1 de agosto de 2024

Cosmivisão Bíblica

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Os judeus ou hebreus, contribuíram para a civilização mais do que qualquer outra nação; deram uma religião a 3 quartos do mundo e influenciaram as atividades da espécie humana muito mais do que qualquer nação antiga ou moderna.
John Adams, segundo presidente dos Estados Unidos (1797-1801)

Alguns gostam dos judeus, outros não, mas nenhuma pessoa medianamente inteligente pode negar o facto de que, sem lugar a dúvidas, eles são a raça mais formidável que apareceu no mundo.
Winston Churchill, primeiro-ministro Britânico (1940-1945/1951-1955)

Depois de termos falado das 4 cosmovisões antigas, a do Crescente Fértil (Suméria, Egito, Acádia, Babilónia, Império Persa), a Índia do Vale do Indo, a da China do Rio Amarelo e a cosmovisão Maia, Asteca e Inca da América Central e do Sul, segue-se a cosmovisão medieval. Porém, antes de falar desta cosmovisão, teremos de falar da cosmovisão cristã por ter influenciado muito a cosmovisão medieval. Por outro lado, antes de falar da cosmovisão cristã, é justo que falemos da cosmovisão bíblica, pois o cristianismo começou como uma seita da religião judaica, ou seja, do Judaísmo.

Alguém poderia perguntar “então agora deixamos de falar de cosmovisão para falar de religião?” Sim e não. Sim porque depois da entrada do monoteísmo, a religião começou a influenciar mais a vida das pessoas até se transformar numa forma de conduta. O politeísmo era só uma explicação mitológica da realidade. O monoteísmo, para além de ser uma explicação da realidade, é uma forma de vida. O Judaísmo, o Cristianismo e o Islão são, ao mesmo tempo, uma religião e uma forma de ver o mundo, uma forma de estar nele.

Por cosmovisão bíblica, entendemos a forma como o povo judeu vê o mundo e se vê a si mesmo dentro dele, e como dentro dele deve viver. É claro que por Bíblia aqui entendemos só os livros que o povo judeu entende como canónicos, excluindo Tobias, Judite, Ester e 1 Macabeus do Antigo Testamento, assim como todo o Novo Testamento.

Natureza do povo hebreu
O judeu é o emblema da tolerância civil e religiosa. "Ama o estrangeiro e o forasteiro", ordenou-nos Moisés, "porque estrangeiro foste na terra do Egito" (…) O judeu é o emblema da eternidade. Aquele que nem o assassinato nem a tortura, ao longo de milhares de anos, conseguiram destruir, aquele que nem o fogo nem a espada nem a Inquisição foram capazes de eliminar da face da terra, aquele que foi o primeiro a produzir os oráculos de Deus, aquele que há anos é o guardião da profecia, e que a transmitiu ao resto do mundo. Uma nação destas não pode ser destruída. O judeu é perene, tão perene quanto a própria eternidade". Leão Tolstoi (1829-1910)

Os hicsos, os etruscos, os celtas, os francos, os vikings, os visigodos os suevos e tantos outros povos deixaram de existir; o povo de Israel, anterior a muitos destes, ainda existe nos nossos dias. Israel é hoje o que sempre foi, uma ponte, um lugar de passagem entre a África, a Ásia e a Europa. Povos antigos desaparecem dando origem a outros povos. Nunca constituíram um Império, nunca dominaram outros povos, ao contrário, pela sua situação geográfica no Crescente Fértil, foram sempre parte de um qualquer Império.

O Egito estendeu o seu poder até Israel, tal como a Babilónia, o Império Persa, a Grécia, Roma, Bizâncio, o Império Otomano, o Império Britânico até que, em 1948, as Nações Unidas lhe deram a terra dos seus antepassados, resultado da comoção do mundo inteiro pelo extermínio nazi de 5 milhões de pessoas.

David vence Golias, Jacob vence o seu irmão Esaú, não pela força física ou pela força das armas, mas pela inteligência. Este povo não tem paralelo, destaca-se pela sua inteligência, é de facto o povo com mais Prémios Nobel dos tempos modernos. Representa menos de um por cento da humanidade e já recebeu 20% dos Prémios Nobel. Pode viver noutra nação e ter essa nacionalidade, mas nunca deixa de ser hebreu e, de facto, é primeiro hebreu e só depois assume a nacionalidade norte-americana, canadiana ou outra.

A sua paixão pela busca de sentido, propósito, moralidade e respeito pela dignidade humana foi que conferiu aos judeus a ideia de progresso, o seu compromisso por um mundo melhor, mais justo, mais pacífico e mais fraterno. Entres os hebreus mais famosos citamos os seguintes:

Albert Einstein (1879-1955) – entre os 30 judeus mais famosos e importantes da história está um alemão, um dos personagens mais relevantes do século XX, especialmente pela sua teoria da relatividade. Foi o vencedor do Prémio Nobel da Física.

Sigmund Freud (1885-1939) – Freud é considerado como um dos intelectuais mais importantes do século XX. Era médico, de ascendência austríaca e checa e de origem judaica. É conhecido como o pai da psicanálise.

Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) – conhecido como o pai da bomba atômica. Era judeu norte-americano e foi o primeiro físico teórico do seu país.

Karl Marx – filósofo, economista, jornalista, militante intelectual e comunista, Marx foi quem mudou para sempre as ciências sociais com as suas análises do capitalismo e da mais-valia. Além disso, é considerado o pai do comunismo moderno, do materialismo histórico e do socialismo científico. Convencido de que a revolução era o caminho para superar as crises do capitalismo, o seu trabalho principal foi o Capital, publicado em 1867.

Fora de Israel, dentro de qualquer sociedade, os judeus são como o azeite na sopa: nunca se mistura e sempre conseguem boiar, pairar acima de tudo e de todos. Entre todos os exílios sofridos, dispersos por mais de 100 nações durante mais de 2 000 anos, os judeus sempre mantiveram a sua identidade, e nunca perderam a esperança ao dizer todos os anos pela Páscoa “no próximo ano vamos celebrá-la em Jerusalém”.

Talvez nesta diferença esteja a origem do racismo contra este povo; por serem diferentes e não como todos, por terem uma identidade bem definida e não serem uma carneirada como é um povo sem contornos definidos, por se dizerem povo eleito por Deus implicando que os outros não foram eleitos. Pessoalmente, acho que são um povo invejado pois são inteligentes e ricos; ocupam os melhores lugares no mundo das finanças, da economia e da ciência.

São o povo eleito, porém pensam que Deus os elegeu por privilégio. Deus nunca elege ninguém por privilégio, mas sim para uma missão. A missão do povo hebreu era ser o berço do Messias, do salvador da humanidade. Deus decidiu encarnar num membro deste povo, por ser um povo que já tinha alcançado o ponto mais alto no desenvolvimento e progresso do sentimento religioso. Os povos contemporâneos do povo judeu eram ainda animistas, outros politeístas, só os hebreus eram monoteístas, acreditando num Deus pessoal e espiritual, criador de tudo e de todos.

Há decerto uma corrente nacionalista e até racista no povo judeu, encabeçada pelo profeta Elias, o esperado antes do Messias, o que sempre tem lugar reservado em cada ceia pascal. Porém o livro mais extenso de todo o Antigo Testamento é o livro de um profeta de menor importância para o judaísmo, mas que inegavelmente é um dos livros mais extensos de todo o Antigo Testamento.

O que em melhor estado estava de todos os que se encontraram em Qumram. Isaías é um cristão “avant la lettre”, é universalista, entende que a salvação vem para todos os povos que se encontraram num banquete em Jerusalém. (Isaías 25, 6)

Talvez muita da importância deste povo e da sua narrativa, a Bíblia, para o bem e para o mal, lhe venha do facto de ter sido o berço do cristianismo. Se assim não fosse, talvez não tivesse sido assim tão importante. O diálogo entre um cristão e um judeu nunca pode existir e a única conclusão possível é concordar em discordar. Isto porque a existência de um requer a não existência do outro. Se o Messias já veio, o povo judeu deveria ter deixado de existir como tantos outros, tornando-se cristão. Por outro lado, se o Messias ainda não veio, então o cristianismo não deveria existir.

Há uma anedota rabínica que tenta solucionar este impasse. Diz assim: quando o Messias vier, um cristão e um judeu lhe perguntarão se é a primeira vez que vem ou se é a segunda, visto os cristãos esperarem pela segunda vinda de Cristo. E o Messias responderá, para ti hebreu é a primeira, para ti cristão é a segunda.

Origem do povo judeu
A história de Israel é a história de um homem que quis ser diferente. Segundo a Bíblia, o patriarca Abraão proveniente de Ur, na Mesopotâmia, mudou-se com os seus rebanhos e povo para a terra de Canaã na zona do Rio Jordão. Historicamente, acredita-se que isso pode ter acontecido efetivamente por volta de 1 700 a.C. A motivação dessa migração teria sido a escassez de alimentos em Canaã, enquanto no Egito havia abundância de terras férteis.

A chegada dos hebreus ao Egito teria coincidido com o período em que a região estava sob domínio dos hicsos, um povo de origem semita, como os hebreus. Isso possibilitou que os hebreus se estabelecessem no território egípcio sem problemas, chegando até a ocupar posições de proeminência na administração do Egito.

Depois da expulsão dos hicsos, os hebreus teriam sido punidos pela colaboração com os invasores. Os hebreus, escravizados pelos egípcios, conseguiram a sua libertação por meio de Moisés, por volta de 1 300 a.C.

A libertação do Egito e o retorno dos hebreus a Canaã configuraram o chamado Êxodo. Os historiadores afirmam que a migração de hebreus do Egito para Canaã aconteceu, embora afirmem que a quantidade de hebreus que migrou pode não ter sido tão grande como sugere a narrativa bíblica. Então podemos dizer que a história do Êxodo realmente ocorreu, mas foi apresentada de forma mitificada na Bíblia.

Em todo o caso, os hebreus viveram como nómadas na Península do Sinai e depois procuraram fixar-se em Canaã, mas a região estava ocupada pelos cananeus. A narrativa bíblica relata que os hebreus conquistaram a terra. Porém, não existem muitos indícios que apontem para uma invasão militar em larga escala; o mais certo é que os hebreus se tenham infiltrado lentamente.

Contributos e grandeza do povo Judeu
Dispersos por todo o mundo, influenciaram culturas a nível global; esta grande influência ou contributo, mais que financeiro, económico, ou político, terá sido mais espiritual e cultural. Enquanto que em quase toda a Idade Média na Europa nem os reis sabiam ler e escrever, os judeus do tempo de Cristo tinham 0% de analfabetismo, porque o rito de passagem da meninice à idade adulta implicava que o menino lesse a Torá diante da comunidade.

Monoteísmo
Escuta, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Deuteronómio 6, 4-9

Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos.
Isaías 64:8

O progresso do monoteísmo em relação ao politeísmo é a união entre os humanos sob um mesmo Deus ao qual podem chamar Pai. A revolução francesa, por muito laica que pareça, não seria possível num país de cosmovisão politeísta como é por exemplo a Índia, onde a existência de vários deuses justifica a existência de castas e onde os homens não são iguais. A igualdade e a dignidade humanas não coexistem com o politeísmo, são conquista do monoteísmo.

A ideia de que há um só Deus Pai, criador do céu e da terra, é talvez o maior contributo de Jerusalém para a civilização ocidental. Tanto os gregos como os romanos eram politeístas; o politeísmo não leva à união nem à harmonia entre os povos, nem à unificação de conceitos como a verdade e a justiça. A ideia de que há um só Deus leva à coesão dos povos, à união na diversidade.

A igualdade perante a lei
O mesmo primado da lei, o facto de que todos são iguais perante a lei, seria mais difícil de manter no politeísmo: todos são iguais perante a lei porque todos são iguais perante Deus, porque há um só Deus que é criador e pai de tudo e de todos.

No monte Sinai, Moisés deu ao povo uma bússola, um GPS, não só para facilitar a convivência social como o código Hamurabi dos babilónios, mas um código abrangente de todos os aspetos da vida humana. O monoteísmo, neste sentido, criou uma diferença entre o ser e o dever ser, tanto do ponto de vista individual como do ponto de vista social.

Consciência moral e responsabilidade social
O monoteísmo humanizou Deus, de forma a que se tornasse num modelo para a humanidade. Como diria Feuerbach, não foi Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança, mas o homem que criou a Deus à sua imagem e semelhança.

A religião para os judeus é para a vida. Como guia e modelo a seguir, a religião torna-se num complexo sistema de leis, normas e regras a seguir para modificar a vida. Até este momento, isso nunca tinha acontecido. A religião passou a influenciar a conduta humana, tanto do ponto de vista individual como do ponto de vista social. Não podemos esquecer que, antes do monoteísmo judaico, em todos os politeísmos, o grego, o romano, o hindu ou o antigo chinês, os deuses são tão bons ou maus quanto os humanos. Ou seja, não constituem nenhum caminho verdade nem vida. A ética vem da filosofia tanto na cultura chinesa (Confúcio) como na grega (Aristóteles).

Os conceitos de liberdade (amar a Deus sobre tudo quanto existe) e igualdade (amar ao próximo como a ti mesmo) explicam-se melhor do ponto de vista religioso. São conceitos judeus e assim se entende que, sem o judaísmo, não haveria Revolução Francesa. Em Israel nunca houve castas nem gente com sangue azul, todos se consideravam iguais perante Deus e perante uns e outros, com a mesma dignidade e responsabilidade social, sujeitos com tantos deveres como direitos.

Conceção linear do tempo – paradigma do progresso
Na Antiga Grécia e no Extremo Oriente prevaleceu sempre uma compreensão circular do tempo: do ponto de vista cósmico, com os 365 dias que a Terra leva a dar uma volta ao sol, do ponto de vista da Natureza, com as mudanças climatéricas e as quatro estações do ano, Primavera, Verão, Outono e Inverno. A partir destes factos, nasceu para a Filosofia o mito do “eterno retorno”, para a Ciência a ideia de que “Não há nada de novo debaixo do sol” e para a Religião a crença na “reencarnação”.

O tempo humano, a reta – Do ponto de vista existencial e humano, cada dia que passa é um dia mais que vamos viver e um dia menos que nos resta de vida. Conceber o tempo como uma reta, que vem do passado, passa pelo presente e se dirige ao futuro, não é algo que se possa observar na Natureza.

O tempo em linha reta é o tempo da história individual e comunitária, o tempo que integra a ideia de progresso moral: hoje foi melhor que ontem, amanhã será melhor que hoje. Na Filosofia, a máxima “não nos banhamos duas vezes nas águas do mesmo rio”, de Heráclito, partilha esta compreensão do tempo, verificando-se o mesmo na Cosmologia e na Religião que veiculam as noções do princípio e do fim do mundo.

Esta é também a conceção judaica do tempo: a saída do Egito (terra de escravidão), a passagem pelo deserto (lugar de sofrimento, penitência, purificação e esforço) e a entrada na Terra Prometida, onde corre leite e mel (terra da liberdade, do esforço recompensado e da obra acabada).

Santidade da Vida
Os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas." Salmos, 126, 3

Não matarás Êxodo 20, 13

Como dom de Deus, a vida a Ele pertence; d’Ele vem, a Ele volta, não somos donos dela, mas sim seus administradores e dessa administração prestaremos contas. Podemos vivê-la como quisermos, mas não podemos extingui-la, desde a conceção até à morte natural a vida é sagrada, é um valor absoluto.

Dignidade da pessoa humana
Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra”. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.    Génesis, 1, 26-27

A pessoa humana pode ter sido o resultado da evolução dos tempos, porém só nós evoluímos até chegar à autoconsciência de nos vermos diferentes de todas as criaturas. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, como Ele somos também criadores, a única diferença é que Ele tem capacidade de criar do nada enquanto que nós criamos a partir das coisas criadas.

A universalidade do descanso
Trabalharás durante seis dias, mas descansarás no sétimo, embora decorra o tempo da lavra e da ceifa. Êxodo 34, 21

Trabalharás durante seis dias e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado consagrado ao Senhor, teu Deus. Não farás trabalho algum, tu, o teu filho e a tua filha, o teu servo e a tua serva, os teus animais, o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que está neles, mas descansou no sétimo dia. Por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e santificou-o. Êxodo 20, 9-11

Não sabemos quem inventou o trabalho, provavelmente não tem inventor ou fundador. Porém, o descanso sim, tem inventor, é invenção do povo judeu. A ideia de um dia consagrado a Deus, o sábado, origem do descanso sabático e também do ano sabático (um ano em que não se trabalha, mas estuda-se ou faz-se qualquer outra atividade), pertence ao povo judeu.

É claro que para a justificar perante o povo se utiliza o antropomorfismo de que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Não é que os povos anteriores ao povo judeu não descansassem, certamente o faziam, mas só descansavam os senhores, os escravos trabalhavam sempre. O descanso não era democrático ou universal; o que é excecional no povo judeu, é que o descanso é para todos, senhores, escravos, estrangeiros e até os animais de trabalho, como o burro e o boi.

Conclusão: conceitos como a santidade da vida, a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a igualdade, a responsabilidade social, o descanso universal, o progresso em todos os sentidos, a justiça e a paz fazem hoje parte não só da cosmovisão do povo judeu, mas do mobiliário da mente humana.

Pe. Jorge Amaro, IMC