1 de outubro de 2025

Crucifixação e Morte

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No quinto Mistério Doloroso, contemplamos a crucificação e morte de Jesus.


Do Evangelho de São João (19, 25-30)
Junto à cruz de Jesus, estavam de pé Sua Mãe, a irmã de Sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Então Jesus, ao ver a Mãe e, próximo, o discípulo que Ele amava, disse à Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E, a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.

Depois disto, sabendo Jesus que já tudo estava consumado, para que se cumprisse a Escritura, disse: «Tenho sede!». Estava ali um vaso cheio de vinagre; então, colocando uma esponja cheia de vinagre num ramo de hissopo, levaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Está consumado!». E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

Comentário de São Bernardo
Só Ele tinha o poder de dar a vida; ninguém lha podia tirar. E, depois de receber o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado!», ou seja: nada mais havia a fazer, não havia mais nada a esperar. E, inclinando a cabeça, Aquele que foi obediente até à morte expirou. Morrer desta forma revela uma grande virtude. Assim devemos também nós morrer, dizendo: «Tudo está consumado», ou seja, após o arrependimento e a confissão, dizer: «Jesus, José e Maria, a vós entrego a minha alma».

Meditação 1
Abandonado pelo Seu povo, pelos amigos, discípulos e apóstolos, crucificado entre dois malfeitores, Jesus sentiu, no final, que até Deus O tinha abandonado, talvez por causa do peso dos pecados da humanidade que caíam sobre Ele. No entanto, manteve a Sua esperança em Deus e não desesperou. Foi ao mesmo Deus, que parecia ter-Lhe virado as costas, que Jesus entregou o Seu espírito.

Na Síndone de Turim podemos ver o resultado final de tudo isto. O rosto de Jesus, ali impresso, revela um homem que sofreu com resignação, paciência e fortaleza, aceitando tanto os desígnios do Pai quanto a condenação da humanidade.

Observamos o rosto de alguém acostumado ao sofrimento, mas que, mesmo no momento em que todas as razões para a esperança pareciam esgotadas, não desesperou. Foi nesse instante, no qual Jesus se sentiu abandonado até por Deus, que experimentou a mais terrível solidão que qualquer ser humano poderia vivenciar.

O aparente abandono do Pai foi experimentado por Jesus como uma prévia do inferno ao qual nós, pecadores, estávamos destinados. Ele viveu essa experiência para que nós não precisássemos passar por ela.

Contemplando este rosto na Síndone de Turim, o Papa Paulo VI exclamou: «O meu coração diz-me que é Ele, que é o Senhor!».

Meditação 2
Jesus gritou com uma voz forte: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?» (Marcos 15, 34). Foi a partir do cristianismo que se tornou possível afirmar que Deus é amor e que nos ama. “Quem se obriga a amar, obriga-se a padecer”.

Já desde os anos de adolescência, quando pela primeira vez vemos o nosso coração partido ao amar alguém que não nos corresponde, compreendemos que o amor é como uma moeda: de um lado, a alegria; do outro, o sofrimento. Se Deus nos ama, só poderia provar esse amor sofrendo e morrendo por nós. E assim foi: Jesus afirmou que «ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos».

«Se a Mim Me trataram mal», disse Jesus também a vós vos maltratarão (Mateus 10, 15) – Pelo que, se nunca sofreste pelo Evangelho, não és um cristão autêntico. Não haveria razão para sofrer pelo Evangelho se o mundo fosse justo, verdadeiro, pacífico e fraterno. Mas o mundo não é assim; não vive os valores do Evangelho. E aquele que os vive, mais cedo ou mais tarde, enfrentará o mundo e pagará o preço pela sua vivência, tal como Jesus.

Oração
Senhor Jesus,
ao contemplarmos a Tua cruz, 
sentimos o peso do Teu amor por nós, 
um amor que se entregou sem reservas, 
até ao último suspiro. 
Tu foste abandonado pelos Teus, 
suportaste a dor e a solidão, 
mas nunca deixaste de confiar no Pai. 
Ensina-nos, Senhor, a confiar em Ti nas horas mais sombrias, 
quando o peso da vida parecer insuportável 
e o desespero se aproximar.

Ajuda-nos a aceitar as nossas cruzes 
com a mesma serenidade e entrega que Tu aceitaste a Tua. 
Que possamos reconhecer, mesmo no meio da dor, 
que o Teu amor nunca nos abandona 
e que, como fizeste, podemos entregar tudo nas mãos do Pai.

Dá-nos a coragem de viver segundo o Evangelho, 
mesmo que isso signifique 
enfrentar a incompreensão e a rejeição do mundo. 
E quando sentirmos que estamos sozinhos, 
lembra-nos de que a Tua cruz está sempre presente 
como sinal de esperança e salvação.

Senhor, que a Tua morte na cruz seja para nós 
a certeza da vida eterna 
e da Tua misericórdia infinita. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC