15 de março de 2012

Riqueza que gera pobreza

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 A escola secundaria do concelho de Amares distrito de Braga, celebrou este ano com grande enfâse o 17 de Outubro – dia internacional da erradicação da pobreza. Neste contexto fui convidado para ajudar na sensibilização dos alunos sobre este tema que é um dos objectivos do Milénio.

Se a população mundial hoje 8 biliões de pessoas, consumisse, e poluísse tanto como os europeus americanos e o resto dos países ricos consomem e poluem, este nosso planeta só podia sustentar a nossa vida por 3 meses ou então precisaríamos dos recursos de 10 planetas como o nosso.

O nível de pobreza em que vive 80% da população não é justo nem é saudável; ainda há muita mortalidade infantil, ainda se morre de malária, de tuberculose, de lepra, febre tifoide e outras doenças infecciosas; doenças para as quais há muito tempo que há cura.

Por outro lado também não é justo nem é saudável o nível de vida de 20% da humanidade; é o nosso nível de vida que nos faz morrer de cancro, Alzheimer, Parkinson, Diabetes, doenças cardiovasculares e muitas outras

Uns morrem da pobreza e outros morrem da fartura. Não está o mundo globalizado? E não é a globalização algo assim como o princípio dos vasos comunicantes? – Duas tinas de água, uma meia cheia, outra meia vazia quando se comunicam ficam niveladas? Porque é que isto não acontece?

Porque o primeiro mundo aplicou ao canal de intercomunicação uma válvula para que o movimento se faça num só sentido….

Se nós descêssemos do nosso nível de vida e os pobres subissem, todos viviam melhor com mais justiça e saúde; nem eles morriam das doenças da pobreza nem nós das doenças da riqueza; mas como nós não queremos descer do nosso nível de vida então temos que arranjar mecanismos para que eles sejam sempre pobres. Morra Marta morra farta…
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de março de 2012

Objectivo da Missão Itinerante

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Paróquia: "Comunidade de Comunidades" Vat. II
“Unus cristianus nulus cristianus”, dizia Sto. Agostinho. O habitat natural do cristão é a comunidade. Não se pode ser cristão sozinho e não é possível viver e perseverar na fé sem ter como ponto de referência uma comunidade. Para crescer na fé não basta confrontar-se pessoalmente com Deus e com a Sua Palavra;  é também necessário confrontar-se com a comunidade e, simultaneamente, “fazer corpo” com ela,  sendo um membro integrante e activo do corpo místico de Cristo, a Igreja

Na maior parte das paróquias – por serem grandes, frias e pouco acolhedoras - as pessoas não se conhecem nem se relacionam, pelo que cada vez menos se constituem como referenciais para crescer na fé.

Por esta razão muitos abandonaram a Igreja para se filiarem em igrejas protestantes mais pequenas ou mesmo seitas, sujeitando-se a pagar o dízimo, no sentido de obter um tratamento mais personalizado e menos massificado.  Outros, ainda, para fazer face ao sentimento de “despersonalização” decorrente da massificação, refugiaram-se em determinados movimentos eclesiais que foram surgindo, para experienciarem a fé de uma forma mais pessoal e personalizada. Todos estes movimentos têm como ponto de referência a pequena comunidade cristã da qual alguns até se julgam inventores; esquecem-se que a Igreja dos primeiros séculos, antes do imperador Constantino, era uma igreja constituída por pequenas comunidades que se reuniam nas casas das pessoas.

Modelo e inspirador da Missão Itinerante é São Paulo:  incansável evangelizador, ao espalhar a semente do Evangelho ia formando pequenas comunidades cristãs - em Corinto, em Tessalónica, em Éfeso,  etc. Este modelo foi seguido por nós, Missionários, em África com as Small Christian Comunities e na América Latina com as Comunidades de Base.

É este então o objectivo da Missão Itinerante: ajudar as paróquias, circundadas de paganismo, a alastrar a fé até ao limite das suas fronteiras. Como? Através de ações de rua, nos centros comerciais, nos centros culturais, ou de dois em dois e de porta em porta com vistas a formar, neste e naquele bairro, uma pequena comunidade cristã!

Esta “pequena comunidade cristã” reúne semanal ou quinzenalmente, uma vez em casa de fulano, outra vez em casa de sicrano e, assim, sucessivamente.  Partindo da Palavra de Deus, os membros partilham a vida num contexto de oração e, quase, de grupo de suporte/terapêutico. Ao Domingo todas as pequenas comunidades cristãs de uma paroquia se reúnem na Igreja para celebrar o dia do Senhor. Esta celebração, sim, é uma verdadeira celebração da vida e de vida porque esta paróquia, agora, é uma “Comunidade de comunidades”, como idealizava o Vaticano II há 50 anos.

Pronto para ajudar, aqui fica o apelo: há algum pároco que, sendo Bom Pastor, queira sair em busca da ovelha perdida que vive, algures, no espaço geográfico da sua paróquia?
Pe. Jorge Amaro, IMC