15 de maio de 2017

Fátima e a sua relevância para Portugal

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Deus não poderiam ser apenas um espectador silencioso antes as atrocidades do século XX, o mais sangrento na história da humanidade. De alguma forma, havia uma necessidade urgente de que o Eco da Sua voz, o Evangelho, ressoasse no meio de tanta devassidão.

Foi neste século em que as filosofias ateísticas e niilistas de fins de século XIX buscaram a sua realização histórica. Pensemos em autores como Darwin, Feuerbach, Karl Marx, Freud e Nietzsche, as suas teorias influenciaram as mentes e a opinião pública do mundo ocidental. 

Fátima é, de alguma maneira, a resposta de Deus, para a humanidade do século XX. Um Deus que, afinal, não está morto, como essas filosofias previam, nem perdido nem petrificado na mente dos homens primitivos. Pelo contrário, nestes tempos pós-modernos, como sempre, está bem vivo, tornando a Sua presença através da sua Palavra de Vida que é eterna, portanto, válida em todos os tempos e em todos lugares.

Na escolha do lugar e do tempo da revelação divina, surge sem dúvida a pergunta porquê 1917, porquê Portugal? Porquê Fátima? Porquê aquelas crianças em particular e porquê a Cova da Iria? Não há casualidade nos planos de Deus, nem penso, como dizia Einstein, que Deus jogue aos dados. Deus escolhe sempre criteriosamente o tempo, o lugar e os mensageiros ou catalisadores da sua mensagem, como escolheu a Terra e o povo de Israel para encarnar na história da humanidade.

Porquê Portugal?
Terra de Santa Maria – Foi o nome dado no século IX, por Afonso III rei de Leão, às terras que ficam entre o rio Douro e o Vouga. O castelo de Santa Maria da Feira era provavelmente a fortaleza militar e centro administrativo destas terras. O culto à Virgem Maria nestas terras é anterior à nossa nacionalidade; sob a invocação de Imaculada Conceição remonta a Afonso Henriques o primeiro rei de Portugal a quando da conquista de Lisboa em 1147. Portugal é, portanto, conhecido como terra de Santa Maria. Faz, portanto, todo o sentido que Maria visite aquela que sempre foi considerada como a sua terra.

A Imaculada Conceição é rainha de Portugal - A partir de 1640 os reis portugueses deixam de usar a coroa na cabeça. Como tal a dita cerimónia de coroação foi substituída por uma outra e passou a ser chamada de aclamação, na qual o rei recebe a coroa que coloca ao seu lado, não na cabeça. Isto desde que o rei Dom João IV pediu a intervenção de Maria, numa das batalhas da restauração da independência; ao ser bem sucedido o rei proclamou a Nossa Senhora da Conceição Rainha de Portugal.

Muito antes, portanto, de ser declarado dogma pelo Papa Pio IX, em sua bula Ineffabilis Deus em 8 de dezembro de 1854. Já em Portugal Maria era venerada no seu título de Imaculada Conceição. Maria, portanto, visitou os seus domínios.

Porquê Fátima?
Mas tu, Belém a mais pequena entre as cidades de Judá, é de ti que há-de sair aquele que governará em Israel. Miqueias 5,2

O paradigma bíblico de escolher o último, o desconhecido, o que não é importante, não foi aqui roto. Fátima, que contava com pouco mais de dois mil, era uma freguesia agreste, situada num planalto irregular da serra de Aire, com um clima húmido e ventoso, solo pobre e pedregoso seco e sem cursos de água. O povo desta região, inculto e agreste como o próprio terreno, vivia da prática de uma economia agro-pastoril de subsistência.

Não obstante as obstinadas campanhas anticlericais e secularistas e liberais dos finais do século XIX e princípios do século XX, a grande maioria das pessoas permanecia fiel à religião católica, com práticas diárias de oração, tais como: a reza do terço nos serões em família, a frequência regular dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. O povo era humilde e pautava a sua vida pelo calendário litúrgico, vivendo intensamente os tempos litúrgicos Advento, Natal, Quaresma, Páscoa, Ascensão Pentecostes, Corpo de Deus… bem como as romarias dos santos populares de veneração local.

O cónego Manuel Formigão refere, nos seus escritos, que a reza do terço era uma devoção muito querida no lugar de Aljustrel freguesia de Fátima. Aliás, a devoção do rosário era, "de há séculos, a mais geral e a mais querida manifestação do amor de toda a diocese de Leiria, não só de Fátima, à Santíssima Virgem". Todas as famílias o rezavam depois de cear, os pastorinhos tinham por hábito reza-lo também quase como passatempo enquanto guardavam o rebanho.

Visitar Fátima e apresentar-se como a Senhora do Rosário é como chover sobre o molhado. Fátima era terreno preparada para a visita da senhora, que ia precisamente pedir às crianças que rezassem todos os dias o terço. Não lhes estava a pedir nada de desconhecido, mas algo para o qual as crianças já tinham sido iniciadas e era costume fazerem.

Porquê aquelas crianças?
Deus escolhe os humildes para confundir os sábios - Fátima segue os paradigmas do evangelho à letra. Como é possível que uma mensagem tão relevante, tanto para Portugal, como para o mundo inteiro, tenha sido confiada a três crianças rudes, simples e analfabetas?

À primeira vista Lúcia de 10 anos, e os seus primos Francisco de 9 e a sua irmã Jacinta de 7, eram crianças perfeitamente normais; iguais a tantas outras naquelas serranias, tanto pelos seus defeitos como pelas suas virtudes.  Porém tinham certos dotes, aspetos da sua personalidade que Deus ia certamente usar para fazer passar a sua mensagem.

Lúcia - não atraía pela sua beleza física, mas era extrovertida, guardava, ensinava e entretinha as outras crianças; sabia contar histórias, sobretudo as histórias da bíblia que ela contava admiravelmente, emocionando os pequenos corações como o da Jacinta; era criativa e vivaz, uma líder natural. Estava, portanto, naturalmente qualificada para a ser a interlocutora de Maria, a mensageira e a depositária da mensagem por longos anos ate ao fim da sua vida em 2005.

Jacinta - ao contrário de Lúcia, era agraciada fisicamente, era franzina, bonita e bem constituída; porém psicologicamente era todo o oposto da sua prima, tímida, introvertida, muito sentimental e sensível. Estava qualificada para ser o coração da mensagem, para ser a sufragadora, para encarnar aquela parte da mensagem de Fátima que dá conta e sentido aos sofrimentos de cada dia e que tira proveito deles para um bem maior, “a conversão dos pobres pecadores”.

Francisco - nem era como a prima Lúcia, nem como a irmã Jacinta. Menos sentimental, mais visceral ou instintivo, abstraia-se de tudo e de todos, não se guiava pela cabeça, como a Lúcia, nem pelo sentimento como Jacinta, mas pelo instinto. Ele era o mais contemplativo dos três, desapegado da vida, de tudo e de todos, tinha a mente e os olhos no “Jesus escondido” no sacrário, como a s três crianças chamavam o Santíssimo Sacramento; passava longas horas em oração e contemplação. Ele encarnou, da mensagem de Fátima, o amor pela eucaristia. Ironicamente, por caturrice do pároco de Fátima, só comungou no leito da morte das mãos de um outro sacerdote por estar ausente o pároco.

Porquê a Cova da Iria?
Conta a lenda que, Iria ou Irene, era uma donzela nascida numa Vila romana nas margens do rio Nabão em Tomar; recebeu educação num mosteiro de monjas Beneditinas. Dotada de beleza e inteligência, a jovem Iria atraía as atenções, tanto do monge Remígio seu diretor espiritual, como do jovem fidalgo Britaldo. Movido de ciúmes, o primeiro deu-lhe uma poção que a fez parecer grávida; ao vê-la naquela condição o segundo deu-lhe a morte. Do Nabão para o Zêzere, do Zêzere para o Tejo, o corpo apareceu incorruptível na localidade, chamada com o seu nome Santa Irene, Santarém.

O local onde apareceu a Nossa Senhora era propriedade privada; pertencia à família de Lúcia, se assim não tivesse sido provavelmente as autoridades teriam encerrado o local e proibido as pessoas de lá irem.

A relevância de Fátima para Portugal
Vivo num conflito entre a necessidade emotiva da crença e a impossibilidade intelectual de crer. (…) O facto é que há em Portugal um lugar que pode concorrer, e vantajosamente, com Lourdes. Há curas maravilhosas, a preços mais em conta" Fernando Pessoa (1888-1935)

O mais internacionalmente conhecido poeta português, encarna muito bem o pensamento filosófico, político e social português do tempo das aparições. Pessoa faz coro com a maior parte dos pensadores portugueses, que imitando os seus congéneres europeus ironiza, satiriza a fé do povo simples, que considera ser ao mesmo tempo causa e consequência da ignorância e falta de cultura.

Insurgindo-se contra o nacionalismo Católico, que já tinha Fátima por epicentro, Pessoa já naquele tempo fazia parte de uma corrente, ainda hoje vigente, que visa que a europa negue as suas raízes cristãs e volte ao paganismo pré-cristão.

A incoerência é bem patente em Pessoa, como denota a frase acima citada; por exemplo, exalta os descobrimentos portugueses e esquece-se ou ignora que estes não seriam possíveis sem a fé que animava e motivava os descobridores. O próprio Camões, o que escreve a historia de Portugal dentro da narrativa da epopeia da descoberta do caminho marítimo para a India, reconhece que a razão dos descobrimentos foi “Dilatar a fé e o império”. A cruz que estava em todas as velas das naus portuguesas era a cruz dos templários; o grande inspirador e mentor dos descobrimentos, o Infante Dom Henrique, era um Templário.

Com a tomada do poder por Afonso Costa em 1910, o Estado viu na Igreja um inimigo a eliminar; tomou como ideologia o laicismo militante e em vez de dialogar com a Igreja, impôs-se à Igreja, começando por expulsar a sua força mais sábia e intelectual, os Jesuítas, os que mais lhe faziam sombra; proibiram as cerimónias religiosas fora das Igrejas, o toque dos sinos, legalizaram o do divórcio, extinguiram os feriados religiosos, reprimiram e limitaram o mais que ponderam a imprensa cristã, os sacerdotes e religiosos não podiam usar em público as suas vestes e hábitos. Para a primeira república, Fátima, era uma crendice obscurantista.

Pouco durou esta política laica pois, providencialmente, no mesmo anos das aparições, em 1917, o governo jacobino e antirreligioso de Afonso Costa sucumbiu. Subiu ao poder Sidónio Pais que instaurou o Estado Novo, acabou com as leis antirreligiosas, mas por outro lado fechou o parlamento. O regime endureceu ainda mais com a ascensão de Salazar em 1928, como ministro das finanças e mais tarde como primeiro ministro. Passamos de um regime liberal laico filo comunista para o fascismo do Estado Novo sem nenhuma guerra.

Em 1931 os bispos portugueses consagraram Portugal ao Imaculado Coração de Maria para ser poupado, como de facto foi, ao avanço do comunismo ateu que devastou o nosso país vizinho, a Espanha, numa guerra Civil fratricida entre 1936 - 1939.  Ao contrário de Portugal, a transição para o fascismo de Franco fez-se por intermédio de uma sangrenta guerra civil, com uma perseguição à igreja onde pereceram centenas de padres, Bispos, religiosos e religiosas.

Salazar não era clerical, mas em vez de atacar a Igreja serviu-se habilmente dela e mais concretamente de Fátima, para satanizar e atacar o comunismo, e impedir qualquer tipo de reformas políticas e sociais. Fátima foi nacionalmente e internacionalmente utilizada como arma contra o avanço do comunismo, no entanto a verdadeira mensagem de Fátima nunca se refere ao comunismo, enquanto sistema politico social, mas sim exclusivamente ao ateísmo militante.

“Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé”
(…) quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra? Lucas 18, 8
Esta triste e enigmática, deixada no ar por Jesus, parece sugerir que a fé que vai passando de geração em geração, de uma forma cada vez mais fraca é suscetível de se perder no tempo, muito antes de Cristo vir pela segunda vez para julgar os vivos e os mortos.

Nós portugueses, habitantes da Terra de Santa Maria, temos a promessa que a Senhora de Fátima fez aos pastorinhos, no dia 13 de julho e que ficou incluída na 2ª parte do segredo, de que nestas terras a fé vai permanecer até Cristo vir ao nosso encontro… Vem Senhor Jesus!
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de maio de 2017

Fátima: Coincidência ou Providência?

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“Kairós” – O momento oportuno
Inspirado num texto publicado por Vittorio Messori, a 14 de dezembro de 2011, no jornal italiano Corriere della Sera, dei-me conta que Fátima é protagonista de inúmeras coincidências, ligadas à sua mensagem e significado para o mundo, durante o século XX. Os menos crentes chamar-lhe-ão meras coincidências; mas, mesmo entre os não crentes, são cada vez mais aqueles que afirmam que nada acontece por acaso, uma frase que com muita frequência vemos no Facebook, aplicada a mil e uma situações existenciais.

Para aquilo que de bom acontece, e não tem explicação plausível, os não crentes chamam-lhe sorte; ao contrário, para o que de mal acontece chamam-lhe azar. O sinónimo de sorte ou azar, para os crentes, é Providência. Os crentes não perdem a cabeça em tempos de sorte, nem se desesperam em tempos de azar, pois sabem que “não há mal que sempre dure nem bem que sempre ature”.

Se até os cabelos da nossa cabeça estão contados, como diz o Evangelho, tudo é Providência divina. Ou seja, tudo o que acontece, de bom ou de mau, é querido ou permitido por Deus, “que escreve direito por linhas tortas”. E para aquele que põe a sua confiança e segurança em Deus, “Não há males que por bem não venham”.

O sim da Igreja a Fátima
O processo eclesiástico, que, para além dos interrogatórios do pároco de Fátima, o Pe. Manuel Marques Ferreira, e do Cónego Manuel Nunes Formigão, constou de uma comissão que instaurou um inquérito canónico oficial para averiguar a veracidade das aparições.

A comissão começou os seus trabalhos no dia 13 de maio de 1922, 5 anos depois do começo das aparições, e acabou no dia 13 de outubro de 1930, exatamente 13 anos depois do encerramento das aparições. Nesse dia, com o conhecimento e aprovação do Papa Pio XI, o então Bispo de Leiria, D. José Correia da Silva, anunciou o resultado da investigação permitindo, oficialmente, o culto a Nossa Senhora de Fátima.

Fátima e os papas
Em plena I Guerra Mundial, a 5 de maio de 1917, o Papa Bento XV exortou a todos os cristãos que pedissem a intercessão de Maria para obter a “aspirada paz para o mundo desvairado”. Tão só 8 dias depois, Maria aparece em Fátima com o seu plano para a paz mundial. Um ano mais tarde, em 1918, o mesmo papa, em carta dirigida aos bispos portugueses para restabelecer a diocese de Leiria, à qual pertenciam os videntes, referiu-se às ocorrências de Fátima como "uma ajuda extraordinária da Mãe de Deus."

No mesmo dia em que a Nossa Senhora apareceu em Fátima pela primeira vez, a 13 de maio de 1917, era ordenado Bispo o Padre Pacelli, mais tarde eleito papa com o nome de Pio XII. Vinte cinco anos mais tarde, quando celebrou o seu jubileu de prata, viu nesta coincidência os secretos desígnios da Providência.

Apesar de não o conhecer pessoalmente, Jacinta amava muito o Santo Padre e por ele rezava todos os dias; numa das suas visões, viu-o muito angustiado, a rezar. Gostava tanto dele, e era tanto o desejo de o ver que, ao observar como tanta gente acorria à Cova da Iria, durante as aparições e depois delas, na sua simplicidade e singeleza, chegou a afirmar: “Vem tanta gente aqui só o Santo Padre é que não vem!”.

Não veio, de facto, durante a sua curta vida, mas veio durante a vida da sua prima. Paulo VI celebrou o cinquentenário das aparições e encontrou-se com a irmã Lúcia, a qual faleceu no dia 13 de fevereiro de 2005. Mas, antes de falecer, 5 anos antes, em a 13 de maio de 2000, assistiu à beatificação dos seus primos Francisco e Jacinta. O então papa, João Paulo II, recordou nesse dia as palavras de Jacinta e agradeceu-lhe o seu amor e as suas muitas orações e sacrifícios pelo papa, quando ele ainda nem tinha nascido.

Atentado do Papa João Paulo II
No mesmo dia e na mesma hora em que o papa João Paulo II foi baleado, a 13 de maio de 1981, 64 anos antes, aparecia a Nossa Senhora em Fátima. Não é segredo para ninguém que a bala foi disparada pela União Soviética, pelo apoio que o papa dava à organização sindical “Solidariedade”, que, na altura, atuava como um cavalo de Tróia dentro do Império Soviético, e que acabaria por ser a sua ruína. Não foi a União Soviética que prevaleceu, mas a Nossa Senhora de Fátima que, milagrosamente, desviou a bala, no entender do papa.

Das três balas disparadas contra o papa João Paulo II, duas não provocaram lesões graves. Os estragos causados pelo terceiro projétil foram bem maiores. A bala perfurou o abdómem do papa, atingiu o intestino grosso e o intestino delgado, resvalou pelo osso sacro - a penúltima parte da coluna vertebral - e saiu pelas costas.

Nesse percurso, a bala passou a providenciais centímetros de órgãos vitais, em especial a artéria aorta. Se essa artéria fosse atingida, é improvável que Karol Wojtyla sobrevivesse à corrida entre a Praça de São Pedro e o Policlinico Agostino Gemelli, onde chegou abalado por uma intensa hemorragia, prontamente neutralizada por uma transfusão de 3 litros de sangue e uma cirurgia que consumiu cinco horas e meia.

João Paulo II que, até aquele momento, apesar de amante fervoroso de Maria, à qual se referia o seu moto “Totus Tuus”, ainda não tinha manifestado grande interesse por Fátima, acabou por visitá-la um ano depois, em 1982, para agradecer a Maria que o tinha protegido. João Paulo II visitou duas vezes mais Fátima, porque se deu conta que ele era o papa do segredo; o segredo que os seus antecessores leram e mantiveram guardado.

O papa João XXIII ficou tão sensibilizado com ele que o manteve sempre no seu quarto de dormir, mesmo depois de ter afirmado estar convencido de que o segredo não se referia nem a ele nem ao seu pontificado.

O conhecimento que os pastorinhos tinham do seu futuro
Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Aparição do dia 13 de junho

Logo na segunda aparição, anos antes, quando ainda gozavam de perfeita saúde, os pastorinhos já conheciam o que os esperava: que Francisco e Jacinta em breve morreriam e que a Lúcia ficaria ainda por mais um tempo, para ser testemunha da mensagem de Fátima e propagar a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Mais ainda, em aparições privadas da Nossa Senhora, a Jacinta soube, com antecedência, tudo sobre as circunstâncias da sua morte: o dia e a hora; que iria para dois hospitais, para sofrer mais, mas não se curaria; que, para o hospital de Lisboa, seria acompanhada pela sua mãe, que a deixaria lá sozinha; o que mais a torturava foi o saber que nunca mais iria ver a sua querida amiga Lúcia e morreria sozinha.

Coroa de glória e coroa de espinhos
A coroa da Nossa Senhora de Fátima é de ouro puro, pesa 1200 gramas e está adornada com 950 diamantes, 313 pérolas, uma esmeralda grande, 13 esmeraldas pequenas, 33 safiras, 17 rubis, 260 turquesas, uma ametista e quatro águas-marinhas. Estas jóias foram oferecidas por centenas de portuguesas, para agradecer o facto de Portugal não ter entrado na Segunda Guerra Mundial.

Quando o papa João Paulo II doou a bala para ser colocada na coroa, em primeira análise não sabiam onde colocá-la; foi, por isso, com surpresa, que a joalharia que fez a coroa de Nossa Senhora de Fátima, em 1942, descobriu que a bala que atingiu João Paulo II tinha precisamente o mesmo diâmetro da anilha que une as hastes do diadema; aí foi, portanto, colocado o projétil, quase meio século depois; quando a coroa foi feita ela já continha, naquele momento presente, o lugar do futuro.

A suntuosa coroa, fruto do trabalho e do amor dos Portugueses por Maria, estava incompleta; faltava-lhe ainda uma pérola, a bala que atingiu o papa, e, providencialmente, o lugar que esta iria ocupar esteve sempre lá à sua espera. Ao ser colocada no seu lugar, a coroa de glória passa a ser também a coroa de espinhos e, assim, condiz mais com a vida da Nossa Senhora e com a vida à qual todo o cristão está chamado, à glória pela via da cruz, do sofrimento, representado na bala.

Fátima e Rússia
Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. 13 de julho 1917.

Três meses depois de a Nossa Senhora ter dito isto aos pastorinhos, Lenine faz-se com o poder na Rússia e começa a revolução bolchevique, que iria aniquilar as nações vizinhas, transformando-as, com a Rússia, na grande nova Babilónia, a União Soviética.

Quantos exércitos tem o papa?” – perguntou, no seu tempo, Estaline, para ridiculizar o potencial político e militar do Vaticano. A história demonstrou que quem se ri no fim ri-se melhor, o poder espiritual é bem mais potente que o militar, pois o ser humano é, ante tudo, espiritual e os motivos espirituais, até mesmo negativamente, como força motriz de comportamento, são sempre mais fortes que a ganância e todos os outros motivos mundanos e terrenos.

Por fim, (disse Maria em Fátima) o meu Coração Imaculado triunfará, com efeito, no fim o sentimento religioso, a crença em Deus, triunfou sobre o ateísmo iluminista e racionalista; a fé triunfou sobre a razão, tanto na Rússia, como em Portugal e no mundo inteiro.

Isto mesmo disse, a 10 de maio de 1985, numa visita a Portugal, o presidente norte-americano Ronald Reagan, de certo inspirado por Deus, afirmou: “Atrevo-me a sugerir que é no exemplo de homens como ele (referindo-se ao Papa João Paulo II) e nas orações de pessoas de todo o mundo – pessoas humildes como os pastorinhos de Fátima – que reside um poder maior de que todos os grandes exércitos e estadistas do mundo”. Dois anos depois, era assinado o primeiro tratado de desarme nuclear entre os Estados Unidos e a URSS.

O Azul de Maria prevalece sobre o vermelho
Retirada do Exército vermelho da Áustria - O dia 13 de maio 1955 – Depois de longos 10 anos de campanha, promovida pelo sacerdote Franciscano Petrus Pavlicek, que constava em inúmeras e constantes procissões e a reza do rosário em público um pouco por todo o país, sobretudo em Viena. Ante este protesto silencioso, pacífico, mas proactivo, dos austríacos, a Rússia retirou-se da Áustria, que tinha ocupado desde 1945.

A bandeira da Comunidade Europeia - A 8 de dezembro do mesmo ano, 1955, também, na festa da Imaculada Conceição da Virgem Maria, foi eleita como a bandeira do Conselho da Europa, a que hoje representa a União Europeia. Azul é a cor da Virgem Maria e as estrelas são aquelas que rodeiam a cabeça da mulher do Apocalipse, em que a tradição reconhece Maria.

O fim da União Soviética - Por fim, no mesmo dia 8 de dezembro de 1991, na mesma festa da Imaculada Conceição, 74 anos depois de Maria ter dito em Fátima que, por fim, o seu Imaculado Coração triunfaria, a Rússia, a Ucrânia e a Bielorrússia assinaram um documento que punha fim à União Soviética. Na noite de Natal desse ano, a bandeira vermelha, com a foice e o martelo, foi retirada para sempre da cúpula mais alta do Kremlin e, em seu lugar, foi hasteada a bandeira tricolor do Império de Pedro, o Grande.

Consagração da Rússia ao Imaculado Coração - Uma das petições de Maria, ou condições para que a Rússia se convertesse, foi que o papa a consagrasse ao seu Imaculado Coração. Depois de inúmeras consagrações incompletas, desde o Papa Pio XII, em que o nome Rússia nunca era nomeado, finalmente o Papa João Paulo II, no dia 25 de março de 1984, fez uma consagração que encontrou aceitação perante a vidente Lúcia.

Dois anos depois subia ao poder Mikhail Gorbatchov, que iniciou uma série de reformas sociais e políticas, uma das quais acabava de vez com a perseguição religiosa e o ateísmo militante. A estas reformas ele mesmo deu o nome de Perestroika, conversão em russo.

O muro de Berlim - O muro que durante anos dividiu as duas Alemanhas começou a ser construído pela Republica Democrática da Alemanha, no dia 13 de agosto de 1961. A sua demolição começou, oficialmente, no dia 13 de junho de 1990 e foi completada dois anos depois.

Não poucas são as coincidências entre Fátima e vários factos históricos que aconteceram no passado século XX. Quando são muitas casualidades, e quando todas elas apontam na mesma direcção, não pode não haver uma intenção deliberada. Em Fátima e por meio de Fátima, a Divina Providência interveio no século mais belicoso da história da humanidade.
Pe. Jorge Amaro, IMC