1 de julho de 2025

A Agonia de Jesus

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No primeiro Mistério Doloroso, contemplamos a agonia de Jesus no jardim das Oliveiras.


Do Evangelho de São Marcos (14, 32-36)
Foram, então, para uma propriedade chamada Getsémani, e Ele disse aos seus discípulos: «Sentai-vos aqui, enquanto vou rezar». Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir-se apavorado e angustiado. Disse-lhes, então:

«A minha alma está numa tristeza de morte; permanecei aqui e vigiai». E, indo um pouco mais adiante, caiu por terra e começou a rezar para que, se fosse possível, se apartasse d’Ele aquela hora. E dizia: «Abbá, Pai! Tudo Te é possível: afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».

Comentário de São Gregório de Nisa
"O mais importante encerrado no mistério da fé é contemplar a Paixão daquele que aceitou sofrer por nós. Olhar para a cruz de Cristo deve levar-nos a morrer para o mundo; crucificados em Cristo, por Cristo e com Cristo..."

Meditação 1
Jesus foi tentado toda a sua vida, não apenas no início; uma das últimas tentações ocorre aqui, quando Ele considerou a possibilidade de não beber do cálice que estava diante de Si: a sua paixão e morte. Bastava subir um pouco até ao cimo do monte e descer em direção ao deserto da Judeia, esconder-Se num dos vales profundos onde nunca mais ninguém O encontraria. Mas Jesus escolheu pagar o preço dos seus ideais contra um mundo corrupto e malvado. Se tivesse salvado a Sua vida, perder-Se-ia como Salvador do mundo inteiro.

O bispo salvadorenho Óscar Romero também podia ter escapado. Ele teve o seu Getsémani antes de ser assassinado. O Vaticano sabia que ele estava ameaçado de morte, pelo que lhe ofereceu a possibilidade de vir para Roma e escapar à sua morte iminente. Se Óscar Romero tivesse aceitado a proposta, salvaria a sua vida, mas morreria a sua causa: a defesa dos pobres e do povo em geral contra o fascismo.

"O espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt. 26,41). Esta oração é o símbolo das nossas lutas interiores: lutas entre o que somos e o que deveríamos ser. Dominar os instintos e submeter a carne ao nosso projeto vital não é nada fácil. Cristo, que encarnou a nossa natureza humana, sentiu Ele mesmo a fragilidade da nossa condição. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, mas, após o pecado de Adão e Eva, perdeu a semelhança, ficando apenas com a imagem.

Conta-se que, num país da América Latina, enquanto um padre celebrava a missa numa capela no meio da selva, um grupo de guerrilheiros irrompeu pela igreja adentro, apontando metralhadoras aos fiéis, e anunciou: "Quem não está disposto a morrer por Cristo pode agora mesmo deixar a igreja e salvar-se".

Imediatamente, a maior parte dos fiéis abandonou a igreja. Quando os guerrilheiros viram que mais ninguém se levantava para sair, fecharam as portas, depuseram as armas e, dirigindo-se ao celebrante, declararam: "Pode continuar a eucaristia, padre. Não conte com os que saíram, são uns covardes, não são cristãos."
Que farias tu?

Meditação 2
Ninguém vive para si mesmo; viver para si mesmo não é humano, pois o ser humano tem uma dimensão social, não apenas individual. Ninguém existe sozinho: o ser humano é familiar e comunitário. A causa que abraça, a pessoa ou as pessoas que ama, os valores humanos que cultiva, e a profissão que escolhe, tudo é exercido na sociedade, de tal forma que o bom desempenho dessa profissão e a autorrealização pessoal e felicidade coincidem.

Mais ainda, não há autorrealização e felicidade individual decorrente de um mau desempenho social; e vice-versa, quem é inútil para a sua comunidade, é inútil para si mesmo. Quem não tem valor social, não tem valor pessoal.

Assim como Cristo veio ao mundo para servir e não para ser servido (Mateus 20,28), também nós viemos ao mundo para deixar cá mais do que o que retiramos; para ser parte da solução dos problemas que afligem a humanidade, como a mudança climática, a justiça e a paz mundial, e não parte do problema. Se assim não for, a nossa vida não se justifica nem socialmente, nem pessoalmente.

Oração
Senhor Jesus,
na Tua agonia no jardim das Oliveiras, 
vemos o reflexo das nossas próprias lutas e fraquezas. 
Tal como Tu enfrentaste a tentação de escapar ao sacrifício, 
também nós somos muitas vezes tentados 
a fugir das nossas responsabilidades e desafios.

Abbá, Pai, tal como o Teu Filho orou, 
nós também pedimos que nos dês a força para aceitar a Tua vontade, 
mesmo quando o caminho é difícil e doloroso. 
Ajuda-nos a beber o cálice que a vida nos oferece, 
confiando que os Teus desígnios são sempre maiores que os nossos medos.

Que, tal como Jesus, possamos enfrentar os nossos "Getsémanis" 
com coragem, colocando as nossas vidas ao serviço dos outros, 
abraçando os pobres, os oprimidos e os que sofrem,
sem medo de sacrificar o conforto ou a segurança por uma causa maior.

Fortalece o nosso espírito, Senhor, 
para que, mesmo quando a carne é fraca, 
possamos permanecer vigilantes, 
fiéis aos ideais de justiça, paz e amor que nos ensinaste. 
Que sejamos capazes de, como Cristo, 
oferecer a nossa vida em benefício da comunidade, 
para que o mundo seja um lugar mais justo e humano.

Ampara-nos, Senhor, nas nossas lutas interiores 
e dá-nos a sabedoria para escolher sempre o bem, 
mesmo quando o mal parece mais fácil. 
Faz de nós instrumentos da Tua paz e luz 
no meio de um mundo cheio de trevas. Amém.

Pe.Jorge Amaro, IMC

15 de junho de 2025

Instituição da Eucaristia

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No quinto Mistério Luminoso contemplamos a Instituição da Eucaristia.


Do Evangelho de São Mateus (26, 26-28):
«Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, pronunciando a bênção, partiu-o e, dando-o aos discípulos, disse: “Tomai, comei, este é o meu corpo”. Tomando então um cálice e, dando graças, deu-lho dizendo: “Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da aliança, derramado em favor de muitos para o perdão dos pecados.”»

Comentário de São Leão Magno:
"A nossa participação no Corpo e Sangue de Cristo visa transformar-nos naquilo que recebemos. Porém, não basta recebê-lo, devemos tornar-nos dignos, abandonando o pecado e trilhando o caminho da cruz."

Meditação 1
"Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou pão e, dando graças, partiu-o e disse: “Isto é o Meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. (1 Coríntios 11, 23-25)

Paulo escreve aos cristãos de Corinto para os advertir de que as divisões e desigualdades dentro da comunidade comprometiam o verdadeiro sentido da celebração da Eucaristia e ameaçavam a unidade da Igreja.

Sem Eucaristia, não há Igreja, e sem Igreja, não há Eucaristia. A Eucaristia é, antes de mais, a reunião dos cristãos, esta comunidade fundada por Jesus e chamada Igreja. Os cristãos, como membros do Corpo de Cristo, celebram a vida, morte e ressurreição de Jesus, conforme Ele nos ensinou.

Se um dia a Eucaristia deixar de ser celebrada, nesse dia a Igreja deixará de existir. Assim como uma associação cujos membros nunca se reúnem desaparece, da mesma forma a Igreja deixaria de existir sem a celebração da Eucaristia — a memória viva do nascimento, vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus.

A Eucaristia é o coração da Igreja. No corpo humano, o coração impulsiona o sangue, enviando-o às células e recebendo-o de volta. Da mesma forma, a vida do cristão é um constante movimento entre a Eucaristia e o mundo. Antigamente, no final da missa em latim, o sacerdote dizia “Ite, missa est”, que significava “podeis ir, a missa terminou”, mas também implicava: “A missa terminou, agora começa a missão.”

Meditação 2
"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só; mas, se morre, dá muito fruto. Quem se apega à sua vida, perdê-la-á" (João 12, 24-25). Jesus interpretou a sua própria morte como a de um grão de trigo que, para dar fruto, precisa morrer; tem de renunciar a si mesmo e entender que a sua vida não é para si, mas para os outros, para servir um valor maior.

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”, disse Jesus. Assim como uma mãe dá a vida pelo seu filho, no início, o alimento do bebé provém do corpo da mãe. A palavra "mamã" vem de "mama", o seio que nutre. E quando a criança cresce, o primeiro alimento sólido é a papa, feita dos cereais cultivados pelo pai, a quem o bebé aprende a chamar "papá".

A cadeia alimentar é composta por seres vivos que se alimentam uns dos outros. A vida só se alimenta de vida. Vivendo neste planeta, estamos sujeitos às leis da natureza. Assim, da mesma forma que temos de matar para manter o corpo vivo, precisamos morrer para encontrar sentido na vida, como o grão de trigo.

Ou seja, para viver com sentido, devemos gastar a nossa vida a serviço de algo maior que nós. Beethoven foi alimento para a música, assim como Gandhi foi para a não-violência e Nelson Mandela para a luta contra o racismo. E nós? De que somos alimento?

A Eucaristia, além de manter a Igreja como comunidade continuadora da missão de Cristo na terra, encerra também o sentido da vida humana. Participamos na Eucaristia para nos tornarmos mais eucarísticos, entregando a nossa vida em serviço e amor ao próximo.

Oração
Senhor Jesus,
que na Última Ceia nos deixaste o dom da Eucaristia,
o Teu Corpo e o Teu Sangue entregues por amor,
ajuda-nos a viver esta presença viva e transformadora no nosso dia a dia.

Que, ao comungarmos do Teu Corpo,
sejamos transformados à Tua imagem,
renunciando ao pecado e abraçando o caminho da cruz com humildade e gratidão.
Que, assim como o grão de trigo, saibamos morrer para nós mesmos,
para que a nossa vida frutifique em amor, serviço e entrega ao próximo.

Ensina-nos, Senhor,
a sermos mais eucarísticos,
tornando-nos instrumentos da Tua paz,
testemunhas da Tua justiça,
e sinais vivos do Teu Reino no mundo.

Que, ao participarmos na Eucaristia,
sejamos enviados em missão,
levando a Tua luz e o Teu amor a todos os que encontramos,
para que o Teu Reino de fraternidade, justiça e paz cresça entre nós. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC


1 de junho de 2025

Transfiguração

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No quarto Mistério Luminoso contemplamos a Transfiguração de Jesus
 

Do Evangelho de São Mateus (17, 1-2) 
«Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte, a uma alta montanha. Lá, transfigurou-se na presença deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura».

Comentário de Santo Agostinho 
"Jesus tornou-se tão brilhante quanto o sol para indicar que Ele é a luz que ilumina todo o homem; Ele é o Messias que a humanidade esperava; o único Salvador, o vencedor."

Meditação 1 
Envolvidos numa experiência de luz e sentido, que antecipa a Ressurreição do Senhor, os discípulos recebem um novo imperativo: “Escutai-O!”. Escutar e obedecer partilham a mesma raiz: é estar atentos, permitindo que todos os sentidos conheçam internamente e adiram à Verdade que é Jesus.

A Transfiguração do Senhor reflete o momento do Batismo de Jesus, onde, tal como no Monte Tabor, Deus fala e a essência divina de Jesus é revelada. Contudo, enquanto o Batismo marca o início da missão pública do Mestre, a Transfiguração assinala o culminar da sua missão, com a confirmação do Antigo Testamento representado por Moisés e Elias, testemunhando que Jesus está a cumprir as profecias antigas.

O objetivo da Transfiguração era preparar os apóstolos, fortalecendo a sua fé ao darem testemunho da essência divina de Jesus, em antecipação da sua paixão e morte como ser humano. Apesar desta visão extraordinária, a mesma não foi suficiente para impedir a fraqueza dos discípulos, como demonstrado pela negação de Pedro e pela fuga dos restantes apóstolos.

Meditação 2 
A Transfiguração de Jesus no Monte Tabor ensina-nos uma verdade espiritual profunda: a graça de Deus tem o poder de nos transfigurar, revelando a nossa verdadeira beleza e dignidade aos Seus olhos, enquanto o pecado nos desfigura, afastando-nos da nossa essência e obscurecendo a imagem divina em nós.

Neste episódio, vemos como a presença de Deus pode transformar-nos, iluminando-nos com a Sua glória, tal como Cristo foi iluminado diante dos apóstolos. Por outro lado, o pecado impede essa luz de brilhar, distorcendo o nosso ser e afastando-nos da plenitude de vida que Deus nos oferece. A Transfiguração convida-nos, assim, a permitir que a graça divina nos transforme, libertando-nos das sombras do pecado e conduzindo-nos à verdadeira luz de Cristo.

Oração
Senhor Jesus,
na Tua Transfiguração mostraste-nos a Tua glória divina,
luz que ilumina os nossos corações e nos chama à verdadeira vida.

Concede-nos a graça de Te escutarmos com atenção,
de aderirmos à Tua Verdade com todo o nosso ser,
e de sermos transfigurados pela Tua presença em nós.

Transforma-nos, Senhor, pela Tua luz,
para que, livres do pecado que nos desfigura,
possamos refletir a beleza da Tua imagem em tudo o que somos e fazemos.

Quando as sombras da fraqueza nos envolvem,
lembra-nos que a Tua graça é mais forte que o nosso pecado,
e que, contigo, caminhamos rumo à plenitude da vida.

Fortalece-nos, como fizeste com os apóstolos,
para que, mesmo nas provações, mantenhamos a fé firme,
sabendo que a Tua glória nos espera para além da cruz. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

15 de maio de 2025

O Reino de Deus nas palavras e nos milagres de Jesus

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No terceiro mistério luminoso contemplamos o Reino de Deus nas palavras e nos milagres de Jesus


Do Evangelho de São Lucas (11, 20)
"Se Eu expulso os demónios pelo poder de Deus, então chegou a vós o Reino de Deus."

Comentário de Cromácio de Aquileia
Para isto mesmo veio o Mestre da vida e Médico celestial, Cristo Senhor, isto é, para instruir os homens com os seus ensinamentos e curar, com a medicina divina, os males do corpo e da alma.

Meditação 1
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus (…) Por meio dela todas as coisas foram criadas, e sem ela nada do que existe foi feito. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens (…) E a Palavra fez-se carne e habitou entre nós; contemplámos a sua glória, glória como do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. (João 1, 1-3, 14)

Jesus Cristo é a Palavra eterna do Pai que se encarnou no tempo e no espaço humanos. Além de ser a encarnação da Palavra, Jesus proclamou palavras de vida ao longo de toda a sua vida pública, especialmente no Sermão da Montanha, no Evangelho de Mateus, que resume a sua doutrina e é considerado a Magna Carta do Cristianismo.

Nas palavras de Jesus revela-se o coração do Reino de Deus: um Reino de justiça, amor, misericórdia e verdade. Ele veio anunciar que este Reino já está entre nós, manifestado na Sua pessoa, nos Seus ensinamentos e nas Suas ações. Cada palavra de Jesus, desde as bem-aventuranças até às parábolas, traça o caminho para viver neste Reino.

No Sermão da Montanha, Jesus afirma: "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus" (Mateus 5, 3). Com isso, Ele não se refere a um reino distante ou apenas futuro, mas a uma realidade presente, acessível a todos os que vivem de acordo com os princípios de humildade, compaixão e justiça.

Meditação 2
Para o Homem como ser individual, Jesus apresenta-se como o único metro padrão de humanidade, aquele como quem nos temos que medir para ser genuinamente humanos, caminho verdade e vida (João 14, 3-6).  

Para o Homem como ser social, para a sociedade em geral, introduz como projeto social o Reino de Deus – uma sociedade mais justa mais fraterna mais inclusiva e pacifica, ou como se define no Pai Nosso, que se faça a vontade de Deus na Terra como já se faz no Céu.

O Reino de Deus já está no meio de nós desde o momento em que Cristo entrou na História humana. Contudo, ainda não está presente na sua plenitude. Compete-nos a nós como Igreja continuar a expansão do reino de Deus, até que Cristo seja tudo em todos. Neste sentido a Igreja está para o mundo como o fermento está para a massa. Transformar este mundo no reino de Deus.

Os milagres são os primeiros sinais do Reino de Deus, uma nova ordem em que a saúde, a justiça e a paz prevalecem. Manifestam a realidade do Reino, onde não há dor, sofrimento ou morte. Ao curar os enfermos, ressuscitar os mortos e realizar outras maravilhas, Jesus revela o que o Reino de Deus representa para a Humanidade.

Oração
Senhor Deus,
Vós que enviaste o Vosso Filho, Jesus Cristo,
como a Palavra encarnada,
agradecemos-Te pela revelação do Teu Reino entre nós.

Que os milagres que Ele realizou
nos recordem da Tua infinita misericórdia
e do Teu desejo de curar e restaurar cada um de nós,
tanto no corpo como na alma.
Que possamos ver em cada ato de amor e compaixão
a manifestação do Reino que já se faz presente entre nós.

Ajuda-nos, Senhor, a viver segundo os princípios do Teu Reino,
abraçando a humildade, a justiça e a paz.
Que as bem-aventuranças que Jesus proclamou
sejam a luz que guia os nossos passos,
 e que a nossa vida reflita a graça
e a verdade que só Ele pode dar.

Inspira-nos a ser fermento na massa,
promovendo a transformação nas nossas comunidades e no mundo,
a fim de que todos possam conhecer o Teu amor e a Tua vontade.

Senhor, que a Tua Igreja seja um sinal visível do Teu Reino,
um espaço onde todos são acolhidos,
e onde a justiça e a fraternidade possam florescer.

Confiamos em Ti,
pois sabemos que, com a Tua ajuda,
podemos ser instrumentos de paz e amor.
Que a Tua vontade se faça na Terra como já se faz no Céu.  Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de maio de 2025

Bodas de Caná

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No segundo Mistério Luminoso contemplamos as Bodas de Caná


Do Evangelho de São João (2, 1-5):
Houve uma boda em Caná da Galileia e a Mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e os seus discípulos foram convidados para a boda. Tendo faltado vinho, a Mãe de Jesus disse-lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu: «Que há entre mim e ti, mulher? Ainda não chegou a minha hora!». A Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser».

Comentário de Fausto de Riez, bispo do século V
"Em Galileia, pelas obras de Cristo, a água se transforma em vinho; desaparece a lei e surge a graça; a sombra se dissipa e a realidade aparece; as coisas materiais se confrontam com as espirituais; a velha observância cede lugar ao Novo Testamento."

Meditação 1
Nas Bodas de Caná, Jesus realiza a primeira transubstanciação ao mudar a substância da água para a substância do vinho, como um prelúdio da outra transubstanciação, na qual mudará a substância do vinho na substância do Seu Sangue.

O milagre de Caná é uma figura e um símbolo do que diariamente se opera sobre os nossos altares. Há uma admirável conexão entre o primeiro milagre, que inicia a Sua carreira, e aquele com que a termina: a Última Ceia.

O vinho, que em Caná se torna o melhor, é um símbolo do Sangue de Cristo na Eucaristia. Na Última Ceia, Jesus toma o vinho e o oferece como o Seu Sangue, estabelecendo a nova aliança. O milagre de Caná antecipa este sacrifício e a realidade da Eucaristia, onde o vinho se transforma no Sangue de Cristo, que nos purifica e redime.

Meditação 2
Embora Jesus tenha dito que ainda não era a Sua hora, a Sua Mãe não hesitou em intervir, sem ser solicitada, em nome do casal que estava em apuros no seu primeiro dia de casamento. Ela conhece antecipadamente as nossas necessidades e está pronta a pedi-las de forma subtil, mas vigorosa, ao Seu Filho: «Eis que não têm vinho». Em troca, ela apenas nos pede para "Fazer tudo o que Ele vos disser".

Maria revela-se nesta passagem como o protótipo de todo o crente: atenta às necessidades concretas, apresenta-as a Jesus e encoraja os que estão à sua volta a porem n’Ele a sua confiança. As Bodas de Caná são uma oportunidade para contemplarmos o Deus Santo, que acolhe com bondade as nossas preces e desejos: é o Deus do “tempo oportuno”, que sabe dar a cada um aquilo de que mais precisa.

Em Caná da Galileia, Maria vê uma necessidade e procura resolver o problema, empurrando Jesus para a Sua vida pública, quando Ele ainda não tinha programado começar. Jesus, obediente ao Pai do Céu, obedece também à Sua Mãe, mesmo já adulto. Esta obediência é importante para nós, pois institucionaliza Maria, Sua Mãe, como intercessora de todas as graças.

Oração
Senhor Jesus,
que nas Bodas de Caná transformaste a água em vinho,
revela-nos o poder da Tua presença nas nossas vidas.
Assim como Teu primeiro milagre trouxe alegria e esperança,
que possamos experimentar a transformação que só Tu podes operar.

Mãe Santíssima,
modelo de confiança e intercessão,
ensina-nos a olhar com atenção às necessidades dos outros
e a apresentá-las a Teu Filho com a mesma confiança que tiveste.
Ajuda-nos a ser instrumentos de paz e alegria
na vida daqueles que nos rodeiam.

Senhor, fazei de nós servos atentos, às necessidades dos outros
dispostos a seguir a Tua vontade,
a colocar em prática as Tuas palavras,
e a viver em comunhão com os nossos irmãos.

Que, nas nossas vidas,
a Eucaristia se torne o vinho novo da Tua graça,
purificando-nos e renovando-nos a cada dia,
para que possamos refletir a Tua luz no mundo.

Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC


15 de abril de 2025

Batismo de Jesus

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No primeiro Mistério Luminoso contemplamos o Batismo de Jesus


Do Evangelho de São Marcos (1, 9-11):
Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão. E, imediatamente, ao sair da água, viu os céus abertos e o Espírito, como uma pomba, a descer sobre Ele. E dos céus surgiu uma voz: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.»

Comentário de Santo Ambrósio
"Apenas um se submergiu; quando Ele desceu, toda a humanidade desceu com Ele... Um só tomou sobre si os pecados de todos, para que n'Ele os pecados de todos fossem perdoados."

Meditação 1
Pouco sabemos sobre a vida de Jesus antes do início do Seu ministério público. Não é verosímil que Jesus tenha começado do nada; é provável que Ele se tenha associado ao movimento de João Batista, que perdoava os pecados com um batismo de água, sem a necessidade de oferecer sacrifícios no Templo de Jerusalém.

Embora Jesus fosse sem pecado, ao submeter-Se ao batismo, identifica-Se com a humanidade pecadora. O batismo de João era um símbolo de arrependimento, e ao ser batizado, Jesus demonstra solidariedade com os pecadores, assumindo plenamente a condição humana.

O Filho de Deus na fila dos pecadores!  Ele, igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus 4, 15), deixa-se batizar. No batismo, Jesus revela-nos o Seu modo de ser: assumir a condição humana até ao extremo, descer sempre, para revelar ao mundo a Sua verdadeira identidade – ser o Filho muito amado de Deus.

Meditação 2
Depois de batizado, Jesus saiu da água, e eis que os céus se rasgaram. A seguir, dá-se uma manifestação explícita da Trindade:

  • O Filho: Jesus é batizado.
  • O Espírito Santo: Desce em forma de pomba, simbolizando a unção de Jesus para a Sua missão.
  • O Pai: Uma voz do céu declara: "Este é o meu Filho amado, em quem pus toda a minha complacência" (Mateus 3, 17). Esta revelação trinitária confirma a identidade de Jesus como Filho de Deus e Messias prometido.

Jesus, ao ser batizado, expressa plena submissão à vontade de Deus Pai. Ele declara publicamente que está pronto a cumprir a Sua missão redentora, aceitando o caminho do sofrimento e da cruz. Esta obediência será uma constante em toda a Sua vida, culminando na paixão e morte.

O batismo marca o início do ministério público de Jesus. A partir deste momento, Ele começa a pregar, a realizar milagres e a ensinar sobre o Reino de Deus. Este evento inaugura uma nova fase na Sua missão de redenção.

Oração
Senhor Jesus,
que Te submeteste humildemente ao batismo no rio Jordão,
mostrando-nos o caminho da obediência e do amor,
ajuda-nos a seguir o Teu exemplo,
identificando-nos com os mais necessitados,
com os pecadores, e com aqueles que mais sofrem.

Tu, que és o Filho amado de Deus,
revela-nos, no silêncio do nosso coração,
a nossa própria identidade como filhos e filhas de Deus,
e dá-nos a força do Espírito Santo,
para vivermos plenamente a missão
que nos confiaste no nosso batismo.

Que, como Tu, possamos descer,
servindo e amando com humildade,
para que, na nossa entrega,
também os céus se abram e se revelem àqueles que tocamos com amor.

Pai celestial,
que no batismo de Teu Filho proclamaste o Teu agrado,
que também nós possamos ser motivo de alegria para Ti,
através da nossa vida de fé, esperança e caridade.

Que a Tua vontade seja sempre o nosso guia
e que o Teu Espírito nos fortaleça
na caminhada rumo à Tua promessa de vida eterna. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de abril de 2025

Perda e Encontro

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No quinto Mistério Gozoso, contemplamos a perda e o reencontro do menino Jesus no templo.


Do Evangelho de São Lucas (2, 41-47)
Os seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa e, quando Ele fez doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Completados os dias, quando regressavam a casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os seus pais soubessem.

Pensando que Ele estava na caravana, percorreram um dia de caminho, procurando-o entre os parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. E aconteceu que, três dias depois, o encontraram no Templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam estavam maravilhados com a sua inteligência e as suas respostas.

Ao vê-lo, ficaram perplexos, e sua mãe disse-lhe: «Filho, por que nos fizeste isto? Eis que o teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura». Ele respondeu-lhes: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?»

Comentário de Simeone Metafraste

A Virgem menciona São José como pai adotivo, mas Jesus aproveita a ocasião para se referir ao verdadeiro Pai, que é Deus. Esta passagem ensina que o olhar de Maria deve elevar-se das coisas terrenas para as celestiais. Ao permanecer no Templo, Jesus mostra que o amor a Deus deve ser mais forte que o amor natural que sentimos pelos nossos pais.

Meditação 1

«Por que me procuravas? Não sabias que eu devia tratar dos assuntos de Meu Pai?» Esta foi a resposta de Jesus à sua Mãe, depois de três dias de busca angustiante, quando o encontrou no Templo.

Estas são as primeiras palavras do Verbo encarnado registadas no Evangelho. Com elas, Jesus resume a sua pessoa, vida e missão. Revelam a sua filiação divina e testemunham a sua missão sobrenatural. Toda a vida de Cristo será uma explicação grandiosa do significado destas palavras.

São Lucas continua a dizer-nos que Maria "não compreendeu a palavra que Ele lhe disse". Apesar de não entender o pleno significado, Maria sabia que Jesus era o Filho de Deus e submeteu-se em silêncio à vontade divina, aceitando o sacrifício que o seu amor exigia.

"Maria guardava todas estas palavras no seu coração", onde, como num tabernáculo, adorava o mistério que nelas estava contido, esperando a luz do entendimento.

Meditação 2
Quantos perderam Jesus e não vivem aflitos, como deveriam! Muitos acreditam na existência de Deus, mas vivem como se Ele não existisse. Em suas casas, não há qualquer objeto ou imagem religiosa, e o pensamento de Deus nunca lhes ocorre. Muito menos o amor a Deus ou ao próximo. Vivem para si mesmos, como se nunca tivessem de morrer, e correm o risco de morrer sem jamais terem vivido.

O caminho para a vida humana autêntica passa por Jesus, pois Ele é o único Caminho, a Verdade e a Vida. Só quem semeia felicidade à sua volta é verdadeiramente feliz. A felicidade individual surge como reflexo de um bom desempenho na sociedade e da realização pessoal. Quem não é útil aos outros, não encontra propósito.

O católico apenas de nome é aquele que "perdeu Jesus no Templo", ou seja, deixou de participar na Eucaristia Dominical. Assim, o lugar onde o perdeu é o lugar onde o pode reencontrar. Sem a Eucaristia, não há Igreja; sem a Igreja, Cristo desaparece da face da Terra.

Oração
Senhor Jesus,
Tal como os teus Pais, aflitos, Te procuraram no Templo,
nós também buscamos a Tua presença
quando nos sentimos perdidos no caminho da vida.
Ajuda-nos a recordar que o verdadeiro encontro contigo
acontece quando voltamos o nosso coração à Tua casa,
à Tua Palavra e à Tua Eucaristia.

Dá-nos a graça de não viver como se estivesses distante,
mas de reconhecer-Te em cada momento,
em cada gesto de amor e serviço ao próximo.
Que o nosso amor por Ti
seja mais forte do que qualquer apego terreno,
que saibamos ouvir a Tua voz e seguir o Teu caminho.

Maria, Mãe Santíssima,
que guardaste as palavras do Teu Filho no silêncio do coração,
ensina-nos a aceitar a vontade de Deus,
mesmo quando não compreendemos completamente os Seus planos.
Que, como tu, possamos sempre confiar
e guardar a fé em cada circunstância da nossa vida.

Senhor, reacende em nós o desejo de Te procurar sempre,
e que, ao encontrar-Te, sejamos renovados
no amor, na paz e na alegria que só Tu nos podes dar.
Que nunca percamos a certeza
de que és o Caminho, a Verdade e a Vida,
 e que, Contigo, encontramos a verdadeira felicidade.

Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

15 de março de 2025

Apresentação

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No quarto Mistério Gozoso, contemplamos a apresentação do Menino Jesus no templo.


Do Evangelho de São Lucas (2, 22 – 32)
"Quando se cumpriram os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: 'Todo o primogénito macho será consagrado ao Senhor', e para oferecer um sacrifício, como está dito na Lei do Senhor: 'um par de rolas ou duas pombas novas'.

Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel. (…) Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. (…) Tomou o Menino nos braços, bendisse a Deus e disse: 'Agora, Senhor, podes deixar partir em paz o Teu servo, segundo a Tua palavra, porque os meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios e glória do Teu povo, Israel'."

Comentário de Santo Atanásio
"O Verbo, tomando sobre si o que era nosso, ofereceu-o como sacrifício e destruiu-o com a sua morte. Depois, revestiu-nos com a sua condição."

Meditação 1
Jesus não rompe com as tradições dos antigos, submetendo-se às leis da terra onde habita e do povo em que encarnou como homem. No entanto, ao obedecer ou cumprir essas leis, fá-las passar pela sua consciência moral, pois a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei.

Maria, sendo ao lado de Jesus a mais pura entre os seres viventes, também se submete à tradição de purificação ritual. Ao referir-se a esta segunda parte do mistério, é necessário incluir a palavra "ritual", pois Maria foi sempre pura, antes, durante e depois do parto.

O Filho de Deus sujeitou-se à Lei e aos seus preceitos! Na vida da Sagrada Família, o respeito pela Lei nasce da certeza de que é Deus o seu Fundamento. Por isso, o cumprimento rotineiro do estabelecido, do aparentemente imutável, torna-se também lugar de revelação de Deus.

Meditação 2
A Apresentação de Jesus no Templo é uma oportunidade para contemplarmos o Deus Santo, que assume o ritmo dos homens: é o Deus de Amor, que se revela na história humana sem se impor. Quanta verdade e quanta revelação de Deus no cumprimento fiel dos deveres de cada dia!

Simeão, ao olhar para Jesus, reconhece que o Cristo, pelo qual esperava, chegou, conforme a promessa de Deus. Ele levanta os olhos ao céu em agradecimento, mas também adverte Maria de que o seu coração será trespassado. Apesar disso, Maria continua a confiar em Deus, sem saber o que o futuro lhe reserva. Que a nossa oração peça confiança no plano de Deus e paciência para esperar que ele se desenrole.

No dia da Apresentação, Deus recebeu infinitamente mais glória do que em todos os sacrifícios e holocaustos oferecidos no templo até então. Neste dia, é o próprio Filho de Deus que lhe é apresentado, oferecendo ao Pai uma homenagem infinita de adoração, ação de graças, expiação e súplica.

Esta oferta, tão agradável a Deus, é recebida das mãos da Virgem, cheia de graça. A fé de Maria é perfeita. Cheia da sabedoria do Espírito Santo, ela tem uma clara compreensão do valor da oferta que está a fazer a Deus naquele momento. O Espírito Santo harmoniza a sua alma com as disposições interiores do coração do seu Divino Filho.

Assim como Maria deu o seu consentimento em nome de toda a humanidade quando o anjo lhe anunciou o mistério da Encarnação, também neste dia ela oferece Jesus ao Pai em nome de todo o género humano. Ela sabe que o seu Filho é "o Rei da Glória, a nova luz que se acendeu antes da aurora, o Mestre da vida e da morte".

Oração
Senhor, nosso Deus,
Tu que revelaste a Tua salvação a Simeão no Templo,
dá-nos olhos para reconhecermos a Tua presença nas simplicidades do dia a dia,
e corações abertos para acolher a Tua vontade, como Maria e José.

Que, como a Sagrada Família, saibamos viver em obediência às Tuas leis,
mas também com a consciência de que a verdadeira Lei nasce do Teu Amor.
Ajuda-nos a cumprir com alegria e fé os deveres de cada dia,
sabendo que neles se manifesta a Tua presença e a Tua vontade.

Senhor, dá-nos a confiança de Maria,
que, mesmo ao ouvir sobre a espada que trespassaria o seu coração,
continuou a confiar em Ti sem hesitar.
Que possamos, como ela, oferecer-Te o melhor de nós mesmos,
sabendo que és o fundamento da nossa esperança.

Neste dia de Apresentação, lembramo-nos que o Teu Filho Jesus
se ofereceu a si mesmo ao Pai, por amor a toda a humanidade.
Que possamos também, nas nossas vidas, ser oferta de amor e adoração,
dando testemunho da Tua glória e da Tua salvação,
luz para todas as nações.

Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de março de 2025

Nascimento de Jesus

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No terceiro Mistério Gozoso, contemplamos o nascimento de Jesus.

Do Evangelho de São João (3, 16; 1, 14)
"De tal modo amou Deus o mundo que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. (...) E a Palavra fez-se carne e habitou entre nós, e nós contemplámos a Sua glória; glória como unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade."

Comentário de São Gregório Nazianzeno
"O Filho de Deus fez-se homem por amor ao homem. Quem dá a sua riqueza aos outros torna-se pobre. Ele implora que eu lhe dê a minha natureza humana para Ele me dar a Sua natureza divina."

Meditação 1
Deus Criador encarnou na criatura. Para muitas religiões, parece impossível que Deus possa encarnar num ser humano, tal como parece impossível que o mar possa caber numa pequena poça de água. Se pensarmos apenas na transcendência de Deus, sim, isso parece impossível, ilógico, improvável. Contudo, para Deus, não existem impossíveis.

Deus não é apenas transcendente, Ele também é imanente, já está presente aqui e agora, no coração de cada coisa e de cada pessoa. A expressão "Deus é-me mais íntimo a mim do que eu próprio" aplica-se a tudo; Deus é o coração tanto da matéria dos seres materiais como dos seres espirituais. Por isso, quando pensamos na Sua imanência, torna-se mais fácil compreender que Ele tenha assumido uma forma humana.

Deus "acampou" entre nós, ergueu a Sua tenda entre nós, como outrora, quando acompanhou o povo libertado do Egipto durante 40 anos no deserto. Essa tenda, onde Moisés se encontrava com Deus em colóquio, representando o povo de Deus, era chamada de "tenda do encontro". Jesus de Nazaré, o Emanuel, "Deus connosco", é a nova tenda do Encontro, pois n'Ele Deus e os homens se encontram. Por meio de Jesus, Deus vem ao Homem; por meio de Jesus, o Homem vai a Deus.

Meditação 2
"Deus fez-se Homem para que o Homem se fizesse Deus." Sto. Ireneu
Ao saírem de Jericó, uma grande multidão acompanhava Jesus (Mateus 20, 29).

Jericó é, ao mesmo tempo, a cidade mais antiga do mundo, com 8.000 anos de existência, e a cidade situada ao nível mais baixo da Terra, cerca de 500 metros abaixo do nível do mar. Na Bíblia, Jericó simboliza o pecado. Na parábola do Bom Samaritano, Jerusalém representa a graça, enquanto Jericó simboliza o pecado.

O homem que caiu nas mãos dos salteadores caiu em desgraça porque descia de Jerusalém, 800 metros acima do nível do mar, para Jericó. Ele viajava da Graça para o pecado; como diz o povo, "quem de Deus se esquece, todo o bem lhe falta". Para salvar o homem do pecado, Jesus também desce a Jericó, mas não fica lá. Ele sai de Jericó, e uma grande multidão segue-O, subindo com Ele do pecado de Jericó para a graça de Jerusalém.

O Filho de Deus nasce em suma pobreza: em circunstâncias inesperadas, sem lugar, sem conforto. À pobreza de Deus, Maria responde com a sua própria pobreza: oferece o melhor de si, envolvendo e aconchegando a fragilidade do Menino Deus, para que não lhe falte o mais importante – o Amor.

O Nascimento de Jesus é uma oportunidade para contemplarmos o Deus Santo, que Se entrega na debilidade: é o Deus Pobre, que desperta sempre o melhor de nós. Quanta fragilidade e impotência existem nas nossas vidas e nas daqueles que nos rodeiam! Quantas oportunidades temos, como Maria, de oferecermos o que temos e de nos centrarmos no Amor! Como enfrento as dificuldades e as
fragilidades da vida? Vejo nelas uma oportunidade para dar o melhor de mim?

Oração
Senhor Deus,
que enviaste o Teu Filho para nascer entre nós em humildade e pobreza,
faz com que, à semelhança de Maria, possamos oferecer o melhor de nós mesmos,
acolhendo o Teu amor em cada situação da nossa vida.

Ajuda-nos a reconhecer a Tua presença na fragilidade e nas dificuldades,
e a ver em cada desafio uma oportunidade para crescer no Teu amor.
Que, como Maria, saibamos centrar-nos no essencial,
oferecendo o que temos com generosidade e simplicidade.

Senhor, assim como Jesus nasceu num estábulo humilde,
faz com que o nosso coração seja uma morada digna para o Teu Filho,
cheia de paz, amor e esperança.

Que nunca nos esqueçamos da grandeza do Teu plano,
onde até nas circunstâncias mais inesperadas e difíceis,
Tu te manifestas em amor e misericórdia.
Que possamos, como a grande multidão que seguiu Jesus,
subir da escuridão do pecado para a luz da Tua graça.

Amém

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de fevereiro de 2025

Visitação

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No segundo Mistério Gozoso, contemplamos a visita de Maria Santíssima à sua prima Santa Isabel.


Do Evangelho de São Lucas (1, 39-43, 46)
Por aqueles dias, Maria levantou-se e foi apressadamente para a montanha, para uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Levantando então a voz com um forte brado, disse: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (...) Feliz aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor!».

Comentário de Santo Ambrósio
"Bem-aventurada és tu que acreditaste", diz Isabel. Mas também vós sois abençoados porque ouvistes e acreditastes: toda a alma que crê e faz a vontade de Deus concebe e gera a Palavra de Deus, reconhecendo as suas obras."

Meditação 1
Se na Anunciação Maria está em oração, na Visitação Maria está em ação; se na Anunciação Maria escuta a palavra de Deus, na Visitação Maria põe essa mesma palavra em prática, como tantas vezes sugere o seu Filho; se na Anunciação Maria ama a Deus sobre todas as coisas, na Visitação ela ama o próximo como a si mesma.

Se na Anunciação Maria tem uma experiência de Deus como discípula, na Visitação, ao entoar o seu Magnificat e dar testemunho da sua experiência de Deus, ela age como missionária, relatando e testemunhando tudo o que Deus operou nela.

Nestes dois Mistérios Gozosos, encontramos o caminho de toda a vida cristã; por isso, Maria é para nós modelo de discípula e missionária. Nela se concentram todas as virtudes que o cristão deve cultivar. Maria é, portanto, não só a Mãe de Jesus e Nossa Mãe, mas também um exemplo de seguimento de Cristo.

Meditação 2
“Feliz és tu porque acreditaste”, foram as palavras de Isabel a Maria. Estas palavras recordam-nos que a fé é uma opção, uma aposta, uma decisão que tomamos livremente após esgotar o uso da razão. A fé é um salto no desconhecido, e só depois de o darmos saberemos se acertámos ou não. Maria encontrou a felicidade na sua fé na Palavra de Deus, dita pelo anjo. Também nós seremos felizes se acreditarmos, e infelizes se não o fizermos.

Maria deslocou-se de Nazaré até Ein Karen, percorrendo cerca de 150 km, para ajudar a sua prima. No entanto, Isabel reconhece nela algo mais que a sua prima Maria, pois esta já estava grávida do Filho de Deus. Ao responder às palavras de Isabel com o seu Magnificat, Maria mostra o que significa ser missionário. Não se trata propriamente de um pregador de doutrinas; a doutrina vem em segundo plano.

Tal como Maria no Magnificat, o missionário deve testemunhar as grandes obras que Deus operou na sua vida. Assim como a História se divide em antes e depois de Cristo, também a nossa vida muda quando encontramos Cristo, tal como aconteceu com Paulo.

No Magnificat, Maria relata as grandes coisas que o Todo-Poderoso fez na sua vida. Da mesma forma, o projeto de Jesus não é apenas individual, mas também social, chamando-nos a fazer deste mundo o Reino de Deus.

O missionário, tal como Maria narra no seu Magnificat, é aquele que ajuda a derrubar os poderosos dos seus tronos e a exaltar os humildes; é aquele que enfrenta as injustiças deste mundo, lutando para que o Reino de Deus se estabeleça aqui, numa sociedade mais justa, pacífica e fraterna.

Oração
Senhor, nosso Deus,
assim como Maria se levantou apressadamente
para servir e levar a Tua presença à casa de Isabel,
também nós, movidos pelo Teu Espírito,
queremos responder com prontidão ao Teu chamamento.

Faz de nós discípulos fiéis,
que escutam a Tua Palavra com o coração aberto,
e missionários generosos,
que a colocam em prática através do serviço e do amor ao próximo.

Que, como Maria,
possamos reconhecer e testemunhar
as grandes maravilhas que realizas nas nossas vidas,
e anunciar com alegria o Teu Reino de justiça, paz e fraternidade.

Senhor, ajuda-nos a derrubar as barreiras que nos separam dos outros,
a exaltar os humildes e a combater as injustiças
que impedem a Tua paz de reinar no mundo.
Que a nossa fé seja firme e confiada em Ti, como a de Maria,
e que saibamos encontrar a verdadeira felicidade
em acreditar nas Tuas promessas.

Assim como Maria entoou o seu Magnificat,
nós Te louvamos e bendizemos,
porque és fiel e misericordioso,
e em Ti depositamos toda a nossa confiança.

Amén.

Pe. Jorge Amaro, IMC

15 de janeiro de 2025

Anunciação

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No primeiro Mistério Gozoso, contemplamos a anunciação do anjo à Virgem Maria.

Do Evangelho de São Lucas (1, 26-31):
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David. O nome da virgem era Maria. Ao entrar onde ela estava, o anjo disse: «Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo!».

Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria esta. O anjo, então, disse-lhe: «Não tenhas medo, Maria, pois encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e chamá-lo-ás Jesus».


Das Atas do Concílio de Éfeso:
A palavra que pronunciamos e de que nos servimos nos diálogos é incorpórea, impossível de ser apreendida pela visão ou pelo toque. Quando, no entanto, se reveste de letras e de formas exteriores, torna-se visível e acessível ao olhar e ao toque. Do mesmo modo, o Verbo de Deus, que por sua natureza é invisível, tornou-se visível; sendo também incorpóreo por essência, assumiu um corpo tangível.

Meditação 1
Como nos diz a carta aos Hebreus (1, 1-10): "Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados. Mas, nestes últimos tempos, falou-nos por meio do seu Filho."

As comunicações dos profetas nos tempos antigos eram sempre imprecisas, imperfeitas e incompletas. Por isso, Deus decidiu intervir diretamente na história da humanidade, como tantas vezes fez ao longo da história de Israel. Jesus de Nazaré revela, ao mesmo tempo, a verdadeira natureza de Deus e a verdadeira natureza do homem, ensinando como Deus se relaciona com o homem e como o homem deve relacionar-se com Deus.

Meditação 2
Ao aparecer grávida após a sua visita à prima Isabel, Maria teve de enfrentar sozinha os seus pais, José e o povo da sua aldeia. A conceição milagrosa, obra do Espírito Santo, foi um evento único na história, sem precedentes, que soaria inverosímil para as gentes daquela aldeia.

Naquela época, Maria corria o risco de ser vista como adúltera, pois já estava prometida a José, e a punição para o adultério era o apedrejamento, como sabemos pelo episódio da mulher adúltera apresentada a Jesus para ser apedrejada. Decerto Jesus se lembrou da sua mãe naquele momento.

Maria sofreu silenciosamente com as calúnias durante toda a sua vida, algo sugerido em várias passagens do Evangelho. Para muitos da época, Jesus era visto como filho de pai desconhecido, o que era uma vergonha tanto para Ele quanto para Maria, especialmente numa sociedade patriarcal. Marcos refere-se a Jesus como "filho de Maria", enquanto Mateus diz que é filho de José. Lucas resolve não dizer nada.

Oração
Senhor Deus,
Tu que escolheste Maria, uma humilde serva,
para ser a Mãe do Teu Filho,
ensina-nos a ter a mesma confiança e fé
que ela demonstrou ao ouvir o Teu chamamento.

Dá-nos a coragem de responder "Sim" à Tua vontade,
mesmo quando não compreendemos os Teus desígnios,
assim como Maria aceitou, com humildade e entrega,
o plano divino que mudaria a história da humanidade.

Senhor, tal como o anjo Gabriel a saudou com a graça,
nós também pedimos a Tua bênção,
para que sejamos portadores
da Tua presença e do Teu amor no mundo,
e que, como Maria,
possamos levar a Tua luz e dar testemunho do Teu Filho Jesus.

Ajuda-nos, Senhor, a enfrentar as adversidades
e incompreensões que surgem no nosso caminho,
com a mesma paciência e silêncio de Maria,
que soube sofrer em paz e guardar tudo no seu coração,
confiando plenamente em Ti.

Que, como José, saibamos agir com justiça e misericórdia,
evitando o julgamento apressado
e acolhendo o próximo com amor e compreensão.

Ó Pai, ensina-nos a seguir o exemplo de Jesus,
que não procurou condenar,
mas sim trazer a reconciliação e a esperança de vida nova.
Que também nós sejamos instrumentos da Tua justiça reparadora,
desejando sempre a conversão
e a vida do pecador, e não a sua queda.

Senhor, faz-nos compreender que,
assim como Maria e o Teu Filho carregaram
o peso das calúnias e do sofrimento,
nós também devemos perseverar nas dificuldades,
confiando que Tu estás sempre connosco,
mesmo quando o mundo nos julga e nos condena.

Nós Te louvamos, ó Deus, por Teu amor incondicional
e pela promessa de salvação,
confiando em Ti, hoje e sempre.
Amém

Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de janeiro de 2025

Contemplando os vinte mistérios do Santo Rosário

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"Rezem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
"
(13 de maio de 1917 - Aparição de Nossa Senhora em Fátima)

O que é o Rosário
Nossa Senhora não pediu apenas na primeira aparição que se rezasse o rosário todos os dias; insistiu nesse pedido em todas as suas aparições subsequentes até à última. O Rosário e Fátima são inseparáveis, mas o Rosário é também inseparável de outras aparições marianas.

O termo "Rosário" advém das 150 (agora 200) Ave-Marias entrelaçadas em grupos de 10 com a oração do Pai-Nosso e do Glória, além das meditações dos mistérios da vida de Jesus e da nossa redenção, formando assim uma "coroa de rosas" oferecida a Maria, Mãe do Senhor e nossa Mãe.

Os vinte mistérios da vida de Cristo estão divididos em quatro séries de cinco mistérios cada. Em cada Rosário, reza-se apenas uma dessas séries, que são: os Mistérios da Alegria, referentes ao nascimento e infância de Jesus; os Mistérios da Luz, que refletem Jesus como a luz do mundo durante o seu apostolado; os Mistérios da Dor, relacionados com a Paixão e morte de Cristo; e, por fim, os Mistérios da Glória, que contemplam a Ressurreição e Ascensão de Jesus ao Céu.

Inspirado no capítulo 12 do Livro do Apocalipse, que se refere a Maria coroada com uma coroa de 12 estrelas, concebi 12 mistérios marianos, refletindo como a vida de Maria está entrelaçada com a do Seu Filho, desde a sua conceção até à Assunção e coroação no Céu. Tal como os mistérios do Santíssimo Rosário, estes mistérios marianos também contemplam a vida de Jesus, porém sob a ótica de Sua Mãe.

A importância do Rosário na nossa vida espiritual
Rezar o Rosário é permitir que Maria nos guie na meditação dos mistérios da vida do Seu Filho. Esta prática ajuda a manter o coração e a mente focados nos ensinamentos do Evangelho, fortalecendo a nossa fé em Deus e a Sua presença no dia-a-dia.

O ritmo repetitivo e meditativo das orações proporciona um estado de calma e introspeção. Muitas pessoas encontram paz interior e conforto ao rezar o Terço, especialmente em momentos de dificuldade, ansiedade ou angústia.

No Santíssimo Rosário, a repetição das Ave-Marias, 50 vezes (10 vezes por mistério), tem a finalidade de evitar que a mente se distraia da contemplação do mistério. O objetivo não é focar-se em cada Ave-Maria e Pai-Nosso, mas sim usar estas orações como mantras, permitindo que a mente alcance um estado de contemplação do divino.

Como se reza o Rosário em Fátima
Ao fazer o sinal da cruz diz-se:
Deus vinde em nosso auxílio. /Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. / Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

  • Enunciação do Mistério da vida de Cristo a ser contemplado.
  • Proclamação do texto bíblico referente ao mistério
  • Pausa por um período de tempo adequado
  • Recitação de 1 Pai-Nosso e 10 Ave-Marias.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. /Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

Ó Maria, concebida sem pecado, /rogai por nós que recorremos a vós.

Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno; (morte eterna)
Levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem da vossa misericórdia.
 
No final do quinto mistério rezam-se 3 Ave-Marias pelas intenções do Papa

Salve-Rainha
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Distribuição dos Mistérios de Cristo pelos dias da semana

  • Domingo e quarta-feira: Mistérios da Glória (ou gloriosos)
  • Segunda-feira e sábado: Mistérios da Alegria (ou gozosos)
  • Terça-feira e sexta-feira: Mistérios da Dor (ou dolorosos)
  • Quinta-feira: Mistérios da Luz (ou luminosos)
  • Sábado: Mistérios Marianos

Mistérios Gozosos
Meditamos o início da redenção da humanidade, desde a Anunciação a Maria e a encarnação do Filho de Deus até à adolescência de Jesus.

Mistérios Luminosos
Os Mistérios Luminosos, introduzidos pelo Papa João Paulo II em 2002, visam preencher a lacuna entre os Mistérios Gozosos e Dolorosos, mas acabam por deixar de fora uma parte essencial da vida de Jesus, onde Ele se revela como modelo da Humanidade, Caminho, Verdade e Vida. Ele é aquele com quem devemos comparar-nos para sermos autêntica e genuinamente humanos, e, simultaneamente, é a nossa salvação, a fonte da nossa saúde espiritual aqui e agora, para além de ser o caminho para o Pai.

A vida de Jesus pode ser resumida nos milagres realizados e nos ensinamentos proferidos, sendo o Reino de Deus o objetivo primordial da sua vinda. Assim, proponho, no terceiro mistério, substituir a “Proclamação do Reino de Deus” por “O Reino de Deus nas palavras e nos milagres de Jesus”.

Com efeito, Jesus não apenas anunciou a vinda do Reino, mas também demonstrou que este já está presente no meio de nós através dos seus ensinamentos e dos seus milagres. O Reino de Deus iniciou-se com a vinda de Jesus ao mundo; ele está entre nós, ainda que não em plenitude. Cabe a nós, Seus discípulos, a tarefa de continuar a sua missão de transformar este mundo no Reino de Deus.

Esta alteração no terceiro mistério luminoso oferece uma visão mais completa da vida pública de Jesus e está alinhada com o propósito original dos Mistérios Luminosos.

Mistérios Dolorosos
Meditamos no processo da Paixão e morte de Jesus, desde a agonia no Jardim das Oliveiras até ao Seu último suspiro na Cruz. Ao dizer que Jesus morreu pelos nossos pecados, entendemos que Ele pagou a dívida que não podíamos saldar, refletindo o pecado de toda a humanidade.

Mistérios Gloriosos
Meditamos no triunfo de Jesus sobre a morte com a Sua Ressurreição. A morte foi vencida, assim como o pecado que a causava. Agora, a morte é uma passagem para a vida eterna, e a vida de Jesus, que começou com o "sim" de Maria, culmina com a glorificação daquela que é exemplo de vida cristã para todos nós.

Mistérios Marianos
Meditamos no reflexo da vida de Jesus na vida de Maria, que começa antes da do Seu Filho e continua após a Ascensão.

NB – Nos seguintes artigos um para cada um dos 20 mistérios apresento material para ajudar na meditação de cada mistério. Este material a ser usado depois da anunciação de cada mistério e antes da recitação das 10 Ave-Marias consta do seguinte:

  • O texto bíblico referente a cada mistério
  • Uma meditação dos Padres da Igreja
  • Uma meditação minha
  • Uma Oração inspirada em todos os textos

Consoante o tempo disponível, a pessoa que preside à recitação pode escolher só o texto bíblico ou o texto dos Padres da Igreja, uma das duas meditações, a oração, ou tudo quando o tempo de que se dispõe é muito.

Pe. Jorge Amaro, IMC