Mistérios Gozosos
Nos Mistérios Gozosos, meditamos no começo da redenção da humanidade, desde a anunciação a Maria e a encarnação do Filho de Deus no seu seio, até à adolescência de Jesus.
PRIMEIRO – No primeiro Mistério Gozoso contemplamos a anunciação do anjo à Santíssima Virgem Maria– Por intermédio do arcanjo S. Gabriel, mensageiro da Boa Nova, Deus decide intervir na história da humanidade, como tantas outras vezes o fez ao longo da história de Israel.
Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho. Hebreus 1:1-10
As comunicações dos profetas dos tempos antigos eram sempre imprecisas, imperfeitas e incompletas. Por intermédio do Seu filho, Deus decide vir Ele mesmo, para nos mostrar passo a passo, como num vídeo, como deve ser a vida humana.
SEGUNDO – No segundo Mistério Gozoso contemplamos a visita de Maria Santíssima à sua prima Santa Isabel – Se na Anunciação Maria está em oração, na Visitação Maria está na ação; se na Anunciação Maria está a escutar a palavra de Deus, na Visitação Maria está a pôr essa mesma palavra em prática, como sugere o seu filho tantas vezes; se na Anunciação Maria está a amar a Deus sobre todas as coisas, na Visitação está a amar o próximo como a si mesma. Se na Anunciação Maria tem uma experiência de Deus como discípula, na Visitação ao entoar o seu Magnificat, dando testemunho da sua experiência de Deus, Maria está a ser missionária, ao relatar e dar testemunho dessa mesma experiência e de tudo o que Deus nela operou.
Nestes dois Mistérios Gozosos, decorre toda a vida do cristão; por isso Maria é para nós modelo de discípula, missionária, cristã; nela se concentram todas as virtudes que o cristão deve cultivar na sua vida. Maria é, por isso, para nós não só a Mãe de Jesus e Nossa Mãe, mas também um modelo de seguimento de Cristo.
TERCEIRO – No terceiro Mistério Gozoso contemplamos o nascimento de Jesus – E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós» João 1,14
Deus criador encarnou na criatura. Para muitas religiões parece impossível que Deus possa encarnar num ser humano, que o mar possa entrar dentro de uma poça de água. Se só pensamos na transcendência de Deus, sim, parece impossível, ilógico, improvável, ainda que para Deus não existam impossíveis.
Porém, Deus não é só transcendente, também é imanente, já existe aqui e agora, no coração de cada coisa e de cada pessoa. Deus intimior intimo meo vale para todas as coisas; Deus é o coração da matéria dos seres materiais e dos seres espirituais. Por isso, Deus já cá está e, pensando na sua imanência, é mais fácil entender o facto de ter adquirido forma humana.
Deus acampou entre nós, ergueu a sua tenda entre nós como outrora, quando caminhou por 40 anos no deserto com o povo libertado do Egito. Essa tenda, onde Moisés, representando o povo de Deus, se encontrava com Deus em colóquio, era chamada a tenda do encontro. Jesus de Nazaré, o Emanuel, Deus connosco, é a nova tenda do Encontro, pois n’Ele se encontram Deus com os homens e os homens com Deus. Por intermédio de Jesus, Deus vem ao Homem, por intermédio de Jesus, o Homem vai a Deus.
Ao saírem de Jericó, uma grande multidão acompanhava Jesus. Mateus 20, 29
Deus fez-se Homem para que o Homem se fizesse Deus Sto. Ireneu
Jericó é, ao mesmo tempo, a cidade mais antiga do nosso planeta, com 8 000 anos de existência, e a cidade mais baixa, cerca de 500 metros abaixo do nível do mar. Jericó na Bíblia significa pecado; na parábola do Bom Samaritano, Jerusalém representa a graça, Jericó representa o pecado.
O homem que caiu nas mãos dos salteadores caiu em desgraça porque descia de Jerusalém, 800 metros acima do nível do mar, para Jericó. Viajava da Graça para o pecado; como diz o povo, quem de Deus não se lembre todo o bem lhe falta. Para salvara o homem do pecado, Jesus desce também Ele a Jericó, mas não fica lá; sai de Jericó e segue-O uma grande multidão que sobe com Ele do pecado de Jericó para a graça de Jerusalém.
QUARTO – No quarto Mistério Gozoso contemplamos a apresentação do menino Jesus no templo e a purificação ritual de Nossa Senhora – Jesus não rompe com as tradições dos antigos, submetendo-se às leis da terra em que habita e do povo onde encarnou como homem. No entanto, ao obedecer ou satisfazer essas leis, fá-las passar pela sua consciência moral, porque a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei.
Maria, sendo ao lado de Jesus a mais pura entre os seres viventes, também se submete à tradição, também se submete à tradição de purificação ritual. Os que fazem referência a esta segunda parte do mistério, devem incluir a palavra “ritual”, pois Maria sempre foi pura, antes, durante e depois do parto.
QUINTO – No quinto Mistério Gozoso contemplamos a perda e o encontro do menino Jesus no templo com os doutores da lei – Muitos exegetas consideram um exagero que Jesus estivesse a dialogar com os doutores da lei, de igual para igual. Não entendo por que não pode ter acontecido isto; Jesus provavelmente era um menino prodígio como tantos que houve e há em todo o tempo e lugar. Se Mozart, Beethoven e outros foram meninos prodígio, por que não pode tê-lo sido Jesus?
Mistérios Luminosos
Nos Mistérios Luminosos, meditamos nos momentos mais importantes da vida pública de Jesus, desde a sua investidura no Batismo até à instituição da Eucaristia como memorial da sua paixão. É nos anos da Sua vida pública que Jesus verdadeiramente se revela como sendo a Luz do Mundo (Jo 8, 12), pelas suas atitudes perante as mais diversas situações da vida em que se foi encontrando, pela doutrina que ensinou e pelos seus atos.
PRIMEIRO – No primeiro Mistério Luminoso contemplamos o Batismo de Jesus – “Libris ex libris fiunt” – os livros vêm dos livros. Jesus consagrou-se a um movimento que provavelmente começou nos monges de Quram, muito perto do local onde Jesus foi batizado por João Batista, um monge que oferecia o perdão dos pecados, como se fazia em Quram por meio de uma ablução de água. Jesus continua este movimento e leva o perdão dos pecados para além do rio Jordão e para lá do símbolo da água.
SEGUNDO – No segundo Mistério Luminoso contemplamos as bodas de Caná– Em Caná da Galileia, Maria vê uma necessidade e trata de resolver o problema empurrando Jesus para a sua vida pública, quando Ele ainda não tinha programado começar. Jesus, obediente ao Pai do Céu, obedece também a sua Mãe mesmo já adulto. Esta obediência é importante para nós, pois institucionaliza Maria, sua Mãe, como intercessora de todas as graças.
TERCEIRO – No terceiro Mistério Luminoso contemplamos os milagres operados por Jesus como prova da presença do Reino de Deus entre nós – Assim redijo eu este mistério dedicado à atividade taumatúrgica de Jesus, como prova de que o Reino já está entre nós, se bem que não ainda na sua plenitude.
QUARTO – No quarto Mistério Luminoso contemplamos o sermão da Montanha como a magna carta do Reino de Deus – Se no mistério anterior menciono as obras do Reino, neste menciono a doutrina que as inspira, o sermão da Montanha, como a fina flor de tudo o que Jesus, nos disse e ensinou. Acho isto mais importante que a transfiguração.
QUINTO – No quinto Mistério Luminoso contemplamos a instituição da Eucaristia – Sem Eucaristia não há Igreja, sem Igreja não há Eucaristia. A Eucaristia é, antes de tudo, a reunião dos cristãos ou desta associação fundada por Jesus e chamada Igreja, dos cristãos como membros do corpo de Cristo que celebram a vida, morte e ressurreição de Cristo, tal como Ele nos mandou.
Mistérios Dolorosos
Nos Mistérios Dolorosos, meditamos o processo, a paixão e morte de Jesus, desde a sua agonia no jardim das Oliveiras até ao último suspiro no alto da cruz. Quando dizemos que Jesus morreu pelos nossos pecados, quer dizer que saldou a dívida que éramos incapazes de pagar; mas também quer dizer que os pecados dos que intervieram na sua morte ainda hoje se cometem, pelo que podemos concluir que foi o pecado de toda a humanidade que o matou.
PRIMEIRO – No primeiro Mistério Doloroso contemplamos a agonia de Jesus no jardim das Oliveiras – Jesus foi tentado toda a sua vida, não só no começo; uma das últimas tentações acontece aqui, quando jesus contemplou a possibilidade de não beber do cálice que estava na sua frente, a sua paixão e morte. Bastava subir um pouco até ao cimo do monte e ir por aí abaixo para o deserto da Judeia, esconder-se num dos profundos vales que nunca mais ninguém O encontraria. Mas Jesus escolheu pagar o preço dos seus ideais contra um mundo corrupto e malvado. Se tivesse salvado a sua pele, perdia-se como salvador do mundo inteiro.
SEGUNDO – No segundo Mistério Doloroso contemplamos a flagelação de Jesus preso à coluna – Se Pilatos tivesse condenado diretamente Jesus à morte, Ele não teria sido flagelado. A flagelação era o castigo dado àqueles a quem se poupava a vida. Pilatos pensava que, depois de O ver bem flagelado, o povo teria dó dele e O deixaria partir, mas isso não aconteceu; o ódio dos escribas, dos anciãos, dos fariseus e saduceus contra Jesus era tão grande que nem depois de O verem flagelado sentiram compaixão.
TERCEIRO – No terceiro Mistério Doloroso contemplamos a coroação de Jesus com uma coroa de espinhos – Foi quando já se encontrava numa situação muito difícil que Jesus reconheceu e aceitou o título de Rei, embora não deste mundo, pois os reis deste mundo não montam jumentos como Ele montou nem são crucificados como Ele foi, e são coroados com uma coroa de ouro, não uma de espinhos como foi Jesus.
QUARTO – No quarto Mistério Doloroso contemplamos a condenação de Jesus à morte e a caminhada para o calvário com a cruz às costas – Pela morte de Jesus, Pilatos pagou também pelos seus erros anteriores; já tinham sido tantos que agora, apesar de estar convencido de que Jesus era inocente e de procurar um estratagema para O salvar, não conseguiu fazê-lo: as acusações contra ele eram já muitas em Roma, pelo que ele não se podia permitir uma mais.
QUINTO – No quinto Mistério Doloroso contemplamos a crucificação e morte de Jesus – Abandonado pelo seu povo em geral, pelos seus amigos discípulos e apóstolos, crucificado no meio de dois malfeitores, sentiu no final que até Deus o abandonara, talvez por pesar sobre os seus ombros o pecado da humanidade. Mesmo assim, esperou em Deus e não desesperou, pois ao mesmo Deus que o tinha abandonado entregou o seu espírito.
Mistérios Gloriosos
Nos Mistérios Gloriosos, meditamos no triunfo de Jesus sobre a morte com a Sua Ressurreição. A morte foi vencida, assim como o pecado que a causa. Depois da Ressurreição de Jesus, a morte já não é o destino final da humanidade, mas sim uma passagem para a vida eterna. A vida de Jesus que começa com o “Sim” de Maria ao plano de Deus, termina agora com a glorificação d’Aquela que é, para todos, nós, modelo de vida cristã.
PRIMEIRO – No primeiro Mistério Glorioso contemplamos a Ressurreição de Jesus – A Ressurreição de Jesus é Deus que riu por último, a Ressurreição de Jesus prova que o mal não tem a última palavra, como se vê em quase todos os filmes nos quais o bem acaba por vencer o mal. Nem a morte tem poder eterno sobre a vida. Depois da Ressurreição de Jesus, a morte já não é o fim da vida, mas sim uma passagem para uma vida em Deus, para os que viveram com Ele e para Ele.
SEGUNDO – No segundo Mistério Glorioso contemplamos a Ascensão aos Céus – Jesus no seu corpo glorioso não subiu logo a seguir ao pai, como Ele mesmo disse a Maria Madalena, mas ficou algum tempo com os seus discípulos, aparecendo-lhes para os reconfortar do escândalo da cruz e para lhes dar as instruções finais antes de subir definitivamente ao Pai.
TERCEIRO – No terceiro Mistério Glorioso contemplamos a vinda do Espírito Santo – Como tinha prometido, Jesus enviou o Espírito Santo logo que chegou ao Céu para não ficarmos órfãos, para ser a alma da Igreja e o centro do nosso ser, para ficar connosco, ser Deus dentro de nós que nos inspira, reconforta, guia e dá força e coragem para enfrentar o mundo.
QUARTO – No quarto Mistério Glorioso contemplamos a Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma – Dormição ou Assunção, Maria vai para o lado do seu filho pois sempre a seu lado esteve. Também nós como ela seremos recebidos no Céu, onde Jesus, seu filho, nos foi preparar um lugar.
QUINTO – No quinto Mistério Glorioso contemplamos a coroação de Maria como rainha do Céu e da Terra – A vida terrena de Maria como Mãe do Salvador começa antes de Jesus e termina depois de Jesus. Depois de ser Mãe da Igreja por ser a mãe do fundador desta, agora Reina no Céu e na Terra como rainha-mãe ao lado do seu filho que é Rei do Universo.
Conclusão:
Os mistérios do rosário constam dos atos salvíficos de Cristo na Terra, do caminho que percorreu connosco, tal como fez com os discípulos de Emaús, para nos explicar as escrituras e plantar no mundo as sementes do Reino de Deus.
Pe. Jorge Amaro, IMC
Sem comentários:
Enviar um comentário