1 de abril de 2019

3 Atributos de Deus: Omnipotente - Omnisciente – Omnipresente


D Breve Catecismo de Westminster
Deus é um Espírito infinito, eterno e imutável, em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.

São muitos os atributos de Deus. Entendemos que podem agrupar-se debaixo destes três mais conhecidos que aprendemos no catecismo e que começam com a palavra latina “omnis” que significa todo. Feuerbach diria que estes três atributos são uma projeção humana, antropomorfismos. Porém, achamos que são mais a origem e o ente onde reside cada uma destas realidades na sua potência máxima e nós, como humanos que somos, sabemos e aceitamos que nunca dominaremos por completo cada uma destas realidades.

Ante os outros seres vivos, reconhecemos que temos algum poder sobre a Criação, mas sabemos que esse poder tem limites; a omnipotência reside em Deus porque ele é o Criador e nós as criaturas. Com o avanço da ciência e da técnica vamos sabendo cada vez mais. No entanto, damo-nos conta como o fez Sócrates que ante a imensidade de coisas que há para conhecer reconhecemos humildemente que pouco é o que sabemos; o pleno conhecimento reside em Deus. –

O tempo e o espaço são as coordenadas da nossa vida terrena; ocupamos um único espaço durante um tempo concreto. Porém, reconhecemos que em Deus está a origem do tempo, do espaço e, porque é eterno, é omnipresente. Ilimitado no seu poder não confinado pelo tempo nem pelo espaço, para quem o mistério não existe, assim é Deus.

Teologia negativa
Só sei que nada sei, e o facto de saber isso, coloca-me em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa. Sócrates

Estamos inerentemente incapacitados para definir Deus, para dizer o que é e como é, porque definir, de alguma forma, significa conhecer, englobar, assimilar, compreender, abranger, abarcar, como se pudéssemos colocar a Deus dentro de nós, dentro da nossa mente, como o fazemos com as coisas e as pessoas que conhecemos.

Os espanhóis têm, a este respeito uma expressão muito interessante “te conozco como se te hubiese parido” – quando queremos expressar como conhecemos bem alguém, recorremos à figura que melhor nos conhece: - a nossa mãe. Ora a Deus não é possível conhecer muito bem nem suficientemente bem. Por isso surgiu a teologia negativa como se fosse um agnosticismo crente, um aplicar da humildade socrática a Deus como se aplica à sabedoria em geral.  

A primeira teologia negativa já a praticava o povo judeu, que ao reconhecer a imensidade inefável do mistério de Deus, até evitava pronunciar o Seu. Nesta mesma linha, o evangelista São Mateus substituiu a expressão “Reino de Deus” usada pelos outros evangelistas por “Reino dos Céus”.

Mesmo depois dos tempos apostólicos, a teologia negativa, ou seja, a ideia de que é mais fácil dizer o que Deus não é que o que Deus é, foi uma constante ao longo da reflexão teológica: Gregório de Nisa 330- 395

Dionísio o Pseudo-Areopagita (século Vl), Alberto Magno (1200-1280) e Tomás de Aquino (1225-1274), Duns Escoto (1265-1308), Mestre Eckhart (1260-1327) e atingiu o seu ponto máximo em Nicolau de Cusa (1401-1464) que - chama “docta ignorantia”. E, já no nosso tempo, D. Bonhoeffer (1906-1945) e A. Cox (n. 1929).

A teologia negativa é uma resposta ao preceito de representar a Deus em imagens (Êxodo 20,4), pois corre-se o risco de rapidamente se transformarem em ídolos. É também uma fuga à tendência antropomórfica de projetar os nossos desejos e ideais em Deus. Muito caro a esta teologia é o tema do sofrimento humano, já tratado na bíblia no livro de Job, o problema do mal e o silêncio de Deus. A teologia negativa apresenta Deus na sua capacidade de salvar sem exercer nenhuma violência sobre a razão e a liberdade dos homens.

De Deus podemos saber um mínimo suficiente
Jesus levantou a voz e disse: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas sim Naquele que me enviou; e quem me vê a mim vê Aquele que me enviou”. João 12 44-45 (João 14, 9)

Sabemos que não podemos conhecer a Deus totalmente, abarcar, colocar dentro de nós o seu mistério, sabemos que de Deus é mais e será sempre mais o que desconhecemos do que o que conhecemos. Porém, não queremos ter com Ele a atitude agnóstica de tudo ou nada: como não posso conhecer tudo então desinteresso-me pelo tema e não quero conhecer nada.

“Nós somos o seu povo, ovelhas do seu rebanho” (Salmo 95, 7). É certo que as ovelhas não conhecem totalmente o pastor, mas podem conhecer o suficiente e, sobretudo, distinguir entre o bom pastor e o assalariado. (João 10, 1-21). Por isso e porque temos sede de Deus, tal como uns gregos nos dias do Mestre, também queremos ver Jesus (João 12, 21); como os discípulos de João Batista, queremos saber onde é que Ele mora. E Ele está interessado em dar-se a conhecer e diz-nos vinde e vede (João 1, 36-39). A criatura pode chegar a compreender um pouco o Criador, como o filho compreende a mãe o suficiente para ter vida e vida em abundância (João 10, 10), e para que o Criador seja glorificado em nós, suas criaturas

Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. 1 João, 4, 7-8

Por outro lado, sabemos por João que Deus é amor. Ora não podemos amar o que não conhecemos, nem podemos conhecer o que não amamos; as coisas podem conhecer-se sem as amarmos; mas precisamente porque conhecimento implica domínio sobre o conhecido, as pessoas só podem conhecer-se e dar-se a conhecer se as amarmos.

Neste sentido, a fé é muito mais que um consentimento ou cedência da razão: é deixar que o nosso coração governe a razão, entendendo, é claro, o amor como necessidade e não como sentimento. Necessitamos do amor de Deus, mas para este atuar em nós precisamos de O amar também. Ao falar da união vital entre a videira e os ramos, Jesus conclui “Sem mim nada podeis fazer” (João 15, 5).

Um conhecimento suficiente para poder estabelecer uma relação com Deus é possível e, depois d’ Este se ter revelado no Seu Filho, a tarefa é muito mais fácil. Jesus de Nazaré é Deus feito homem, pelo qual se torna mais fácil esta relação. Aliás Ele veio até nós para nós irmos até Ele; em Jesus, Deus é menos mistério, em Jesus e por Jesus podemos conhecer suficientemente a Deus para o podermos amar e deixar-nos amar por Ele.

Não queremos que Feuerbach se ria de nós, por isso não vamos ser antropomórficos ou seja não vamos projetar em Deus “o que queremos ser quando formos grandes”, os nossos sonhos, quimeras, fantasias e manias de grandeza. Vamos usar a Palavrar revelada na Bíblia e não afirmaremos de Deus nada que não esteja ali afirmado, privilegiando aquela palavra que se fez carne em Nosso Senhor Jesus Cristo. Decerto assim não erraremos, pois nos amparamos da inerrância da Bíblia.

O Reino de Deus JÁ está presente no meio de nós desde que Jesus o trouxe e iniciou. Mas sabemos que AINDA NÃO está presente na sua plenitude. O mesmo dizemos do conhecimento de Deus. Já sabemos algo, o suficiente, mas ainda não tudo. Um dia o veremos tal como Ele é. Entretanto, contemplemo-lo como o pequeno Francisco, pastorinho de Fátima, ao referir à prima que vira Nosso Senhor “naquela luz que Nossa Senhora nos metia no peito” e, extasiado ante tamanha beleza exclamava, “Como é Deus!”

Omnipotente 
Senhor, meu Deus! Tu começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e a força do teu braço! Que Deus, nos céus ou na terra, poderá realizar as tuas obras e as tuas maravilhas? Deuteronómio 3, 24
"Não é lícito para Mim fazer o que eu quero com o que é meu?" Mateus 20:15

Creio em Deus, Pai Omnipotente, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis…Catecismo da Igreja Católica

Em relação a si mesmo, a omnipotência de Deus manifesta-se no facto de que é, autónomo, livre, não dependente de nada nem de ninguém, e autossuficiente, não necessitando de nada nem de ninguém. Pois, “assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo” (João 5,26). Não tem origem nem destino, pois é anterior a todas as coisas e todas elas nele subsistem. (Colossenses 1,17)

Em relação a nós, a omnipotência manifesta-se na criação do mundo, no plano de salvação, na encarnação do seu filho, pois para Ele, «nada é impossível» (Lucas 1,37) e ainda no sustento e manutenção da criação, onde tudo está ordenado com perfeição e inteligência.

Deus é Senhor e Mestre sobre todas as Suas criaturas, e tem irrestrito poder absoluto e jurisdição sobre elas. Isso decorre necessariamente do facto de ser Deus e de a criatura ser dependente dele para existência e atividade. No exercício desse poder, Ele não é responsável perante ninguém; não tem que justificar-se diante ninguém. “Querer é poder” diz o provérbio e queremos acreditar que seja assim; para Deus, de facto, querer é sempre poder; para o homem, nem sempre.

Deus é senhor de tudo
"Tua é, Senhor, a magnificência e o poder e a honra e a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino e tu te exaltaste sobre todos como chefe ... e tu dominas sobre tudo..." 1 Crónicas 29:11-12

Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me “o Mestre” e “o Senhor” e dizeis bem, porque o sou. Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também. Em verdade, em verdade vos digo, não é o servo mais do que o seu Senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia. João 13, 13-16

O domínio e senhorio de Deus sobre o mundo e sobre cada um de nós é um serviço de amor. Deus é um Rei magnânimo que reina com justiça, lento na ira e rico em misericórdia. Cristo exerceu o seu Senhorio lavando os pés aos seus discípulos, fazendo o serviço de um escravo, para nos dizer que se o seu senhorio se manifesta em serviço, assim se deve manifestar todo o poder. O poder de Deus não é abusivo, a sua nobreza não tem sangue azul, a sua autoridade não é autoritarismo. Os seus ditames não são ditadura.

Deus é Amor
Sião dizia: «O Senhor abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.» Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria. Eis que Eu gravei a tua imagem na palma das minhas mãos. As tuas muralhas estão sempre diante dos meus olhos. Isaías 49, 14-16

Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. 1 João 4: 8

Como Deus não precisa de nada nem de ninguém, o seu amor é puramente incondicional. Como quem não ama não conhece a Deus, não se pode amar a Deus sem amar o irmão; em conflito está com Deus aquele que está e permanece voluntariamente em conflito com o seu irmão.

Omnisciente 
Senhor, Tu examinaste-me e conheces-me, sabes quando me sento e quando me levanto; à distância, conheces os meus pensamentos. Vês-me quando caminho e quando descanso; estás atento a todos os meus passos. Ainda a palavra me não chegou à boca, já Tu, Senhor, a conheces perfeitamente. Salmo 139, 2-4

"E não há criatura alguma encoberta diante dele: antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar" Hebreus 4, 13


Significa que Deus conhece todas as coisas de um modo completo, absoluto e definitivo. O Seu conhecimento é infinito e não está sujeito a qualquer limitação. Ele não precisa pedir nenhuma informação e não tem dúvidas. Como é o Criador de tudo e de todos, nada lhe permanece oculto; conhece todos os nossos pensamentos e é testemunha ocular de todos os nossos atos. Sabe quem é o culpado e o inocente.

Não há, portanto, crimes perfeitos para Deus, coisas que nunca virão a saber-se; não há segredos bancários nem profissionais, nem vidas privadas; tudo é público e sabido aos olhos de Deus. Nada lhe escapa, pois, está sempre atento. A impunidade, a falta de justiça, são possíveis perante os homens, não perante Deus. Ao contrário do que acontece connosco, o seu conhecimento não aumenta nem diminui, não perde a memória e os nossos crimes não prescrevem.

O conhecimento que Deus tem do futuro é tão completo como o que tem do presente e do passado. O que Deus sabe que acontecerá no futuro, acontecerá inexoravelmente, pois Deus sabe-o não como possibilidade, mas como certeza. O conhecimento de Deus não nasce das coisas nem depende do comportamento delas ou porque elas existem ou existirão, mas porque Ele, que é anterior às coisas, ordenou que estas existissem e existissem para um determinado objetivo. Por exemplo, Deus sabia da crucificação do Seu Filho e predisse-a muitas centenas de anos antes que Ele encarnasse.

É isto sinónimo da predestinação, de que tudo está predestinado e predeterminado por Deus? Não, o facto de Deus saber quais vão ser as nossas opções não nos faz menos livres para as tomar. Ele sabe quais vão ser as nossas opções, mas não interfere nelas: estas são totalmente da nossa responsabilidade.

Omnipresente
Onde é que eu poderia ocultar-me do teu espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se subir aos céus, Tu lá estás; se descer ao mundo dos mortos, ali te encontras. Se voar nas asas da aurora ou for morar nos confins do mar, mesmo aí a tua mão há-de guiar-me e a tua direita me sustentará. Salmo 139, 7-10

Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço nem pelo tempo. A sua presença é infinita, de modo que Ele está simultaneamente presente em todo o tempo, em toda parte, com toda a plenitude do Seu ser. Isto é possível porque Deus não é um ser material, mas sim espiritual. Deus é espírito, por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade. (João 4, 24). Como Deus é Espírito, é também invisível aos nossos olhos e inacessível a todos os nossos sentidos. Porém, para Ele, nós não somos invisíveis, nada lhe podemos ocultar.

Deus é transcendente e Imanente
"Sou um Deus próximo, diz o Senhor, e não um Deus de longe? – (...) Eu não encho o céu e a terra?" Jeremias 23: 23-24

Ele não está longe de cada um de nós: porque nele vivemos, e nos movemos, e temos nosso ser" Atos 17: 27-28.

Afirmar que Deus é transcendente, é dizer que Ele é distinto e mais elevado do que a Sua criação, vive e existe fora dela sem dela precisar, pois foi Ele que a criou; afirmar que Ele é imanente, é dizer que Ele está junto, participa e dirige a Sua criação e nela, no seu conjunto e em cada uma das criaturas, é o centro, o coração de cada coisa. Nada do que acontece lhe é alheio.

Deus é eterno
A eternidade é a negação do tempo; é o conceito contrário ao tempo e temporalidade. “Fugit tempus, carpe diem”, o tempo é fugaz, está em contínuo devir, um tempo dá lugar a outro; a eternidade é estática, um contínuo e parado carpe diem. Este é um dos atributos que Deus tem e que partilha connosco (João 10, 28).

Deus é Infinito
"O céu e o céu dos céus não podem te conter" (I Reis 8:27).

O homem é finito e limitado na sua dimensão corporal e física, com parâmetros bem definidos; pelo contrário, Deus não tem parâmetros nem limites que o definam, os conceitos de infinito e omnipresença são idênticos em Deus.

Deus é perfeito
O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa, Atos 17, 24-25

A perfeição de Deus é uma das consequências do seu ser infinito; tudo o que é limitado e finito é imperfeito ou aperfeiçoável, uma vez que a expansão dos parâmetros implica a aproximação a um grau mais elevado de perfeição. Consequentemente, algo sem limites é melhor e excede em perfeição o que é limitado. O que vale para a perfeição, vale também para o resto dos atributos morais de Deus como, santo, justo, Misericordioso, verdadeiro, bom, paciente…

Deus é Imutável
Eu sou o Senhor e não mudo de opinião; por isso, vós, filhos de Jacob, não fostes destruídos. Malaquias 3,6

"O Pai das luzes, com quem não há mudança, nem sombra de variação" Tiago 1:17

A imutabilidade de Deus tem que ver com o facto de ser perfeito; por isso, não está em crescimento, em nenhum processo de ser melhor. Também não muda com o tempo, pois está para além do tempo e espaço, que são suas criaturas. Deus é e de facto na bíblia Ele mesmo se apresenta dizendo “Eu sou o que sou” (Êxodo 3, 14): Deus é autoreferente. E ao não ter por cima dele ninguém por quem jurar, jura por si mesmo (Génesis 22, 16).

A mutabilidade tem referência a uma entidade criada, a incidentes ou circunstâncias ou à vontade. Cada criatura, de uma forma ou de outra, está sujeita a mudanças e tem dentro de si o potencial de mudança ou de ser mudada. Deus, porém, é absoluto e, em todos os aspetos, é imutável tanto na Sua essência como na Sua vontade; até mesmo a possibilidade de mudança é totalmente estranha a Deus.

A imutabilidade de Deus é consequência da sua perfeição; só se muda quem se reconhece imperfeito e tal só acontece com a criatura que se reconhece imperfeita ante a perfeição do criador com quem se confronta. Também não muda de opinião, pois é verdadeiro, conhece a verdade de cada coisa e em tudo atua com sabedoria por isso não erra. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e por toda a eternidade (Hebreus 13, 8)

Deus é Fiel
Reconhece, pois, que o Senhor, teu Deus, é que é Deus, o Deus fiel, que mantém a aliança e a bondade para com os que o amam e observam os seus mandamentos até à milésima geração. Deuteronómio 7:9

Quando Deus estabeleceu a primeira aliança com Abraão, ordenou-lhe que matasse os animais e os cortasse pelo meio, colocando cada metade à frente da outra. O costume era que cada um dos que entram em aliança devia passar pelo meio dos animais divididos, simbolizando “que me aconteça a mim o que aconteceu a estes animais se faltar à minha palavra”.

Conhecendo a natureza infiel do homem, a sua incapacidade de manter a sua palavra, Deus passou pelo meio, mas não deixou que Abraão o fizesse. Por isso, se formos infiéis, Ele permanecerá fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. (2 Timóteo 2, 13)

Deus é Providente
Ele é pai dos órfãos e defensor das viúvas, o Deus que habita no seu santo templo. Deus prepara uma casa para os desamparados e liberta aqueles que estão prisioneirosSalmo 68, 6-7

Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» Lucas 11, 11-13

Deus é Pai e providente, rico em misericórdia para quantos o invocam, a quem nada é alheio, pois sabe quando nos sentamos e nos levantamos. Cuida de nós como filhos, pois somos o seu povo e ovelhas do seu rebanho; como Pai que é, nunca nos faltará com nada, por isso, tal como as crianças confiam absolutamente nos seus pais, assim devemos ser nós como essas crianças, pois só elas entram no Reino dos Céus.

A criança tem esta confiança radical nos seus pais e sabe que, apesar de eles não lhe darem tudo o que pede, nunca lhe vão faltar com nada do que verdadeiramente precisa. *Por isso pede, pede, e pede, mas sabe que nem todos os seus pedidos serão atendidos. Os que não são atendidos, a resposta negativa, recebe-a pensando que os seus pais sabem melhor que ela o que lhe convém. É neste espírito que devemos receber o silêncio de Deus e o não atendimento dos nossos pedidos. Não como um desinteresse de Deus, mas na fé de que Deus sabe muito melhor que nós o que nos convém a curto, médio e longo prazo.

A criança não se preocupa com o dia de amanhã vive despreocupada mas ocupada; a preocupação delega-a no seu Pai, e assim devemos fazer nós. Pois não está em nosso poder aumentar um dia à nossa vida e, por muito que nos preocupemos com o que vestir, não nos vestiremos melhor que as flores do campo e a essas veste-as Deus.
Pe. Jorge Amaro, IMC





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