1 de dezembro de 2019

3 Períodos da Idade dos Metais - Cobre - Bronze - Ferro

A Idade dos Metais é a última etapa da Pré-história, bastante mais curta que a anterior. Começa aproximadamente no ano 6 500 a.C. e vai até ao ano 1 500 a.C. Em busca de materiais mais adequados para as suas ferramentas, o homem passou da pedra, madeira e osso para materiais mais duros e mais fáceis de moldar. Assim, passou da Idade do Cobre, o primeiro metal a ser descoberto, à Idade do Bronze que resulta de uma liga entre o cobre e o estanho. Por fim, descobriu o ferro.

Apesar de ser o metal mais abundante no nosso planeta, foi o último a ser descoberto. Podemos dizer que, desde que este foi descoberto, nunca mais saímos da Idade do Ferro, pois é ainda hoje o metal mais usado em todo o planeta. Conforme as características mais procuradas - maleabilidade, durabilidade ou dureza - assim foram surgindo várias ligas, como o aço, o aço inoxidável, etc. que têm as mais variadas aplicações, sendo as mais importantes na indústria automóvel, na construção naval e na construção civil.

Estes desenvolvimentos tiveram lugar em diferentes zonas do planeta, mas principalmente no Médio Oriente, onde nasceu a cultura ocidental: falamos da Mesopotâmia, de Israel, Assíria e Egito. Com os metais, não só surge uma atividade nova - a metalurgia - como todas as tarefas humanas se tornam mais fáceis e produtivas - a agricultura, a pastorícia, a caça e a pesca – criando assim excedentes e dando origem a uma outra atividade nova: o comércio. O comércio levou o ser humano a criar meios de transporte de mercadorias e assim surgiu a roda, o cavalo como força motriz e a vela para os barcos.

Infelizmente, nem tudo foi positivo; os metais possibilitaram também o fabrico de armas que foram utilizadas pela primeira vez para outros fins que não a caça de animais, isto é, foram utilizadas contra outros seres humanos. É na Idade dos Metais que surgem os primeiros reis, as primeiras nações e os primeiros impérios que se formam com guerras entre povos; assim surge mais um ofício, o de guerreiro. Mesopotâmia e Egito foram as primeiras civilizações a aparecer.

Idade do Cobre – 6 500 a.C. – 2 500 a.C.
Também chamada a Idade do Calcolítico, quando vista como uma transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze. Descoberto provavelmente por casualidade, o bronze rapidamente substituiu a pedra, o osso e a madeira no fabrico de ferramentas. O Calcolítico representa um salto qualitativo em relação à Idade da Pedra, porque a madeira e os ossos eram disponibilizados pela natureza, enquanto que os metais eram minerais que tiveram de ser fundidos para serem utilizados.

Uma vez descoberto o cobre, a passagem para a Idade do Bronze e desta para a Idade do Ferro representaram saltos quantitativos. O homem deu-se conta de que o futuro estava nos metais e a busca por metais mais duros e resistentes foi o que originou a passagem do cobre para o bronze e do bronze para o ferro.
A princípio, os metais eram trabalhados com um martelo para lhes dar forma. Mais tarde, deram-se conta de que era melhor fundi-lo para ter formas mais específicas e perfeitas. Assim se descobriu a fundição como processo para a elaboração de objetos e ferramentas de metal.

O cobre é um metal muito macio e maleável. Os objetos com ele feitos não eram muito resistentes. Foi também nesta época que se descobriram outros metais tão ou ainda mais macios que o cobre; o ouro e a prata. Quando o cobre foi descoberto, o homem substituiu todas as suas ferramentas por este metal, mas rapidamente se deu conta de que, para certas ferramentas, a pedra sílex era mais dura e bem menos maleável que o cobre. Por isso, mais que para ferramentas ou armas, o cobre serviu para vasilhas e adornos e para os rituais fúnebres.

Idade do Bronze 2 500 a.C. – 1 500 a.C.
Em busca de um metal mais duro, o homem foi misturando minerais, até que inventou o bronze resultante de dois metais macios: o cobre e o estanho. O bronze é uma liga de 90% de cobre e 10% de estanho. Dois metais macios produzem um metal duro.

Ao ser descoberto, este metal rapidamente se expandiu por todo o mundo conhecido; criaram-se as primeiras rotas dos metais que conduziam às minas. Assim se desenvolveu a roda para o transporte terrestre, o barco e a vela para o transporte marítimo. A expansão do comércio levou a Idade do Bronze a toda a Europa e Ásia e a partes do Norte de África. O cobre passou a ser mais procurado para fazer bronze do que para ser usado como cobre. Como o bronze não tinha par em dureza e resistência, todas as ferramentas passaram a ser feitas em bronze.

A substituição das ferramentas e instrumentos de pedra e cobre pelos de bronze fez aumentar a produção (principalmente na agricultura) e a durabilidade destas mesmas ferramentas porque, como dissemos, o bronze é mais resistente e desgasta-se menos que o cobre.

As armas de combate passaram a ser de bronze, dando ao povo que dominava este processo mais poder de conquista, dominação e superioridade bélica. O bronze também foi usado no fabrico de artefactos domésticos (facas, machados, etc.), e de armas de caça, melhorando a qualidade de execução de determinados serviços. Por fim, também teve um uso artístico (máscaras, estatuetas, etc.) e de adorno (colares, pulseiras, anéis, etc.).

 Idade do Ferro 1 500 a.C.
Começou no sudoeste da Ásia Menor, no que hoje é a Turquia e rapidamente se alastrou ao Médio Oriente e resto da Europa. Os hititas foram o primeiro povo a trabalhar o ferro e a usá-lo sobretudo nas armas com as quais rapidamente subjugavam os outros povos. O combatente com espada de ferro partia a espada do combatente com a espada de bronze, logo aos primeiros embates. 

O ferro, mais abundante na natureza que os dois metais anteriores, requeria mais conhecimentos metalúrgicos, devido à temperatura de fundição mais elevada. Por isso foi necessário aperfeiçoar primeiro a fabricação de fornos para posteriormente alcançar temperaturas mais altas.

A introdução do ferro no fabrico dos mais diversos equipamentos, ferramentas e armas trouxe grandes modificações à vida das pessoas daquela época. O ferro passou a ser usado na produção de ferramentas mais fortes e resistentes, o que acabou por ajudar ao desenvolvimento da agricultura e facilitar o trabalho de plantio.

Em relação às armas, o ferro ajudou a construir espadas e outros tipos de armas mais fortes. Com a introdução desse tipo de material, os exércitos que possuíam o armamento mais forte acabavam por dominar os outros povos com maior facilidade. Assim surgiram os grandes impérios e o aparecimento de reis e governantes cada vez mais poderosos.

Segundo os historiadores, a descoberta da escrita assinala o fim da Idade do Ferro e da Pré-história. No entanto, sob outro ponto de vista, continuámos na Idade do Ferro, pois este continuou a ser o material mais usado até ao século XIX. Tal como a combinação do cobre com o estanho deu início à Idade do Bronze, também a combinação do ferro com o carbono neste século deu início à atual Idade do Aço, já que este é o metal mais utilizado em todo o planeta.

Invenções da idade dos metais
O forno – Invenção que deu origem à metalurgia na idade dos metais. O aperfeiçoamento do forno fez com que fosse possível alcançar-se temperaturas mais altas para fundir o ferro e criar outras ligas. É certo que também se usou depois para cozinhar alimentos como o pão e a carne, e elaborar utensílios de cerâmica.

A roda – Permitiu o progresso do comércio dos excedentes, possibilitando o transporte de cargas em menos tempo e com menos esforço.

Os canais – Permitiam conduzir a água dos rios para terras afastadas destes e assim obter mais excedentes agrícolas; também serviam para abastecer povoações de água e, com a utilização de barcos, servia também como via de transporte de mercadorias.

O barco – Os primeiros barcos eram pequenos botes ou jangadas; a vela fez com que passasse a ser possível a construção de barcos de maior calado para transportar mais pessoas e mais mercadorias.

A vela – Serviu para impulsionar o comércio dos excedentes criados por uma sociedade cada vez mais técnica e diversificada. A vela era usada nos barcos, mas também nos moinhos de vento; a princípio era fabricada com cabedal, depois com tecido mais maleável, de modo a aproveitar melhor a força motriz do vento.

O arado – Usando os animais de carga em combinação com o arado, era possível cultivar mais terra; escusado será dizer que este foi primeiro fabricado com cobre, depois com bronze e finalmente com ferro, como ainda hoje é. Com o arado, a superfície cultivada quadruplicou e os excedentes agrícolas provocaram um desenvolvimento se precedentes do comércio.

O moinho – De água, de vento e de maré, fez aumentar a produção de farinha para a produção de pão. Antes do moinho, era necessário usar a força do homem e de duas pedras; depois do moinho, passou a utilizar-se a força motriz da natureza para criar um movimento contínuo que permitia moer grandes quantidades de cereal em pouco tempo.

Tecelagem – Ainda não com a máxima força, mas começou-se a tecer ou a entrelaçar plantas para formar cestas. Depois, descobriu-se o linho, o algodão e a lã e surgiram os fios que, entrelaçados nos teares, deram origem aos primeiros tecidos, que vieram substituir as peles de animais no vestuário.

Construção em pedra – Foi na Idade dos Metais que começaram a construir-se muralhas à volta das cidades, templos e fortalezas. Foi nesta época que se construiu o edifício mais alto do mundo, cuja altitude só foi superada 3 000 anos mais tarde pela catedral de Lincoln, em Inglaterra. Trata-se da Grande Pirâmide ou pirâmide de Gizé ou Quéops, construída por volta do ano 2 560 a.C., com 146 metros de altura, superada em 1 311 pela catedral de Lincoln, em Inglaterra.

Profissões da Idade dos Metais
Chefes ou reis – Que se distinguiam pela capacidade de liderança e pela força física.

Sacerdotes – Encarregados dos ritos e das relações com a divindade, intercediam pelo povo e aplacavam os deuses com sacrifícios.

Agricultores - Profissão que nasceu ainda na Idade da Pedra e que substituiu a caça e a pesca como meio de obtenção de alimentos, e a armazenagem dos mesmos, permitindo ao homem uma certa independência da terra e da natureza.

Pastores – Foi a atividade que substituiu a caça; com a domesticação dos animais, aprendeu-se a reproduzir os mesmos e a obter assim alimento acumulado. Para os povos primitivos, era como ter dinheiro no banco, pois, ao vender um animal, recebiam os juros de um capital investido na compra do animal quando era pequeno.

Ferreiros ou metalúrgicos – Foram os que se especializaram nesta nova arte e ofício da era dos metais; passaram a ser responsáveis pelo fabrico de todos os utensílios que o homem utilizava.

Oleiros – Utilizaram também o forno, embora a temperaturas mais baixas, para cozer a argila. É uma profissão muito antiga, pois aparte as cestas, a argila foi o material utilizado para todo o tipo de vasilhas, tanto para armazenar líquidos como a água, o vinho e o azeite como os cereais.

Fiadores, tecelões, padeiros – Foram outras profissões menores que apareceram à medida que a sociedade se estruturava e organizava e se diversificavam as funções e profissões.

Comerciantes – Nasceram das relações entre os povos, dos excedentes agrícolas ou outros, e da crescente especialização. Foram eles que levaram os produtos de um local onde abundavam para outro onde escasseavam, possibilitando os intercâmbios.

Matriarcado e o conceito de Deus
“A tua esposa será como videira fecunda na intimidade do teu lar; os teus filhos serão como rebentos de oliveira ao redor da tua mesa.Salmo 128, 3

Os antropólogos estão seguros de que a primeira divindade a ser adorada, foi uma deusa e não um deus. Esta divindade era adorada como a mãe de tudo o que vive; esta divindade identificava-se com a Terra, com o solo. Por isso, em todas as línguas onde não existe o género neutro e tudo se define com os géneros masculino ou feminino, a Terra como planeta e a terra como solo são palavras femininas: a mãe Terra em maiúscula e em minúscula, a mãe natureza.

Os homens primitivos viviam, como ainda hoje fazem os animais, em simbiose com a natureza, como um bebé ligado à sua mãe pelo cordão umbilical, e não em oposição ou contraposição com ela por meio da sua mente. Na Terra viviam, da terra viviam, dela nascia e brotava a vida e o sustento das suas vidas.

O mesmo acontecia com eles próprios: da mulher, qual terra fecunda, vinha a vida nova que povoava a terra. É claro que a conexão entre o ato sexual e o nascimento do bebé ainda não tinha sido estabelecida. E porquê? A inteligência do ser humano ainda não era suficientemente desenvolvida para estabelecer a relação entre uma causa e um efeito, tanto tempo depois (nove meses).

Gosto de dar como exemplo a inteligência de outros mamíferos, por exemplo, dos ratos. Se eu colocar um pó amarelo como veneno, alguns ratos vão comer esse pó e pouco depois morrem. Os outros ratos estabelecem imediatamente uma sequência de causa e efeito e, passado pouco tempo, por mais pó amarelo que eu coloque, nenhum rato morrerá porque a causa e o efeito estão muito próximos no tempo. Houve um tempo em que a nossa inteligência era tão diminuta quanto a do rato.

Mas suponhamos que colocamos como veneno para os ratos um anticoagulante do sangue; os ratos comem à vontade o veneno e nada lhes acontece, até que um dia acontece uma luta entre ratos ou algum deles se fere e sangra até morrer. Atualmente, este veneno é o mais usado para combater os ratos, porque não lhes permite estabelecer uma relação de causa e efeito.

O mesmo acontecia com os seres humanos primitivos que não estabeleciam um nexo entre a causa - o ato sexual - e o nascimento do bebé. Por esta razão, a mulher era vista como o correspondente à mãe natureza, à terra mãe: tal como do ventre da terra surgia a vida das plantas das quais dependiam os animais, também do ventre da mulher nascia a nova vida.

É certo que os homens primitivos se davam conta de que eram fisicamente mais fortes que as mulheres; mas, não ousavam levantar a mão contra elas, tal como nenhum homem ainda hoje ousa levantar a mão contra a própria mãe - este é um tabu. Observamos o mesmo nos mamíferos mais próximos de nós. Na evolução das espécies, as fêmeas que amamentam são muito agressivas contra os machos e não os deixam aproximar-se. Teoricamente esses machos venceriam a luta contra as fêmeas, mas não reagem e retiram-se por um respeito instintivo.

Uma vez que a conexão entre o nascimento das crianças e o ato sexual ainda não tinha sido estabelecida, as mulheres eram quem detinha o poder; a sua fertilidade dava vida ao indivíduo e imortalidade à tribo. Porque a mulher era a origem e fonte da vida, Deus era concebido como mulher, como mãe.

Para além do dom da reprodução e fonte de vida, como acontece ainda hoje com os mamíferos, o homem era atraído pela mulher que detinha o poder sobre o ato sexual que o homem tanto buscava, pelo prazer que lhe concedia e pela libertação da libido.

Autoconsciência e patriarcalismo
Abençoando-os, Deus disse-lhes: «Crescei, multiplicai-vos, enchei e submetei a terra. Genesis 1, 28

(…) depois, disse à mulher: «Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, entre dores darás à luz os filhos. Procurarás apaixonadamente o teu marido, mas ele te dominará.» A seguir, disse ao homem: «Porque atendeste à voz da tua mulher e comeste o fruto da árvore, a respeito da qual Eu te tinha ordenado: ‘Não comas dela’, maldita seja a terra por tua causa. E dela só arrancarás alimento à custa de penoso trabalho, todos os dias da tua vida. Genesis 3, 16-17

Quando o nexo entre o ato sexual e o nascimento de uma nova vida foi estabelecido, o estatuto do homem começou a ascender. O ser humano sempre formou o seu conceito de Deus com base no que valoriza e considera importante: as suas necessidades e o conceito de si mesmo. Durante algum tempo, a mulher ainda gozou um pouco do seu estatuto anterior; na verdade, deus era agora representado como um matrimónio.

A deusa/ -mãe/ -terra original passou a ser complementada por um consorte, um pai do céu. A chuva cai do céu, é o sémen divino enviado por deus-pai para engravidar a mãe terra, de modo a que a vida possa surgir.

O machismo ou patriarcalismo surgiu com a eclosão da autoconsciência: quando se quebrou o cordão umbilical entre o homem e a natureza e este deixou de viver em simbiose com aquela, passando a ver-se como distinto dela, separado dela. Assim se estabeleceu uma diferença entre o homem e o seu ambiente, a natureza, o instinto e o pensamento autorreflexivo.

Quando o ser humano nasceu como pessoa, a sobrevivência passou a ser menos uma função das capacidades reprodutivas da mulher e mais uma função da capacidade e habilidade do homem para obrigar a natureza a satisfazer as suas necessidades. A subjugação da terra correspondeu à subjugação da mulher, pois passou a ser o homem a deter o poder da reprodução. Enquanto o óvulo não foi descoberto em 1928, pensou-se que a mulher era só o recetáculo onde o homem, com o seu sémen, colocava o novo ser no ventre da mulher, o homúnculo, como lhe chamava S. Tomás de Aquino.

A história de Abraão pode ser reinterpretada neste âmbito. Abraão, um homem, deixou a sua terra, cortando os laços que o ligavam a Ur dos caldeus, por volta de 1 800 a.C. Num ato de autoafirmação e superando a necessidade de segurança, respondeu assim ao chamamento de uma divindade que também não estava a vinculada a nenhum lugar, e pôs-se a caminho do desconhecido, como que em busca de si mesmo e dessa divindade. Desde a história de Caim e Abel que se sabe como (Javé) Yahweh favorecia os pastores contra os agricultores, mais dados aos valores femininos da fertilidade.

Em toda a História da humanidade, só Jesus tratou as mulheres de igual para igual. Não temos espaço para desenvolver aqui este tema, mas os seus discípulos não entenderam nem aceitaram este talante do Mestre e depressa voltaram ao machismo do seu ambiente cultural.

S. Tomás de Aquino chegou à conclusão de que a mulher era de natureza inferior ao homem, pelo que decretou que o inferior devia servir o superior. Esta atitude ainda não mudou, não só em alguns lugares do nosso planeta, mas também em algumas mentes da civilização ocidental atual. Por isso, quando o Papa João Paulo I disse que Deus era também mãe, não deixou de escandalizar muitos católicos. O papa que lhe sucedeu levou anos a assimilar o conceito, até um dia o declarar também em público.
Pe. Jorge Amaro, IMC











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