No quinto Mistério Luminoso contemplamos a Instituição da Eucaristia.
Do Evangelho de São Mateus (26, 26-28):
«Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, pronunciando a bênção, partiu-o e, dando-o aos discípulos, disse: “Tomai, comei, este é o meu corpo”. Tomando então um cálice e, dando graças, deu-lho dizendo: “Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da aliança, derramado em favor de muitos para o perdão dos pecados.”»
Comentário de São Leão Magno:
"A nossa participação no Corpo e Sangue de Cristo visa transformar-nos naquilo que recebemos. Porém, não basta recebê-lo, devemos tornar-nos dignos, abandonando o pecado e trilhando o caminho da cruz."
Meditação 1
"Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou pão e, dando graças, partiu-o e disse: “Isto é o Meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. (1 Coríntios 11, 23-25)
Paulo escreve aos cristãos de Corinto para os advertir de que as divisões e desigualdades dentro da comunidade comprometiam o verdadeiro sentido da celebração da Eucaristia e ameaçavam a unidade da Igreja.
Sem Eucaristia, não há Igreja, e sem Igreja, não há Eucaristia. A Eucaristia é, antes de mais, a reunião dos cristãos, esta comunidade fundada por Jesus e chamada Igreja. Os cristãos, como membros do Corpo de Cristo, celebram a vida, morte e ressurreição de Jesus, conforme Ele nos ensinou.
Se um dia a Eucaristia deixar de ser celebrada, nesse dia a Igreja deixará de existir. Assim como uma associação cujos membros nunca se reúnem desaparece, da mesma forma a Igreja deixaria de existir sem a celebração da Eucaristia — a memória viva do nascimento, vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus.
A Eucaristia é o coração da Igreja. No corpo humano, o coração impulsiona o sangue, enviando-o às células e recebendo-o de volta. Da mesma forma, a vida do cristão é um constante movimento entre a Eucaristia e o mundo. Antigamente, no final da missa em latim, o sacerdote dizia “Ite, missa est”, que significava “podeis ir, a missa terminou”, mas também implicava: “A missa terminou, agora começa a missão.”
Meditação 2
"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só; mas, se morre, dá muito fruto. Quem se apega à sua vida, perdê-la-á" (João 12, 24-25). Jesus interpretou a sua própria morte como a de um grão de trigo que, para dar fruto, precisa morrer; tem de renunciar a si mesmo e entender que a sua vida não é para si, mas para os outros, para servir um valor maior.
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”, disse Jesus. Assim como uma mãe dá a vida pelo seu filho, no início, o alimento do bebé provém do corpo da mãe. A palavra "mamã" vem de "mama", o seio que nutre. E quando a criança cresce, o primeiro alimento sólido é a papa, feita dos cereais cultivados pelo pai, a quem o bebé aprende a chamar "papá".
A cadeia alimentar é composta por seres vivos que se alimentam uns dos outros. A vida só se alimenta de vida. Vivendo neste planeta, estamos sujeitos às leis da natureza. Assim, da mesma forma que temos de matar para manter o corpo vivo, precisamos morrer para encontrar sentido na vida, como o grão de trigo.
Ou seja, para viver com sentido, devemos gastar a nossa vida a serviço de algo maior que nós. Beethoven foi alimento para a música, assim como Gandhi foi para a não-violência e Nelson Mandela para a luta contra o racismo. E nós? De que somos alimento?
A Eucaristia, além de manter a Igreja como comunidade continuadora da missão de Cristo na terra, encerra também o sentido da vida humana. Participamos na Eucaristia para nos tornarmos mais eucarísticos, entregando a nossa vida em serviço e amor ao próximo.
Oração
Senhor Jesus,
que na Última Ceia nos deixaste o dom da Eucaristia,
o Teu Corpo e o Teu Sangue entregues por amor,
ajuda-nos a viver esta presença viva e transformadora no nosso dia a dia.
Que, ao comungarmos do Teu Corpo,
sejamos transformados à Tua imagem,
renunciando ao pecado e abraçando o caminho da cruz com humildade e gratidão.
Que, assim como o grão de trigo, saibamos morrer para nós mesmos,
para que a nossa vida frutifique em amor, serviço e entrega ao próximo.
Ensina-nos, Senhor,
a sermos mais eucarísticos,
tornando-nos instrumentos da Tua paz,
testemunhas da Tua justiça,
e sinais vivos do Teu Reino no mundo.
Que, ao participarmos na Eucaristia,
sejamos enviados em missão,
levando a Tua luz e o Teu amor a todos os que encontramos,
para que o Teu Reino de fraternidade, justiça e paz cresça entre nós. Amém.
Pe. Jorge Amaro, IMC