15 de novembro de 2019

3 Períodos da Idade da Pedra - Paleolítico - Mesolítico - Neolítico

O estudo da evolução da raça humana neste planeta que possui quase nove milhões de diferentes espécies de vida animal e vegetal, divide-se em dois grandes momentos: Pré-História e História. A Pré-história estuda o aparecimento dos primeiros hominídeos ou antepassados do homem há 5 milhões de anos e o seu processo evolutivo até à invenção da escrita, 4 000 A.C., quando o homem transmite notícias acerca de si mesmo, relatando a sua existência. Aqui termina a Pré-história e começa a História até aos nossos dias.

Esta primeira etapa da evolução da humanidade, substancialmente mais longa, divide-se ainda em duas etapas segundo a relação do Homem com o seu meio ambiente e com os materiais que utiliza. Assim, temos a Idade da Pedra, durante a qual o Homem usou no seu dia a dia, e a Idade dos Metais, quando o ser humano aprendeu, com a ajuda do fogo, a fundir alguns minerais para os transformar em metais e posteriormente os usar como utensílios.

Origem da vida
Depois de tantos anos de estudo, de avanços da ciência e da tecnologia, a origem da vida é ainda um mistério que desafia os cientistas. O “big bang” da biologia, uma teoria sobre a origem da vida aceite por todos, definitivo e incontornável, ainda não foi descoberto. Ainda ninguém conseguiu recriar as condições reais da Terra primitiva quando a vida apareceu. Ou seja, ninguém foi capaz de voltar a recriar as condições que favoreceram a transição de matéria inanimada inorgânica em matéria orgânica viva.

A criação em laboratório de ambientes que poderiam ser semelhantes ao da Terra primitiva não resultou em aparecimento de vida. A teoria da geração espontânea que preconiza que complexos organismos vivos totalmente formados possam surgir naturalmente e espontaneamente da matéria inanimada, não é aceite por ninguém desde Louis Pasteur no século XIX, com sua experiência de balão famoso de pescoço de cisne, do qual ele concluiu que" vida só vem da vida".

“A mais complicada máquina inventada pelo homem não passa de um brinquedo diante do mais simples organismo”, escreveu o biólogo americano e prémio Nobel da Medicina, George Wald. “A maior dificuldade está no ajuste preciso de uma molécula a outra, proeza que não está ao alcance de nenhum químico.”

Sabemos que a força da gravidade foi a responsável pela aglutinação da matéria e da poeira espacial e pela formação de planetas e estrelas. Desconhece-se se existe uma força análoga em biologia que leve diferentes moléculas orgânicas a juntarem-se para formar uma célula procariota ou eucariota.

Até à data de hoje, tudo o que a biologia conseguiu estabelecer foi que, em condições muito peculiares, a vida surgiu da união de moléculas orgânicas simples que formaram uma estrutura mais complexa, dotada de metabolismo e capaz de se duplicar. Os microrganismos deste período utilizavam no metabolismo metano ou hidrogénio em vez de oxigénio: eram organismos de metabolismo anaeróbico. A fermentação é um exemplo moderno de metabolismo anaeróbico. 

Muito antes da fotossíntese e das células eucariotas que a realizam, os primeiros seres vivos do nosso planeta teriam o aspeto de bactérias ou células procariotas, como as arqueias atuais, e viveriam em ambientes extremos, junto a fontes termais nos mares primitivos, nutrindo-se da reação entre substâncias inorgânicas. A partir desses primeiros seres vivos, surgiram aqueles capazes de realizar a fermentação, depois os fotossintéticos e, por último, os seres heterotróficos, ou seja, os seres vivos que, ao contrário das plantas, não são capazes de produzir o seu próprio alimento.

Evolução das espécies
Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que deem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» (…) Deus disse: «Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos, e que por cima da terra voem aves, sob o firmamento dos céus.» (…) Deus disse: «Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies». Génesis 1: 11, 20, 24

A teoria da evolução das espécies que Charles Darwin publicou em 1858 é o resultado da pesquisa empírica realizada durante a sua viagem pelas ilhas Galápagos, que o levou a concluir que a vida neste planeta procede de um tronco comum, ou seja, que todos os seres vivos neste planeta, tanto plantas como animais, são aparentados. Todos os indivíduos possuem antepassados em comum.

A diversificação dos seres vivos ou a evolução das espécies acontece através da adaptação ao meio e da seleção natural - os mais dotados, os mais fortes, prevalecem sobre os mais fracos ou, como diz o provérbio, dos fracos não reza a história. Os que melhor se adaptam ao meio liquidam os seus rivais e conseguem passar os seus genes para a geração seguinte, até porque as fêmeas instintivamente se deixam fecundar por estes e rejeitam os fracos.

Os primeiros seres vivos surgiram há 3,5 mil milhões de anos. Passados mil milhões de anos surgiram os primeiros seres vivos fotossintéticos, os seres eucarióticos há 543 milhões de anos. Há 2 mil milhões de anos deu-se a grande explosão de vida na época cambriana (são muitos os fósseis que documentam esta fase da vida da Terra).

Os primeiros seres vivos eram organismos microscópicos, vegetais primitivos e invertebrados (vermes e artrópodes). Os peixes foram os primeiros vertebrados. Há 570 milhões de anos, as plantas invadiram a terra firme a partir do mar. Alguns animais já o tinham feito antes, mas não permaneceram em terra firme, pois não havia nela qualquer alimento.

Os animais visitavam a terra firme, mas permaneciam a maior parte do tempo no mar: eram anfíbios. Há 438 milhões de anos, estes começaram a aumentar o seu tempo de permanência em terra e há 408 milhões de anos transformaram-se em répteis. A partir dos répteis, a evolução segue por dois caminhos diversos: alguns répteis evoluem para mamíferos e outros para aves.

Há 360 milhões de anos, reinavam os dinossauros no nosso planeta. Algum tempo, depois, destacaram-se os mamíferos que já coexistiam com os dinossauros, mas eram insignificantes. Há 245 milhões de anos, os dinossauros extinguiram-se e os mamíferos expandiram-se, devido à ausência de depredadores. Há 66 milhões de anos, surgiram os primatas. Há 55 milhões de anos, viveu o antepassado comum dos pongídeos e hominídeos. Os primeiros hominídeos surgiram há 8 milhões de anos.

Ontogénese e filogénese
A ontogénese recapitula a filogénese, postulando que há uma semelhança entre o aspeto dos estados embrionários do feto humano, desde a conceção até ao nascimento, e o desenvolvimento das diferentes formas de vida, desde a origem unicelular até ao ser humano. É hoje uma teoria descartada, mas aproxima-se da analogia que muitas vezes se estabelece entre diferentes campos do saber.

Da conceção de um indivíduo até ao seu nascimento, recapitula-se a evolução da vida na Terra, desde a origem unicelular até à complexidade de um ser humano. As diversas formas que o embrião vai adquirindo no seu desenvolvimento assemelham-se, de alguma maneira, às formas que a vida foi assumindo na evolução das espécies, desde a procariota arqueia até ao ser humano.

Por outro lado, depois do nascimento, o desenvolvimento do bebé até à autoconsciência, ou seja, até se dar conta de que existe como pessoa e começar a comunicar, recapitula a evolução da raça humana desde o último primata que ainda não era bípede nem falava, até ao Homo Sapiens ereto e com capacidade de comunicação.
   
Evolução da vida humana
O magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente (pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus), Humani Generis, 36 - Pio XII, 1950

“É grandioso o espetáculo das forças variadas da vida que Deus infundiu nos seres criados, fazendo-os desenvolverem-se em formas cada vez mais belas e admiráveis”. Charles Darwin A origem das espécies 1858

Charles Darwin nunca disse que os seres humanos evoluíram a partir dos macacos atuais. De acordo com o naturalista britânico, os seres humanos, os macacos, os chimpanzés e os gorilas têm uma série de antepassados que são comuns. Esses antepassados viveram no continente africano há cerca de 6 a 5 milhões de anos. Os cientistas chamam-lhe Sahelanthropus Tchadensis.

Depois deste, entre os 5 e os 3,5 milhões de anos, surgiu o australopiteco afarensis. Lucy, encontrada na Etiópia, pertence a esta família que marca o momento em que a raça humana aprendeu a andar. Um pouco mais tarde, há 2,6 milhões de anos, surgiram os primeiros utensílios humanos. Em seguida, há 2,5 milhões de anos, surgiu o Homo Habilis, assim chamado pelo uso que fazia dos utensílios.

O controlo do fogo aconteceu há 1 milhão e meio de anos; os alimentos começaram a ser cozinhados há 500 mil anos. Há 400 mil anos, o Homo Neandertal deixou África para habitar na parte ocidental da Eurásia. Em África ficou o Homo Sapiens. Há 350 mil anos, o Neandertal desenvolveu-se e ocupou a Eurásia, de Portugal até à Sibéria.

Há 100 mil anos, o Homo Sapiens saiu de África e apareceu em Israel. Há 95 mil anos chegou à Malásia, e há 40 mil à Austrália. Por essa mesma altura, invadiu a Europa, derrotando o Neandertal ou cruzando-se com ele. Há 28 mil anos, temos a última evidência do Neandertal que se extinguiu. Há 14 mil anos, o Homo Sapiens passou da Sibéria pelo estreito de Bering e entrou na América pelo Alasca, deslocando-se paulatinamente para sul, até ocupar todo o continente.

Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (2,5 milhões – 10 000 A.C.)
Nesta época, o ser humano era nómada e não conseguia construir uma habitação permanente. Por isso, habitava em cavernas, tendo que disputar este tipo de habitação com animais selvagens. Quando acabavam os alimentos da região em que se encontravam, as famílias tinham que migrar para outra região.

Viviam da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da recolha de frutos, folhas e raízes. A economia na fase do Paleolítico era de subsistência, ou seja, o grupo não acumulava nem produzia para comércio, mas apenas para a sua sobrevivência.

Os primeiros humanos que dominaram e lascaram as pedras, tinham por prática produzir materiais batendo com pedras umas nas outras até produzirem uma ponta afiada. Estes artefactos serviam, especialmente, para o corte de carnes e de peles de animais. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e pedras (machados, lanças, cajados, facas, etc.). Os bens de produção eram de uso e propriedade coletiva.

A descoberta do fogo
Uma das grandes descobertas do período foi a produção do fogo através de dois processos. O mais rudimentar era a fricção de duas pedras sobre um molho de palha seca. A faísca obtida incendiava a palha.

Num segundo procedimento, mais elaborado, um pequeno pau era girado no furo realizado num pedaço de madeira seca. Este procedimento, através do aquecimento, gerava calor que passava para a palha, provocando o fogo.
  • Como comentamos noutro texto, o fogo teve uma importância grande para a coesão de famílias e comunidades, pois todos se reuniam à volta da fogueira para se aquecerem. Como ninguém queria ficar de fora, ao frio, o fogo atuava como fator dissuasor de atitudes antissociais.
  • Permitiu estender a luz do dia pela noite e, como de noite não se podia trabalhar, as duas ou três horas extra de luz ténue serviam para manifestações culturais, para o partilhar de experiências e para a transmissão da cultura de pais para filhos.
  • A luz à noite aumentou a segurança dos seres humanos em relação aos animais que caçavam de noite, uma vez que servia para os afugentar.
  • No entanto, a utilização mais importante do fogo, nesta altura, foi a preparação dos alimentos. O alimento cozido ou assado melhorou a dieta do ser humano. Certos alimentos são mais nutritivos cozidos que crus. Ao fogo e ao cozinhar dos alimentos se deve o aumento populacional e a sobrevivência dos seres humanos.
  • Por fim, foi precisamente o fogo que permitiu aos humanos passarem da Idade da Pedra à Idade dos Metais. 
Organização social
Os homens organizavam-se em pequenos grupos, cuja liderança era do mais forte e experiente. Aos homens cabia a tarefa de caçar, pescar e proteger o grupo. As mulheres ficavam com a função de preparar o alimento e cuidar dos filhos.

Comunicação
A comunicação neste período assentava na emissão de alguns sons (ruídos), sem elaboração de palavras. Outra forma muita usada de comunicação foram as pinturas rupestres (desenhos feitos em paredes de cavernas). Através destes desenhos (arte rupestre) os homens marcavam o tempo, trocavam experiências e transmitiam mensagens e sentimentos.

Rituais
No Paleolítico, os homens já realizavam rituais funerários. Os arqueólogos encontraram, em várias regiões, potes de cerâmica com restos mortais e objetos pessoais dentro de cavernas. Eram também realizados rituais religiosos com a utilização do fogo.

Hominídeos que viveram no Paleolítico
Australopitecos, Homo Habilis, Homo Erectus, Homem de Neandertal, Homo Sapiens e Homem de Cro-Magnon.

Mesolítico ou da Idade da Pedra (10 000 A. C. – 8 000 A. C.)
O período Mesolítico é uma fase intermédia da Pré-história, entre os períodos Paleolítico e Neolítico. Esta fase não ocorreu em todas as regiões do mundo, mas apenas naquelas onde a glaciação teve efeitos mais consideráveis.

Neste período intermédio, o ser humano relacionou-se mais com a natureza e começou a fazer as primeiras experiências de domínio da mesma. A vida de nómada e a dependência do alimento externo não permitia o desenvolvimento. O homem aprendeu a domesticar os animais em vez de os caçar, dispondo assim sempre de alimento. Por outro lado, em vez de recolher frutos, plantas e raízes, começou a cultivá-los. Desta forma, conseguiu manter uma certa independência do meio ambiente.

Conforma as regiões, muitos humanos mantiveram uma vida parecida com a do Paleolítico, dependendo se se dedicavam mais à domesticação dos animais ou ao cultivo das plantas. Os pastores seriam nómadas, pois seguiam os seus rebanhos para as pastagens, enquanto que os agricultores se estabeleceram nas terras mais férteis pertos dos rios.

Neolítico (8 000 A. C. – 4 000 A. C.)
Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida. O início deste período foi marcado pelo fim das glaciações (época em que quase todo o planeta ficou coberto de gelo) e terminou com o desenvolvimento da escrita na Suméria (região da Mesopotâmia).

Desenvolvimento da agricultura: este avanço permitiu ao ser humano ter uma vida menos dependente da natureza. Já não necessitava de recolher frutos, vegetais e raízes, embora estas atividades continuassem a ser praticadas.

A domesticação dos animais (cabras, bois, porcos, cavalos e aves) também contribuiu para a melhoria da qualidade de vida. Aliada à agricultura, a domesticação dos animais permitiu ao homem um aumento significativo na quantidade de alimentos produzidos, eliminando a dependência da caça.

Em resultado do desenvolvimento da agricultura e domesticação dos animais, o ser humano deixou de ser nómada (sem morada fixa) para se tornar sedentário (com morada fixa). Este facto permitiu o desenvolvimento das primeiras comunidades (tribos, aldeias, vilas e cidades). Estas primeiras comunidades desenvolviam-se nas margens de rios e lagos. Além de suprir as necessidades básicas, a água assumia uma nova função na vida dos homens: irrigar o solo para o plantio.

Com o aumento da produção de alimentos, criou-se a necessidade de armazenamento. No Neolítico ocorreu um grande desenvolvimento da arte cerâmica. Vasilhas e potes eram modelados e cozidos no fogo. De acordo com os arqueólogos, os primeiros objetos de cerâmica foram fabricados há cerca de 8,5 mil anos.

Nas primeiras comunidades que se formaram, tornou-se necessário organizar o trabalho. Os homens ficaram encarregados da caça, pesca e segurança (função militar de proteção). As mulheres ficaram com as tarefas de cuidar dos filhos, da agricultura e da preparação dos alimentos.

Com o aumento da produção vieram os excedentes. Além de armazenarem para os períodos de maior necessidade, os homens começaram a trocar estes produtos com outras comunidades. Foi o início da economia de trocas.

Com mais alimentos, ocorreu um significativo aumento populacional. Este facto passou a gerar a necessidade de formas de administração mais desenvolvidas, inclusive com o estabelecimento de lideranças e funções mais específicas dentro da comunidade.

No Neolítico, os homens passaram a construir habitações mais resistentes, pois necessitavam de permanecer em locais fixos. Habitações de madeira, argila e blocos de pedra passaram a ser construídas nas aldeias. Nas margens dos lagos e rios, eram comuns as palafitas (casas de madeira com estacas fixadas no fundo do rio ou lago).

As primeiras civilizações surgiram e desenvolveram-se no período Neolítico. Dentre elas, podemos citar: a civilização mesopotâmica (entre os rios Tigre e Eufrates) e a civilização egípcia (vale do rio Nilo, nordeste de África).

Conclusão - Ao contrário dos animais que sempre viveram à vontade numa relação simbiótica com a Natureza, a sobrevivência e o desenvolvimento para os seres humanos exigiram uma emancipação dela. O uso de instrumentos, feitos de pedra, foi o primeiro ato de libertação.
Pe. Jorge Amaro, IMC

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