15 de abril de 2025

Batismo de Jesus

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No primeiro Mistério Luminoso contemplamos o Batismo de Jesus


Do Evangelho de São Marcos (1, 9-11):
Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão. E, imediatamente, ao sair da água, viu os céus abertos e o Espírito, como uma pomba, a descer sobre Ele. E dos céus surgiu uma voz: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.»

Comentário de Santo Ambrósio
"Apenas um se submergiu; quando Ele desceu, toda a humanidade desceu com Ele... Um só tomou sobre si os pecados de todos, para que n'Ele os pecados de todos fossem perdoados."

Meditação 1
Pouco sabemos sobre a vida de Jesus antes do início do Seu ministério público. Não é verosímil que Jesus tenha começado do nada; é provável que Ele se tenha associado ao movimento de João Batista, que perdoava os pecados com um batismo de água, sem a necessidade de oferecer sacrifícios no Templo de Jerusalém.

Embora Jesus fosse sem pecado, ao submeter-Se ao batismo, identifica-Se com a humanidade pecadora. O batismo de João era um símbolo de arrependimento, e ao ser batizado, Jesus demonstra solidariedade com os pecadores, assumindo plenamente a condição humana.

O Filho de Deus na fila dos pecadores!  Ele, igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus 4, 15), deixa-se batizar. No batismo, Jesus revela-nos o Seu modo de ser: assumir a condição humana até ao extremo, descer sempre, para revelar ao mundo a Sua verdadeira identidade – ser o Filho muito amado de Deus.

Meditação 2
Depois de batizado, Jesus saiu da água, e eis que os céus se rasgaram. A seguir, dá-se uma manifestação explícita da Trindade:

  • O Filho: Jesus é batizado.
  • O Espírito Santo: Desce em forma de pomba, simbolizando a unção de Jesus para a Sua missão.
  • O Pai: Uma voz do céu declara: "Este é o meu Filho amado, em quem pus toda a minha complacência" (Mateus 3, 17). Esta revelação trinitária confirma a identidade de Jesus como Filho de Deus e Messias prometido.

Jesus, ao ser batizado, expressa plena submissão à vontade de Deus Pai. Ele declara publicamente que está pronto a cumprir a Sua missão redentora, aceitando o caminho do sofrimento e da cruz. Esta obediência será uma constante em toda a Sua vida, culminando na paixão e morte.

O batismo marca o início do ministério público de Jesus. A partir deste momento, Ele começa a pregar, a realizar milagres e a ensinar sobre o Reino de Deus. Este evento inaugura uma nova fase na Sua missão de redenção.

Oração
Senhor Jesus,
que Te submeteste humildemente ao batismo no rio Jordão,
mostrando-nos o caminho da obediência e do amor,
ajuda-nos a seguir o Teu exemplo,
identificando-nos com os mais necessitados,
com os pecadores, e com aqueles que mais sofrem.

Tu, que és o Filho amado de Deus,
revela-nos, no silêncio do nosso coração,
a nossa própria identidade como filhos e filhas de Deus,
e dá-nos a força do Espírito Santo,
para vivermos plenamente a missão
que nos confiaste no nosso batismo.

Que, como Tu, possamos descer,
servindo e amando com humildade,
para que, na nossa entrega,
também os céus se abram e se revelem àqueles que tocamos com amor.

Pai celestial,
que no batismo de Teu Filho proclamaste o Teu agrado,
que também nós possamos ser motivo de alegria para Ti,
através da nossa vida de fé, esperança e caridade.

Que a Tua vontade seja sempre o nosso guia
e que o Teu Espírito nos fortaleça
na caminhada rumo à Tua promessa de vida eterna. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de abril de 2025

Perda e Encontro

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No quinto Mistério Gozoso, contemplamos a perda e o reencontro do menino Jesus no templo.


Do Evangelho de São Lucas (2, 41-47)
Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa e, quando Ele fez doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Completados os dias, quando regressavam a casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os seus pais soubessem.

Pensando que Ele estava na caravana, percorreram um dia de caminho, procurando-o entre os parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. E aconteceu que, três dias depois, o encontraram no Templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam estavam maravilhados com a sua inteligência e as suas respostas.

Ao vê-lo, ficaram perplexos, e sua mãe disse-lhe: «Filho, por que nos fizeste isto? Eis que o teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura». Ele respondeu-lhes: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?»

Comentário de Simeone Metafraste

A Virgem menciona São José como pai adotivo, mas Jesus aproveita a ocasião para se referir ao verdadeiro Pai, que é Deus. Esta passagem ensina que o olhar de Maria deve elevar-se das coisas terrenas para as celestiais. Ao permanecer no Templo, Jesus mostra que o amor a Deus deve ser mais forte que o amor natural que sentimos pelos nossos pais.

Meditação 1

«Por que me procuravas? Não sabias que eu devia tratar dos assuntos de Meu Pai?» Esta foi a resposta de Jesus à sua Mãe, depois de três dias de busca angustiante, quando o encontrou no Templo.

Estas são as primeiras palavras do Verbo encarnado registadas no Evangelho. Com elas, Jesus resume a sua pessoa, vida e missão. Revelam a sua filiação divina e testemunham a sua missão sobrenatural. Toda a vida de Cristo será uma explicação grandiosa do significado destas palavras.

São Lucas continua a dizer-nos que Maria "não compreendeu a palavra que Ele lhe disse". Apesar de não entender o pleno significado, Maria sabia que Jesus era o Filho de Deus e submeteu-se em silêncio à vontade divina, aceitando o sacrifício que o seu amor exigia.

"Maria guardava todas estas palavras no seu coração", onde, como num tabernáculo, adorava o mistério que nelas estava contido, esperando a luz do entendimento.

Meditação 2
Quantos perderam Jesus e não vivem aflitos, como deveriam! Muitos acreditam na existência de Deus, mas vivem como se Ele não existisse. Em suas casas, não há qualquer objeto ou imagem religiosa, e o pensamento de Deus nunca lhes ocorre. Muito menos o amor a Deus ou ao próximo. Vivem para si mesmos, como se nunca tivessem de morrer, e correm o risco de morrer sem jamais terem vivido.

O caminho para a vida humana autêntica passa por Jesus, pois Ele é o único Caminho, a Verdade e a Vida. Só quem semeia felicidade à sua volta é verdadeiramente feliz. A felicidade individual surge como reflexo de um bom desempenho na sociedade e da realização pessoal. Quem não é útil aos outros, não encontra propósito.

O católico apenas de nome é aquele que "perdeu Jesus no Templo", ou seja, deixou de participar na Eucaristia Dominical. Assim, o lugar onde o perdeu é o lugar onde o pode reencontrar. Sem a Eucaristia, não há Igreja; sem a Igreja, Cristo desaparece da face da Terra.

Oração
Senhor Jesus,
Tal como os teus Pais, aflitos, Te procuraram no Templo,
nós também buscamos a Tua presença
quando nos sentimos perdidos no caminho da vida.
Ajuda-nos a recordar que o verdadeiro encontro contigo
acontece quando voltamos o nosso coração à Tua casa,
à Tua Palavra e à Tua Eucaristia.

Dá-nos a graça de não viver como se estivesses distante,
mas de reconhecer-Te em cada momento,
em cada gesto de amor e serviço ao próximo.
Que o nosso amor por Ti
seja mais forte do que qualquer apego terreno,
que saibamos ouvir a Tua voz e seguir o Teu caminho.

Maria, Mãe Santíssima,
que guardaste as palavras do Teu Filho no silêncio do coração,
ensina-nos a aceitar a vontade de Deus,
mesmo quando não compreendemos completamente os Seus planos.
Que, como tu, possamos sempre confiar
e guardar a fé em cada circunstância da nossa vida.

Senhor, reacende em nós o desejo de Te procurar sempre,
e que, ao encontrar-Te, sejamos renovados
no amor, na paz e na alegria que só Tu nos podes dar.
Que nunca percamos a certeza
de que és o Caminho, a Verdade e a Vida,
 e que, Contigo, encontramos a verdadeira felicidade.

Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC