15 de outubro de 2025

Ressureição de Jesus

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No primeiro Mistério Glorioso contemplamos a Ressurreição de Jesus.


Do Evangelho de São João (20, 1, 11-16):
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhã cedo ao sepulcro, estando ainda escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do sepulcro. (…) Maria estava de pé junto ao sepulcro, do lado de fora, a chorar. Então, enquanto chorava, (…) voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: «Mulher, por que choras? A quem procuras?» Ela, pensando que era o jardineiro, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o levaste, diz-me onde o puseste, e eu irei buscá-lo». Disse-lhe Jesus: «Maria!». Ela, voltando-se, disse-lhe em hebraico: «Rabúni!» – que significa «Mestre».

Comentário de Santo Efrém
"Glória a Ti, Jesus Cristo, que fizeste da Tua cruz uma ponte sobre a morte, através da qual as almas podem passar da morte para a vida."

Meditação 1
A Ressurreição de Jesus prova que o mal não tem a última palavra. A morte já não é o fim da vida, mas sim uma passagem para a vida eterna. É a Ressurreição que dá sentido a toda a existência; se o nosso fim fosse o mesmo de todos os seres vivos, a vida humana não teria sentido, seria uma fadiga inútil.

Se Cristo não tivesse ressuscitado, seria vã a nossa existência: as alegrias não seriam verdadeiras alegrias, e as tristezas seriam ainda mais tristes e desprovidas de esperança. Seríamos os mais desgraçados de todos os homens, como disse São Paulo, mas mais do que isso, os mais desgraçados de todos os seres vivos.

Ao contrário dos outros seres vivos, os humanos têm consciência de viver e são livres para orientar a sua própria vida. Sem a Ressurreição, esta autoconsciência da nossa condição e fim seria uma constante tortura.

Nas metamorfoses de alguns animais, como a borboleta, ou nos três estados da água, onde esta, sem deixar de ser água, se torna invisível, a natureza oferece-nos exemplos que nos ajudam a acreditar que, tal como em Jesus, o nosso corpo material se transformará num corpo espiritual e glorioso, semelhante ao d'Ele.

Meditação 2
A Ressurreição de Jesus Cristo é importante por muitas razões. Primeiro, testemunha o imenso poder do próprio Deus. Crer na Ressurreição é crer em Deus. Se Deus existe, e se Ele criou o universo e tem poder sobre ele, então tem também o poder de ressuscitar os mortos. Se Ele não tivesse tal poder, não seria um Deus digno da nossa fé e adoração. Só Ele, que criou a vida, pode ressuscitar após a morte. Ao ressuscitar Jesus do sepulcro, Deus lembra-nos da Sua soberania absoluta sobre a vida e a morte.

A Ressurreição de Jesus Cristo valida quem Jesus afirmou ser, ou seja, o Filho de Deus e o Messias. A Ressurreição de Jesus foi o "sinal do céu" que autenticou o Seu ministério (Mateus 16, 1-4). A Ressurreição de Jesus Cristo, atestada por centenas de testemunhas oculares (1 Coríntios 15, 3-8), fornece uma prova irrefutável de que Ele, e só Ele, é o Salvador do mundo.

A Ressurreição de Jesus Cristo prova o Seu caráter sem pecado e a Sua natureza divina. As Escrituras diziam que o "Santo" de Deus nunca veria corrupção (Salmo 16, 10), e Jesus não experimentou a corrupção, mesmo após a Sua morte (Atos 13, 32-37). Foi com base na Ressurreição de Cristo que Paulo pregou: «Por Ele vos é pregado o perdão dos pecados... n'Ele, todo aquele que crê é justificado» (Atos 13, 38-39).

Oração
Senhor Jesus Cristo,
contemplamos com gratidão e reverência a Tua gloriosa Ressurreição.
Tu, que venceste a morte, trazes-nos a esperança de vida eterna e renovas a nossa fé.
Foste Tu que, com amor infinito, fizeste da cruz uma ponte sobre o abismo da morte,
para que todos nós possamos passar da escuridão do pecado para a luz da vida.

Senhor, ajuda-nos a viver à luz da Tua Ressurreição.
Que o poder da Tua vitória sobre o mal transforme as nossas vidas,
dando-nos força para enfrentar as dificuldades 
com a certeza de que a morte e o sofrimento não têm a última palavra.
Tal como Maria Madalena, que reconheceu a Tua voz no jardim,
que também nós possamos ouvir o Teu chamamento 
em cada dia e responder com amor e fidelidade.

Senhor, concede-nos a graça de viver com os corações cheios da Tua paz e alegria,
sabendo que, pela Tua Ressurreição, a nossa vida tem um propósito eterno.
Ajuda-nos a ser testemunhas vivas da Tua presença,
levando a esperança aos que sofrem e a luz aos que vivem na escuridão.

Que o nosso corpo, um dia, como o Teu, se transforme num corpo glorioso,
e que, pela Tua misericórdia, possamos estar Contigo na plenitude da vida eterna.
Nós Te louvamos e agradecemos, Senhor, por seres o nosso Redentor,
Aquele que ressuscitou e vive para sempre. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC


1 de outubro de 2025

Crucifixação e Morte

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No quinto Mistério Doloroso, contemplamos a crucificação e morte de Jesus.


Do Evangelho de São João (19, 25-30)
Junto à cruz de Jesus, estavam de pé Sua Mãe, a irmã de Sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Então Jesus, ao ver a Mãe e, próximo, o discípulo que Ele amava, disse à Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E, a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.

Depois disto, sabendo Jesus que já tudo estava consumado, para que se cumprisse a Escritura, disse: «Tenho sede!». Estava ali um vaso cheio de vinagre; então, colocando uma esponja cheia de vinagre num ramo de hissopo, levaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Está consumado!». E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

Comentário de São Bernardo
Só Ele tinha o poder de dar a vida; ninguém lha podia tirar. E, depois de receber o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado!», ou seja: nada mais havia a fazer, não havia mais nada a esperar. E, inclinando a cabeça, Aquele que foi obediente até à morte expirou. Morrer desta forma revela uma grande virtude. Assim devemos também nós morrer, dizendo: «Tudo está consumado», ou seja, após o arrependimento e a confissão, dizer: «Jesus, José e Maria, a vós entrego a minha alma».

Meditação 1
Abandonado pelo Seu povo, pelos amigos, discípulos e apóstolos, crucificado entre dois malfeitores, Jesus sentiu, no final, que até Deus O tinha abandonado, talvez por causa do peso dos pecados da humanidade que caíam sobre Ele. No entanto, manteve a Sua esperança em Deus e não desesperou. Foi ao mesmo Deus, que parecia ter-Lhe virado as costas, que Jesus entregou o Seu espírito.

Na Síndone de Turim podemos ver o resultado final de tudo isto. O rosto de Jesus, ali impresso, revela um homem que sofreu com resignação, paciência e fortaleza, aceitando tanto os desígnios do Pai quanto a condenação da humanidade.

Observamos o rosto de alguém acostumado ao sofrimento, mas que, mesmo no momento em que todas as razões para a esperança pareciam esgotadas, não desesperou. Foi nesse instante, no qual Jesus se sentiu abandonado até por Deus, que experimentou a mais terrível solidão que qualquer ser humano poderia vivenciar.

O aparente abandono do Pai foi experimentado por Jesus como uma prévia do inferno ao qual nós, pecadores, estávamos destinados. Ele viveu essa experiência para que nós não precisássemos passar por ela.

Contemplando este rosto na Síndone de Turim, o Papa Paulo VI exclamou: «O meu coração diz-me que é Ele, que é o Senhor!».

Meditação 2
Jesus gritou com uma voz forte: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?» (Marcos 15, 34). Foi a partir do cristianismo que se tornou possível afirmar que Deus é amor e que nos ama. “Quem se obriga a amar, obriga-se a padecer”.

Já desde os anos de adolescência, quando pela primeira vez vemos o nosso coração partido ao amar alguém que não nos corresponde, compreendemos que o amor é como uma moeda: de um lado, a alegria; do outro, o sofrimento. Se Deus nos ama, só poderia provar esse amor sofrendo e morrendo por nós. E assim foi: Jesus afirmou que «ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos».

«Se a Mim Me trataram mal», disse Jesus também a vós vos maltratarão (Mateus 10, 15) – Pelo que, se nunca sofreste pelo Evangelho, não és um cristão autêntico. Não haveria razão para sofrer pelo Evangelho se o mundo fosse justo, verdadeiro, pacífico e fraterno. Mas o mundo não é assim; não vive os valores do Evangelho. E aquele que os vive, mais cedo ou mais tarde, enfrentará o mundo e pagará o preço pela sua vivência, tal como Jesus.

Oração
Senhor Jesus,
ao contemplarmos a Tua cruz, 
sentimos o peso do Teu amor por nós, 
um amor que se entregou sem reservas, 
até ao último suspiro. 
Tu foste abandonado pelos Teus, 
suportaste a dor e a solidão, 
mas nunca deixaste de confiar no Pai. 
Ensina-nos, Senhor, a confiar em Ti nas horas mais sombrias, 
quando o peso da vida parecer insuportável 
e o desespero se aproximar.

Ajuda-nos a aceitar as nossas cruzes 
com a mesma serenidade e entrega que Tu aceitaste a Tua. 
Que possamos reconhecer, mesmo no meio da dor, 
que o Teu amor nunca nos abandona 
e que, como fizeste, podemos entregar tudo nas mãos do Pai.

Dá-nos a coragem de viver segundo o Evangelho, 
mesmo que isso signifique 
enfrentar a incompreensão e a rejeição do mundo. 
E quando sentirmos que estamos sozinhos, 
lembra-nos de que a Tua cruz está sempre presente 
como sinal de esperança e salvação.

Senhor, que a Tua morte na cruz seja para nós 
a certeza da vida eterna 
e da Tua misericórdia infinita. Amém.

Pe. Jorge Amaro, IMC