentem o medo e partem na esperança de que tudo irá correr bem; o emigrante parte para receber, o missionário parte para dar. Difícil é também deixar a própria terra, a família e os amigos, diferentes são as motivações, o emigrante é impelido pela necessidade, o missionário é impelido pela fé e pelo amor. Enquanto o emigrante vai ganhar a vida, o missionário vai dar a vida.

Oração da Semana Missionária
Senhor Jesus Cristo,
que disseste aos vossos apóstolos
“Ide e fazei discípulos”,
enviai sobre nós o vosso Espírito
e renovai em nossos corações
o vosso mandato missionário
para sermos mensageiros do evangelho
e profetas da esperança e do amor
e assim como Maria vossa mãe,
num sim dócil e obediente à vossa vontade,
pela palavra e pelo exemplo
façamos discípulos de todas as nações.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 comentário:

  1. Um rico momento amigo Jorge ,um povo como o nosso e missionário e emigrante duas formas de abraçar a vida ,cada uma a sua maneira mas fundamental como realização de vida ,um grande abraço

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