A antropologia moderna já não divide os seres humanos em 4 raças, tal como estudámos na escola: raça preta, branca, amarela e vermelha. O termo “raça” deixou de usar-se para diferenciar grupos humanos e só se usa para diferenciar a raça humana do resto dos seres vivos que habitam este planeta. Hoje, a maior parte dos antropólogos usa o termo “grupo étnico” em vez de “raça” e divide a raça humana em três grandes grupos étnicos: negroide, caucasoide, mongoloide. Há também quem junte australoide para os habitantes da Oceânia, mas nós achamos que estes são já um subgrupo.
Mesmo correndo o risco de sermos mal interpretados, usaremos estes termos no sentido original, sem nenhuma conotação racista, pois este texto quer provar precisamente que a raça humana teve um berço comum em África e que as diferenças fisiológicas que hoje exibimos advêm da longa adaptação aos diferentes meios ambientes para onde a única raça humana imigrou.
O Vale de Rift, berço da humanidade e do seu Salvador
Um vale é uma depressão da terra rodeada por montanhas ou colinas. Há vales formados pelo curso dos rios, que escavaram a terra ao longo de milhares ou milhões de anos, como é o caso do Grande Canyon, nos E.U.A.
As primeiras grandes civilizações que o mundo conheceu, formaram-se nas margens de grandes rios: - o Egito, nas margens do rio Nilo; a Mesopotâmia, terra entre os rios Tigre e Eufrates; a civilização hindu ou védica, nas margens do rio Ganges e a chinesa, nas margens do rio Amarelo (Huang He); Maias, Astecas e Incas na América central. Estes rios forneciam não só uma constante e inesgotável fonte de água para beber, como também alimento sob a forma de peixe, água para a agricultura e enriqueciam com os seus sedimentos as terras por onde passavam - as terras mais férteis do nosso planeta são de facto as dos vales atravessados por grandes rios. Os rios também eram vias de comunicação entre povos e facilitavam o comércio.
Outros formam-se pelo lento movimento dos glaciares que rasgam a terra em forma de U, e ainda outros que se formam quando duas placas tectónicas adjacentes se separam criando uma fenda entre elas; a terra que fica por cima dessa fenda colapsa e afunda-se. Quando a placa arábica se separou da placa africana, formou-se o Vale de Rift, o mais extenso e profundo do planeta. De facto, em cada lado do Vale de Rift não se encontram montanhas, como acontece nos vales formados por rios e glaciares, mas sim planaltos.
Começa na nascente do rio Jordão, em Israel, entre o Líbano e a Síria, forma o vale do rio Jordão até ao mar da Galileia, continua no vale do Jordão até ao Mar Morto, depois deste até ao golfo de Aqaba no Mar Vermelho, prossegue a sul até entrar em África pela Eritreia, Etiópia, Quénia, Tanzânia, e acaba ao meio de Moçambique no oceano Índico, depois de percorrer mais de 3 000 quilómetros e descer até 500 metros a baixo do nível do mar.
O vale de Rift é uma cadeia de grandes lagos como o lago Vitória onde nasce o Rio Nilo, Tanganica, Turkana, Niassa e tantos outros lagos e rios mais pequenos; é conhecido pelo clima primaveril durante todo o ano e pela terra fértil. A biodiversidade no Vale de Rift é muito superior ao resto da África sendo uma das zonas de mais biodiversidade do mundo.
Aqui também nasceu e se desenvolveu a humanidade, no período Paleolítico. Aqui também nasceu o Salvador da humanidade e, precisamente nas nascentes do Rio Jordão, em Cesareia de Filipo, o apóstolo Pedro reconheceu em Jesus algo mais que um profeta - o messias, o filho de Deus. (Marcos 8, 27-30). Quando nasce a panela nasce o testo para ela: a panela é a humanidade, o testo é Jesus, Caminho, Verdade e Vida para essa humanidade.
De primata a ser humano
Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e dominai toda a terra; Génesis 1, 28
Há 66 milhões de anos, um meteorito de 10 Km de diâmetro chocou contra o nosso planeta e provocou uma noite invernal de vários anos, na qual morreram 75% dos seres vivos da Terra, entre eles os dinossauros. Salvaram-se os pequenos roedores porque viviam debaixo do solo e conseguiam hibernar durante muito tempo.
Passados muitos anos, quando as condições de vida se tornaram outra vez favoráveis, estes roedores evoluíram até aos orangotangos que viviam nas árvores para se protegerem e terem comida, e destes até aos macacos, chimpanzés, gorilas e primatas. Os chimpanzés, os bonobos (ou chimpanzés-pigmeus) e os seres humanos descendem de um primata que viveu há 6 milhões de anos. Deste primata originou-se um ramo que são os humanos e outro que são os chimpanzés; deste último saíram ainda os chimpanzés de hoje e os bonobos.
Por isso o magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus.
Pio XII Humane Generis, 36
Como diz a Humane Generis, o livro do Génesis não contradiz a teoria da evolução. O Génesis diz a verdade da fé, não a verdade da ciência. Que os seres humanos evoluíram a partir de outros seres vivos e que a vida no planeta vem de um tronco comum não é problema para a nossa fé, desde que se reconheça que Deus Criador de tudo e de todos deu o pontapé de saída ao criar a vida que já sabia que desembocaria no ser humano. A ciência não sabe explicar de facto em termos científicos como passámos de macaco a ser humano.
Como o elo entre nós e os macacos ainda não foi encontrado, ninguém sabe como ou porquê os humanos evoluíram e os nossos irmãos chimpanzés não…. Foi Deus que assim quis, mutações genéticas, mudança de clima, de alimento, ou tudo isso? Pode ter sido uma sucessão de eventos em cadeia, tipo efeito dominó: uma coisa leva à outra e assim sucessivamente. Alguns desses fatores são o bipedismo que libertou as mãos, o aumento da capacidade craniana que criativamente arranja tarefas para as mãos executarem, utensílios, o polegar oponível, mudanças genéticas, mudanças climatéricas e geológicas que obrigaram o ser humano a adaptar-se às novas condições, etc.
A partir deste cenário altamente variável e com muitas variáveis, surgiu um macaco suficientemente esperto para questionar a sua própria existência. A título de cronologia evolutiva das espécies humanas bípedes que foram surgindo e desaparecendo no vale de Rift desde há seis milhões de anos, a antropologia estabelece as seguintes espécies:
• Ardipithecus Ramidus – 4,4 milhões de anos
• Australopithecus Afarensis – 3,5 milhões de anos
• Homo Habilis – de 2 milhões a 1,4 milhões de anos
• Homo Ergaster – de 1,8 a 1,2 milhões de anos
• Homo Erectus – de 1,6 milhões a 150 mil anos
• Homo Neanderthalensis – de 150 mil a 30 mil
• Homo Sapiens - de 130 mil anos até hoje
À exceção desta última, que é a nossa espécie, todas as outras estão extintas.
Migração e miscigenação
O Homo Hhabilis, que é considerado o primeiro membro do género Homo, deu origem ao Homo Ergaster. Alguns H. Ergaster migraram para a Ásia, onde são chamados Homo Erectus, e para a Europa com o Homo Georgicus. O H. Ergaster na África e o H. Erectus na Eurásia evoluíram separadamente durante quase dois milhões de anos e, presumivelmente, separaram-se em duas espécies diferentes.
O Homo Rhodesiensis, que era descendente do H. Ergaster, migrou da África para a Europa e tornou-se o Homo Heidelbergensis e, mais tarde (há cerca de 250 000 anos), no Homo Neanderthalensis e no hominídeo de Denisova na Ásia. O primeiro Homo Sapiens, descendente do H. Rhodesiensis, surgiu em África há cerca de 250 000 anos. Há cerca de 100 000 anos, alguns H. Ssapiens Sapiens migraram de África para o Levante e reuniram-se aos neandertais aí residentes, com alguma miscigenação genética.
Mais tarde, há cerca de 70 000 anos, talvez depois da catástrofe de Toba, um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a Eurásia, Austrália e, mais tarde, as Américas. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos e, depois de alguma miscigenação, migraram para preencher a Melanésia.
Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("hipótese da origem única"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "evolução multirregional"). Resultados genómicos recentes do grupo de Svante Pääbo também mostram que há 30 000 anos, pelo menos, três subespécies principais coexistiram: os Denisovanos, Neandertais e os Cro-magnons. Hoje, apenas o Homo Sapiens Sapiens sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.
Os três reis magos e os três grupos humanos
Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Isaías 25, 6
Os três grandes grupos étnicos subdividem-se em vários outros grupos que podem também subdividir-se até uns 5 000 grupos étnicos. Porém, todos descendem do Homo Sapiens pois, como vimos, todas as outras estirpes humanas se fundiram com o Homo Sapiens ou desapareceram e se extinguiram. Não há assim nenhuma razão científica que fundamente o racismo, ou seja, a rivalidade entre diferentes grupos humanos, uma vez que somos todos exclusivamente Homo Sapiens que emigraram de África.
- Caucasoide – arianos, hamitas, semitas
- Mongoloide - mongóis, chineses, indo-Chineses, japoneses e coreanos, tibetanos, malásios, polinésios, maori, micronésios, esquimós ou Inuit, índios americanos
- Negroide - africanos, hotentotes, melanésios/Papua, “Negrito”, aborígenes australianos.
A partir daqui o homo sapiens começou sua viagem que o levou a todos os cantos da terra. À medida que se iam fixando em diferentes longitudes e latitudes, para sobreviver os seus corpos a sua fisiologia teve de se adaptar aos diferentes lugares que iam colonizando daí a ramificação em três principais grupos étnicos, negroides, caucasoides e mongoloides, uma vez mais, tal como Deus é um e três, os seres humanos são ao mesmo tempo um e três; três em um, um em três.
Representando cada um três grupos étnicos em que a humanidade se ramificou, os três reis magos voltaram ao vale do Rift de onde tinha partido o seu comum ancestral, o homo sapiens, para prestar homenagem ÀQUELE que é o modelo da humanidade, também nascido nas encostas de daquele vale, Jesus Cristo. Jesus é aquele que veio trazer plena saúde física, moral, espiritual e psicológica e sobretudo ser o grande modelo de humanidade para todos seguirem como caminho, verdade e vida. (João 14, 6)
Cereais e civilização
A agricultura e a domesticação dos animais foram importantes já no Paleolítico para a sobrevivência da espécie humana e sobretudo para vencer a simbiose e dependência em que o homem vivia em relação à Natureza. Antes da invenção da agricultura e domesticação dos animais, o ser humano, tal como os animais selvagens, passava a maior parte do dia à procura de alimento.
De entre todos os produtos agrícolas, os mais responsáveis por estabelecer uma total independência em relação à Natureza são os cereais. O ser humano é considerado um omnívoro, mas, do ponto de vista da civilização, é sobretudo cerealífero; os cereais são, ainda hoje, a base da alimentação da humanidade, são a base da conhecida pirâmide alimentar: cereais, vegetais e frutas, carne e peixe e por fim as gorduras vegetais ou animais.
Porquê os cereais? Do ponto de vista da nossa alimentação, os cereais, compostos por hidratos de carbono, são um alimento energético e fornecem uma energia constante por muito tempo. As verduras e frutas fornecem uma energia rápida, mas de pouca duração. Por outro lado, de todos os alimentos que se conhecem, os cereais são os que levam mais tempo a degradar-se: em humidade zero podem sobreviver durante milénios. De facto, foram encontrados no túmulo de Tutankamon, faraó do Egito, grãos de trigo com 5 000 anos que germinaram depois de semeados.
Onde não houve cereais não houve civilização porque os cereais, como bem indica a história de José do Egito descrita no livro do Genesis 37 e a parábola do rico insensato de Lucas 12, 16-20, ao contrário de outros alimentos podiam ser armazenados e conservados durante muito tempo, libertando os seres humanos da busca constante de comida e permitindo que se dedicassem a outras tarefas, formando cultura e civilização. Tomemos como exemplo os índios de todo o continente americano; tanto os índios da América do Norte, como os da América do Sul, não constituíram civilização porque não tinham nenhum cereal. Enquanto que os índios da América central, os Maias, os Astecas e os Incas constituíram uma civilização bastante desenvolvida. São três as grandes civilizações do mundo antigo e todas elas têm como base um ou mais cereais:
Civilização do trigo – Norte de África e Europa - O Egito floresceu graças à fartura de grãos cultivados nas margens do rio Nilo. Trigo, cevada, sorgo, aveia foram os primeiros grãos com o maior domínio de técnicas de cultivo. Os faraós usavam o trigo como moeda. Os camponeses ganhavam três pães e dois jarros de cerveja como pagamento por um dia de trabalho. Nos túmulos egípcios dos faraós, foram encontradas massas, mel, frutas, carnes, pães e cerveja.
Civilização do arroz– Ásia e Oceânia – O arroz é a base da alimentação de aproximadamente dois terços da população mundial, sendo o cultivo mais importante de vários países, principalmente na Ásia e Oceânia. O cultivo do arroz é tão antigo quanto a civilização. Os historiadores acreditam que este cereal é originário da China, Índia e Oceânia. Descobertas arqueológicas na China e na Índia indicam que o arroz existe há 7 000 anos. A sua utilização em cerimónias, onde o Imperador semeava o arroz, remonta a 2 822 a.C. e representa a referência mais concreta que existe.
Civilização do milho – Américas - O milho era conhecido pela civilização pré-colombiana como o alimento dos homens e deuses. É o terceiro cereal mais importante do mundo, depois do trigo e do arroz, e garantiu a sobrevivência de grandes populações pelo seu valor nutricional. Os homens que cultivavam o milho necessitavam de apenas 50 dias de trabalho ao ano, o que permitiu que esses povos pudessem trabalhar na construção de grandes obras arquitetónicas.
Os Maias, Astecas e Incas usavam o milho em forma de farinha na sua alimentação em papas, pães, bolos, tamales. Esses povos tinham uma relação mística e intensa com esse cereal. Mesmo nas luxuosas refeições dos líderes, o milho era presença obrigatória. A preparação do milho incluía a utilização de sal e pimenta, bem como as bebidas fermentadas produzidas a partir do milho, que ainda hoje são feitas pelos povos andinos. A durabilidade e a fácil conservação para o transporte do milho contribuíram para que Colombo levasse o milho da América para a Europa.
Perfil africano (negroide)
As características físicas dos africanos são as seguintes: crânio arredondado, pigmentação da pele muito escura, cabelo de cor preta encarapinhado ou crespo; olhos redondos de cor preta, nariz largo e achatado, boca grande de lábios proeminentes e grossos, tórax curto e largo, escassa pilosidade corporal e barba rala.
O núcleo principal deste grupo, situa-se no continente africano. No entanto, há um ramo oriental deste grupo que é constituído pelos austroloides, também chamados oceânicos. Os das Ilhas Salomão assemelham-se tanto aos negros africanos que os antropólogos não distinguem uns dos outros. Em geral, têm a pele escura, cabelo preto ondulado, sistema piloso corporal desenvolvido cara estreita e baixa, olhos de cor castanha escura, nariz grande, lábios grossos, cabeça alongada, estatura superior à média e, mesmo, alta.
Perfil europeu (caucasiano)
As características físicas dos europeus são as seguintes: crânio largo e redondo, pigmentação da pele clara, cabelos claros que variam de lisos a ondulados, olhos rasgados e retos, lábios delgados, tórax largo, abundante pilosidade corporal, barba cerrada. Constituem 50% da humanidade. O núcleo principal dos brancos encontra-se no Velho Mundo: Europa, Ásia e no norte de África. Subdivide-se em meridional ou indo-mediterrânico e setentrional ou Atlântico-báltico. A raça meridional é de pele, cabelos e olhos escuros, enquanto a raça setentrional apresenta a pele, cabelos e olhos mais claros.
Os que representam a raça meridional ou indo-mediterrânica são: hindus, tajiques, arménios, gregos, árabes, italianos e espanhóis, que se caracterizam por cabelo negro ondulado, olhos castanhos, nariz de dorso encurvado, rosto estreito e cabeça de forma dolicocéfala ou mesocéfala.
A raça setentrional ou atlântico-báltica é representada pelos russos, bielor russos, polacos, noruegueses, alemães, ingleses e povos que vivem mais para o norte; as suas características são: pele clara, cabelos loiros ou ruivos, olhos cinzentos ou azuis, nariz comprido e estatura elevada.
Perfil asiático (mongoloide)
As caraterísticas físicas dos asiáticos são as seguintes: crânio largo, pigmentação clara da pele entre branca e amarelada, cabelos lisos e negros, olhos rasgados e oblíquos, pómulos salientes, nariz reto, lábios delgados, tórax curto e largo, escassa pilosidade corporal.
A etnia mongoloide compreende cerca de 40% da população terrestre e metade são chineses. Habitam na Ásia, nas regiões setentrionais, orientais, centrais e sul-orientais, e estendem-se pela Oceânia e continente americano. Muitos elementos deste grupo fazem parte da população das regiões asiáticas que pertenciam à antiga União Soviética: iacutos, buriatos, tunguses, tchuquetches, tuvinos, altaios, ilacos, aleutas, esquimós asiáticos.
A raça mongoloide divide-se em três raças: Setentrional ou asiático-continental - também chamada de centro-asiática e à qual pertencem os buriatos e os mongóis. São conhecidos por terem a cor da pele, cabelos e dos olhos mais clara, os cabelos menos duros, lábios delgados e rosto grande e chato.
Meridional ou asiático-pacífica - são seus representantes os malaios, javaneses e habitantes das Ilhas de Sonda. As características são: pele bronzeada, rosto estreito e baixo, lábios grossos, nariz largo, cabelo por vezes ondulado, estatura inferior à dos setentrionais e dos chineses.
Índios americanos – as suas características são: cabelo reto e rígido, cor negra, sistema piloso corporal pouco desenvolvido, pele com coloração amarela-parda, olhos de cor castanha escura e rosto largo.
Variáveis fisiológicas
As variáveis fisiológicas mais notáveis entre os três grupos humanos, são a cor da pele, a forma e a cor do cabelo, a forma e a dimensão do nariz, a forma e a cor dos olhos e, em menor medida, a saliência das maçãs do rosto.
Pele – Do branco de um escandinavo ao preto de um congolês a única diferença é a latitude em que estas duas pessoas habitam. Quando mais a norte do Equador, mais branco; quando mais perto do Equador, mais preto. O nosso organismo precisa de vitamina D que sintetiza a partir da exposição da pele nua ao sol. Onde o sol é abundante, a pele, como se fosse uma cortina, fecha-se para deixar entrar só a quantidade de que precisa; onde o sol é escasso, a pele abre-se por completo para deixar entrar a maior quantidade possível.
Nariz – Para além de filtrar o ar de poeiras e fumos, e impedir que cheguem aos brônquios, o nariz também regula a temperatura do ar; o nariz longo de narinas apertadas corresponde aos climas frios, o nariz pequeno e achatado de narinas amplas corresponde aos climas quentes.
Olhos - A maior ou menor concentração de melanina na pele é responsável pela sua cor, e também pela cor dos olhos - quanto mais pretos, mais melanina; quanto mais claros, menos melanina.
Dizem estudos atuais que as pessoas com olhos azuis descendem todas de um mesmo indivíduo que viveu há 6 000 anos na Escandinávia. Ali, 89% das pessoas têm olhos azuis e essa percentagem vai descendo à medida que caminhamos para sul e desaparece de azul para verde, de verde para castanho e depois preto, à medida que avançamos mais para sul. Tal como a pele e o cabelo, a diferença de melanina é responsável por isso.
Quanto ao formato dos olhos, ressalta a diferença entre os olhos chineses ou asiáticos e o resto do mundo. Os estudos dizem que este formato é uma adaptação ao meio ambiente e ao clima; nas estepes asiáticas, os ventos constantes, a poeira por eles levantada, o frio, assim como a necessidade de divisar ao longe, levaram ao longo dos séculos os olhos a serem como são hoje.
Cabelo – A mesma melanina que é responsável pela cor das íris dos olhos e da pele é também responsável pela cor do cabelo. A textura do cabelo tem a ver com a temperatura: os cabelos lisos são próprios dos climas frios, os cabelos encaracolados e encarapinhados como os dos africanos, são próprios dos climas quentes - ao dar mil e uma voltas, um cabelo encarapinhado permite que se forme uma almofada ou câmara de ar entre o couro cabeludo e o ar, protegendo assim a cabeça de insolações; os africanos têm como que um ar condicionado na cabeça.
A essência do racismo
Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gálatas 3:28
A afirmação e a defesa da tese da desigualdade biológica das raças humanas constituem a essência do racismo. Os racistas consideram a raça branca como superior e as outras raças, como a negra e a amarela, como inferiores. Os racistas confundem os conceitos de raça e nação. No entanto, a raça é um conceito biológico enquanto que a nação é um conceito sociológico.
O nível cultural não depende das características sociais, mas é determinado pelos fatores económicos e sociais. O pensamento racista não tem qualquer base científica, apresentando erros grosseiros de lógica e de informação. Assim, confunde raça com nação, povo, cultura ou grupo linguístico, atribuindo a fatores sociais, e, portanto, hereditários, comportamentos que nada têm a ver com raça, mas que são condicionados pela cultura, pelo meio social e pelas condições económicas.
Padrões de beleza
“Quem o feio ama, bonito lhe parece” O padrão de beleza é convencional; em África há tribos que gostam de mulheres com o pescoço comprido; no sul da Etiópia, as mulheres abrem uma fenda nos lábios para colocar dentro desse espaço um pequeno prato de argila que, segundo eles, torna a mulher mais bela; na China e no Japão, gostam das mulheres com os pés pequenos.
Porém, a civilização ocidental espalhou os seus padrões de beleza pelos quatro cantos do globo de tal modo que parece que toda a gente pensa e sente como a Europa ou a América do Norte pensam e sentem. Constatei isto mesmo nos meus anos de Etiópia, quando testei um grupo de jovens sobre a beleza. Havia na missão uma freira local, jovem e bela, e outra italiana não tão jovem nem bela para não dizer feia; abismado fiquei quando ao perguntar aos jovens qual das duas era a mais bela, me disseram que era a italiana. Suponho ser esta a razão pela qual o cantor Michael Jackson nunca aceitou a sua cor e buscou por meio de várias operações plásticas ficar branco.
Levou tempo a que nas salas onde se expõe a moda aparecessem modelos não caucasianos. Naomi Campbell foi a primeira modelo africana e chocou de alguma maneira certos padrões e costumes do mundo da moda. A questão é que o padrão de beleza não tem nada de científico, é puramente convencional, arbitrário e circunstancial. Se a África fosse tão bem-sucedida como a Europa e a América, o conceito de beleza padrão seria africano.
A irracionalidade do racismo
Não existe o homem asiático nem o africano nem o americano, pois todos os homens provêm do continente africano. Apesar de ter havido outras estirpes de Homo como o Neandertal que saiu de África, a estirpe de Homo que vingou foi o Homo Sapiens. As outras extinguiram-se ou fundiram-se com o Homo Sapiens, pelo que só há um Homo.
As diferenças fisiológicas dos três principais grupos étnicos são o resultado de uma adaptação ao meio ambiente e são todas reversíveis no sentido de que se levássemos uma tribo do Congo para a Noruega, em menos de 25 000 anos os seus elementos ficariam louros, de cabelo liso, olhos azuis e pele branca. Por isso tem cada vez mais validade o que disse Martin Luther King no dia anterior ao seu assassinato: “Sonho com o dia em que os homens serão julgados não pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter.
Pe. Jorge Amaro, IMC
Parabéns pelo texto.
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